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Demografia e sociabilidades em regiões açucareiras: experiências escravas de Campos dos Goytacazes/Brasil e Matanzas/Cuba 1790-1830 Sirlene de Andrade Rocha 1 Introdução: As últimas décadas do século XVIII foram marcadas por significativas mudanças demográficas e sócio-econômicas no mundo atlântico. Dentre elas uma que mais criou reflexos nas sociedades escravistas foi a Revolução do Haiti. Os ecos dessa Revolução acabaram contribuindo para uma redefinição nas relações estabelecidas nestas sociedades que dependiam do trabalho escravo. 2 Mas a revolução dos escravos não ecoou apenas no imaginário dos indivíduos pelo Atlântico. Seus reflexos puderam ser sentidos na esfera dos mercados de região. Antes da Revolução do Haiti, a colônia Francesa de São Domingos 3 era a maior produtora de açúcar e abastecedora da Europa. 4 Após 1791 a produção foi interrompida aumentando a demanda e os preços no mercado. Esta saída da colônia francesa do mercado atlântico produtor de açúcar contribuiu decisivamente para sua redefinição. Novas regiões de plantation açucareira alcançaram seu auge neste período. As regiões de Havana, em Cuba, e de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro já produziam, cada qual em proporções distintas, derivados da cana-de-açúcar em uma escala de produção singela se comparada com das principais produtoras do século XVIII. Contudo, essas a partir da segunda metade do XVIII e durante o século XIX, vêem sua produção se expandir consideravelmente. Uma vez que a montagem da plantation dependia da utilização de mão-deobra escrava, essa expansão foi acompanhada de um crescimento da população escrava africana. Estes espaços tiveram um crescimento na produção de açúcar num mesmo momento impulsionado por redefinições da economia-mundo no Atlântico. Foram assim ligadas, de certa forma, por modelos e tendências semelhantes do mundo atlântico, mas construídas de acordo com a experiência escravista de cada local. Pretendemos aqui apresentar algumas características 1 A autora é aluna do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ, com orientação do Prof. Dr. Flávio dos Santos Gomes. Esta pesquisa conta com o apoio de bolsa de Capacitação Técnica da FENORTE/TECNORTE.. 2 Sobre as redefinições do mercado de açúcar ver: KLEIN, Herbert S. Escravidão africana América latina e Caribe.São Paulo: Brasiliense, 1987 e FRAGINALS, Manoel Moreno. O engenho: complexo sócio-econômico açucareiro cubano. São Paulo: HUCITEC: Editora UNESP, 1987. 3 São Domingos era conhecida como a Pérola das Antilhas por ser responsável pela maior produção de açúcar. Após a Revolução Negra a ilha foi repartida, uma parte se tornou estado independente do Haiti, e a outra continuou com o nome antigo da ilha. 4 FRAGINALS. Op.cit..

2 de Campos dos Goytacazes/ Brasil e Matanzas/Cuba nesse período de expansão da monocultura escravista, atentando para a evolução da população caticas das duas regiões Atlânticas. Expansão da monocultura açucareira: Campos dos Goytacazes e Matanzas As duas regiões atlânticas abordadas aqui, Matanzas/Cuba e Campos dos Goytacazes/Norte Fluminense, no início do século XVIII eram áreas que não tinham um desempenho econômico muito significativo se comparado com outras áreas do atlântico que era exportadora. Em ambas havia o predomínio do cultivo de alguns gêneros alimentício destinado ao abastecimento de tropas ou navios de passagem. Com a expansão do cultivo da cana e produção do açúcar essas regiões obtiveram um rápido desenvolvimento, produzindo riquezas e dinamizando o processo produtivo, introduzindo novas técnicas, e inovando a fabricação do açúcar com o emprego de engenhos mecanizados, na segunda metade do século XIX. Cabe ressaltar que essa expansão ocorreu em áreas que já produzia açúcar nos século anteriores, mas apenas, ao que tudo indica, para consumo interno e em pequena quantidade. Tanto Cuba como em Campos já se produzia açúcar no século XVII, assim como em diversas áreas do atlântico que iam implantando a produção com o avançar da ocupação européia 5. Todas essas informações são importantes para pensar a rápida evolução populacional que consequentemente produziu novas relações entre os indivíduos atraídos pelas riquezas produzidas com e em torno do fabrico açúcar, como entre os que foram levados até essas regiões para produzi-las. É difícil afirmar o que possibilitou essa expansão econômica, se foi o açúcar e a sua maior demanda e preços, ou se foi o tráfico de escravo. O que é indiscutível é que para a montagem de produção em larga escala do açúcar, na segunda metade do século XVIII na região atlântica, foi a obtenção de mão-de-obra escrava africana. Em Cuba a expansão açucareira foi empurrando para terras longínquas, ou seja, longe dos principais portos, outras culturas como o fumo, por exemplo. A proximidade aos locais de a rios e portos era essencial para o escoamento da produção. Antes do ano 1792 a produção já tinha aumentado significativamente, chegando a produzir nos de 1760, 1791 e 1792, respectivamente, 5.500, 16.731 e 14.455 toneladas. 6 As 5 Sobre a produção de açúcar no século XVII em Cuba e Campos, há menções, sem maiores aprofundamentos, em : 5 SCHWARTZ, Stuart, Segredos internos, engenhos e escravos na sociedade colonial, SP, Cia. Das Letras, 1988. p.30, para Cuba. E em: OSCAR, João. Escravidão & engenhos: Campos, São João da Barra Macaé, São Fidelis. Rio de Janeiro: achiamé, 1985.p. 43, para Campos dos Goitacases, tendo a fundação do primeiro engenho o de São Salvador em 1650. 6 Fraginals. Op.cit. p. 38.

3 terras ocupadas com a produção passou de 134 hectares no ano de 1760 para 295 hectares no ano de 1792. Com o aumento da importância econômica do açúcar, esses proprietários adquiriram também uma grande importância política, principalmente quando passaram a participar diretamente do tráfico em 1798 quando trouxeram a primeira carga de cativos, feita unicamente por cubanos. Na região de Campos também havia o predomínio de outra atividade econômica. A pecuária era a principal atividade, que também contava com a mão-de-obra escrava, além da produção de alimentos. Ambas não necessitam da energia de um grande número de trabalhadores. Só com a expansão das propriedades açucareiras que isso se fez necessário. O número de engenhos em Campos cresceram consideravelmente a partir da segunda metade do XVIII. Esse aumento foi descrito por alguns viajantes como Auguste de Saint- Hilaire, que afirmava que até 1769 não havia em Campos mais de 56 usinas de açúcar; em 1778 esse número subiu a 168; de 1779 a 1801 aumentou para 200; 15 anos mais tarde ele cresceu para 360 e enfim em 1820 havia no distrito 400 engenhos e cerca de 12 destilarias. 7 O processo de fabricação do açúcar era complexo e cada etapa demandava de certo esforço e disciplina de trabalho. O rigor do trabalho necessário a produção talvez tenha sido um dos trabalhos mais penosos que um grande número de escravos tivera que se adaptar. Do momento do plantio até os cuidados com a colheita, a fabricação e mobilização que necessita é enorme. Segundo Barickman a época de colheita da cana marcava um ritmo de trabalho alucinante em torno do engenho. Como ele mesmo descreve a chegada da época da safra marcava o início de nove meses de trabalho intenso nos engenhos baianos. Os escravos, especializados ou não, preparavam-se para dias e noites de trabalho num ritmo implacável. Dos senhores de engenho, a safra exigia planejamento e coordenação 7 SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagens pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. São Paulo: Nacional,1941. (Brasiliana, v. 210). p. 398. Trecho citado por OSCAR, João. Escravidão & engenhos: Campos, São João da Barra Macaé, São Fidelis. Rio de Janeiro: achiamé, 1985 p..

4 meticulosos. A cana tinha de ser cortada assim que estivesse madura; qualquer atraso podia reduzir o rendimento. Se as canas cortadas não fossem moídas em 48 horas, os prejuízos resultantes seriam ainda maiores. Da mesma maneira, o caldo extraído tinha que ser cozido quase imediatamente, ou fermentaria. Portanto, só a atenção constante á produção podia assegurar a continuidade do trabalho e a maior produção possível de açúcar. 8 Assim podemos ter uma idéia do rigor do trabalho que o processo demandava e que acabava regendo a vida dos escravos e os demais envolvidos no processo. O controle do trabalho era imprescindível, nesse sentido, para a expansão da produção do açúcar. Esse controle exercido sobre os escravos nessa nova fase de expansão da produção escravista do açúcar haveria de ser intensificada com o surgimento de experiências como a de São Domingos que causara reflexos imediatos no controle escravo em Cuba, se espalhando pelo Atlântico através de suas conexões. No Brasil, principalmente depois de 1835 com a revolta dos Malês 9, esses reflexos ganhavam mais força. O controle não era só uma questão de se evitar a execução do trabalho ou fugas, que representavam perdas, digamos materiais, agora estava em jogo o domínio político sobre os territórios coloniais, o controle do estado não se referia apenas a proteção de alguns senhores, mas uma questão de manutenção da ordem escravista do atlântico. A expansão da produção açucareira foi possível através das inovações técnicas, mas sem sombra de dúvidas teve como elemento fundamental o trabalho escravo. Por se tratar de um processo complexo, demandava de um grande número de força de trabalho, e junto com a expansão da produção de outros gêneros, como o algodão, café e açúcar, que também se verá milhares de africanos sendo levados para América comprados como escravos. Visualizando a população cativa de Campos dos Goytacazes e Matanzas A produção açucareira foi um elemento aglutinador que atraiu um grande de número de indivíduos promovendo grandes mudanças na concentração populacional em ambas as regiões. O que não impressionava muito visto que o tráfico foi o maior responsável por trazer para essas regiões um grande número de cativos africanos em todo processo de expansão. 8 BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p.285. 9 Ver : REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês (1835). 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1887.

5 Ao gerar cada vez mais lucros, um maior número de pessoas se fixava próximo dos engenhos movimentando a vida da região, no período 1791 a 1830 junto com a expansão. O aumento da população foi o primeiro indicativo do dinamismo econômico nas duas regiões. Em Cuba o total da população no ano de 1774 foi de 171.620, em 1792 atingiu contabilizou-se 272,301 atingindo no ano de 1827 o total de 704.487 de pessoas. Mas avaliando apenas a região de Matanzas temos uma dimensão do impacto populacional que a produção escravista de açúcar causou neste lado do atlântico. Podemos ver essa evolução populacional visitando dados presentes em trabalhos de historiadores que se utilizaram basicamente de dados de censos feitos nessa localidade. Na tabela 1, baseadas nos dados contidos no trabalho de Kenneth Kiple, podemos ver a variação da população de Matanzas entre brancos, negros libertos e escravos, durante os anos de 1774, 1798, 1817 e 1827 10. Tabela 1 : População de Matanzas nos anos 1774, 1798, 1817 e 1827 Ano Brancos % Libertos % escravos % Total % 1774 2.017 62,1 331 10,2 901 27,7 3.249 100 1798 3.418 55,0 898 14,4 1.900 30,6 6.216 100 1817 9.511 46,1 1.676 8,1 9.447 45,8 20.634 100 1827 16.671 36,4 2.602 5,7 26.522 57,9 45.795 100 Fonte adaptado de: Kiple, Kenneth F. Blacks in Colonial Cuba,1774-1899. Florida: The University Presses of Florida Gainesville, 1976. Como podemos perceber analisando a tabela, a população escrava na região de Matanzas começa a indicar um aumento significativo no ano de 1798, seguindo o ritmo da expansão açucareira na região, alcançando um percentual de 30,6 % sobre a população de brancos, negros e libertos. No ano de 1827 a população cativa apresenta um total acima da metade, alcançando um percentual de 57,9%. Era a plantation açucareira tomando a região. Um indicativo nos chama a atenção nesses dados. Enquanto a população branca e a escrava elevam seus índices, a população negra liberta segue um caminho inverso. Se em 1774 eles representavam um percentual de 10,2 %, em 1827 verifica-se uma queda para 5,7 % do total 10 Kiple, Kenneth F. Blacks in Colonial Cuba,1774-1899. Florida: The University Presses of Florida Gainesville, 1976.

6 da população. Vemos então que a população de negros libertos não seguiu o mesmo ritmo de crescimento que os outros grupos populacionais tiveram. Podemos sugerir que esse crescimento lento entre os negros libertos na região e a sua estagnação frente aos demais grupos, demonstra que o espaço para esses libertos era limitado nessa região. Como em Cuba, o aumento da exploração da mão-de-obra escrava, representou também um recrudescimento do controle senhorial, a presença de libertos próximas as áreas produtivas talvez não fossem estimuladas, e até mesmo limitadas pelos sacarocratas. Os dados de censos, como estes não nos permitem olhar com uma maior nitidez para os personagens essenciais do cenário escravista de Matanzas, mas nos podemos ter uma dimensão da evolução da presença da população branca livre e negra liberta e escrava. Em Campos dos Goytacazes também podemos perceber essa evolução da população com dados baseados em censos. Com a evolução da produção açucareira nesta região também percebemos modificações populacionais. Na tabela 2, podemos visualizar essas modificações nos últimos anos do XVIII. Tabela 2: População de livres e libertos das Freguesias de São Salvador e Guarulhos nos anos de 1785 e 1799 Ano de 1785 Ano de 1799 Cor/condição branco preto/pardo Total branco Preto/pardo Total Freguesias n porc. n porc. n porc. n porc. n porc. n porc. São Salvador 1094 78% 302 22% 1396 100% 3184 72% 1223 28% 4580 100% Guarulhos 103 66% 54 34% 157 100% 465 41% 673 59% 1138 100% Fonte: adaptada de: FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em Movimento. Fortuna e Família no Cotidiano Colonial. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1998.p. 128 Baseados nesses dados podemos perceber apenas a evolução da população branca e preta/parda. As localidades que essa tabela, baseada nos dados de Sheila Faria, são respectivamente, o núcleo de Campos dos Goytacazes, e região vizinha a essa, antigo núcleo. Os dados contidos nesse conjunto de dados não nos dá um dimensão da distribuição entre

7 escravos e livres e libertos, apenas nos permite perceber a variação da população preta/parda livre identificada nesse levantamento. O que podemos ver é que assim como em Cuba, o crescimento da população negra liberta e ou livre, não conseguiu atingir um crescimento muito visível e áreas que estavam se especializando na produção açucareira. Isso porque só percebemos esse aumento significativo na região de Guarulhos, esta que predominava a criação de gado 11. Na tabela 3 podemos melhor visualizar essa evolução. Tabela 3: Aumento da população preta/parda livre em S. Salvador e Guarulhos Pretos/pardos Ano 1785 1799 Aumento em porc. São Salvador 302 1223 405% S.A. Guarulhos 54 673 1246% Fonte: adaptada de: Faria, Sheila de Castro.op. cit. P..131. Isolando os dados somente dos pretos e pardos podemos ver o aumento que esses grupos obtiveram nos anos destacados. Apesar de possuir uma população maior percebemos que onde o percentual de crescimento foi maior em Santo Antonio de Guarulhos. Os dados que os censos nos apresentam uma noção da composição demográfica de cada região, mas como já foi dito não nos permite chegar a dados e vestígios mais próximos da experiência comum criada entre escravos tanto de Matanzas quanto em Campos dos Goytacazes. As fontes paroquiais nos permitem ter acesso a parte significativa dessa experiência revelando dados que permitem traçar um panorama das relações estabelecidas e mediadas pela igreja, como casamentos, batismos e morte dos homens estabelecidos nessas regiões. Um aspecto que podemos destacar que as fontes paroquiais apresentam, é a diferenciação étnica entre escravos africanos e crioulos e a sua evolução, permitindo termos uma dimensão do tráfico de cativos que abastecia cada região, como a herança cultural que os africanos de cada região 11 Sheila Faria, analisando principalmente inventários post-mortem, verificou que em Guarulhos predominava a atividade econômica de criação de gado. FARIA, Sheila de Castro. Op.cit.

8 possuíam. Permitindo nos aproximarmos mais um pouco de parte da experiência desses atores, tanto em Matanzas quanto em Campos dos Goytacazes. 12 Fazendo um levantamento de parte dos dados avaliados nos registros já analisados de campos podemos ter uma dimensão da diversidade da população escrava de Campos e de Matanzas. Avaliando apenas registros de casamentos de Campos podemos ter uma dimensão da presença africana existente nessa região e que procurou o sacramento do matrimonio, durante o período de 1761 até o ano de 1830. Nas tabelas 5 e 6 podemos visualizar a evolução da presença desses grupos nos casamentos de Campos. Tabela 5: Procedências dos escravos casados Freguesia de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, 1761-1800. Procedência 1761-1765 1766-1770 1771-1775 1776-1780 1781-1785 1786-1790 1791-1795 1796-1800 Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Angola - 6 12,2 1 0,8 2 6,1 180 64,5 313 63,1 519 74,6 846 77,2 Guiné 4 57,1 36 73,5 106 88,3 13 39,4 36 12,9 43 8,7 8 1,2 18 1,6 Benguela - - - - 2 0,7 5 1,0 8 1,2 8 0,7 Mina 1 14,3 - - 3 8 2,9 6 1,2 5 0,7 7 0,6 Congo - - - - - - 1 0,1 1 0,1 Cabundá - - - - - 2 0,4 - - Cassange - - - - - - 2 0,3 - Monjolo - - - - 1 0,4 - - 1 0,1 Ganguela - - - - - 2 0,4 - - Rebolo - - - - - - 2 0,3 - Cobú - - 1 0,8 - - - - - Crioulo 2 28,6 7 14,3 12 10 15 45,5 52 18,6 125 25,2 151 21,7 215 19,6 Total 7 100 49 100 120 100 33 100 279 100 496 100 696 100 1096 100 Fonte: Catedral de São Salvador, livros de casamento de escravos. Tabela 6: Procedências dos escravos casados 12 A análise do processos históricos através da percepção da experiência histórica dos agentes, baseia-se nas reflexões teóricas e metodológicas de E.P.Thompson, e é horizonte dessa pesquisa que será desenvolvida durante o curso de mestrado, no PPGHC, UFRJ.

9 Freguesia de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, 1801-1830 Procedência 1801-1805 1806-1810 1811-1815 1816-1820 1821-1825 1826-1830 Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Angola 558 73,4 525 71,3 344 74,2 449 63,4 443 59,9 865 82,0 Guiné 48 6,3 34 4,6 6 1,3 24 3,4-9 0,8 Benguela 10 1,3 6 0,8-6 0,8 1 0,1 - Mina 3 0,4 2 0,3 4 0,8 4 0,6 3 0,4 - Congo 2 0,3 1 0,1 2 0,4 8 1,1 3 0,4 2 0,2 Cabinda - - - 5 0,7 2 0,3 5 0,5 Nação 7 0,9 - - 2 0,3 91 12,3 15 1,4 Rebolo 2 0,3 - - 4 0,6 1 0,1 - Ganguela 1 0,1 - - 1 0,1 - - Cassange - - - 3 0,4 1 0,1 2 0,2 Crioulo 129 17,1 169 23,0 105 22,8 202 28,5 195 26,4 157 14,9 Total 760 736 461 100 708 100 740 100 1055 100 Fonte: Catedral de São Salvador, livros de casamento de escravos. O primeiro ponto que podemos destacar avaliando os dados é que há predominância de africanos nos registros de matrimonio de Campos. Nestes dados percebemos que os casamentos acompanharam o ritmo de crescimento populacional e de avanço das propriedades açucareiras. A grande presença de escravos africanos Angola nos dados recolhidos nos mostram que a possibilidade de existência de conflitos étnicos entre as populações africanas eram pequenas, visto que representavam um percentual alto entre escravos de outras nações que procuravam o matrimônio da Igreja para oficializar suas uniões. Os dados matrimoniais de Matanzas contidos nos registros paroquiais de Cuba, também nos fornecem os mesmos dados, ou seja as mesmas variáveis, é claro que possuem variações, como acontece também com os registros do Brasil, mas informações básicas referente aos escravos, como a procedência, também aparecem. Porém, as procedência dos escravos cubanos eram diferentes das encontradas em Campos. Isso porque eram abastecidos por rotas diferentes das dos fornecedores de escravos para os mercados de Campos. A verificação da amostra dos dados dos registros paroquiais de Matanzas ainda esta em andamento, mas tendo como base dados levantados por Bergad, podemos conhecer os principais grupo de africanos presentes em Cuba 13. 13 Bergad, Laird, W., Gárcia, Fe Iglesias, Barcia.. Op. cit.

10 Na tabela 7, consta os principais grupos levantados por Bergad, e a distribuição destes, ou seja, a sua presença nos mercados de escravos cubanos. Tabela 7: Procedências de escravos africanos vendidos em mercados Cubanos (1791-1830) Procedência Número % Carabalis 520 29,1 Congos 581 32,6 Gangas 232 13 Lucumis 125 7 Mandingas 326 18,3 Total 1784 100 Fonte:Adaptado de: Bergad, Laird, W., Gárcia, Fe Iglesias, Barcia.p.73. A presença destes grupos nos mercados cubanos não variaram muito no decorrer nos anos, permanecendo mas recorrentes os Congos, os Carabalis, os Mandingas e os Gangas. Na tabela 8 podemos visualizar essa variação nos dados reunidos por Bergad. Tabela 8: Procedências de escravos africanos vendidos em Cuba. Procedência 1791-1795 1796-1800 1801-1805 1806-1810 1811-1815 1816-1820 1821-1825 1826-1830 Carabalis 70 (39,1%) 87 (35,2%) 44 (31,4%) 43 (28,6%) 42(24,0%) 82 (28,4%) 93(24,2%) 59(27,3%) Congos 52 (29,1%) 83 (33,6%) 57 (40,7%) 56 (36,6%) 60 (34,3%) 90(31,1%) 129 (33,5%) 54 (25,0%) Gangas 14 (7,8%) 21(8,5%) 5 (3,6%) 10 (6,5%) 19 (10,9%) 42 (14,5%) 70 (18,2%) 51 (23,6%) Lucumis 14 (7,8%) 21(8,5%) 9 (6,4%) 4 (2,6%) 7 (4,0%) 17 (5,9%) 30 (7,8%) 23 (10,6%) Mandingas 29 (16,2%) 35(14,2%) 25 (17,9%) 40 (26,2%) 47 (26,9%) 58 (20,1%) 63 (16,4%) 29 (13,4%) Total 179 (100%) 247 (100%) 140 (100%) 153 (100%) 175 (100%) 289 (100%) 385 (100%) 216 (100%) Fonte:Adaptado de: Bergad, Laird, W., Gárcia, Fe Iglesias, Barcia, María del Carmen. The Cuban Slave Market, 1790-1880. New York :University press, 1995. p.73 Considerações Finais: Procuramos esboçar neste trabalho algumas aspectos que caracterizaram a experiência de expansão da produção da monocultura açucareira em Matanzas/Cuba e Campos dos Goytacazes

11 no Norte Fluminense. Os dados até aqui apresentados nos dão uma dimensão dos aspectos que vão tomando forma e que vão caracterizar a experiência histórica tanto de Campos como de Matanzas. A percepção do avanço da monocultura açucareira nas duas regiões atlânticas foi acompanhada de um aumento e diversificação populacional de ambas. A breve apresentação de alguns aspectos demográficos, enfatizadas aqui as referentes aos escravos, ainda que não configurem números absolutos, nos sinalizam experiências de cativeiro sendo moldadas, em meio a um aumento populacional, e geração de determinantes impostos por senhores ávidos de um maior proveito do trabalho dos cativos, que gerariam novas estratégias e vias de resistência, como também, novo aparato coercitivo. Era o mundo atlântico se redefinindo através das mudanças estabelecidas através da percepção de mundo e conexões construídas e reconstruídas pelos agentes históricos. Referência bibliográficas: BARNET, Miguel. Memórias de um Cimarron. São Paulo, Ed. Marco Zero, 1986. BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. BERGAD, Laird, W., Gárcia, Fe Iglesias, Barcia, María del Carmen. The Cuban Slave Market, 1790-1880. New York :University press, 1995. CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: companhia das letras, 2003. FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em Movimento. Fortuna e Família no Cotidiano Colonial. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1998 Fraginals, Manoel Moreno. O engenho: complexo sócio-econômico açucareiro cubano. São Paulo: HUCITEC: Editora UNESP, 1987. GINZBURG, C. O nome e o como. Troca desigual e mercado historiográfico. In: A microhistória e outros ensaios. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989. GOÉS, José Roberto. O Cativeiro Imperfeito. Um Estudo sobre a escravidão no Rio de Janeiro da primeira metade do século XIX. Vitória, ES, Lineart, 1993 GOMES, Flávio dos Santos. Experiências Atlânticas: Ensaios e pesquisas sobre a escravidão e o pós-emancipação no Brasil. Passo Fundo: UFP, 2003. GUDEMAN, Stephen, SCHWARTZ, Stuart. Purgando o pecado original: compadrio e batismo de escravos na Bahia no século XVIII. In: Reis, João José (org.) Escravidão e invenção da liberdade.são Paulo: Brasiliense, 1888. KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850); tradução Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das letras, 2000.

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