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DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 3 Os jovens declaram seus direitos e derechos. Chapadmalal 2007 - Cabo Frio 2008.

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DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 5 Indice Prólogo Declaração de Chapadmalal Introdução Direitos Civis e Políticos Direitos Económicos e Sociais Direitos Culturais Direitos ao Hábitat e ao Meio Ambiente Declaração de Cabo Frio Introdução Participação Política Moradia Digna Informação e Comunicação Alternativa Educação Cultura Meio Ambiente Discriminação Violencia e Segurança 07 13 14 15 16 17 18 21 22 23 24 24 25 25 26 26 27

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DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 7 Prólogo

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 8 Prólogo Prólogo No sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos publicamos o presente caderno que contém duas declarações elaboradas pelos jovens Agentes de Direito participantes do projeto Direitos Derechos: por uma região de novos cidadãos. O projeto iniciou em abril de 2006, sendo co-financiado pela União Européia, no marco da Iniciativa Européia para a Democracia e os Direitos Humanos: Apoio à democratização, o bom governo e o Estado de Direito, e contando com a contribuição da Fundation Assistance Internationale. O conjunto das organizações ProgettoMondo Mlal (Itália), FASE (Brasil), Fundación SES e Crear desde la Educación Popular (Argentina), ACHNU (Chile), El Abrojo (Uruguai) e Casa de la Juventud (Paraguai) tem trabalhado para contribuir para a construção de uma cidadania regional nos países membros do MERCOSUR e Chile, formando milhares de jovens Agentes de Direito que como sujeitos de Direitos são ativos na análise e denuncia da situação dos Direitos para a juventude; na sensibilização da população de suas comunidades e países; na elaboração, implementação e seguimento das ações de exigibilidade de seus Direitos. Ações que vão desde a luta do passe livre para os estudantes nos ônibus à criação de conselhos locais de juventude, como também a apropriação de espaço para a expressão cultural; a criação e difusão de música com conteúdo social, passando pela articulação com outros grupos e governos locais. Para melhorar as condições de vida da juventude na qualidade de sujeitos de Direitos, os jovens consideram o poder público não como outorgador de serviços ao cidadão-cliente, senão como instância responsável da administração da res publica frente ao cidadão-sujeito que reivindica seus Direitos no exercício de sua Cidadania. Os resultados dos diagnósticos e estudos nacionais, inicialmente realizados com a participação ativa dos jovens, nos permitiram contar com uma informação atualizada para poder definir entre todos a estratégia regional, soma vetorial das estratégias nacionais e locais, que tomam conta das diferenças entre os países, daquelas entre as mesmas organizações sociais e das peculiaridades das juventudes envolvidas. 08 O projeto possibilita uma importante experimentação metodológica que

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 9 Prólogo tem levado em conta as variantes nacionais: papel e disponibilidade ao diálogo dos governos nacionais; facilidade de acesso aos responsáveis dos organismos públicos de Direitos humanos; períodos eleitorais e mudanças de governo; alcance possível de incidência para a sociedade civil e o tamanho dos países; história, missão e visão política das próprias organizações envolvidas, nível de participação sociopolítico dos jovens; recursos a disposição, etc. Ao mesmo tempo, se tem demonstrado algumas questões comuns regionais: os Direitos e temas prioritários dos participantes (trabalho, educação, cultura, violência/segurança); governos nacionais com mais atenção às políticas sociais e aos Direitos humanos; os efeitos da globalização e o avanço tecnológico, especialmente o que concerne à comunicação; as tecnologias sociais; a relativamente fácil distribuição de informação alternativa auto produzida, sem nos esquecer do importante passo adiante cumprido pelos governos nacionais com a criação de UNASUR (União das Nações Sudamericanas). Quais são os principais êxitos do projeto? Na Argentina, se fortaleceram os grupos juvenis e sua participação política e de incidência nos municípios do sul da Grande Buenos Aires em articulação com as Secretarias Municipais de juventude. Ao mesmo tempo, as articulações com Atores Públicos e da Sociedade Civil nacional e internacional têm permitido criar a Semana pelos Direitos da Juventude. Iniciativa que começou e foi beneficiada pelo projeto com o encontro de Chapadmalal de 2007, que este ano se replica, e que pretende continuar nos anos futuros, tanto na Argentina como em outros países de América Latina. No Brasil, se tem trabalhado com os grupos juvenis dos municípios da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro e Recife, dando um papel central à exigibilidade mediante a cultura e a mobilização juvenil auto-organizada. Vários jovens e grupos do projeto participaram da Primeira Conferência Nacional de Juventude organizada pelo Governo Federal, que mobilizou milhares de jovens em todo o território nacional. Foi um processo em que agentes de Direitos do projeto desempenharam um papel de liderança e representatividade nos estados de Rio de Janeiro e de Pernambuco, além de participarem ativamente do Encontro Nacional de Brasília. No Chile, se trabalha com jovens da Comuna de Peñalolén, em Santiago 09

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 10 Prólogo de Chile, onde se articulam ações com o governo local. As iniciativas se dirigem à definição dos termos de referência da nova figura do secretário de juventude da Comuna; à realização do Primeiro Encontro Comunal de Jovens, na qual foram lançadas as bases para a elaboração da política pública para os jovens da comuna, e, por fim, à criação do primeiro Conselho Local de Juventude. O objetivo é de que o conjunto dessas iniciativas se transforme em um marco para abordar as políticas públicas para os jovens. Contém, também, a ambição de nacionalizar tal experiência e incidir desta forma nas políticas públicas nacionais de juventude. No Uruguai, a articulação com a Direção de Direitos Humanos do Ministério de Educação e Cultura, tem permitido trabalhar nas escolas com docentes e alunos, com grupos de jovens nucleados em programas trabalhistas, em iniciativas culturais, etc. buscando, simultaneamente, aproveitar um potencial de multiplicação notável; neste último ano no marco do Programa 1000 Promotores, conseguiu-se superar a cifra de promotores capacitados em Direitos humanos em nível nacional. O Projeto Direitos Derechos tem estimulado a realização de projetos de exigibilidade que transcendem processos de capacitação. São iniciativas que dão visibilidade a questões ligadas aos Direitos dos jovens que os afetam diretamente. No Paraguai, o trabalho com a rádio comunitária, a criação e o fortalecimento dos conselhos locais de juventude de alguns municípios de Assunção tem conseguido, conjuntamente com o apoio aos grupos juvenis locais, uma importante articulação intra-municipal dos jovens. Ao mesmo tempo, tem se visto aumentar a capacidade de incidência dos jovens líderes formados na Casa da Juventude devido à nova conjuntura política que está vivendo o país, permitindo colocar na agenda do novo governo os temas dos Direitos da juventude de uma forma nova e inovadora. Em nível regional, o projeto tem se articulado com instâncias internacionais. Tem sido apresentado oficialmente à Reunião das Altas Autoridades em Direitos Humanos do MERCOSUL, participando com os técnicos em comissões temáticas e garantindo sua presença em futuras reuniões. As instâncias dos Agentes de Direito têm sido elaboradas durante todo o processo realizado: em oficinas de formação e seguimento dos grupos 10

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 11 Prólogo juvenis; internamente com os grupos e em articulação com outros; diretamente ou através da página da web do projeto e por meio dos Seminários Regionais de Intercâmbio dos Agentes de Direito, realizados em Chapadmalal, Argentina, desde o 31 de outubro ate o 03 de novembro de 2007 e em Cabo Frio, Brasil, na mesma época do ano de 2008. Os dois Seminários regionais fortaleceram as vinculações entre os participantes dos países do MERCOSUL Chile, possibilita a troca de experiências e metodologias de formação, de participação e incidência. Contribui para gerar uma cidadania crítica para a promoção de políticas públicas de juventude, em articulação com outros grupos e redes nacionais e regionais. Durante os dois Seminários Regionais realizados, os jovens participantes de todos os países elaboraram as Declarações de Chapadmalal e Cabo Frio, contidas na presente publicação, que resumem os Direitos chaves por eles identificados para a elaboração de políticas públicas regionais de juventude: um mapa para orientar e nos orientar nas ações de reivindicação e exigibilidade dos Direitos Humanos da Juventude em América Latina. É importante sublinhar que as dois declarações têm sido escritas em coletivo, com centenas de intervenções, por meio de oficinas específicas ad-hoc e encontros que têm permitido condensar anos de trabalho, reflexões e experiências em poucas páginas. Nas declarações, o leitor atento poderá apreciar a profundidade e pertinência dos conceitos expressados. Ao mesmo tempo, estas páginas transpiram uma energia juvenil que demonstra uma vez mais que são os jovens os verdadeiros e autênticos agentes transformadores da sociedade. Aldo Magoga Coordenador General Projeto Direitos Derechos 11

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DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 13 Declaração de Chapadmalal Argentina 2007

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 14 Declaração de Chapadmalal Introdução Somos jovens organizados de Brasil, Argentina, Paraguai, Costa Rica, Chile,Perú, Itália, República Dominicana, Estados Unidos, Suíça, Inglaterra, França, Espanha, Equador, Uruguai e Honduras que estamos debatendo e compartilhando nossas realidades e experiências. Somos jovens que nos organizamos para exigir que se garantam nossos direitos. Somos jovens que queremos transformar a realidade social, econômica, educativa, política, cultural, ambiental e da saúde. Somos jovens que vivemos situações de pobreza, exclusão, discriminação efalta de trabalho. Por isto juntos formulamos propostas que acreditamos são muito importantes para transformar a realidade através das políticas Públicas de juventude. A continuação apresentamos as propostas de políticas públicas, responsáveis e compromissos dos jovens e organizações juvenis, para promover e garantir seus direitos. Estas propostas foram elaboradas em quatro oficinas temáticas por 600 jovens participantes na Semana pelos Direitos da Juventude (Novembro 2007, Chapadmalal). 14

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 15 Declaração de Chapadmalal 15

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 16 Declaração de Chapadmalal 16

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 17 Declaração de Chapadmalal 17

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 18 Declaração de Chapadmalal 18

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:19 Página 19 Declaração de Chapadmalal Porque queremos que nossas propostas e leis não sejam letra morta, queremos ser protagonistas; exigindo nossa participação na criação, desenho e execução das políticas públicas de/para/com juventude. 19

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DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 21 Declaração de Cabo Frio Brasil 2008

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 22 Declaração de Cabo Frio Introdução Nós, jovens organizados da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguay, reunidos para debater e compartilhar experiências de trabalho social, enfrentando problemáticas sócio-econômico-político-culturais, tivemos quatro dias de intercâmbio cultural e experiências organizativas na cidade de Cabo Frio, no Brasil, a partir das quais pudemos realizar uma análise mais minuciosa das diferentes realidades sociais e das perspectivas regionais, nacionais e internacionais; com o objetivo de lograr uma melhor qualidade de vida e respeito irrestrito aos Direitos Humanos dos jovens da América do Sul de hoje. O Prometo Derechos Direitos possui uma visão particular dos direitos humanos, transcendendo o simples cumprimento legal dos Direitos Civis e Políticos, e priorizando aspectos dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, como também os Direitos de Terceira Geração, ou seja, a cooperação entre os Estados, a solidariedade entre os povos, o respeito ao meio ambiente, a igualdade racial, de gênero e a diversidade sexual, entre outros. O projeto dos jovens organizados na iniciativa Derechos Direitos se focaliza no respeito à garantia dos Direitos dos jovens, para os quais organizam-se ações de exigibilidade com a finalidade de conseguir um respaldo jurídico relevante. Estas ações, levadas a cabo por movimentos juvenil das diferentes regiões mencionadas, deixaram de ser uma utopia para se converter em realidade efetiva, da qual se traduz maior empoderamento da participação e elaboração de propostas vinculadas a políticas públicas, já que comprovamos que estas iniciativas simplesmente não nascem dos próprios governos, e sim da luta autônoma e independente dos atores da sociedade civil organizada. Não podemos seguir tolerando a existência de situações de discriminação e violência em sociedades cada vez mais democráticas, em que as próprias bases do Estado de Direito vêm se debilitando pela ação de grupos reacionários e do próprio Estado, por sua ação ou omissão. Tendo em conta estas atrocidades, os jovens do Projeto Derechos Direitos levantam sua voz em busca de um Estado de Bem Estar, tentan- 22

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 23 Declaração de Cabo Frio do que os Estados em conjunto garantam aos cidadãos a totalidade dos Direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto de San José da Costa Rica. Neste ano de 2008, quando a Declaração completa 60 anos, manifestamos que a América do Sul não pode apagar da sua consciência coletiva os fatos recentes da nossa história que custaram a vida de milhares de inocentes e que até hoje produzem efeitos colaterais nefastos em nossas sociedades. Por tais motivos, fundamentando a construção coletiva dos jovens do Projeto Derechos Direitos, no encontro de Cabo Frio, reivindicamos: Participação Política - Se propõe trabalhar nas escolas para que existam organizações juvenis com incidência no espaço escolar. Mas que esta incidência e participação se dêem em todos os temas que interessam aos jovens. É importante que esta participação na educação não esteja vinculada a partidos políticos. - Criação de espaços de participação que permitam vincular as organizações estudantis ao resto das instituições da sociedade civil. - A participação política deveria estar vinculada aos currículos escolares. Propõe-se que as secretarias de juventude se aproximem dos centros de estudantes, dando formação aos estudantes. Mas é importante cuidar para que não exista afetação política, respeitando a autonomia dos centros de estudantes. É importante mobilizar os ministérios da educação para que incluam isto no currículo. - Exigimos, como jovens, ter influência sobre a nomeação de pessoas que estejam a cargo das secretarias de juventude. - Desenvolvimento e implementação de redes de ligação entre os distintos organismos de Direitos Humanos e o Estado para a luta conjunta pelo cumprimento efetivo dos Direitos dos jovens e da cidadania em geral. É fundamental para esta luta a recuperação da memória histórica latino-americana, para que não se volte a ser objeto de processos de governo ditatoriais. 23

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 24 Declaração de Cabo Frio - Deve-se configurar uma aliança entre centros estudantis, secretarias de juventude e organismos de direitos humanos para integrar a temática de direitos na educação, incluindo a memória dos países e uma visão de participação em direção aos temas atuais de direitos humanos e juvenis. Moradia Digna - Incluir nas leis federais, estaduais e municipais o direito à moradia como princípio fundamental. - Implementação de políticas habitacionais dirigidas à população de baixos recursos. Informação e Comunicação Alternativa - Criação de políticas públicas que garantam aos jovens e à sociedade civil que praticam comunicação alternativa, que participem dos espaços possíveis de comunicação, como o rádio, a TV e os jornais. - Exigir financiamento público da parte de governos locais e nacionais para a capacitação no uso correto de meios comunitários e na promoção dos espaços de comunicação alternativa. - Legalização dos meios de comunicação comunitários. - Estabelecer leis que façam respeitar os horários de televisão protegidos para os de menores idades, de modo que neles não se passem imagens que promovem vícios nos próprios meios massivos. - Exigir financiamento público para permitir que jovens que freqüentam a escola ou universidades tenham acesso à informação via rádio digital. - Promover campanhas contra o consumismo em meios de comunicação alternativos. - Democratizar a licitação dos canais de TV pelo Estado, com abertura de licitações a todo o público. 24

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 25 Declaração de Cabo Frio - Exigir que prestações de conta de governos locais sejam divulgadas mensalmente em meios de comunicação alternativos. Educação - Reformar a estrutura educacional, garantindo para isso a participação dos alunos mediante o desenho de um currículo que inclua temáticas transversais a todos os jovens, como são as práticas de esportes, a valorização da história e a identidade cultural e artística. - Garantir o diálogo entre políticas educacionais e trabalhistas que possibilitem a complementação mútua, de modo que os jovens não tenham que optar entre um projeto de trabalho ou um projeto educacional, e possam construir projetos paralelos se isso for necessário. - Criar ferramentas de informação dirigidas aos estudantes para uma formação profissional continuada. - Garantir transporte público a todos os estudantes, incluindo aquele que seja necessário para todas as atividades extracurriculares. Cultura - Exigir a formação de um fundo de incentivo dirigido exclusivamente a grupos juvenis que trabalham com arte, cultura e entretenimento. - Criação de centros de formação e capacitação para escrever projetos, que dê às organizações a possibilidade de acessar os subsídios (fundos econômicos). - Ampliação de espaços públicos visando a oferta de atividades culturais diversas de forma gratuita aos jovens (cinema, teatro, oficinas de arte etc.) - Difusão da arte e da cultura por meio de programas nacionais de arte - educadores para a realização de atividades artísticas em espaços educ-acionais, museus e nas comunidades. 25

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 26 Declaração de Cabo Frio Meio Ambiente - Garantir o direito das populações tradicionais de sua permanência em suas localidades. Fazer a demarcação de terras e a regularização fundiária como forma de pagamento da dívida social e racial com as comunidades indígenas, quilombolas, ciganas e todas as populações que tiveram seu direito negado no período de colonização da América do Sul. - Pensar na reforma agrária como processo de justiça social, dividindo a terra eqüitativamente entre pequenos produtores. - Incentivar iniciativas de turismo sustentável em regiões de preservação ambiental. - Investir em projetos juvenil de pesquisa sobre biodiversidade na América do Sul e utilizar seus resultados para a implementação de políticas públicas. - Combater a utilização de sementes transgênicas e agrotóxicos, diminuindo a ação da monocultura. - Incentivar a criação de cooperativas em comunidades rurais visando uma maior e melhor produção de orgânicos. - Distribuir de maneira mais igual a produção de alimentos entre os pobres da América do Sul, como forma de combater a desnutrição, a pobreza e a miséria. - Investir em tecnologias limpas de produção de energia: eólica, solar, etc. Discriminação - Incluir em toda política de não discriminação a diversidade de raça, etnia, nacionalidade, gênero, sexualidade, ideologia política, religião, e toda outra forma de expressão da diversidade humana; e as pessoas com necessidades especiais; pessoas com HIV e pessoas que vivem com baixa renda. 26 - Propor leis contra todas as formas de discriminação, e se já existirem,

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 27 Declaração de Cabo Frio garantir seu cumprimento. - Fortalecer as organizações de base e da sociedade civil que trabalham contra todo tipo de discriminação. - Trabalhar na educação formal e informal, para informar as pessoas sobre o problema da discriminação. - Incluir nas reformas educativas a temática da não discriminação. - Apoiar a educação informal realizada com os meios de comunicação alternativos e massivos. - Garantir um bom tratamento nos sistemas de saúde pública, baseados em critérios de não discriminação. - Garantir o trabalho digno e sem violência oriunda de discriminações. Violencia e Segurança - O nível da violência exercida pela polícia muitas vezes acaba com a vida dos jovens, justificando-se como política de segurança pública. - Criar mesas de diálogo entre as comunidades, a policia e o Estado para conseguir uma igualdade entre as partes. - Exigir maior capacitação para as forças policiais. - Violência nas escolas: Agressão, consumo e comércio de drogas. - Capacitação dos professores para que ajudem a evitar situações de violência e discriminação. - Formação de gabinetes objetivos para mediar e ajudar agressores e agredidos, promovendo a unidade entre os jovens, trabalhando no seio familiar e educativo. - Violência no Serviço Público: Maus tratos, discriminação, preferência social, muita espera. 27

DD_manual_declaraciones_Port 2/12/08 21:20 Página 28 Declaração de Cabo Frio - Capacitação de funcionários. - Salários mais dignos. - Penalização dos maus tratos, com desconto no salário. - Violência Familiar e Sexual, porque a maior parte dos abusos sexuais ocorre dentro do ambiente familiar. - Que se faça uma perícia policial ao menor indício de abuso sexual contra mulheres, jovens e crianças. - Prevenir, através uma educação sexual integral, desde o jardim de infância, para que conheçam e respeitem seu corpo. - Fomentar a mobilização social em repúdio à violência sexual a mulheres, jovens e crianças. - As problemáticas sexuais muitas vezes vêm de mãos dadas ao alcoolismo e o vício em drogas, por isso é necessário criar um conselho tanto para as pessoas violentadas como para os agressores enfermos e suas famílias. 28