Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.1-8, set/2016

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Transcrição:

AVALIAÇÃO LONGITUDINAL DE CRIANÇAS NASCIDAS PREMATURAS MARGARIDA MARIA SILVEIRA BRITTO DE CARVALHO ELZA FRANCISCA CORREA CUNHA BEATRIZ AVILA FONTES SILVA EIXO: 23. PESQUISA FORA DO CONTEXTO EDUCACIONAL RESUMO Este estudo apresenta indicadores do desenvolvimento de três prematuros entre 4 e 5 anos de idade. Foi utilizado o Inventário Portage Operacionalizado e as avaliações ocorreram nos anos de 2014 e 2015. Investigou-se o desempenho dessas crianças nas áreas: desenvolvimento motor, linguagem, socialização, autocuidados e cognição. Observou-se que todos os participantes apresentaram incremento no seu desempenho. Dois sujeitos apresentaram em linguagem e cognição índices acentuadamente aquém do esperado para a sua faixa etária, o que corrobora os achados da literatura especializada. Ressalta-se, contudo, que um dos sujeitos alcançou altos índices em todas as áreas. A este respeito, os especialistas sugerem a investigação de múltiplos aspectos influentes no desenvolvimento de prematuros. Palavras-chave: Prematuro, Avaliação, Desenvolvimento ABSTRACT LONGITUDINAL EVALUATION OF PREMATURELY BORN CHILDREN This study presents development indicators of three premature babies between 4 and 5 years old. The Operational Portage Inventory was used and the evaluation happened in the years 2014 and 2015. These children s performance was analyzed in the following areas: motor development, language, socialization, self-care and cognition. It was observed that all participants showed improvement in their performance. Two subjects presented ratings much beyond expectations for their age in language and cognition, which supports the findings in specialized literature. One of the subjects, though, reached high ratings in all areas. For this matter, specialists suggest an investigation on the multiple influential aspects in prematurely born children s development. Keywords: Premature, Evaluation, Development Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.1-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde o nascimento pré-termo e o baixo peso ao nascer são indicadores relevantes do desenvolvimento infantil. Estas condições estão associadas à morte nos primeiros meses de vida e às chances de as crianças virem a apresentar problemas em diversas áreas, como na saúde, na cognição, na área escolar e ainda problemas de comportamento (WHO, 2012). Moreira, Magalhães e Alves (2014) corroboram essas informações ao afirmarem a vulnerabilidade, a longo prazo, das crianças que nascem prematuras em diferentes áreas do desenvolvimento infantil, especificamente a área motora, o desempenho escolar e comportamento. Os estudos de Nobre et al (2009) concluíram que crianças nascidas com menor peso e idade gestacional, e que permaneceram mais tempo hospitalizadas e com situações familiares adversas, apresentaram mais problemas de desenvolvimento. Campos et al (2011) compararam o desempenho cognitivo e comportamental de crianças que nasceram com peso inferior a 1500 gr e idade gestacional abaixo de 34 semanas com o de crianças nascidas a termo. Os resultados nos testes de inteligência dessas crianças foram inferiores aos do grupo de crianças nascidas a termo. Esses autores chamam a atenção para a necessidade de avaliações específicas que possibilitem a identificação de outros déficits. Linhares et al (2000) apontam a necessidade de seguimento psicológico longitudinal das crianças nascidas prematuras com o intuito de implementar medidas preventivas para neutralizar o risco de desencadeamento de problemas de desenvolvimento e de aprendizagem. Rodrigues (2009) destaca que o acompanhamento de bebês prematuros implica no reconhecimento de fatores de risco e na utilização de instrumentos que possibilitem a identificação precoce de defasagens no comportamento. A avaliação do desenvolvimento de bebês e/ou de crianças com idade entre 0 e 6 anos, é reconhecidamente efetuada por escalas, testes, cheklists e segundo Nunes, Sisdelli e Fernandes apud Rodrigues (2009) esses instrumentos são utilizados para fins clínicos, educacionais e na elaboração de programas de estimulação precoce. Um estudo de revisão feito por Vieira, Ribeiro e Formiga (2009) com o objetivo de levantar os principais instrumentos de avaliação do desenvolvimento infantil, identificaram 15 instrumentos, categorizando-os em : exames neurológicos e do neurocomportamento ;instrumentos abrangentes voltados para a avaliação do desenvolvimento da criança em vários domínios de função e os instrumentos neuromotores que avaliam habilidades motoras amplas e finas. De maneira mais específica nos voltamos para os testes que avaliam o desenvolvimento em vários domínios como o Inventário Portage Operacionalizado-IPO (WILLIANS ; AIELLO, 2001) instrumento de avaliação utilizado nesse trabalho. Os estudos que utilizaram o IPO como instrumento de avaliação do desenvolvimento de crianças que nasceram prematuras apontam defasagens em áreas específicas do desenvolvimento, como por exemplo a área motora, linguística e cognitiva. Tais campos do desenvolvimento refletem diretamente em outras áreas como Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.2-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

aprendizagem, desempenho escolar, socialização, dentre outras (RODRIGUES; BOLSONI- SILVA, 2011). Este trabalho é fruto de ações de extensão, realizadas junto às díades mãe-bebê prematuro, com o objetivo de avaliar crianças nascidas prematuras e com baixo peso, através do Inventário Portage Operacionalizado (IPO). METODOLOGIA As avaliações foram realizadas nas residências de três crianças, retiradas de uma amostra de 10 bebês nascidos prematuramente em 2010 em uma maternidade pública de Aracaju/SE. A amostra foi composta por dois sujeitos do sexo masculino aqui denominados, JR e JG e um do sexo feminino (A). Foram utilizados dois instrumentos: um questionário dirigido à mãe das crianças com o objetivo de levantar o perfil sociodemográfico da família e o Inventário Portage Operacionalizado (IPO) para avaliar o desenvolvimento dos participantes. O IPO faz parte do Projeto Portage, que consiste em um sistema amplo de treinamento de pais e educação pré-escolar. É orientado para descrição de comportamentos de crianças de 0 a 6 anos de idade com o objetivo de construir um parecer para a elaboração de uma proposta de intervenção no ambiente natural da criança. (BARCELLOS et al, 2013). Este instrumento é composto por 580 comportamentos divididos entre as seguintes áreas: estimulação infantil (45 itens); desenvolvimento motor (140 itens); autocuidados (105 itens); cognição (108 itens); socialização (83 itens) e linguagem (99 itens). Tais itens se dividem de acordo com as faixas etárias que vão de 0 a 4 meses, 1 a 2 anos, 2 a 3 anos, 3 a 4 anos, 4 a 5 anos e 5 a 6 anos. A coleta de dados foi realizada em duas etapas: a primeira na maternidade, quando foi aplicado na mãe, o questionário sociodemográfico e após a alta dos bebês nas residências dos mesmos, foram realizadas as avaliações. Foram adotados os princípios que regem as Pesquisa com Humanos e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Sergipe, sob o nº 4247.0.000.107-08. Após o aceite das mães, foi assinado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Os sujeitos foram avaliados nos anos de 2011, 2012, 2014 e 2015. No entanto, este trabalho trata das avaliações relativas aos anos de 2014 e 2015, quando as crianças se situavam na faixa etária entre 4 e 5 anos. RESULTADOS A tabela Nº 1 apresenta características consideradas relevantes dos sujeitos. Tabela 1: Características dos Sujeitos ao Nascer Sujeitos Gênero Peso ao Nascer Idade Permanência Gestacional no Hospital A Feminino 1045 7 meses 28 dias JR Masculino 1410 6 meses 20 dias JG Masculino 1100 7 meses 25 dias Contata-se que todos os sujeitos têm peso abaixo de 1500 gramas, idade gestacional que varia entre seis e sete meses e permanência no hospital entre vinte e 28 dias. Essas características situam essas crianças em um quadro de imaturidade biológica considerada de risco para problemas Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.3-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

de desenvolvimento. Evidências recentes sugerem que crianças que nascem com baixo peso e idade gestacional inferior a 37 semanas são suscetíveis a déficits motores, atraso na linguagem e na cognição. As tabelas abaixo mostram o desempenho dos sujeitos nas áreas: desenvolvimento motor, linguagem, socialização autocuidados e cognição, específicas do IPO. Tabela 2: Resultados IPO-2014 e 2015 do sujeito A Áreas 2014 2015 Desenvolvimento motor 77% 83% Linguagem 30% 38% Socialização 63% 100% Autocuidados 61% 68% Cognição 29% 28% Nos anos de 2014 e 2015, os resultados de A nas áreas avaliadas foram: em desenvolvimento motor ela realizou respectivamente, 77% e 83% dos comportamentos esperados para a sua idade cronológica. Em Linguagem realizou 30 % e 38% das respostas esperadas. Na área de socialização apresentou 63% e 100% das respostas. Em relação à área de autocuidados apresentou 61 % e 68 % dos comportamentos. Quanto à cognição A atingiu 28 % e 29% dos comportamentos esperados. Tabela 3: Resultados PORTAGE-2014 e 2015 do sujeito JR Áreas 2014 2015 Desenvolvimento motor 77% 66% Linguagem 33% 38% Socialização 77% 75% Autocuidados 84% 80% Cognição 21% 30% Observa-se que JR em desenvolvimento motor apresentou respectivamente nos anos de 2014 e 2015 77% e 66% do repertório condizente com a sua idade cronológica. Em Linguagem atingiu 33% e 38% das respostas esperadas. Na área de socialização alcançou 77% e 75% das respostas. No que diz respeito a área de autocuidados o avaliando realizou 84 % e 80 % dos comportamentos. No que se refere à cognição JR atingiu 21 % e 30% dos comportamentos esperados. Tab. 4: Resultados PORTAGE-2014 e 2015 do sujeito JG Áreas Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.4-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

2014 2015 Desenvolvimento motor 90% 100% Linguagem 77% 76% Socialização 80% 88% Autocuidados 69% 91% Cognição 54% 76% Nos anos de 2014 e 2015 respectivamente, o desempenho do JG acima descrito mostra que na área de desenvolvimento motor ele respondeu 90% e 100% do repertório esperado. Em Linguagem atingiu 77% e 76% das respostas. Na área de socialização atingiu 80% e 88%. Seu desempenho na área de autocuidados foi 69 % e 91 % dos comportamentos e em cognição o sujeito em questão apresentou 54 % e 76% do repertório previsível para a sua faixa etária. DISCUSSÃO De um modo geral, pode-se afirmar que todos os participantes apresentaram um incremento no índice de respostas, entre as avaliações dos anos de 2014 e 2015, o que pode ser observado no desempenho dos sujeitos nas áreas avaliadas. Nos domínios específicos de socialização e autocuidados todos os sujeitos obtiveram índices elevados em relação aos demais itens. Deve-se ressaltar que dois sujeitos apresentaram nas áreas de linguagem e cognição índices acentuadamente aquém do esperado para a sua faixa etária, corroborando os estudos na área (LAMÔNICA; PICOLINI,2009; NASCIMENTO; CARVALHO; IWABE, 2012). A par dos resultados considerados baixos para dois sujeitos, o terceiro alcançou altos índices em todas as áreas avaliadas. Estudos clássicos sobre crianças nascidas prematuras e com baixo peso ao nascer, por exemplo os estudos de Linhares (2000) chamam a atenção para a vulnerabilidade dessas crianças em vários aspectos do desenvolvimento, mas mencionam que nesse grupo de risco podem ser detectados sinais de resiliência desde o início do desenvolvimento. Assim, é de fundamental importância a utilização de instrumentos de avaliação sensíveis e válidos para essa população de crianças. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos sobre prematuridade têm concordado a respeito do desempenho dos prematuros se situar abaixo do esperado nas diversas áreas do desenvolvimento. Para tanto, ressaltam a importância dos instrumentos psicológicos na avaliação precoce dessas crianças como auxiliar importante no diagnóstico, na prevenção e nas possíveis intervenções junto a seus familiares. Cabe ressaltar que a literatura também chama a atenção para a variedade de fatores que interferem nesse desempenho, como por exemplo, os fatores ambientais e sociodemográficos que precisam ser considerados pelos estudiosos da psicologia infantil. Por isso, é indispensável conhecer não só os fatores de risco biológico, como também os diagnósticos neurológico e psicológico, e a influência do nível socioeconômico e cultural na evolução e no comportamento de prematuros extremos conforme preconiza Campos et al 2011. Os resultados desse estudo apontam a necessidade da detecção precoce de defasagens no comportamento de Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.5-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

crianças prematuras. Cabe ressaltar as limitações do mesmo em razão do número reduzido de participantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELLOS, E. N.; BERTINI, M. T.; LIMA, T. S.; MIRAS, B. D.; GROSSI, R. O Inventário Portage como Instrumento de Avaliação no Serviço de Aconselhamento Genético. In: VII Encontro da Associação de Pesquisadores em Educação Especial. Londrina. 2013. CAMPOS, A. F.; MALLOY-DINIZ, L. F.; NASCIMENTO, J. A.; AMORIM, R. H.C. Aspectos Neuropsicológico e Neurológico de Crianças Nascidas Prematuras e com Peso Inferior a 1.500 gramas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 24 (4), 630-639, 2011. LAMÔNICA, D. A. C.; PICOLINI, M. M. Habilidades do Desenvolvimento de Prematuros. Revista CEFAC, v.11, Sup l2, 145-153, 2009. LINHARES, M. B. M.; CARVALHO, A. E. V.; BORDIN, M. B. M.; CHIMELLO, J. T.; MARTINEZ, F. E.; JORGE, S. M. Prematuridade e Muito Baixo Peso como Fator de Risco ao Desenvolvimento da Criança. Revista Paidéia, jan/julho/2000. MOREIRA, R. S., MAGALHÃES, L. C., ALVES, C. R. L. Effect of preterm birth on motor development, behavior, and school performance of school-age children: a systematic review. Pediatr (Rio J), n. 90, s.2, p. 119 134, 2014. NASCIMENTO, D Z; CARVALHO, K.P.P; IWABE, C. Perfil Cognitivo e Motor de Crianças Nascidas Prematuras em Idade Escolar: Revisão de Literatura Rev Neurocienc 20(4):618-624, 2012 NOBRE, F. D. A., CARVALHO, A. E. V., MARTINEZ, F. E.; LINHARES, M. B.M. Estudo Longitudinal do Desenvolvimento de Crianças Nascidas Pré-Termo no Primeiro Ano Pós-natal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(3), 362-369. RODRIGUES, O. M. P. R; BOLSONI- SILVA, A. T. Efeitos da Prematuridade Sobre o Desenvolvimento de Lactentes. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum. 21(1): 111-121, 2011. RODRIGUES, O.M.P.R. O Inventário Portage Operacionalizado e o Desenvolvimento de Bebês. 2009.216 f. Tese (Livre Docência) -Faculdade de Ciência, Universidade Estadual Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2009. SIGOLO, A. R. L.; AIELLO, A. L. R. Análise de Instrumentos para Triagem do Desenvolvimento Infantil. Paidéia. Vol. 21, n. 48. Jan- Abr.2011. VIEIRA, M. E. B.; RIBEIRO, F. V.; FORMIGA, C. K. M. R. Principais Instrumentos de Avaliação do Desenvolvimento da Criança de Zero a Dois Anos de Idade. Revista Movimenta Vol 2, N 1, 2009. WILLIAMS, L. C. A.; AIELLO, A. L. R. O Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com Famílias. 1ª ed. São Paulo: Memnon/Fapesp, v.1. p. 299, 2001. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Born too Soon. The Global Action Report on Preterm Birth. Geneva: WHO; 2012. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELLOS, E. N.; BERTINI, M. T.; LIMA, T. S.; MIRAS, B. D.; GROSSI, R. O Inventário Portage como Instrumento de Avaliação no Serviço de Aconselhamento Genético. In: VII Encontro da Associação de Pesquisadores em Educação Especial. Londrina. 2013. CAMPOS, A. F.; MALLOY-DINIZ, L. F.; NASCIMENTO, J. A.; AMORIM, R. H.C. Aspectos Neuropsicológico e Neurológico de Crianças Nascidas Prematuras e com Peso Inferior a 1.500 gramas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 24 (4), 630-639, 2011. LAMÔNICA, D. A. C.; Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.6-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

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Recebido em: 07/08/2016 Aprovado em: 09/08/2016 Editor Responsável: Veleida Anahi / Bernard Charlort Metodo de Avaliação: Double Blind Review E-ISSN:1982-3657 Doi: Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.8-8, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio