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Transcrição:

(6X0Z1Ä1S4) Processo na Origem: 64000420154013504 EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS VINCULADAS À ATUAÇÃO ESTATAL INDIRETA, DE NATUREZA PARAFISCAL. MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA SOBRE RECEITAS FINANCEIRAS. DECRETO Nº 8.246/2015 ALTERADO PELO DECRETO Nº 8.451/2015. LEGALIDADE. 1. A parafiscalidade consiste na atribuição do poder fiscal, pelo Estado, à entidade de caráter autônomo investida de competência para o desempenho de alguns fins públicos, geralmente os de previdência social e organização de interesse profissional em harmonia com o interesse público (Cláudio Pacheco in Tratado das Constituições Brasileiras). 2. Quando se utiliza determinado tributo, de forma predominante uma vez que todo tributo tem por finalidade a arrecadação, como instrumento de política econômica, estamos diante da figura da extrafiscalidade. 3. De pronto percebe-se que a finalidade precípua da extrafiscalidade é o exercício de política econômica, normalmente de natureza regulatória. Tal finalidade está, inclusive, prevista expressamente na Constituição Federal, em seu art. 153. 4. Resta evidente que a faculdade de que trata a norma constitucional do art. 153 da CF/88 incide, apenas e exclusivamente, com relação aos tributos que têm predominante característica de extrafiscalidade. Embora a Lei nº 10.865/2004, de forma contextual, dar tratamento redacional de extrafiscalidade à norma em exame, o art. 153, 1º, da CF/88 determina, numerus clausus, os tributos objeto da faculdade de que trata a norma constitucional retrocitada. 5. A delegação prevista no art. 27, 2º, da Lei nº 10.865/2004, que autoriza o Decreto nº 8.426/2015, alterado pelo Decreto nº 8.451/2015, a restabelecer para 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento) e 4% (quatro por cento) as alíquotas da contribuição para PIS, PASEP e COFINS, de caráter não cumulativo, e incidentes sobre receitas financeiras, deve ser analisada à luz da Constituição Federal, na medida em que traz em seu conteúdo norma eminentemente vinculada ao Sistema Tributário Nacional. 6. O rol de tributos de que tratam os incisos do art. 153 da CF/88 são todos não vinculados, o que evidencia ainda mais a impossibilidade de se transformar as contribuições sociais, em comento, em instrumentos de política econômica, modificando sua natureza parafiscal em extrafiscal. 7. Desta forma, ao se buscar o fundamento de validade da norma prescrita no art. 27, 2º, da Lei nº 10.865/2004, restará evidenciada a sua incompatibilidade com o quanto prescreve a norma constitucional insculpida no art. 153/CF/88. 8. O mesmo se dá com relação ao fundamento de validade dos Decretos nº 8.426/2015 e nº 8.451/2015, visto que padecem de ilegalidade ante a norma prevista no art. 27, 2º, da referida Lei nº 10.865/2004. 9. Todavia, a colenda Quarta Seção deste egrégio Tribunal, em recente decisão, reconheceu a legalidade da majoração das alíquotas das contribuições sociais para o PIS e para a COFINS sobre as receitas financeiras, pelas alíquotas definidas no Decreto nº 8.426/2015. Criado por tr51903

fls.2/5 10. Os honorários de sucumbência têm característica complementar aos honorários contratuais, haja vista sua natureza remuneratória. 11. Ademais, a responsabilidade do advogado não tem relação direta com o valor atribuído à causa, vez que o denodo na prestação dos serviços há de ser o mesmo para quaisquer casos. 12. A fixação dos honorários advocatícios levada a efeito pelo magistrado a quo guarda observância aos princípios da razoabilidade e da equidade, razão pela qual deve ser mantida. 13. Apelação não provida. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas: Decide a Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do voto do relator. Brasília-DF, 28 de agosto de 2018 (data do julgamento). DESEMBARGADOR FEDERAL HERCULES FAJOSES Relator RELATÓRIO EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL HERCULES FAJOSES (RELATOR): Trata-se de apelação interposta por REAL DISTRIBUIDORA E LOGÍSTICA LTDA. contra sentença que julgou improcedente o pedido que objetiva afastar a exigibilidade das contribuições sociais para o PIS e para a COFINS, incidentes sobre as suas receitas financeiras, pelas alíquotas definidas no Decreto nº 8.426/2015. Condenação da autora ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa: R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). (fls. 132/137) Em suas razões recursais, a apelante sustenta a inconstitucionalidade e a ilegalidade do Decreto nº 8.426/2015, que majorou as alíquotas das referidas contribuições aos patamares de 0,65% (sessenta e cinco centésimos percentuais) e 4% (quatro por cento), respectivamente. Requer a redução da verba honorária. (fls. 139/175) Contrarrazões às fls. 180/191. É o relatório. VOTO EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL HERCULES FAJOSES (RELATOR): Segundo o professor Geraldo Ataliba, o elemento nuclear para a classificação do gênero tributo se faz com a análise da relação entre o critério material da hipótese de incidência tributária, com existência ou inexistência de vinculação direta ou indireta da atuação do ente estatal junto ao contribuinte, ou seja, a classificação dos tributos, proposta pelo mestre paulista leva em consideração se há relação entre o critério material da hipótese de incidência e uma atuação estatal direta ou indireta junto ao sujeito passivo da obrigação tributária. É nesse sentido que encontramos as espécies de tributos que, no nosso caso, estão previstas na Constituição Federal, mais especificamente no art. 145 (impostos, taxas e

fls.3/5 contribuições de melhoria), acrescentando-se o art. 148 (empréstimo compulsório) e o art. 149 (contribuições sociais). Temos como tributos não vinculados a uma atuação estatal direta, os impostos e, de outro lado, temos como tributos vinculados de forma direta ou indireta a uma atuação estatal as taxas e as contribuições, dentre elas as contribuições sociais previstas no art. 149/CF. Vejamos: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto no art. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 195, 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Interessa apenas deitar considerações sobre as contribuições sociais, em especial o PIS e a COFINS, valendo destacar o conceito de contribuições sociais: É tributo vinculado cuja hipótese de incidência consiste numa atuação estatal indireta e mediatamente (mediante uma circunstância intermediária) referida ao obrigado (Geraldo Ataliba). Cumpre destacar que essas contribuições são tributos vinculados, cuja destinação dos recursos arrecadados possui regime constitucional expresso, previsto nos arts. 149; 165, 5º, III; 167, VIII; 194 e 195 da Constituição Federal. Resta demonstrado que as contribuições sociais em geral, e em especial o PIS e a COFINS, são tributos parafiscais necessários. Vejamos: A parafiscalidade consiste na atribuição do poder fiscal, pelo Estado, a entidade de caráter autônomo investida de competência para o desempenho de alguns fins públicos, geralmente os de previdência social e organização de interesse profissional em harmonia com o interesse público (Cláudio Pacheco in Tratado das Constituições Brasileiras). Assim, tem-se que a parafiscalidade pressupõe a delegação de determinadas competências, a fim de que se possam cobrar determinados tributos para fazer frente a determinadas despesas, de forma orçamentária descentralizada. Como bem ressaltado pelo eminente professor Cláudio Pacheco, as contribuições sociais tem natureza parafiscal por excelência. Da simples análise do acima mencionado, resta claro que a parafiscalidade não tem por objetivo servir como instrumento de política econômica, e sim, de política orçamentária. Quando se utiliza determinado tributo, de forma predominante já que todo tributo tem por finalidade a arrecadação, como instrumento de política econômica, estamos diante da figura da extrafiscalidade. De pronto, percebe-se que a finalidade precípua da extrafiscalidade é o exercício de política econômica, normalmente de natureza regulatória. Tal finalidade está, inclusive, prevista expressamente na Constituição Federal, em seu art. 153: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

fls.4/5 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. Outro aspecto que diferencia a parafiscalidade da extrafiscalidade dá-se com relação ao quanto prescreve o art. 150, I, da CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça [...]. Do cotejo das normas acima transcritas, observo que o art. 150, I, da Constituição Federal insculpe o princípio da estrita legalidade em matéria tributária, o que restou mitigado por força da norma prevista no 1º do art. 153 de nossa Carta Constitucional vigente. Entretanto, a norma mitigadora é clara ao estabelecer que apenas os impostos de importação e de exportação, de renda e proventos de qualquer natureza, de produtos industrializados, de operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores imobiliários e os de grandes fortunas, nos termos de lei complementar, poderão ser objeto de alteração de alíquotas por meio de norma introdutória editada pelo Poder Executivo. Assim, depreende-se que tanto o PIS quanto a COFINS são tributos da espécie contribuições sociais, vinculados à atuação estatal indireta e de natureza parafiscal. Desta feita, nascem duas questões basilares: A primeira questão que se coloca é: As Contribuições sociais para o PIS e para a COFINS podem ter, também, natureza extrafiscal, como instrumentos de política econômica?. A segunda questão é: A delegação prevista no artigo 27, 2º, da Lei nº 10.865/2004 é possível face à Constituição Federal de 1988?. Para melhor visualização, transcrevo a norma acima referida: 2º O Poder Executivo poderá, também, reduzir e restabelecer, até os percentuais de que tratam os incisos I e II do caput do art. 8º desta Lei, as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de não-cumulatividade das referidas contribuições, nas hipóteses que fixar. Resta evidente que a faculdade de que trata a norma constitucional do art. 153 da CF/88 incide, apenas e exclusivamente, com relação aos tributos que têm predominante característica de extrafiscalidade. Apesar da Lei nº 10.865/2004, contextualmente, dar tratamento redacional de extrafiscalidade à norma em exame, o art. 153, 1º, da CF/88 determina numerus clausus os tributos objeto da faculdade de que trata a norma constitucional retro citada. Ademais, o rol de tributos de que tratam os incisos do art. 153 da CF/88 são todos não vinculados, o que evidencia ainda mais a impossibilidade de se transformar as contribuições sociais, em comento, em instrumentos de política econômica, modificando sua natureza parafiscal em extrafiscal. Desta forma, ao se buscar o fundamento de validade da norma prescrita no artigo 27, 2º, da Lei nº 10.865/2004, restará evidenciada a sua incompatibilidade com o quanto prescreve a norma constitucional, insculpida no art. 153 da Constituição Federal. O mesmo se dá com relação ao fundamento de validade dos Decretos nº 8.426/2015 e nº 8.451/2015, visto que padecem de ilegalidade ante a norma prevista no art. 27, 2º, da Lei nº 10.865/2004. Todavia, a colenda Quarta Seção deste egrégio Tribunal reconheceu a legalidade da majoração das alíquotas das contribuições sociais para o PIS e para a COFINS sobre as receitas financeiras, pelas alíquotas definidas no Decreto nº 8.426/2015, razão pela qual, com a

fls.5/5 ressalva do meu entendimento, acompanho a orientação firmada pela colenda Quarta Seção sobre a matéria. Os honorários de sucumbência têm característica complementar aos honorários contratuais, haja vista sua natureza remuneratória. Ademais, a responsabilidade do advogado não tem relação direta com o valor atribuído à causa, vez que o denodo na prestação dos serviços há de ser o mesmo para quaisquer casos. A fixação dos honorários advocatícios levada a efeito pelo magistrado a quo guarda observância aos princípios da razoabilidade e da equidade, razão pela qual deve ser mantida. Ante o exposto, nego provimento à apelação. É o voto.