Da Estipulação em Favor de Terceiro Art. 436 à 438 do CC
Conceito Há estipulação em favor de terceiro quando uma pessoa convenciona com outra que esta concederá uma vantagem ou benefício em favor daquele, que não é parte no contrato. Constitui exceção ao princípio da relatividade dos contratos quanto às pessoas.
Código Civil Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Exigência do adimplemento O promitente se obriga a beneficiar o terceiro, mas nem por isso se desobriga ante o estipulante, visto que este tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Formação do contrato Três personagens: O estipulante; O promitente; O beneficiário (este último alheio à convenção).
Condições A capacidade só é exigida dos dois primeiros, pois qualquer pessoa pode ser contemplada com a estipulação, seja ou não capaz. Trata-se de contrato sui generis, porque a prestação não é realizada em favor do próprio estipulante, mas em benefício de outrem que não participa da avença.
Só se completa no instante em que este (beneficiário) aceita o benefício. O terceiro não precisa ser desde logo determinado, basta que seja determinável (prole eventual). A gratuidade do benefício é essencial, não podendo ser imposta contraprestação ao terceiro.
Exemplos: Seguro de vida (art. 760 CC); Doações com encargos (art. 553 CC);
Exoneração do Devedor pelo Estipulante O estipulante poderá exonerar o devedor se o terceiro em favor de quem se fez o contrato não se reservar o direito de reclamar-lhe a execução. Se o estipulante liberar o devedor, a estipulação em favor de terceiro ficará sem efeito.
Código Civil Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Direito de Substituir o Terceiro Na estipulação em favor de terceiro pode-se convencionar cláusula de substituição do beneficiário. O estipulante poderá reservar-se o direito de substituir o terceiro, independentemente da anuência do beneficiário e da do outro contratante, por ato inter vivos ou causa mortis; Se não se reservou tal direito, não mais poderá fazê-lo posteriormente.
Código Civil Art. 438. O estipulante pode reservarse o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
Da Promessa de Fato de Terceiro Art. 439 à 440 do CC
Código Civil Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Obrigação de Fazer Trata-se de obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Aquele promete fato de terceiro assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação prometida.
Exemplo Se alguém prometer levar um cantor famoso a uma determinada casa de espetáculos, sem ter obtido dele, previamente, a devida concordância, responderá por perdas e danos perante os promotores do evento, se não ocorrer a prometida apresentação na ocasião anunciada.
Exoneração do promitente Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. ---------------------- Não há responsabilidade do promitente, por este não ser o fiador.
Próximo ponto... Dos vícios redibitórios; Da evicção.