TABELA DE CONTEUDO. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 TABELA DE CONTEUDO... I LISTA DE ABREVIATURAS... II PREFÁCIO



Documentos relacionados
EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE NA IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA

SITUAÇÃO DA TUBERCULOSE NAS FAA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone 517 Fax:

Consultoria Para Mapeamento os Actores e Serviços de Apoio as Mulheres Vitimas de Violência no País 60 dias

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

Propriedade Intelectual nos Países de língua Portuguesa

República de Moçambique Ministério da Saúde Direcção Nacional de Saúde Pública

1. SUMÁRIO EXECUTIVO 2. GERAÇÃO BIZ

49 o CONSELHO DIRETOR 61 a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O POSTO DE CONSELHEIRO EM GESTÃO DE FINANÇAS PUBLICAS

COMISSAO DISTRITAL DE GESTAO DE RISCO DE CALAMIDADES (CD-GRC)

Seminário Acção Social Produtiva em Moçambique: Que possibilidades e opções?

Proposta de Cronograma de Acções Para a Reorientação e Reorganização do SIS (Versão -Final - de 30/06/06)

Pontos principais Antecedentes e contexto Políticas e estratégias para o controle da malária Tratamento

Jornadas da Medicus Mundi: Coordenação no Pais do Fundo Global. Kate Brownlow membro do MCP/NAIMA+

ANÚNCIO DE VAGA DESCRIÇÃO DO POSTO. Junho de 2012.

Projetos Internacionais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA FUNÇÃO PÚBLICA MODELO CONCEPTUAL DO SISTEMA DE GESTÃO DE DESEMPENHO

MEDICUS MUNDI EM MOÇAMBIQUE A NOSSA PROPOSTA: CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS: VAMOS TORNÁ-LOS REALIDADE

Uma agenda para a mudança: conseguir acesso universal à água, ao saneamento e à higiene (WASH) até 2030.

6º Fórum Mundial da Água

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA PLANIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. SÍNTESE DA 15 a SESSÃO PLENÁRIA DO OBSERVATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO

Acção Social Produtiva em Moçambique: algumas questões chave para discussão

Modelo de Plano de Ação

Projecto de Apoio Institucional aos Sectores de Águas e Saneamento no âmbito do 10º Fundo Europeu de Desenvolvimento (10.ACP.ANG.

Síntese da Conferência

AGRUPAMENTO DE CENTROS DE SAÚDE

O Desenvolvimento Local no período de programação A perspetiva do FSE - 10 de maio de 2013

Introdução 02. CRER Metodologia Integrada de Apoio ao Empreendedor 04. Passos para criação do CRER Centro de Recursos e Experimentação 05

Estabelecendo Prioridades para Advocacia

Protecção Social em Moçambique

Reformas em curso no Sistema de Gestão e Informação do INAS em Moçambique

154 a SESSÃO DO COMITÊ EXECUTIVO

Discurso de Abertura do Embaixador INS Cerimónia de Lançamento da Primeira Pedra do Laboratório Nacional de Referência 13 de Novembro de 2014

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

COMISSÃO DA BACIA DO ZAMBEZE OPORTUNIDADES DE EMPREGO

Pacto Europeu. para a Saúde. Conferência de alto nível da ue. Bruxelas, de junho de 2008

Programa de Desenvolvimento Social

ATUAÇÃO DA FAO NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

O Ano Internacional do Saneamento Panorâmica

A Evolução dos Serviços de Água em Portugal

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Iniciativa de Água Potável e Saneamento

Workshop on Health Workforce Policy Development for Portuguese Speaking Countries. Sandton, South Africa 17-21/10/ 2005

Preparação de um Plano de Trabalho

BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE PROGRESSOS EM MOÇAMBIQUE

O VALOR DAS VERDADEIRAS PARCERIAS PARA O REFORÇO DAS CAPACIDADAES LOCAIS: A EXPERIÊNCIA DO FOJASSIDA. Pretoria Africa du Sul

Estratégia Europeia para o Emprego Promover a melhoria do emprego na Europa

Valor do sector do Diagnóstico in vitro, em Portugal. Principais conclusões APIFARMA CEMD. Outubro 2014

Os principais constrangimentos, recomendações e sinergias emanados do Annual Review mee9ng

Avaliando o Cenário Político para Advocacia

Centro de Investigação em Saúde de Manhiça

2º Curso Teórico-Prático de Doenças Médicas e Gravidez

ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE OS ESTADOS MEMBROS DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE O COMBATE AO HIV/SIDA

República de Moçambique

Plano de Qualificação das Linhas de Cuidados da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis nos Estados do Semiárido e Amazônia Legal

2º Fórum Lusófono de Mulheres em Postos de Tomada de Decisão Luanda, de Julho 2002

BR/2001/PI/H/3. Declaração das ONGs Educação para Todos Consulta Internacional de ONGS (CCNGO), Dakar, 25 de Abril de 2000

SISTEMA DE APOIO À MODERNIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CRITÉRIOS DE SELEÇÃO (PI 2.3 E 11.1)

PARLAMENTO EUROPEU Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar PROJETO DE PARECER

República de Angola DNME/MINSA/ ANGOLA

DECLARAÇÕES EUROPEIAS DA FARMÁCIA HOSPITALAR

REDE LUTA CONTRA POBREZA URBANA RLCPU PLANO ESTRATÉGICO,

CURRICULUM VITAE. Nome: JOÃO CARLOS COLAÇO. Profissão: Sociólogo / Investigador Data de Nasc: 17 de Novembro de Nacionalidade: Moçambicana

ESPECÍFICO DE ENFERMAGEM PROF. CARLOS ALBERTO

reduzir a mortalidade infantil

A perspectiva bilateral de coordenação/mobiliza. o/mobilização o dos intervenientes externos. Ferruccio Vio

INICIATIVA PRESIDENCIAL CONTRA A MALÁRIA

O Marco de Ação de Dakar Educação Para Todos: Atingindo nossos Compromissos Coletivos

TORs da Avaliação do CCF Julho, 2014

Curso Agenda 21. Resumo da Agenda 21. Seção I - DIMENSÕES SOCIAIS E ECONÔMICAS

MODELO DE GESTÃO DO SISTAFE

CONCLUSÕES DO XI CONGRESSO MUNDIAL DE FARMACÊUTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

ANEXO 7 FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Projecto de Lei n.º 408/ X

LIDERANÇA PARA A MUDANÇA

REDE TEMÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA

O Sr. CELSO RUSSOMANNO (PP-SP) pronuncia o. seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores

Orientação nº 1/2008 ORIENTAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA LOCAL DE DESENVOLVIMENTO (EDL) EIXO 4 REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

Políticas Agrárias e a Mulher

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE CENTRO DE BIOTECNOLOGIA REGULAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. CAPÍTULO I Das disposições gerais

GIRH como Ferramenta de Adaptação às Mudanças Climáticas. Adaptação em Gestão das Águas

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

STEPS FORWARD: LINKING AGRICULTURE TO NUTRITION IN MOZAMBIQUE

ALIANÇA ESTRATÉGICA DA SAÚDE E AMBIENTE PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE LIBREVILLE

TERMOS DE REFERÊNCIA REALIZAÇÃO DE UMA FORMAÇÃO SOBRE DIREITOS HUMANOS E GÉNERO NO KUITO, PROVINCIA DO BIÉ, ANGOLA

PROJETO de Documento síntese

Integração de uma abordagem de género na gestão de recursos hídricos e fundiários Documento de Posição de organizações e redes dos PALOPs

Índice Descrição Valor

ESTABELECIMENTO DO CENTRO DE CONHECIMENTO SOBRE MUDANÇA CLIMÁTICA EM MOÇAMBIQUE

PROGRAMA DE ACÇÃO COMUNITÁRIO RELATIVO À VIGILÂNCIA DA SAÚDE PROJECTO DE PROGRAMA DE TRABALHO (Art. 5.2.b da Decisão Nº 1400/97/CE)

A protecção social e as crianças

CUMPRIMENTO DOS PRINCIPIOS DE BOM GOVERNO DAS EMPRESAS DO SEE

ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES. N Recomendação Estado de Implementação Desafios. Comissão da União Africana

POLÍTICA E ESTRATÉGIA DE HABITAÇÃO PARA MOÇAMBIQUE

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)?

Tema: OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILENIO

Transcrição:

República de Moçambique Ministério de Saúde Direcção Nacional de Saúde pública Plano Estratégico da Malária 2012-2016 2016 Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página i

TABELA DE CONTEUDO TABELA DE CONTEUDO... I LISTA DE ABREVIATURAS... II PREFÁCIO... IV AGRADECIMENTOS... V SUMÁRIO EXECUTIVO... VI CAPÍTULO I INTRODUÇÃO... 7 1. CONHECIMENTO... 7 2. PERFIL DE MOÇAMBIQUE... 7 3. SISTEMA DE SAÚDE EM MOÇAMBIQUE... 8 4. MALÁRIA EM MOÇAMBIQUE... 12 5. DESEMPENHO DO PROGRAMA DA MALÁRIA... 15 6. ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES, FRAQUEZAS, OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DO PNCM... 21 CAPÍTULO 2: PLANO ESTRATÉGICO DA MALÁRIA 2012 2016... 24 1. VISÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLO DA MALÁRIA... 24 2. MISSÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLO DA MALÁRIA... 24 3. PRINCÍPIOS ORIENTADORES... 24 4. OBJECTIVOS:... 25 5. CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS... 25 6. MONITORIA E AVALIAÇÃO... 30 CAPÍTULO 3: PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO... 35 CAPÍTULO 4: OS MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO... 44 1.1 COORDENAÇÃO... 44 1.2 PAPEL DO VARIOS INTERVENIENTES... 44 CAPÍTULO 5: ORÇAMENTO O E MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS R... 46 APÊNDICE... 49 Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página i

LISTA DE ABREVIATURAS ACS AECI AIDI AL APEs AQ AS BES CAP CIDA CISM CMAM CNML CPN CTA CVM DDS DDT DFID DNSP DPC DPS DPSEC GFATM FRM FHI GVI HIV IDS IDEL IEC IIM INGC INS ITS IUS JICA MARA MC MERG MICS MICOA MINAG MISAU MOPH Agente comunitário de Saúde Agência Espanhola de Cooperação Internacional Atenção Integrada das Doênças da Infância Artemesina e Lumefantrina Agentes Polivalents Elementares Amodiaquina Artesunato Boletim Epidemiológico Semanal Conhecimentos, Atitudes e Práticas Agência Canadiana para o Desenvolvimento Internacional Centro de Investigação em Saúde da Manhiça Central de Medicamentos e Artigos Médicos Comissão Nacional de Luta Contra a Malária Consulta Pré-Natal Combinação terapêutica contendo derivados da artimisinina Cruz Vermelha de Moçambique Direccao Distrital de Saúde Diclorodifeniltricloroetano Departamento para o Desenvolvimento Internacional Direcção Nacional de Saúde Pública Direcçãoo de planificação e cooperação Direcção Províncial de Saúde Departamento de Promoção de Saúde e Envolvimento Comunitário Fundo Global Contra o SIDA, Tuberculose e Malária Fazer Recuar a Malária Family Health International Gestão Vectorial Integrada Vírus de Imunodeficiência Humana Inquérito Demográfico e de Saúde Iniciativa de Desenvolvimento Espacial dos Lebombos Informação, Educação e Comunicação Inquérito de Indicadores de Malária Instituto Nacional de Gestão das Calamidades Instituto Nacional de Saúde Infecção de Transmissão Sexual Inquérito de malaria em Unidades Sanitárias Agência Japonesa para a Cooperação Internacional Mapeamento do Risco de Malária em Africa (do ing. Mapping Malaria Risk in Africa) Malaria Consortium Grupo de Referência de Monitoria e Avaliação (do ing. Monitoring and Evaluation Reference Group) Inquérito agregado de indicadores múltiplos (do ing. Multiple Indicator Cluster Survey) Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental Ministério da Agricultura Ministério da Saúde Ministério das Obras Públicas e Habitação Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página ii

MINEC M&A ODM ONG OMS PARP PCD PEM PESS PMI PFOA PIDOM PNCM PSI PTV REMI REMILD RPM SADC SAMC SIDA SIS SIG SNS SP SWAp UNICEF US USAID TDR TB Ministério da Educação Monitoria e Avaliação Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Organização Não Governamental Organização Mundial da Saúde Plano de Acção para a Redução da Pobreza Prevenção e Controlo de Doenças Plano Estratégico da Malária Plano Estratégico do Sector Saúde President s Malaria Initiative Potencialidades, Fraquezas, Opotunidades e Ameaças Pulverização Intra-Domiciliária Programa Nacional do Controlo da Malária Serviço Internacional da População (do ing. Population Services International) Prevenção da Transmissão Vertical Redes Mosquiteiras Tratadas com Insecticida Redes Mosquiteiras Tratadas com Insecticida de Longa Duracção Revisão do Programa da Malária Desenvolvimento da Comunidade da áfrica Austral ( do ing. Southern Africa Development Community) Controlo da Malária na África Austral (do ing. Southern Africa Malaria Control) Síndrome de Imunodeficiência adquirida Sistema de Informação para Saúde Sistema de Informação Geográfica Servço Nacional de Saúde Sulfadoxina Pirimetamina Abordagem Sectorial Alargada (do ing. Sector-Wide Approach) Fundo das Nações Unidas para a Infância Unidade sanitaria Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional Teste de Diagnóstico Rápido Tuberculose Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página iii

PREFÁCIO Este documento apresenta o Plano Estratégico da Malária (PEM) 2012 2016, que foi desenvolvido através de uma abordagem multissectorial e participativa incluindo todos os parceiros do Programa Nacional de Controlo de Malária (PNCM). Este Plano surgiu após as conquistas e progressos do PNCM, em implementar o Plano Estratégico da Malária 2006-2009. O PEM basea-se nas recomendações da avaliação detalhada do PNCM através da Revisão do Programa da Malária (RPM) realizada em 2010 e os princípios e objectivos das iniciativas internacionais da malária, como o Plano Global de Acção da Malária (PGAM), Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM), iniciativas da malária da SADC e a declaração de Abuja dos Chefes do Estado Africano. O Plano é um instrumento de compromisso do Governo e uma determinação para resolver o problema da malária em Moçambique que se enquadra no âmbito de esforços que o Governo está a empreender para melhorar o estado de saúde da população. Como um complemento do Plano Estratégico do Sector de Saúde (PESS) 2007-2012, o PEM visa contribuir para a redução da pobreza em Moçambique, onde a malária continua sendo o principal desafio para a saúde pública e para o desenvolvimento sustentável em Moçambique. Neste plano, o PNCM detalhou as estratégias definidas para combater a malária, que foram elaboradas de forma sustentável e que visam munir o programa da malária com objectivos, metas claras e indicadores para monitorar e avaliar, de modo a facilitar uma eficaz implementação das intervenções de prevenção e controlo da malária em Moçambique. O PEM defende, inclusive, parcerias entre o MISAU e outros ministérios, a sociedade civil, as Organizações Não-Governamentais (ONG), os parceiros de cooperação, o sector privado e a comunidade a fim de alcançar os objectivos e metas definidas. No entanto, para alcançar essas metas, são necessários recursos para a implementação das actividades propostas de modo a cumprir de forma eficaz e sustentável o plano, reduzindo assim a mortalidade por malária em Moçambique. Tenho confiança que este PEM providencia as bases estratégicas necessárias para uma abordagem multissectorial, apelo a todos os contribuintes para o combate à malária no país, investindo todos os esforços na sua implementação, de modo a apoiar Moçambique a atingir a sua visão de um Moçambique livre da Malária. Dr. Alexandre Manguele Ministro da Saúde Maputo, Janeiro de 2012 Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página iv

AGRADECIMENTOS O presente plano foi elaborado por um grupo de consultores nacionais e internacionais, do Ministério da Saúde e da OMS e contou com contribuição de vários parceiros de cooperação, organizações não-governamentais e indivíduos. O Ministério da Saúde gostaria de agradecer à: Organização Mundial de Saúde (OMS), United Nations Children s Fund (UNICEF), President s Malaria Initiative (PMI) / Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Global Fund for AIDS, TB and Malaria (GFATM), HAI/MACEPA, World Vision, Agakhan Foundation, FHI360, RTI, PSI, SCMS, Malária Consortium e JHPIEGO/Maternal and Child Health Integrated Program (MCHIP). O MISAU agradeçe também as contribuições vitais da equipa do PNCM e dos outros departamentos do MISAU nomeadamente o Departamento de Planificação, Unidade de Fundo Global, DIS, CMAM, Laboratório, Saúde Materno Infantil, Comunicação e Promoção de Saúde, Laboratório Nacional de Referencia, Centro de Abastecimento e todos outros que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste Plano Estratégico da Malária (PEM). Um agradecimento especial vai para os Ministérios das Finanças, Planificação e Desenvolvimento, Agricultura, Turismo, Pescas, Mulher e Acção Social, Coordenação para Acção Ambiental, Instituto Nacional de Gestão da Calamidades, Instituto Nacional de Meteorologia, Direcção de Saúde Militar, sector privado e sociedade civil pelo contributo. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página v

SUMÁRIO EXECUTIVO A malária constitui um dos principais problemas de saúde pública em Moçambique. O Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), e os diferentes parceiros, têm vindo a envidar esforços para o controle e prevenção desta doença. O Plano Estratégico apresenta a visão e missão do PNCM no combate à malária reduzindo a morbilidade e mortalidade por malária para metade em 2016 comparando com os níveis desta doença observados em 2009. Para atingir este grande objectivo foram traçados os seguintes objectivos específicos: a) Até 2014, 100% dos distritos tenham capacidade de gestão das actividades de controlo da malária. b) Até 2014, pelo menos 80% da população tenha acesso a pelo menos um metódo de prevenção da malária c) Até 2014, testar 100% dos casos suspeitos da malária que se apresentem ás Unidades Sanitárias (US) e comunidades (APEs) e tratar de acordo com as normas nacionais d) Até 2016, abrangir 100% da população com informação sobre prevenção e tratamento da malária. e) Até 2014, ter os sistemas de vigilância, monitoria e avaliação fortalecidos de modo a que 100% dos distritos reportem os indicadores chave da malária regularmente. Cada um destes objectivos específicos foi caracterizado com estratégias apropriadas e suas respectivas actividades. Para um acesso universal, o plano nacional toma em consideração a necessidade de assegurar a todos os cidadãos, a disponibilidade de meios de promoção, de protecção, de diagnóstico e de tratamento, com sustentabilidade, qualidade e a baixo custo, mas para isso, são necessários aproximadamente 524,887,266 milhões de US$ para um período de cinco anos. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página vi

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 1. Conhecimento Este documento apresenta o Plano Estratégico da Malária (PEM) 2012-2016 que visa munir o PNCM de uma estratégia de controlo da malária com objectivos e metas claras e indicadores para monitorar e avaliar, de modo a facilitar uma eficaz implementação das intervenções de prevenção e controlo da malária em Moçambique. O PEM anterior terminou em 2009 e o PNCM decidiu realizar uma avaliação do seu desempenho, que culminou com a realização da Revisão do Programa da Malária (RPM), em 2010. A RPM constatou um progresso do desempenho do PNCM mas ainda persistem algumas lacunas que devem ser limadas. Este plano basea-se nas recomendações da RPM e nas linhas orientadoras internacionais do controlo da malária. O acesso universal constitui a principal força motriz deste plano (Caixa 1) Caixa 1. Acesso universal O Plano Estratégico do Sector de Saúde (PESS 2007-2012) toma em consideração a necessidade de assegurar a todos os cidadãos em risco de contrair malária, a disponibilidade de meios de promoção, de protecção, de diagnóstico e de tratamento, com sustentabilidade, qualidade e a baixo custo. O presente plano é bastante ambicioso e para a sua execução requer um grande investimento em recursos humanos, infra-estruturas e um fortalecimento dos sistemas de saúde a todos os níveis. 2. Perfil de Moçambique 2.1 Geografia Moçambique situa-se na zona austral e na costa oriental de África, tem uma superfície de aproximadamente 799380 Km 2, faz fronteira a norte com a Tanzania, a ocidente com o Malawi, a Zambia, o Zimbabwe e a África de Sul, a sul com a Swazilandia e África de Sul e a este com oceano Índico. Moçambique compreende uma larga faixa costeira com uma extensão aproximada de 2515 km, que é banhada pelo Oceano Índico. O clima em Moçambique é tropical e húmido, com uma estação quente e húmida de Outubro à Março caracterizada por chuvas, altas temperaturas e humidade relativa alta e uma outra estação seca e fresca de Abril à Setembro. No entanto, as condições climáticas variam de acordo com a altitude. A humidade relativa é elevada e varia entre 70 a 80%, embora os valores diários cheguem a oscilar entre 10 a 90%. As temperaturas médias variam entre 20ºC no sul e 26ºC no norte, sendo os valores mais elevados durante a época chuvosa. Moçambique pode ser dividido topograficamente pelo rio Zambeze em duas regiões principais, no sul a terra é baixa e a altitude é em média 200 m acima do nível do mar e no norte a terra é alta caracterizando-se por montanhas cuja altura média varia de 1000 a 2500 metros. O país está dividido em dez províncias e uma capital com nível de província. As províncias são subdivididas Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 7

em 128 distritos que subdividem-se em postos administrativos e estes também subdividem-se em localidades. Existem ainda, em Moçambique, 43 municípios criados desde 1998. A população estimada em 2010 foi de cerca de 22 milhões de habitantes (censo 2007), assumindo uma taxa de crescimento anual da população de 2.36% ao ano. Em 2010 estimou-se que havia 3,8 milhões de crianças menores de cinco anos e 1,1 milhão de mulheres grávidas. Em Moçambique 37% da população vive em áreas urbanas. Moçambique é propenso a desastres naturais como secas, ciclones e inundações que muitas vezes contribuem para o aumento da transmissão e de casos de malária. 2.2 Situação Sócio-Demográfica A principal informação sócio-demográfica de Moçambique está resumida na tabela abaixo. Tabela 1: : Informação sócio-demográfica de Moçambique Informação sócio-demográfica População (2011 est.) População 0-14 anos Esperança de vida ao nascer População Urbana 38% População Rural 62% 22.3 milhões 47% (9.5m) 48.4 anos Analfabetismo 56.2% Índice de Pobreza 54.7% % População com acesso a água potável 44% % População com melhor acesso ao saneamento 36% PIB per capita (2009 est.) USD$900 Crescimento PIB (2011 est.) 8.30% Fonte: INE 2007, Pobreza Infantil e Disparidade, 2010 3. Sistema de Saúde em Moçambique 3.1 Política e Liderança A redução de pobreza é a prioridade do Governo de Moçambiue. Como parte da iniciativa internacional de redução da pobreza, Moçambique desenvolveu o Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP 2011-2014). O outro documento importante de planificação em Moçambique que està alinhado com o PARP é o Plano Quinquenal do Governo (PQG) 2010-2014. O Plano Estratégico do Sector de Saúde (PESS) 2007-2012 é o documento principal de orientação no MISAU. As políticas e as estratégias do PESS são alinhadas com o PARP e o PQG 2010-2014, e também com as iniciativas internacionais especificamente os Objectivos de Desenvolvimento do Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 8

Milénio (ODM). Os princípios orientadores do PESS 2007-2012 são: i) enfoque nos cuidados primários; ii) equidade e protecção social para os grupos vulneráveis; iii) acesso universal a cuidados e serviços de saúde; iv) alta qualidade de intervenções com base em evidências; v) mobilização e envolvimento comunitário; vi) desenvolvimento institucional e de recursos humanos; vii) encorajamento de parcerias, colaboração local e internacional; viii) desenvolvimento de estilos de vida e comportamentos saudáveis e; ix) advocacia. O PEM 2012-2016 foi elaborado com base no PESS e assim as políticas são alinhadas com as prioridades de saúde do Governo de Moçambique. A elaboração do PEM também conta com as recomendações internacionais e regionais da malária detalhadas no Plano de Acção Global de combate contra Malária e os planos regionais do SADC. O ciclo de planificação anual do governo basea-se no Plano Económico e Social (PES). O PES é um plano anual, e cada ministério tem o seu próprio PES assim como cada departamento ou programa. O PES apresenta de forma clara e explícita, a relação lógica entre objectivos, as propostas de actividades, disponibilidade e uso dos recursos, os indicadores e metas que permitirão avaliar o desempenho do Governo a todos níveis, segundo uma abordagem de planificação orientada pelos planos estratégicos. A figura 1 apresenta o sumário de contexto de elaboração e definição das políticas e estratégias do PNCM. Figura 1: Contexto de elaboração e definição das políticas e estratégias do PNCM Internacionais SADC/SARN, ODM, Redução da Pobreza Nacionais Sector de Saúde Programa da Malária PQG 2010-2014 PARP 2011-2014 PESS 2007-2012 Plano Estratégico do PNCM (PEM 2012-2016) PES Anual Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 9

Respeitando o princípio do Governo de Três Uns que significa uma autoridade, um plano estratégico e uma estrutura de M&A, o MISAU tem um mecanismo activo de programação de abordagem sectorial ampla (SWAP) que existe desde o ano 2000. Este mecanismo, que é orientado pela agenda do MISAU, basea-se nas seguintes três principaís actividades realizadas em conjunto pelo MISAU e todos os seus parceiros de cooperação a diferentes níveis: A análise conjunta das políticas através do Quadro da Avaliação a Médio Prazo ( MTEF, para Medium Term Expenditure Framewrok ) e planificação e elaboração conjunta das estratégias que constam no PESS. A contribuição de fundos num fundo comum chamado PROSAUDE, pelo MISAU e seus parceiros de cooperação Monitoria e avaliação de 40 indicadores elaborados no Quadro de Avaliação do Desempenho do sector da saúde (QAD Saúde) realizada durante a Avaliação Conjunta Anual (ACA). 3.2 Indicadores de Saúde A principal informação de saúde de Moçambique está resumida na tabela 2 abaixo. Tabela 2: Indicadores de saúde em Moçambique Indicadores de Saúde Mortalidade Infantil 93 per 1,000 Mortalidade < 5 anos 138 per 1,000 Mortalidade Materna 500 per 100,000 Desnutrição crônica <5 anos 44% Principais causas de mortalidade e morbilidade Doenças transmissíveis: malária, HIV-SIDA, Tuberculose, doenças diarreicas, infecções respiratórias agudas Cobertura Vacinal DPT 3: 71% Sarampo: 64% Prevalência de HIV (15-49): 11.5% Fonte: MDG Mozambique report 2010 ; MICS 2008; INSIDA 2009 Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 10

3.3 Organização do Sistema Nacional de Saúde (SNS) O sector de saúde em Moçambique obedece a uma estrutura político-administrativa e é composto por três níveis: central, provincial e distrital cujas funções permitem a prestação de cuidados de saúde à população. O Nível central é o órgão orientador, responsável por definir políticas, normas, regulamentos, planificação, e delineiam estratégias de orientação para as planificações provinciais e distritais. O nível provincial realiza funções de planificação provincial seguindo as orientações estratégicas definidas centralmente, adequando-as a situação real de cada província, e coordena actividades de saúde dos distritos através de planos anuais com metas estabelecidas. O nível distrital constitui a entidade implementadora dos planos de acordo com as prioridades definidas pelo sector. O Sistema Nacional de Saúde (SNS) inclui o sector público, sector privado com fins lucrativos, sector privado com fins não lucrativos e o serviço comunitário. O SNS conta com 1,277 US e está organizado em quatro níveis de atenção, (figura 2). Figura 2: Distribuição da rede sanitária por nível de atenção. Fonte: Inventário Nacional de Infraestruturas de Saúde, Serviços e Recursos, 2007 Nível Quaternário 3 Hospitais Centrais 2 Hospitais Especializados Nível Terciário 7 Hospitais Provinciais Nível Secundário 27 Hospitais Rurais 8 Hospitais Distritais 6 Hospitais Gerais Nível Primário 104 Centros de saúde Urbanos 755 Centros de Saúde Rurais 365 Postos de saúde O Sector privado em Moçambique está a desenvolver-se gradualmente principalmente nas grandes cidades, registando-se um crescimento de consultórios privados, individuais e colectivos, nas diferentes especialidades. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 11

Existe ainda o serviço comunitário que tem vindo a crescer e que contribui bastante para os cuidados de saúde à população, principalmente nas áreas rurais, onde o acesso às unidades sanitárias públicas tem sido difícil pela população. 4. Malária em Moçambique A malária é endémica em todo o país, variando de zonas hiper-endémicas ao longo do litoral, zonas meso-endémicas nas terras planas do interior e de algumas zonas hipo-endémicas nas terras altas do interior. Vários factores contribuem para esta endemicidade, desde as condições climáticas e ambientais como as temperaturas favoráveis e os padrões de chuvas, bem como locais propícios para a reprodução do vector, a situação sócio económica das populações relacionadas com a pobreza, habitações inapropriadas e acesso limitado aos meios de prevenção. A figura 3 abaixo mostra a distribuição da malária em Moçambique Figura 3: Mapa de distribuição da malária em Moçambique (2005). Fonte: www.mara.org.za Os principais vectores da malária em Moçambique pertencem aos grupos Anopheles funestus e Gâmbiae. O Plasmodium falciparum é o parasita mais frequente, sendo responsável por mais de 90% de todas infecções maláricas, enquanto que infecções por Plasmodium malariae e Plasmodium ovale são observadas em 9% e 1%, respectivamente (IIM 2007) Segundo o Inquérito dos Indicadores da Malária (IIM) realizado em 2007, a parasitémia em crianças dos 6 aos 59 meses de idade foi de 38.5% (diagnosticado por microscopia óptica) e 51.5% (diagnóstico por TDR). A prevalência da malária foi baixa na Província de Maputo (3.9%) e Gaza (19%). As províncias com maiores taxas de prevalência do parasita (P. falciparum) foram a Zambézia (50.3%) e Nampula (60.4%), províncias mais populosas do país (figura 4). Entre as Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 12

mulheres grávidas, a prevalência parasitária foi de 16.3% através do diagnóstico microscópico e 17.9% através de TDR. Figura 4: Mapa de parasitémia da malária entre crianças menores de 5 anos de idade. (IIM2007) Embora se registe uma diminuição da taxa de letalidade por malária verificada nos últimos anos, esta doença ainda constitui uma das principais causas de morbi-mortalidade. O peso da doença é enorme, cerca de 45 % de todas os casos observados nas consultas externas e aproximadamente 56% de internamentos nas enfermarias de pediatria são devidos à malária. Embora com tendência a diminuir, a taxa de mortalidade por malária ainda é bastante alta. A malária contribui com cerca de 26% das mortes hospitalares (http://www.mz.one.un.org). A estimativa de prevalência no grupo etário de 2 a 9 anos de idade vária de 40 a 80%, com 90% de crianças menores de 5 anos de idade infectadas por parasitas da malária em algumas áreas. Os dados do sistema de vigilância epidemiológica dos boletim epidemiológico semanal (BES), mostram uma diminuição de casos e óbitos desde 1999 até 2010, de casos de malária incluindo os diagnosticados clinicamente bem como aqueles que tiveram confirmação laboratorial por microscopia óptica e / ou teste de diagnóstico rápido (TDR). Embora se verifique uma redução de casos, os dados colhidos pelo BES têm limitações. Os casos notificados no BES são os casos confirmados só. Existem casos de malária diagnosticados clinicamente e tratados que não são notificados no BES. Os mapas das figuras 5 e 6 mostram a incidência e a taxa de mortalidade causadas por malária, calculadas com dados do BES, e indicam que a doença é variável nas três zonas do país e em cada distrito. As taxas de incidência da malária mais baixas encontram-se na província e cidade de Maputo bem como na província de Gaza. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 13

Figura 5: Incidência da malária em Moçambique, 2008, 2009, 2010. Fonte: Relatório de Revisão do Programa da Malária, 2010. 2008 Malaria Incidence Rate 2009 * Reported Cases per 1000 population Legend < 100 100 199 200 299 > 300 Malaria Incidence Rate 2010 * Reported Cases per 1000 population Legend < 100 100 199 200 299 > 300 Figura 6: Taxa de mortalidade por malária por 10000 habitantes, 2008, 2009, 2010. Fonte: Relatório de Revisão do Programa da Malária, 2010. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 14

2008 Malaria Mortality Rate 2009 * Deaths per 10,000 population Legend < 1 1 2 2 3 > 3 Malaria Mortality Rate 2010 * Deaths per 10,000 population Legend < 1 1 3 3 5 > 5 5. Desempenho do Programa da Malária O PEM anterior terminou em 2009 e o PNCM decidiu realizar uma avaliação do seu desempenho com vista a guiar o programa na elaboração das estratégias para o futuro. Como resultado desta decisão foi realizado em 2010 a Revisão do Programa da Malária (RPM) com as seguintes constatações: 5.1 Gestão do programa Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 15

O PNCM está subordinado á área de Prevenção e Controlo de Doenças (PCD) na Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP). O organigrama abaixo mostra a relação entre o PNCM e o MISAU. Os serviços de controlo da malária estão descentralizados para os níveis provinciais e distritais. Independentemente da posição do PNCM no organigrama, o Director do Programa, pode tomar decisão e responder directamente a S. Excia o Ministro da Saúde sempre que necessário. A nível do PNCM não existe ainda um organigrama definido, como sendo do MISAU, estando o mesmo ainda em revisão. A nível provincial, o PNCM nomeou um gestor do programa da malária A nível distrital não existe gestor do programa da malária, sendo as actividades da malária coordenadas pelo director distrital de saúde. A figura 7 abaixo mostra a relação do PNCM com o MISAU. Figura 7: Organigrama da relação entre o PNCM com o MISAU Ministro Vice-Ministra Secretário Permanente Director Nacional de Saúde Pública Director Nacional de Assistência Médica Director Nacional de Recursos Humanos Director Nacional de Planificação e Cooperação Director Nacional de Administração e Finanças Director Nacional adjunto de Saúde Pública-Controlo Director Nacional adjunto de Saúde Pública-Promoção Programa Nacional de Controlo da Malária O PNCM colabora com outras áreas do MISAU, particularmente a Saúde Materna e Infantil (SMI), o Departamento de Promoção de Saúde (DPROS), a Secção de Laboratórios Clínicos, o Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 16

Departamento Farmacêutico, o Centro de medicamentos e Artigos Médicos (CMAM), o Centro de Abastecimento, a Unidade Gestora Executiva de Aquisições (UGEA), o Departamento de Informação (DIS), o Departamento de Epidemiologia, o Instituto Nacional de Saúde (INS) e outras. Existe um fórum de parceiros que trabalham directamente com o PNCM na luta contra a malária (Grupo Técnico de Malária), o qual apoia na concepção de políticas e estratégias, assim como nos aspectos operacionais relevantes para o PNCM. Tabela 3: Principais parceiros do PNCM Agencias Bilaterais e Multilaterais GF, USAID/PMI, DFID, World Bank, UNICEF,WHO ONGS internacionais World Vision, FHI,HAI/MACEPA,PSI,RTI,JSI Deliver, Malaria Consortium, Agakhan, MdMP, IRD, JHPIEGO/MCHIP, C-Change ONGS locais FDC, PIRCOM, Rede de Jornalistas contra Malaria, Instituicções do Governo Instituto Nacional de Saúde, Instituto Nacional de Medicina Tradicional, Centro de Investigação de Manhiça, Instituto Nacional de Estatística, Instituto Nacional da Meteorologia, Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, CTTF, Saúde Militar Outros Ministérios Ministério de Planificação e Desenvolvimento, Ministério das Finanças, Ministério da Agricultura, Ministério de Coordenação para Acção Ambiental, Ministério da Mulher e Acção Social, Ministério do Turismo, Ministério da Educação, Ministério das Pescas Instituições de formação Instituto Superior de Ciências de Saúde, UEM Em relação a colaboração com os países vizinhos, o PNCM contou com a Iniciativa de Desenvolvimento Espacial dos Libombos (IDEL) desde 1999 até 2011. Apesar do IDEL ter terminado, o PNCM vai continuar a colaborar com os países vizinhos numa nova abordagem para as actividades da malária. 5.2 Prevenção da Malária A gestão vectorial Integrada (GVI) incorpora várias intervenções de controlo de vector, seleccionadas com base nos factores locais que determinam a transmissão da malária, destacam-se as seguintes: a) PIDOM método mais eficaz no controlo do mosquito adulto, vector da malária, que pode resultar na redução do nível de transmissão da malária. b) REMILD método preventivo eficaz e reduz a picada pelos mosquitos. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 17

c) Gestão ambiental / controlo larval (inclui todos os métodos físicos, químicos e biológicos) controlo larval do mosquito vector da malária tem potencial para ser eficaz sempre que os criadouros alvo estejam bem definidos e sejam limitados em número, particularmente nas zonas sub e peri-urbanas. d) Monitoria entomológica assegura a avaliação da densidade, susceptibilidade dos vectores da malária e a eficácia residual dos insecticidas usados na PIDOM, Pulverização Extra- Domiciliária (PEDOM) e REMILD. e) PEDOM método de controlo de vector em situação de emergência (maior densidade de mosquito vector da malária) A PIDOM continua a ser uma prioridade nas intervenções de controlo do vector. O governo de Moçambique tem realizado a PIDOM desde 1946. Segundo o relatório anual do PNCM, em 2010 foram pulverizadas cerca de 2.3 milhões de casas o que correspondeu a uma cobertura de 71% de casas pulverizadas, e protegeu 64% do total da população. A PIDOM aumentou de 34 distritos em 2001, para 54 em 2009 e 62 em 2010. Da lista de insecticidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e usados para a PIDOM, constam o dicloro-difeniltricloroetano (DDT), os peritroides e carbamatos. A distribuição de REMILDs teve início em 2000 em crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas. De acordo com os dados do PNCM, desde 2007 à 2010 foram distribuidas 7.6 milhões de REMILDs. De acordo com o relatório anual de 2010, do PNCM, foram distribuidas 1,525,979 redes em 2010 das quais 916.115 foram dirigidas às mulheres grávidas nas consultas pré-natais, atingindo uma cobertura de 84.6% de mulheres grávidas. Figura 8: REMILDs desde 2007 à 2010. Fonte: Relatório anual do PNCM 2010 3000000 2500000 2000000 1500000 1000000 500000 0 Número de REMILD distribuídas 2007 2008 2009 2010 Número de REMILD distribuídas O controlo larval e a redução de potenciais criadouros não são práticas comuns, existindo apenas algumas iniciativas em áreas geográficas bastante reduzidas. Esta actividade representa um grande desafio aos locais de reprodução dos mosquitos, necessitando de um envolvimento multi-sectorial e comunitário para poder ter algum impacto. Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 18

Em Janeiro de 2005 foi aprovada a estratégia de Tratamento Intermitente Preventivo (TIP) na mulher grávida, tendo a sua implementação iniciado Abril de 2006, após um período preparatório prolongado. Esta estratégia está sendo actualmente implementada em todo o país através das Consultas Prénatais (CPN), quer as realizadas nas unidades sanitárias como aquelas realizadas pelas brigadas móveis. De acordo com as normas nacionais, a estratégia de TIP consiste na administração de três comprimidos de sulfadoxina-pirimetamina (SP) em três ocasiões separadas por um intervalo mínimo de quatro semanas. O início de TIP é a partir da 20ª semana de gestação ou depois que a mulher grávida começa a sentir os movimentos fetais. Segundo os dados do MIS 2007 e 2008, a proporção de mulheres grávidas que receberam duas ou três doses de TIP aumentou de 16.2% (MIS 2007) para 43% (MIS 2008), apesar deste aumento, esta proporção ainda está muito abaixo das metas de 80%. 5.3 Diagnóstico e Manejo de Caso Com o aparecimento de resistência à cloroquina, nas décadas 70 e 80, foi necessário procurar alternativas eficazes de tratamento da malária. Para alinhar com as orientações internacionais, em 2002 foram revistos todos os estudos de eficácia terapêutica, e a orientação terapêutica em conjunto com o PNCM tomaram a decisão de mudar o tratamento da primeira linha de cloroquina para amodiaquina (AQ) + sulfadoxina-pirimetamina (SP) como uma medida interina enquanto se esperava uma melhor alternativa baseada numa combinação terapêutica contendo derivados da artemisinina. A principal razão para esta mudança foi a baixa aceitação do uso de AQ pelos profissionais de saúde e consumidores. Em finais de 2004 foi alterada a primeira linha de tratamento da malária, passando o AS a substituir a AQ, na combinação terapêutica de primeira linha, a qual passou assim a constar de AS+SP, mantendo-se inalteradas à segunda e à terceira linha. Em 2009, o PNCM, iniciou uma nova revisão das normas de tratamento da malária, e devido ao uso do SP para TIP, bem como a profilaxia com cotrimoxazol em indivíduos seropositivos para o HIV, e ao aumento da resistência do SP, a combinação fixa de derivados de artemisinina passou a fazer parte da lista dos antimaláricos usados e iniciou-se o processo de transição para o tratamento da malária com Artemeter + Lumefantrina (AL) como primeira linha. As normas de tratamento da malária aprovadas no ano 2011, recomendam como a primeira linha para o tratamento da malária não complicada o Artemeter+Lumefantrina (AL) e como alternativa Amodiaquina+Artesunato (AQ+AS), e para a malária grave recomenda Artesunato (AS) parenteral, e como alternativa o Quinino (QNN) parenteral. Para o tratamento pre-referência, nas unidades sanitárias (US) periféricas e comunitárias, em doentes com malária grave, recomenda-se o uso de AS rectal (supositório), embora o AS parenteral e o QNN parenteral possam ser usados como alternativas. O diagnóstico precoce e acurado da malária é a principal chave para o manejo efectivo do caso e é essencial para melhorar de uma forma abrangente o manejo da síndrome febril. Durante muitos Plano Estratégico da Malária 2012-2016 Página 19