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Transcrição:

DIREITO ADMINISTRATIVO Intervenção do Estado na Propriedade Prof. Gladstone Felippo

Conceito: O caracteriza-se pela limitação restritiva e perpétua ao direito de propriedade, que tem como fato gerador a necessidade de proteção do patrimônio cultural, artístico, histórico, arqueológico, turístico ou paisagístico brasileiro, em benefício das gerações futuras. O tombamento é uma das formas de acautelamento e preservação deste patrimônio.

Previsão: Art. 216, 1º, CRFB um dos instrumentos de preservação do patrimônio histórico nacional. Art. 23, III, CRFB competência comum executiva. Art. 24, VII competência legislativa concorrente entre UF e Estados. DL n. 25/37 Estatuto do Federal.

Objeto: Podem ser objeto de tombamento os bens móveis, imóveis e até imateriais que traduzem aspectos de relevância para a noção de patrimônio cultural brasileiro. Os bens públicos também podem ser objeto de tombamento (art. 5º do DL n. 25/37) e, segundo a recente orientação do STJ, depende apenas de notificação à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos.

Modalidades: 1. Quanto a manifestação de vontade - pode ser voluntário ou compulsório. Será voluntário quando há a concordância do proprietário com a inscrição ou quando há a solicitação do próprio particular. Será compulsório quando não houver acordo com o proprietário.

Modalidades: 2. Quanto à eficácia - pode ser provisório ou definitivo. Será provisório enquanto está em curso o processo administrativo de inscrição no Livro do Tombo (medida assecuratória de preservação do bem). Será definitivo uma vez concluído o processo e inscrito o bem.

Instituição: Há profunda discussão doutrinária acerca da natureza do ato de tombamento. Há quem sustente ser ato típico do Poder Executivo (Carvalinho, Hely Lopes Meirelles, Lucia Valle Figueiredo). A meu ver, trata-se de ato do Estado, de intervir na propriedade privada para proteger o patrimônio cultural. Neste sentido, entendo que o ato pode ser administrativo, como também legislativo.

Desfazimento: É o cancelamento do ato de inscrição, de oficio ou por provocação, considerando o desaparecimento das razoes que ampararam o ato. Também chamada de destombamento.

Efeitos Restrições ao uso e disposição do bem tombado: 1. Necessidade de registro no RGI; 2. Vedação a demolição e alteração do bem sem a prévia manifestação do Poder Público; 3. Dever de conservação. Deve o proprietário manter o bem adequado às suas características culturais. Se não dispuser de recursos, deve o Poder Público executar eventuais obras de conservação às suas expensas.

Efeitos Restrições ao uso e disposição do bem tombado: 4. Dever de observância da vizinhança quanto a visibilidade do bem. Sem prévia autorização do Poder Público, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto.

Efeitos Restrições ao uso e disposição do bem tombado: 5. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades. 6. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural.

Efeitos Restrições ao uso e disposição do bem tombado: 7. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Poder Público, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa, elevada ao dobro em caso de reincidência.

Efeitos Restrições ao uso e disposição do bem tombado: IMPORTANTE: O bem tombado PODE ser alienado (vendido) e gravado. O atual CPC revogou o art. 22 do DL n. 25/37, que cuida do tombamento na esfera federal, não sendo mais necessário garantir o direito de preferência ao Poder Público.