Foz do Iguaçu, 2 a 4 de Março de 2018

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Transcrição:

Foz do Iguaçu, 2 a 4 de Março de 2018

GESTÃO INTEGRADA DOS RISCOS NA AGROPECUÁRIA Antônio Márcio Buainain Rodrigo L. F. da Silveira

Agricultura é uma ilha cercada de riscos... Volatilidade dos preços dos insumos Doenças animais Mudança climática Seca Praga Quadro institucional Taxa de câmbio Geadas Chuva excessiva Risco operacional Volatilidade de preço Risco de crédito Instabilidade política

Categorias de risco Risco de produção Risco de mercado Risco do ambiente de negócios Eventos climáticos Eventos Biológicos Desastres naturais Mudança na dinâmica de mercado Taxa de câmbio Juros Subvenção Mudanças de regulação Alterações no ambiente macro Risco político Conflito Restrições ao comércio (alterações nas regras do jogo)

Impacto dos eventos Quais os possíveis impactos da efetivação de tais eventos

Brasil: perda média anual de R$ 11 bilhões (1% do PIB Agrícola) devido a riscos extremos que poderiam ser geridos de forma mais eficaz. Fonte: Banco Mundial e Embrapa (2015)

... porém temos várias alternativas de gestão Mercados futuros Fundos de emergência Conservação do solo e da água Serviços de previsão do tempo Diversificação produtiva Sistemas de informação Programas de vacinação É PRECISO ADMINISTRAR OS RISCOS PORQUE CUSTAM CARO Seguro rural Pesquisa e extensão rural Sistema de aviso prévio Inovação Infraestrutura para estocagem Irrigação Integração vertical Controle de pragas e doenças Práticas de plantio 7 Derivativos

Gestão integrada dos riscos Objetivo: ò volatilidade e as perdas econômicas garantir maior estabilidade da produção agrícola e de sua comercialização obter maior resiliência no setor O que é? O que fazer? Por onde começar? 8

Gestão integrada dos riscos: Quais intervenções são mais efetivas? O que priorizar? Quais instrumentos escolher? Desenho de políticas Quais são os custosbenefícios diante de um quadro limitado de recursos? Como envolver setor privado, universidades e etc.? Como obter recursos? 10

A dificuldade de mensurar o risco na agricultura Por que quantificar os riscos? Ter uma magnitude de perdas potenciais Comparar riscos de forma a priorizar ações Justificar investimentos em ações de gestão de risco Informação chave para uma análise de custo benefício em relação à adoção de instrumentos de gestão e para as ações do setor privado Magnitude das perdas Causas Agentes envolvidos Capacidade de gestão

Variação da receita Preço Produção Área Produtividade Condições climáticas Pragas e doenças Tecnologia Gestão Financiamento Oferta e demanda Taxa de câmbio Logística Fatores políticos Fatores institucionais

Mapeando os eventos e suas causas ü Análise gráfica dos eventos no tempo Preços do café na Bolsa de Nova Iorque (1901 a 2012) 160 600 milhões de sacas de 60 kg 140 120 100 80 500 400 300 US$ por sacas de 60 kg 60 200 40 20 100 0 Fonte: OIC, Bolsa NY 1901 1907 1913 1919 1925 1931 1937 1943 1949 1955 1961 1967 1973 1979 1985 1991 1997 2003 2009 0 Produção Nova Iorque 13

Análise gráfica das perdas por commodities Severidade do impacto (US$ milhões) 1200 1000 800 600 400 200 Café Arroz Banana Cana Milho Feijão Chá Trigo Batata 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 Fonte: Banco Mundial (2015) Frequência do evento 14

Análise gráfica das perdas por tipo de evento Severidade do impacto Chuvas erráticas Alagamento Doenças Conflitos Seca Volatilidade dos preços Frequência do evento Fonte: Banco Mundial (2015) 15

Riscos para o setor agrícola nacional Gazzola et al. (2016) 16

Instrumentos de gestão e estratégias Prevenção Mitigação Enfrentamento ò P(evento adverso) ò do impacto potencial do evento Amenizar o efeito após efetivação do evento Estratégias em diferentes níveis institucionais: ü Fazenda/comunidade ü Mercado ü Governo 17

Instrumentos de gestão e estratégias Fazenda/ comunidade Mercado Governo Prevenção Escolha tecnológica Treinamento em gestão de risco Políticas macro, prevenção contra desastre e doenças animais Mitigação Diversificação da produção Derivativos, seguro rural, integração vertical, spread sales, trabalho fora da agricultura Sistema tributário, programas contracíclicos, regras de fronteira Enfrentamento Empréstimo na comunidade Venda de ativos, empréstimo bancário, renda de fora da agricultura Assistência social, programas agrícolas de suporte 18

Análise das soluções Estratégia de gestão: P(evento) e severidade do impacto Prevenção e mitigação deve ser considerado para todos os níveis de risco Disponibilidade de recursos determina o que é possível de se fazer 19

Soluções para gestão do risco Envolve, em geral, uma combinação de medidas e de players Disponibilidade de recursos frequentemente determina as ações Papel dos setores privado e público 20

Ações potenciais do governo Ex ante Ex post Criação de mercados Políticas macro e ambiente de negócio estáveis Treinamento em gestão de risco e informação aos produtores Aumento da competição no mercado de seguros Regulação apropriada para mercados de derivativos Definição dos limites de responsabilidade para o governo e produtores na gestão do risco Parcerias público-privadas Alterando incentivos de mercado Subsídios para seguro e resseguro Facilidade para obtenção de crédito Intervenção nos preços Políticas de comércio exterior Redução de risco e mitigação Prevenção contra desastres Prevenção contra doenças animais P&D Programas de suporte Eficiência e equidade Programas contra cíclicos Sistema tarifário Ações de fronteira Enfrentamento Programas de suporte Assistência social Assistência financeira Fonte: OECD (2009) (Adaptado) 21

Operacionalização, Implantação e Monitoramento: governo e setor privado üoperacionalização e implantação requer análise das condições específicas do país e dos empreendimentos: Diferentes riscos Instituições existentes Capacidade dos stakeholders para gerenciar e implantar os mecanismos de gestão Condições geográficas Disponibilidade de recursos Etc... ümonitoramento Análise do progresso do plano de ação

Considerações finais Uma efetiva gestão de risco pode contribuir para: Ganho de produtividade Proteção social Saúde fiscal Segurança alimentar Adaptação à mudança climática 23

Obrigado! Antônio Márcio Buainain Rodrigo L. F. da Silveira buainain@unicamp.br rlanna@unicamp.br