LOQ Fenômenos de Transporte I. FT I 03 Tensão e viscosidade. Prof. Lucrécio Fábio dos Santos. Departamento de Engenharia Química LOQ/EEL

Documentos relacionados
Mecânica dos Fluidos. Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

Laboratório de Engenharia Química I. Aula Prática 02

Fundamentos da Lubrificação e Lubrificantes Aula 4 PROF. DENILSON J. VIANA

Por isso, quem mata o tempo é suicida! Aula 3 de FT

ENGENHARIA FÍSICA. Fenômenos de Transporte A (Mecânica dos Fluidos)

+ MECÂNICA DOS FLUIDOS. n DEFINIÇÃO. n Estudo do escoamento de li quidos e gases (tanques e tubulações) n Pneuma tica e hidraúlica industrial

FENÔMENOS DOS TRANSPORTES. Definição e Conceitos Fundamentais dos Fluidos

FENÔMENOS DE TRANSPORTES AULA 2 FLUIDOS PARTE 2

ENADE /08/2017 FENÔMENOS DE TRANSPORTE FENÔMENOS DE TRANSPORTE FENÔMENOS DE TRANSPORTE FENÔMENOS DE TRANSPORTE MASSA ESPECÍFICA ( )

Disciplina : Mecânica dos fluidos. Aula 3: Conceitos fundamentais

Introdução aos Fenômenos de Transporte

F A. Existe um grande número de equipamentos para a medida de viscosidade de fluidos e que podem ser subdivididos em grupos conforme descrito abaixo:

Quarta aula. Segundo semestre de 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 Fenômenos de Transporte I A Profª Fátima Lopes

HIDROSTÁTICA. Priscila Alves

LOQ Fenômenos de Transporte I. FT I 02 Conceitos básicos. Prof. Lucrécio Fábio dos Santos. Departamento de Engenharia Química LOQ/EEL

Campus de Ilha Solteira. Disciplina: Fenômenos de Transporte

Introdução a Cinemática Escoamento Laminar e Turbulento Número de Reinalds

EM34B Mecânica dos Fluidos 1

Fenômenos de Transporte I. Aula 01. Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

Introdução e Conceitos Básicos

Fenômenos de Transporte

Conceitos Fundamentais. Viscosidade e Escoamentos

AULA 2 DEFINIÇÃO DE FLUIDO, CONCEITOS E PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS

FENÔMENOS DE TRANSPORTE Definições e Conceitos Fundamentais

Lista de Exercícios. 1. Transformar:

CONCEITOS BÁSICOS. Definição de Fluido - Os estados físicos da matéria - A hipótese do contínuo -Propriedades físicas

Fluidos Conceitos fundamentais PROFª. PRISCILA ALVES

onde v m é a velocidade média do escoamento. O 2

Fenômenos de Transporte Aula 1. Professor: Gustavo Silva

Enquanto o sólido deforma limitadamente, os fluidos (líquidos e gases) se deformam continuamente.

Mecânica dos Fluidos. ME4310 e MN5310 Capítulo 1 19/08/2009

Mecânica dos Fluidos (MFL0001) Curso de Engenharia Civil 4ª fase Prof. Dr. Doalcey Antunes Ramos

Fenômenos de Transporte I Aula 01

Viscosimetria. Anselmo E. de Oliveira. Instituto de Química, UFG, , Goiânia, GO

ENGENHARIA FÍSICA. Fenômenos de Transporte A (Mecânica dos Fluidos)

FENÔMENOS DE TRANSPORTE

Fenômenos de Transporte Departamento de Engenharia Mecânica Angela Ourivio Nieckele

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU

Laboratório de Física I. Experiência 3 Determinação do coeficiente de viscosidade de líquidos. 1 o semestre de 2014

Capítulo 6: Escoamento Externo Hidrodinâmica

FENÔMENOS DE TRANSPORTES

Professor: José Junio Lopes

Dp_TMF (Mecânica dos Fluidos)

LOQ Fenômenos de Transporte I

LISTA DE EXERCÍCIOS PARA RECAPTULAÇÃO DOS CONTEÚDOS

CAA 346 Hidráulica UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais

FENÔMENOS DE TRANSPORTE. Propriedades dos Fluidos. Prof. Miguel Toledo del Pino, Dr. VISCOSIDADE

PME/EP/USP. Prof. Antonio Luiz Pacífico

21/2/2012. Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar Unidade Acadêmica de Ciências Agrárias

AULA PRÁTICA 2 PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DOS FLUIDOS

1. BASES CONCEITUAIS PARA O ESTUDO DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE

HIDRÁULICA : CONCEITOS FUNDAMENTAIS. hydor água + aulos tubo, condução. 1 - Introdução:

Determinação da Viscosidade de Fluidos Newtonianos

onde v m é a velocidade média do escoamento. O 2

ALGUNS FUNDAMENTOS MICROFLUÍDICA

Conceitos Fundamentais. Prof. Dr. Marco Donisete de Campos

FENÔMENO DE TRANSPORTE I AULA 3 CONTINUAÇÃO CONCEITOS E PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS

Fenômenos do Transporte - 1 Semestre de 2010

Lista de Exercícios Perda de Carga Localizada e Perda de Carga Singular

Fenômenos de Transporte I Mecânica dos Fluidos

Fenômenos de Transferência FEN/MECAN/UERJ Prof Gustavo Rabello 2 período 2014 lista de exercícios 06/11/2014. Conservação de Quantidade de Movimento

REOLOGIA DOS FLUIDOS

LOQ Fenômenos de Transporte I

LOQ Fenômenos de Transporte I

Fenômenos de Transporte PROF. BENFICA

LISTA DE EXERCÍCIOS - PRA FENÔMENOS DE TRANSPORTE

O volume e, portanto, a massa específica ( = massa/volume) dos gases são sensíveis às variações da pressão e Temperatura.

LOQ Fenômenos de Transporte I

As forças que atuam em um meio contínuo: Forças de massa ou de corpo: todo o corpo peso e centrífuga Forças de superfície: sobre certas superfícies

1.Introdução. hidráulica (grego hydoraulos) hydor = água; aulos = tubo ou condução.

Cinemática dos Fluidos

FENÔMENOS DE TRANSPORTES AULA 1 FLUIDOS PARTE 1

Décima aula de FT. Segundo semestre de 2013

A queda em meio viscoso, a Lei de Stokes

Convecção (natural e forçada) Prof. Dr. Edval Rodrigues de Viveiros

2 Fundamentos Teóricos

Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA II FLUIDOS. Prof.

Capitulo 1 Propriedades fundamentais da água

FUNDAMENTAÇÃO HIDROMECÂNICA Princípios Básicos

Prof. Dra. Lisandra Ferreira de Lima PROPRIEDADES FÍSICAS PARTE II VISCOSIDADE; TENSÃO SUPERFICIAL E PRESSÃO DE VAPOR

Transferência de Calor 1

LOQ Fenômenos de Transporte I

PME Escoamento Viscoso em Condutos. Características Gerais Escoamento laminar Noções de camada limite. Alberto Hernandez Neto

1 PROPRIEDADES FÍSICAS DA ÁGUA

Cinemática da partícula fluida

Álgumas palavras sobre as Equações de Navier-Stokes

FEP Física para Engenharia II

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE UM KIT DIDÁTICO DE PERDA DE CARGA CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS

Dinâmica da Atmosfera

DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS FLUI- DOS

Disciplina: Sistemas Fluidomecânicos. Equação da Quantidade de Movimento para Regime Permanente

PTC3421 Instrumentação Industrial. Vazão Parte I V2017A PROF. R. P. MARQUES

LISTA DE EXERCÍCIOS. Questão 1. Responda as questões abaixo:

Roteiro para o experimento de Continuidade Parte I

Análise Diferencial de Escoamentos de Fluidos

Hidrodinâmica: Fluidos em Movimento

Transcrição:

LOQ 4083 - Fenômenos de Transporte I FT I 03 Tensão e viscosidade Prof. Lucrécio Fábio dos Santos Departamento de Engenharia Química LOQ/EEL Atenção: Estas notas destinam-se exclusivamente a servir como roteiro de estudo. Figuras e tabelas de outras fontes foram reproduzidas estritamente com fins didáticos.

Objetivos Ao terminar o estudo desta unidade você deverá ser capaz de: Compreender os conceitos de tensão normal e de cisalhamento Entender o conceito de viscosidade e qual a sua influencia no escoamento de um fluido 2

Noção de Tensão Força aplicada sobre uma superfície é a base do conceito de tensão. Seja o exemplo abaixo: Dedo indicador aplicando uma força pontual na superfície livre da água num recipiente a) Diretamente; b) Indiretamente por meio de uma placa sólida. 3

Tensão normal e tangencial Seja uma força F aplicada sobre uma superfície de área A. Essa força pode ser decomposta segundo a direção normal à superfície e da tangente, dando origem a uma componente normal e outra tangencial.

Define-se tensão de cisalhamento como sendo o quociente entre o módulo da componente tangencial e a área a qual está aplicada. Ft (1) A Defini-se pressão (tensão normal) como sendo o quociente entre o módulo da componente da força normal (força de compressão) e da área a qual está aplicada. P Fn A (2) 5

Tensão de cisalhamento e viscosidade Qual a origem das tensões? Para um sólido, as tensões são desenvolvidas quando um material é deformado ou cisalhado elasticamente (sólidos são elásticos); Para um fluido, as tensões de cisalhamento aparecem devido ao escoamento viscoso (fluidos são viscosos)

Voltemos ao experimento das duas placas e consideremos o comportamento de um elemento de fluido entre elas: 7

A tensão de cisalhamento ( ) aplicada ao elemento de fluido é dado por: τ δfx lim δ Ay 0 δa y df da x y ( 3) Onde A y é a área do elemento de fluido em contato com a placa. No incremento de tempo, t, o elemento de fluido é deformado da posição MNOP para a posição M NOP. A taxa de deformação do fluido é dada por: taxa de deformação δα lim δt 0 δt dα dt ( 4 ) O fluido é dito newtoniano se for diretamente proporcional a taxa de deformação (Equação 4). 8

A distância l entre os pontos M e M é dado por: δv x δ δt δ δv x δt ( 5 ) ou alternativamente, para pequenos ângulos, δ δyδα ( 6 ) Igualando (5) com (6), temos: δv x δt δyδα δv x δα ( 7 ) δy δt 9

Aplicando o limite em ambos os lados da igualdade, obtêm-se: δv x lim δy 0 δy lim δt 0 δα δt dv x dα (8 ) dy dt Assim, se o fluido da figura é newtoniano, temos que: dvx τ é diretamente proporcional a (9 ) dy A tensão de cisalhamento age num plano normal ao eixo dos y 10

Placa móvel viscosidade F Área A V y Placa fixa Água Perspectiva Área A A constante de proporcionalidade da equação (9) é a viscosidade dinâmica ou absoluta ( ). F V y dy τ dv dy x (10 ) dv Seção longitudinal

Pela figura, observa-se que a um deslocamento dy, na direção do eixo y, corresponde uma variação dv da velocidade. Se a distância é pequena, pode-se considerar, sem muito erro, que a variação de v com y seja linear A simplificação que resulta desse fato é a seguinte

Logo: (11) Ou, de uma forma mais geral: (12) Assim, a lei de Newton fica: (13) Esse fato leva à simplificações importantes nos problemas, evitando hipóteses e integrações às vezes desnecessárias.

Então, viscosidade É a propriedade física que caracteriza a resistência ao escoamento, a uma dada temperatura; É a medida da resistência do fluido à fluência quando sobre ele atua uma força exterior, como por exemplo um diferencial de pressão ou gravidade; A viscosidade não está diretamente relacionada com a densidade do líquido, que é a relação massa/volume. Exemplo: o óleo/água. óleo água

Fluidos Newtonianos dv x dy 15

Dividindo a viscosidade absoluta () pela massa específica do fluido (), tem-se a viscosidade cinemática: ν (14) 16

Unidades para as grandezas relacionadas Grandeza SI CGS Britânico yx Pa dina/cm 2 poundals/ft 2 v x m/s cm/s ft/s y m cm ft Pa.s g/cm.s = poise lb m /ft.s m 2 /s cm 2 /s = stoke ft 2 /s Nota: Pascal, Pa, é o mesmo que N/m 2, e Newton, N, é o mesmo que Kg.m/s 2. A abreviação para centipoise é cp. 1cP = 10-2 poise. 1 stoke (St) = 1 cm 2 /s. 1 centistokes (cst) = 10-2 cm 2 /s 17

Influência da temperatura na viscosidade dinâmica

A viscosidade pode mudar com o tempo (todas as outras condições ficam constantes); A coesão molecular é a causa dominante da viscosidade nos líquidos; à medida que a temperatura de um líquido aumenta, estas forças coesivas diminuem, resultando uma diminuição da viscosidade; 19

Nos gases, a causa dominante são as colisões aleatórias entre as moléculas do gás; esta agitação molecular aumenta com a temperatura; assim a viscosidade dos gases aumenta com a temperatura; Apesar de a viscosidade dos líquidos e gases aumentarem ligeiramente com a pressão, o aumento é insignificante num intervalo de pressões considerável; assim, a viscosidade absoluta dos gases e líquidos é usualmente considerada independente da pressão. 20

viscosidade

Exercício: 1. Um pistão de peso P = 4N cai dentro de um cilindro com uma velocidade constante de 2 m/s. O diâmetro do cilindro é 10,1 cm e o do pistão é 10 cm. Determinar a viscosidade do lubrificante colocado na folga entre o pistão e o cilindro (figura abaixo). Solução: 10,1 cm 10,0 cm h = 5 cm P = 4N Resposta: µ = 6,37 x 10-2 N.s/m 2 22

2. Um pistão de peso P = 20 N e diâmetro de 11,9 cm é liberado no topo de um cilindro de diâmetro igual a 12 cm e começa a cair dentro deste sob a ação da gravidade. A parede interna do tubo foi besuntada com óleo de viscosidade dinâmica µ = 0,065 kg.m -1.s -1. O tubo é suficientemente longo para que a velocidade estacionária do pistão seja atingida (figura abaixo). Determine a velocidade estacionária do pistão V o. Solução: Resposta: V o = 2,74 m/s 23

3. Numa tubulação escoa hidrogênio. Numa seção (1) a pressão (p 1 ) é igual a 3 x 10 5 N/m 2 e a temperatura (T) é igual a 30 o C. Ao longo da tubulação a temperatura permanece constante. Qual a massa específica do gás numa seção (2), em que a pressão (p 2 ) neste ponto é igual a 1,5 x 10 5 N/m 2? Dado: R = 4122m 2 /s 2.K Solução: Resposta: ρ 2 = 0,12 kg/m 3 24

Resumo das equações: τ dv dy x τ v x ν Resolver os exercícios da lista 2