Cocaína. COCAÍNA Histórico. Cocaína. Cocaína. Cocaína



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Transcrição:

COCAÍNA Histórico Erytroxylum coca - Populações pré- incaicas já utilizavam mascamento das folhas em cerimônias religiosas (coqueio). - Século passado emprego de cigarros de coca no tratamento da asma e febre do feno nos EUA e Europa e, também com finalidade recreacional Histórico - Freud: popularização da cocaína - 1891: relatos sobre intoxicações causadas pela cocaína - 1914: proibição - Década de 70: recrudescimento de seu uso (conceitos infundados de segurança) PADRÕES DE USO - Folhas de coca: 0,5 2,0 % (mascadas chás) - Pó: cloridrato de cocaína 5-90% (aspiração nasal ou IV) ; - Base livre: > 90% (fumada) PADRÕES DE USO - Craque 30 40 % - fumada - Pasta de coca 40 80% - fumada - - Merla - 30 40 % - fumada 1

(pó de rua) apreendida nas regionais de tóxicos e entorpecentes de Varginha e Alfenas, em 2001-209 amostras : em 88,9% das amostras (4,3-87,1%) no. samples 60 50 40 30 20 10 0 1 < 5 30 5-10 53 11-20 38 21-30 22 31-40 14 41-50 12 51-60 % cocaine in the powder (w/w) 6 61-70 8 71-80 2 81-90 (pó de rua) apreendida nas regionais de tóxicos e entorpecentes de Varginha e Alfenas, em 2001-209 amostras - Lidocaína: em 65% das amostras (0,5-92%) - Cafeína: em 50,2% das amostras (2,8-63,3%) - Amido: em 51,2% das amostras - Carbonatos/ bicarbonatos: em 41,2% das amostras TOXICOCINÉTICA 1. Vias de Introdução - intranasal (20-80% absorvida); - oral (60% absorvida); - pulmonar / IV (70 100 %) 2. Distribuição - ligação às proteínas plasmáticas ( 15-40%) - meia-vida: intranasal - 75 min; oral - 50 min; pulmonar / IV - 11 min 2. Distribuição - ampla - maiores concentrações no fígado, SNC; - presente no cabelo, leite; - cruza barreira placentária. 2. Eliminação TOXICOCINÉTICA - Biotransformação extensa com reações de N-desmetilação e hidrólise do éster. - Excreção inalterada muito pequena; principais metabólitos: EME/MEC (32-49%) e EBE/BEC (29-45%). 2

BIOTRANSFORMAÇÃO 32-49% TOXICODINÂMICA - Inibe a recaptação da dopamina levando ao seu acúmulo nos receptores pós-sinápticos D1 e D2 29-45% * *. Norepinefrina bloqueio na recaptação. Serotonina (elevação) por bloqueio?? 2-6% : mecanismo de ação Sítios transportadores de dopamina O PET (Tomografia de Emissão de Pósitrons) só mostra os sítios não ocupados pela droga Uso crônico: diminuição significativa de DA e NE no SNC 3

TOXICODINÂMICA Cardiotoxicidade - Sinergismo entre ações simpatomiméticas e anestésica (bloqueio dos canais de sódio) Taquicardia e fibrilação ventricular Ataque cardíaco Vasoconstrição Aumento na liberação de eritrócitos (contração do baço) Elevação de proteína (fator de Van Willebrand) que facilita a aderência de plaquetas na parede dos vasos Taquicardia Aumento do Risco do Infarto efeitos agudos (vias dopaminérgicas, noradrenérgica e serotoninérgicas) :. aumento da freqüência cardíaca e respiratória, da pressão sangüínea, da temperatura corpórea; diminuição da sensibilidade cutânea. aumento do estado de vigília e alerta. aumento do senso de auto-confiança, poder, força. euforia. aumento da atividade motora. diminuição da fadiga, sede e fome. ansiedade. diarréias e cólicas EFEITOS TÓXICOS Agudos Estimulação central profunda com psicoses Convulsões Arritmias ventriculares Disfunção respiratória e morte : efeitos tóxicos crônicos euforia/disforia - distúrbios psiquiátricos alterações do humor idéias paranóicas agitação/irritabilidade distorção da personalidade psicose esquizofrênica : efeitos tóxicos crônicos. comportamento suicida ou homicida. alucinações tácteis. comprometimento da percepção visual. rinite, sinusite, perfuração do septo nasal ( se aspirada), fibrose pulmonar (craque/merla) morte por overdose: efeitos centrais (depressão/ convulsões) e/ou cardiovasculares (infarto, trombose) 4

EFEITOS TÓXICOS Crônicos Distúrbios cardiovasculares - bradicardia/ taquicardia - arritmias, cardiomiopatias - infarto agudo do miocardio - fibrilação ventricular - parada cardíaca - hipertensão - hemorragia cerebral (AVC) Hepatotoxicidade Capacidade Sexual: doses menores x uso crônico Etanol = COCAETILENO EMBRIOFETOTOXICIDADE - retardamento do desenvolvimento fetal - malformações congênitas - placenta abrupta - cardiomiopatias - distúrbios de comportamento - microcefalia - morte intra-uterina DOSES USADAS E TOLERÂNCIA - Média de uso: 4-5 g/semana - Tolerância: depende da freqüência e dose - Tolerância reversa: excitação aumentada com doses menores em usuários crônicos (?) Tolerante suporta doses fatais para um iniciante DEPENDÊNCIA E SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA - Grande potencial de abuso (reforço positivoefeito desejado) e comportamento de busca (aumento dos níveis de dopamina) Aumento/ diminuição dos níveis de dopamina Ciclo de euforia/ disforia - síndrome de abstinência depressão fadiga irritabilidade sonolência perda do desejo sexual/impotência temores dores musculares bradicardia disforia desejo intenso pela cocaína 5