UM ESTIMADOR DE ESTADO TRIFÁSICO PARA SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BASE NO MÉTODO DA SOMA DE POTÊNCIAS

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA RAFAELA VILELA FRANÇA MONTEIRO UM ESTIMADOR DE ESTADO TRIFÁSICO PARA SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BASE NO MÉTODO DA SOMA DE POTÊNCIAS NATAL, RN MARÇO, 2010

UM ESTIMADOR DE ESTADO TRIFÁSICO PARA SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BASE NO MÉTODO DA SOMA DE POTÊNCIAS RAFAELA VILELA FRANÇA MONTEIRO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFRN, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica Professor Orientador: Dr-Ing Manoel Firmino de Medeiros Júnior Professor Co-orientador: D Sc Marcos Antonio Dias Almeida NATAL, RN MARÇO, 2010

UM ESTIMADOR DE ESTADO TRIFÁSICO PARA SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BASE NO MÉTODO DA SOMA DE POTÊNCIAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFRN, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica Defendida e aprovada em 26 de Março de 2010 Prof Dr-Ing Manoel Firmino de Medeiros Jr Prof Dr Marcos Antonio Dias Almeida (Orientador) (Co-orientador) Prof Dr Sc José Tavares de Oliveira Prof Dr Max Chianca Pimentel Filho (Examinador Interno) (Examinador Externo) NATAL, RN

A Deus por mais uma graça alcançada, ao meu pai e herói, Hélio, por seu exemplo de vida, a minha mãe Maria das Graças, pelo apoio em todos os momentos e a meu marido Rafael pelo incentivo e compreensão constantes

AGRADECIMENTOS A Deus, por poder sempre contar com Ele em todos os momentos da minha vida, iluminando os meus caminhos e me "recarregando"continuamente de coragem para enfrentar as dificuldades e alcançar meus objetivos Ao meu pai Hélio, pela dedicação de sua vida à família E ofereço, de modo muito especial, esta dissertação como sinal da minha eterna gratidão A minha mãe, Maria das Graças, grande incentivadora dessa caminhada, pelo seu amor incondicional e pelo seu colinho nos momentos de angústia e desespero Agradeço também as minhas irmãs, Camila e Cecília, pelo apoio e preocupação constantes Ao meu marido Rafael, pela força e carinho nos momentos mais difíceis da minha vida, pelos conselhos e dedicação Aos meus amigos, pela atenção e presença, mesmo que às vezes distantes, estão sempre dispostos a me apoiar em todos os momentos da vida Em especial, ao professor e amigo, Firmino, pela orientação, carinho e compreensão em todas as etapas do desenvolvimento deste trabalho Ao Professor Marcos Dias, por seus conhecimentos e orientações que foram primordiais e essenciais neste trabalho Aos Professores e amigos da Base de Pesquisa, José Tavares, Max Chianca, Alberto Nicolau, José Luiz, Abmael, Ricardo Pinheiro, Estefane Lacerda e Crisluci, pela sincera amizade e disponibilidade em ajudar, seja qual for o momento A UFRN, que sempre deixará saudades em meu coração E a todos que direta ou indiretamente contribuíram no desenvolvimento desta dissertação 5

RESUMO Uma avaliação em tempo real da segurança do sistema elétrico vem se tornando uma prática essencial para a maioria das concessionárias de energia elétrica Essa avaliação se faz a partir da monitorização das condições dos sistemas elétricos e do controle da sua operação Essas tarefas são realizadas nos modernos centros de controle dos sistemas elétricos A Estimação de Estados é a ferramenta mais adequada para realizar uma avaliação das condições operativas de um sistema em tempo real, e o seu desempenho depende da disponibilidade de informações confiáveis sobre o ponto atual de operação Com esse objetivo, o trabalho desenvolvido trata de um novo modelo de estimador de estado para sistemas de distribuição, baseado no algoritmo do fluxo de carga "soma de potências" O intuito deste trabalho foi de desenvolver uma formulação matemática trifásica para todos os componentes que compõem o sistema de potência A abordagem da aproximação dos mínimos quadrados ponderados é utilizada para estimar os estados do sistema e será discutida ao longo deste trabalho 6

Sumário 1 Introdução 17 2 Estimação de Estado pelo Método dos Mínimos Quadrados Ponderados 25 21 Método dos Mínimos Quadrados Ponderados com Solução via Equação Normal de Gauss 26 22 Modelo de Medição 26 23 Equação Normal de Gauss 27 24 Elaboração do Modelo de Medição 31 25 Observabilidade do Sistema, Medidas Críticas e Conjuntos Críticos 33 26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas 35 261 Variâncias de Grandezas Medidas 35 262 Variâncias de Grandezas Pseudomedidas 38 3 Estimador de Estado pelo Método da Soma de Potências: Alimentadores Trifásicos 40 31 Método da Soma de Potências 40 311 Desenvolvimento Matemático 41 7

SUMÁRIO 8 32 Estimador de Estado Trifásico com base no Método da Soma de Potências 45 321 Construção do Modelo 46 33 Método Proposto para Ajuste das Cargas do Alimentador Trifásico 55 331 Cálculo para fator de utilização 56 332 Algoritmo de ajuste 58 34 Método Proposto para Determinação de Cargas por Fase 59 341 Fator de Desbalanceamento das Cargas 59 35 Processo Iterativo de Reestimação das Tensões e das Cargas 62 36 Algoritmo do Estimador de Estado Trifásico para Sistemas de Distribuição 62 37 Algoritmo do Estimador de Estado Trifásico com o Processo Iterativo de Reestimação 63 4 Testes e Resultados 66 41 Estudo Comparativo entre os Estimadores de Estado com Modelagem Trifásica e Monofásica 73 411 Comparação das Grandezas Estimadas e Medidas entre os Modelos Trifásico e Monofásico 74 412 Comparação das Potências Aparentes Estimadas e Pseudomedidas entre os Modelos Trifásico e Monofásico 76 413 Comparação dos Módulos das Tensões Estimadas entre os Modelos Trifásico e Monofásico 77 414 Comparação das Perdas Técnicas Estimadas entre os Modelos Trifásico e Monofásico 77 42 Estudo Comparativo entre os Estimadores de Estado com e sem Implementação do Processo Iterativo de Reestimação 84

SUMÁRIO 9 421 Comparação das Grandezas Medidas e Estimadas entre os Métodos A e B 84 422 Comparação das Potências Aparentes Estimadas e Pseudomedidas entre os Métodos A e B 86 5 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 90 51 Conclusões Gerais 90 52 Trabalhos Futuros 92 A Dados de Entrada 98 A1 Introdução 98 A2 Dados para cálculo de variâncias de medidas e pseudomedidas 98 A3 Organização dos dados de entrada 99 B Diagramas Unifilares dos Alimentadores Trifásicos 102 B1 Introdução 102 B2 Dados de nós e de trechos 102 B3 Diagramas Unifilares dos Alimentadores 102

Lista de Figuras 21 Barra de um sistema de potência 31 31 Diagrama unifilar de um Sistema de Distribuição Radial 41 32 Diagrama unifilar do Sistema de Distribuição Radial reduzido a dois nós 42 33 Diagrama unifilar de um trecho de alimentador formado por dois nós 42 34 Diagrama unifilar de um sistema de distribuição dividido em seções de redução 46 35 Diagrama unifilar da Seção de Redução 1 47 36 Diagrama unifilar da Seção de Redução 2 53 37 Diagrama unifilar de um Alimentador Radial Reduzido 57 38 Fluxograma do algoritmo do estimador de estado trifásico pelo método da soma de potências 64 39 Fluxograma do algoritmo do estimador de estado trifásico pelo método da soma de potências com processo iterativo de reestimação 65 41 Perdas Técnicas x Tempo 74 B1 Diagrama unifilar do Alimentador NEO01N6 111 B2 Diagrama unifilar do Alimentador NTU01J03 111 10

LISTA DE FIGURAS 11 B3 Diagrama unifilar do Alimentador NTU01J01 112

Lista de Tabelas 41 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE A/NEO01N6 67 42 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE B/NEO01N6 67 43 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE C/NEO01N6 67 44 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE A/NTU01J3 68 45 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE B/NTU01J3 68 46 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE C/NTU01J3 69 47 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE A/NTU01J1 70 48 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE B/NTU01J1 71 49 Resultados da Estimação de Estado Trifásica - FASE C/NTU01J1 72 410 Comparação dos Resultados dos Modelos Trifásico e Monofásico - FASE A/NTU01J1 75 411 Comparação dos Resultados dos Modelos Trifásico e Monofásico - FASE B/NTU01J1 75 412 Comparação dos Resultados dos Modelos Trifásico e Monofásico - FASE C/NTU01J1 76 413 Potências Aparentes Pseudomedidas e Estimadas pelos Modelos Trifásico e Monofásico - Alimentador NTU01J1 78 414 Tensões Estimadas pelos Modelos Trifásico e Monofásico - Alimentador NTU01J1 81 12

LISTA DE TABELAS 13 415 Comparação das Perdas Técnicas Estimadas entre os Algoritmos de Estimação de Estado com Modelagem Trifásica e Monofásica - Alimentador NTU01J1 84 416 Comparação entre os Métodos A e B - FASE A/NTU01J1 85 417 Comparação entre os Métodos A e B - FASE B/NTU01J1 85 418 Comparação entre os Métodos A e B - FASE C/NTU01J1 85 419 Potências Estimadas e Pseudomedidas dos Métodos A e B - Alimentador NTU01J1 87 A1 Organização dos dados de nós 100 A2 Organização dos dados de trechos 100 B1 Dados de nós do Alimentador NEO01N6 103 B2 Dados de techos do Alimentador NEO01N6 104 B3 Dados de nós do Alimentador NTU01J3 105 B4 Dados de trechos do Alimentador NTU01J3 106 B5 Dados de nós do Alimentador NTU01J1 107 B6 Dados de trechos do Alimentador NTU01J1 109

Lista de Abreviaturas e Siglas WLS: Weighted Least Squares (Mínimos Quadrados Ponderados) V k : Tensão em um nó genérico k pu: Por unidade km: Trecho genérico de uma linha de um alimentador de distribuição, que liga dois nós subseqüentes k e m (m à jusante de k) θ km : Abertura angular de linha ou trecho P km : Fluxo de potência ativa do nó k para o nó adjacente m Q km : Fluxo de potência reativa do nó k para o nó adjacente m Grupo A: Grupo de consumidores ligados em média (no caso, 13,8 kv) ou em alta tensão GPS: Global Positioning System COS: Centro de Operação do Sistema COSERN: Companhia Energética do Rio Grande do Norte z: Vetor das grandezas medidas ẑ: Vetor z estimado x: Vetor das variáveis de estado (vetor de estado) ˆx : Vetor x estimado δx: Vetor de resíduos dos elementos de x δz: Vetor de resíduos dos elementos de z η : Vetor aleatório que modela os erros das grandezas medidas R: Matriz de covariância dos erros das grandezas medidas e/ou pseudomedidas H: Matriz Jacobiana G: Matriz de ganho P : Potência ativa injetada em um nó de carga 14

Lista de Abreviaturas e Siglas Q: Potência reativa injetada em um nó de carga S: Potência aparente; P S : Potência ativa equivalente ou potência-soma ativa Q S : Potência reativa equivalente ou potência-soma reativa P T : Fluxo de potência ativa que chega a um nó de referência Q T : Fluxo de potência reativa que chega a um nó de referência P per : Perda em potência ativa Q per : Perda em potência reativa V : Tensão complexa I: Corrente complexa P med : Potência ativa medida Q med : Potência reativa medida P med oup med : Potência ativa pseudomedida Q pmed ouq med : Potência reativa pseudomedida L r : Limite de erro sistemático σ r : Desvio padrão sistemático V : Valor médio de n medidas V alor med : Valor medido de uma grandeza acr: Acurácia em porcentagem fu : Fator de utilização d fu : Desvio em fator de utilização f p : Fator de potência d fp : Desvio em fator de potência f div : Fator de diversidade 15

Lista de Abreviaturas e Siglas D m : Demanda máxima registrada em conta de energia mensal de consumidor do grupo A f p m: Fator de potência registrado em conta de energia mensal de consumidor do grupo A NTU01J1: Alimentador 01, ligado à subestação Natal 1 da COSERN NTU01J3: Alimentador 03, ligado à subestação Natal 1 da COSERN NEO01N6: Alimentador 06, ligado à subestação Neópolis da COSERN R km : Resistência série de um trecho genérico km X km : Reatância série de um trecho genérico km P km : Fluxo de potência ativa do nó k para o nó m em um trecho genérico km Q km : Fluxo de potência reativa do nó k para o nó m em um trecho genérico km G km : Condutância da matriz de admitância nodal B km : Susceptância da matriz de admitância nodal I med oui mes : Corrente medida diag: Diagonal de uma matriz de mesmo nome P AL : Fluxo de potência ativa na saída de um alimentador supervisionado Q AL : Fluxo de potência reativa na saída de um alimentador supervisionado fp AL : Fator de potência de um alimentador supervisionado SAGE: Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia FTP: File Transfer Protocol C++: Linguagem de programação computacional WEB: Rede mundial de computador 16

Capítulo 1 Introdução A necessidade de automatizar a operação dos sistemas de distribuição fez surgir uma ferramenta capaz de fornecer estimativas confiáveis das grandezas da rede elétrica avaliando a sua condição em tempo real Essa ferramenta recebe o nome de Estimador de Estado A partir dessas estimativas tomam-se decisões, tais como construções de novas linhas de transmissão, redes de distribuição ou subestações, recondutoramento de alimentadores, ou até mesmo postergação de obras Dessa forma, assim como o fluxo de carga, o estimador de estado desempenha um papel relevante na operação e planejamento dos sistemas de energia elétrica O estimador de estado tem como objetivo determinar o estado de um sistema elétrico, que é caracterizado pelas suas tensões nodais Além disso, o estimador pode ser capaz de processar e detectar medidas com erros grosseiros, identificando-as e eliminando-as automaticamente A estimação de estado em sistemas de energia elétrica foi definida por Schweppe e Wildes em 1970 Desde então, a formulação usada pelos autores, baseada em um estudo de fluxo de carga e no método aproximado dos mínimos quadrados ponderados, tem sido largamente estudada e inúmeros avanços foram alcançados, 17

Introdução 18 os quais resultaram na consolidação das suas teorias Atualmente, os estimadores de estado que usam o modelo clássico têm sido aplicados com sucesso em sistemas de transmissão, no entanto, existem poucos algoritmos para sistemas de distribuição Isso acontece principalmente pelo fato de que o estimador requer uma grande quantidade de dados obtidos em tempo real, e os sistemas de distribuição dispõem, geralmente, de quantidades pequenas de equipamentos de medição para produzir esses dados Além de amperímetros na conexão de alimentadores com o barramento de média tensão, a maioria dos alimentadores não dispõe de qualquer outro tipo de equipamento de medição instalado Em 1993, Roytelman e Shahidehppour desenvolveram um método de estimação de estados para sistemas de distribuição com o objetivo de trabalhar com um número mínimo de medidas remotas disponíveis na rede em tempo real Com isso, a abordagem apresentada exige informações sobre a configuração da rede, medições remotas de tensões, potência ativa e reativa, assim como as correntes nas subestações dos alimentadores de distribuição O método faz uma previsão de carga através do ajuste de carga dos transformadores de distribuição tal que resultem em fluxos de potência iguais às medições A maioria das correntes tomadas como medidas, na realidade, são pseudomedidas que são estimativas de correntes feitas a partir de uma curva média de carga e fator de carga, atualizada a cada hora, de acordo com a curva de carga registrada para o alimentador Essas pseudomedidas horárias dos módulos das correntes foram usadas para estimar o estado do sistema de distribuição Baran e Kelley (1994) propuseram uma metodologia trifásica de estimação de estado baseada no método dos mínimos quadrados ponderados Tal abordagem utiliza uma formulação de análise nodal trifásica e tem como objetivo aumentar a precisão dos dados a partir de uma previsão de carga através de medições em

Introdução 19 tempo real Em um sistema de distribuição, há pouca informação disponível em tempo real; a tensão e a potência fornecidas aos alimentadores de distribuição são normalmente as únicas medições disponíveis Com isso, a solução da análise de fluxo de carga pode ser usada para obter uma boa aproximação da previsão das cargas, e os resultados dessa análise são usados como medidas Algumas medidas dos módulos de correntes de linha são admitidas ao longo do alimentador A principal dificuldade, apontada pelos autores, em usar no algoritmo medidas de corrente de linha, decorre do fato dos elementos da matriz Jacobiana não poderem ser aproximados por termos constantes Ou seja, os elementos da matriz Jacobiana não são constantes, pois dependem das variáveis de estado e devem ser calculados a cada iteração Em 1995, Baran e Kelley apresentaram outro estimador de estado seguindo o mesmo tema do trabalho de 1994 Este novo trabalho dos autores, também de abordagem trifásica, difere do anterior por usar um método que se baseia em correntes de ramo, ao invés de tensões nodais, permitindo estimar estados de alimentadores com topologia radial ou pouco malhada Assim como em todos os trabalhos revisados, os autores também utilizaram a aproximação dos mínimos quadrados ponderados As medidas de fluxos de potência e as pseudomedidas de injeções de potência são convertidas em medidas equivalentes de corrente, que são decompostas em suas partes reais e imaginárias Além disso, uma regra simples baseada em um método de redução de redes é proposta pelos autores visando melhorar ainda mais a eficiência computacional Esta técnica de redução consiste em "podar"os ramais, concentrando suas cargas no tronco do alimentador Os autores chegam a resultados que apontam que o algoritmo usado possui um desempenho superior se comparado ao método convencional baseado em tensão nodal, tanto em termos de velocidade computacional, como em requisitos de memória Uma nova forma de estimar os estados de um sistema trifásico de distribuição

Introdução 20 baseada em injeção de corrente, ao invés de potência, é apresentada por Lu, Teng e Liu (1995) O estimador de estado utiliza o método dos mínimos quadrados ponderados e calcula, através da equação normal de Gauss, os módulos e os ângulos das tensões nodais Em cada iteração do estimador de estado, todas as medidas de potência podem ser convertidas em medidas equivalentes de corrente que são decompostas em suas partes reais e imaginárias Os autores atribuem, aleatoriamente, sem apresentar qualquer justificativa para os valores adotados, pesos menores para pseudomedições (±1/50) e pesos maiores para medidas reais (±1/3) Um trabalho desenvolvido por Li (1996) propõe um novo modelo de estimador de estado para sistemas de distribuição, baseado em medidas na subestação, medidas obtidas de alguns circuitos críticos e em um grande número de cargas estimadas dos clientes Este estimador de estado proposto exige também um modelo adequado para cada carga, a fim de representar cada uma delas ou cada grupo de clientes, que possam apresentar uma composição de cargas residenciais, comerciais ou industriais As cargas dos clientes são representadas por pseudomedições que serão ponderadas pelos seus desvios padrões Devido à incerteza do comportamento dessas cargas, um estudo estocástico, influenciado pelas condições de variação do tempo e condições climáticas, é realizado O autor utiliza a técnica dos mínimos quadrados ponderados e utiliza um modelo trifásico para desenvolver a formulação do estimador de estado Dependendo do tipo de consumidor, o autor atribui valores entre 20% a 50% para os erros das cargas Os locais adequados para as medições podem ser escolhidos melhorando a qualidade do estimador de estado Ainda em 1996, Melipoulos e Zhang apresentaram um fluxo de potência trifásico associado a um estimador de estado trifásico para sistemas de distribuição O método fornece uma estimativa total das cargas elétricas para cada circuito de

Introdução 21 distribuição sem a exigência do conhecimento das cargas individuais ao longo do circuito Um sistema de aquisição de dados é requerido com o objetivo de coletar esses dados e gerar um método confiável para estimar a condição de funcionamento do sistema Este sistema se comunica com um sistema GPS (Global Positioning System), que por sua vez sincroniza as medidas Então, o fluxo de potência simula uma quantidade grande destas medidas e com valores de resíduos associados aleatoriamente, estima-se o estado do sistema Alguns equipamentos telecomandados surgiram com a necessidade de automatizar os sistemas de distribuição Eles transmitem, em tempo real, módulos de algumas grandezas medidas da rede elétrica para o centro de operação do sistema - COS Com essas medidas reais e pseudomedidas de cargas, construídas a partir da definição dos fatores de potência e de utilização dos típicos transformadores de distribuição, o modelo de estimação de estado pode ser desenvolvido Este processo se torna mais simplificado quando se adota como base o algoritmo "soma de potências"(cespedes, 1990) Considerando a linearidade da rede (modelo linear ou dc), MEDEIROS JR, Almeida e Silveira (2002) apresentaram uma primeira formulação com representação monofásica Esse método propõe solução de forma direta, através da equação normal de Gauss Uma segunda formulação, apresentada por MEDEIROS JR e Almeida (2002), constituiu o modelo não-linear de estimação de estado baseado no algoritmo do fluxo de carga soma de potências A solução do modelo não-linear resulta também da aplicação da equação de Gauss, mas nesse caso, na forma iterativa A diferença básica entre esses dois métodos reside no fato de que, o modelo linear despreza as perdas técnicas nos trechos do alimentador enquanto que isso não ocorre em um modelo não-linear Em ambos os casos representa-se o sistema trifásico por seu equivalente monofásico A proposta de pesquisa deste trabalho tem como base a formulação apresen-

Introdução 22 tada por Almeida (2003) O método desenvolvido pelo autor trata de um modelo de estimação de estado voltado para sistemas de distribuição, baseado no algoritmo da soma de potências, proposto por Cespedes (1990)para o cálculo de fluxo de carga O algoritmo realiza a estimação dos alimentadores por seção, que parte da subestação para os ramais Um modelo de circuito e de medição é construído para cada seção Isso resulta em sistemas de equações não-lineares, sobredeterminados, que requerem uma solução iterativa Essa solução é obtida através do método dos mínimos quadrados ponderados via equação normal de Gauss As grandezas estimadas em uma seção são usadas como pseudomedidas para estimar a seção subsequente O conjunto de medição é constituído por pseudomedidas ou medidas de fluxos de potência nos trechos e tensões nodais, em tempo real, bem como por pseudomedidas de injeções de potências nos nós Essas pseudomedidas de injeções de potência são construídas a partir das equações clássicas de potências injetadas, usadas no estudo de fluxo de carga A fim de tornar o sistema observável são inseridas no conjunto de medição tantas pseudomedidas quantas forem necessárias Uma metodologia semelhante a de Almeida (2003) foi desenvolvida por Thukaram, Banda e Jerome em 1999 Os autores desenvolveram um algoritmo de estimador de estado trifásico para alimentadores radiais e utilizaram um método de "percorrer"o alimentador denominado "forward propagation"(propagação da subestação para os ramais do alimentador) e "backward propagation"( propagação dos ramais do alimentador para a subestação), semelhante ao algoritmo da soma de potências de Cespedes (1990) O objetivo da "backward propagation"é calcular as correntes e os fluxos nos ramos em cada seção A finalidade da "forward propagation"é calcular a tensão e a estimativa de carga em cada nó a partir do nó fonte (subestação) do alimentador Durante a "forward propagation", as correntes nos ramos são calculadas baseadas em um fluxo médio, e depois são utilizadas para

Introdução 23 calcular as tensões nodais e consequentemente, as estimativas de carga em cada nó Os autores não utilizaram o método da aproximação dos mínimos quadrados ponderados e determinaram associar pesos aleatórios às medidas, o que torna o trabalho, de certa forma, rudimentar Segundo a abordagem de Cespedes (1990) e Almeida (2003), o sistema é considerado equilibrado e como consequência, as variáveis utilizadas nos processos de resolução são reais A tese de doutorado desenvolvida por PIMENTEL FILHO (2005) apresenta uma nova versão para o algoritmo de fluxo de carga pelo método da soma de potências, o qual utiliza uma modelagem trifásica para cada elemento que compõe o sistema, considerando a possibilidade de desequilíbrios ocasionados pelo desbalanceamento das cargas e pelo acoplamento magnético entre as fases das linhas de transmissão O presente trabalho tem como finalidade desenvolver um estimador de estado com modelagem matemática trifásica para cada tipo de elemento que compõe o sistema É interessante salientar que, ao contrário da abordagem apresentada por Almeida (2003), o desequilíbrio entre as cargas será considerado, porém a impedância mútua entre as fases será desprezada de maneira a facilitar o trabalho com variáveis reais em todo o processo O objetivo geral de desenvolver este estimador de estado é fornecer informações confiáveis em tempo real para a tomada de decisões mais realistas no que diz respeito a problemas de operação e planejamento de redes de distribuição Para a solução desses problemas, costuma-se muitas vezes estudar a estimativa da pior condição de operação da rede em um futuro próximo, seja em função do carregamento dos alimentadores ou em função do perfil de tensão Além deste capítulo introdutório, este trabalho é composto por mais quatro capítulos e dois apêndices O próximo capítulo apresenta a formulação matemática para a solução do estimador de estado pelo método dos mínimos quadrados pon-

Introdução 24 derados e dedica-se também à montagem dos modelos de circuito e de medição, destacando-se as principais características de um estimador de estado pelo método da aproximação dos mínimos quadrados ponderados Além disso, serão abordados os conceitos básicos de medidas redundantes e críticas, bem como o cálculo das incertezas (variâncias) requeridas pelo modelo de medição adotado O Capítulo 3 trata do desenvolvimento do algoritmo de estimação de estado voltado para alimentadores radiais, que se baseia no método de redução de rede, usado no fluxo de carga soma de potências Uma leve revisão desse método será apresentada O algoritmo geral realiza três estimações de estado, uma para cada fase do sistema Após a técnica de redução de rede, realiza-se a estimação por seção, partindo da subestação para os ramais Para cada seção é construído um modelo de circuito e seu respectivo modelo de medição que é composto por conjuntos de medidas e pseudomedidas Esse modelo de medição é formado pelas equações clássicas de potências injetadas e pela lei dos nós O Capítulo 4 apresenta os resultados e os testes realizados que validam o algoritmo de estimação de estado trifásico pelo método da soma de potências No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões gerais e algumas sugestões para desenvolvimento de trabalhos futuros Destacam-se também os resultados dos testes realizados e a comparação do algoritmo trifásico com o algoritmo monofásico No apêndice A encontram-se os dados de entrada, constituídos por dados fixos (parâmetros do circuito, erros de medição e incertezas associadas às pseudomedições) e dados medidos em tempo real (tensões, correntes de ramo e fluxos de potência) No Apêdice B são fornecidos os diagramas unifilares dos alimentadores reais utilizados para teste com seus respectivos dados de trechos e nós

Capítulo 2 Estimação de Estado pelo Método dos Mínimos Quadrados Ponderados O papel da estimação de estado consiste basicamente em processar medidas de grandezas, tais como os módulos das tensões, injeções de potência ativa e reativa nas barras, fluxos de potência ativa e reativa nas linhas e correntes nos ramos, a fim de estimar valores para a tensão complexa em todas as barras, descrevendo assim, completamente, o estado do sistema elétrico Neste capítulo, serão abordados os conceitos básicos da estimação de estados, assim como os objetivos e as propostas, desenvolvidos nesta dissertação de Mestrado Apresentar-se-ão a formulação do método dos mínimos quadrados ponderados, os modelos de circuito e de medição, o conceito de observabilidade, as medidas críticas e os conjuntos críticos do sistema e o memorial de cálculo das variâncias de medidas e peseudomedidas 25

21 Método dos Mínimos Quadrados Ponderados com Solução via Equação Normal de Gauss 26 21 Método dos Mínimos Quadrados Ponderados com Solução via Equação Normal de Gauss Segundo o conceito do cálculo de fluxo de carga, a partir do vetor das tensões complexas v (vetor de estado, x) consegue-se calcular todas as grandezas necessárias à supervisão de uma rede, tais como fluxos de potências ativa e reativa, correntes e injeções de potências ativa e reativa No entanto, é praticamente impossível realizar uma medição direta nas diversas barras (ou nós) da rede para se conhecer essas tensões, devido, principalmente, à dificuldade em se medir os ângulos de defasagem Contudo, algumas das grandezas que podem ser facilmente medidas, podem ser também expressas como um conjunto de funções das tensões complexas, h(x) Essas funções dependem apenas das variávies de estado x, e são resultantes da aplicação das leis de Kirchhoff e Ohm 22 Modelo de Medição O modelo matemático do estimador de estado, pelo método dos mínimos quadrados ponderados, baseia-se nas relações matemáticas entre as medidas e as variáveis de estado Então, a partir de um sistema elétrico composto por N nós, n variáveis de estado e m grandezas medidas, desenvolve-se um sistema de equações não-lineares h(x), que relaciona o conjunto de medidas z, desse sistema com as variáveis de estado x, e com os erros de medição η, ou seja: z = h(x) + η (21) Onde: z é o vetor das grandezas medidas (módulos das tensões nas barras, injeções de potência ativa e reativa, fluxos de potência ativa e reativa, correntes, etc),

23 Equação Normal de Gauss 27 de ordem (m x 1); x é o vetor das variáveis de estado, de ordem é (n x 1); h(x) são as funções não-lineares das variáveis de estado; η é um vetor que modela os erros das grandezas medidas (imprecisões de medidores, erros de transformadores de instrumentos, efeitos de conversão analógico-digital, etc), de ordem (m x1) Supõe-se que η tenha média zero e que os erros de medição sejam não-correlacionados, ou seja, a matriz de covariância dos erros de medição será diagonal Com isso, tem-se: E(η) = 0; E(ηη T ) = R(diagonal) (22) A matriz de covariância dos erros medidos, R, tem seus elementos definidos por R ii = σ 2 i e possui ordem (m x m) 23 Equação Normal de Gauss O problema a ser resolvido na estimação de estado, pelo método dos mínimos quadrados ponderados, consiste portanto em calcular o vetor de estado x, de forma a minimizar a função objetivo, referente ao modelo de medição, caracterizado pelas Equações 21 e 22 Então, a função objetivo representada pelo somatório dos quadrados dos resíduos é minimizada e ponderada pelos inversos das variâncias (pesos), σ 2, dos erros associados às medidas, z i, ou seja: J(x) = 1 2 m [z i h i (x)] 2 J(x) = 1 2 [z h(x)]t R 1 [z h(x)] (23) i=1 σ 2 i

23 Equação Normal de Gauss 28 De acordo com a Equação 23 observa-se que quanto menor a variância, maior será o peso da medida correspondente sobre os resultados da estimação de estado Consequetemente, a medida com maior incerteza terá peso menor Com o objetivo de minimizar a função objetivo J(x), definida pela Equação 23, deve-se ter em mente que a função h i(x) é não-linear tendo portanto que recorrer a um processo iterativo Dentre os métodos apropriados para a solução do problema, destaca-se o método de Newton pelo seu excelente desempenho Seja x 0 uma estimativa inicial para x Assim, a expansão da série de Taylor e h i (x), em torno de x 0, resulta em: Ou, generalizando: h i (x) = h i (x 0 ) + T h i (x 0 ) x + (σ 0) (24) h(x) = h(x 0 ) + H(x 0 ) x (25) Onde H(x) é a matriz Jacobiana de ordem (m x n) Os termos dessa matriz são obtidos derivando as funções h(x) em relação ao vetor x: H(x) = δh(x) δx Substituindo a Equação 25 na Equação 23, obtém-se: J(x) = 1 2 {[z h(x 0)] H(x 0 ) x} T R 1 {[z h(x 0 )] H(x 0 ) x} (26) Fazendo z = z h(x 0 ) e substituindo na Equação 26, resulta em: J(x) = 1 2 [ z H(x 0) x] T R 1 [ z H(x 0 ) x] (27) A Equação 27 pode ser reescrita na forma: J(x) = 1 2 ( zt R 1 z 2B x + x T A x) (28)

23 Equação Normal de Gauss 29 E os termos A e B são dados por: A = H T (x 0 )R 1 H(x 0 ) (29) B = z T R 1 H(x 0 ) = H T (x 0 )R 1 z (210) Como J(x) expressa pela Equação 28 é quadrática, então, o valor de x ótimo é dado por: Ou seja: ˆx = 1 2 A 1 ( 2B) = A 1 B A ˆx = B (211) Ou então: ˆx = [H T (x 0 )R 1 H(x 0 )] 1 [H T (x 0 )R 1 z] (212) [H T (x 0 )R 1 H(x 0 )] ˆx = [H T (x 0 )R 1 z] (213) A Equação 213 é conhecida como equação normal de Gauss e pode ser escrita na forma compacta: G(x 0 ) ˆx = H T (x 0 )R 1 z (214) Onde G = H T R 1 H é uma matriz de ordem (n x n) conhecida como matriz de ganho Para que se possa resolver a Equação 214 é necessário, obrigatoriamente, que essa matriz seja não-singular O vetor dos desvios, ˆx, é obtido resolvendo a equação normal de Gauss Considerando ˆx, dado por: ˆx = x 0 + ˆx (215)

23 Equação Normal de Gauss 30 Sendo uma melhor estimativa para x do que x 0, desenvolve-se então um processo iterativo a partir da Equação 212 e da Equação 215, obtendo-se: ˆx t+1 = ˆx (t) + [H T (ˆx (t) )R 1 H(ˆx (t) ] 1 {H T (ˆx (t) )R 1 [z h(ˆx (t) ]} (216) Cujo critério de parada é: max ˆx ε (217) Onde ˆx (t+1) = ˆx (t+1) ˆx (t) é vetor dos resíduos na iteração t (contador de iterações) e ε é uma tolerância pré-estabelecida Convém ressaltar que a Equação 216 não será usada necessariamente para a implementação computacional, pois utiliza um processo de inversão matricial demasiadamente oneroso quando se trata de alguns casos de modelos de circuito e medição Nesse caso, o emprego da Equação 214 e da Equação 215 se mostra mais recomendável, uma vez escolhido o método numérico adequado para a solução da Equação 214 O processo iterativo deriva de uma linearização de equações não-lineares, com isso, através das Equações, o cálculo do vetor ˆx se torna mais simples e prático, podendo obtê-lo de forma direta, através da equação: Ou, formalmente: [H T (x)r 1 H(x)]ˆx = H T (x)r 1 z (218) ˆx = [G(x)] 1 [H T (x)r 1 z] (219)

24 Elaboração do Modelo de Medição 31 Ponto de medição P T P 1 P 2 Figura 21: Barra de um sistema de potência 24 Elaboração do Modelo de Medição O modelo de medição normalmente usado no estudo de estimação de estado é construído a partir das equações de circuito do sistema elétrico supervisionado (aplicação das leis de Kirchhoff e de Ohm) Alguns conceitos e procedimentos que facilitam a elaboração desse modelo foram desenvolvidos por Monticelli (1999), através de um estudo de estimador de estado linearizado Para fundamentar o modelo, considere que se deseja estimar, pelo método dos mínimos quadrados ponderados, as tensões na barra de um sistema de potência, cujo diagrama unifilar está mostrado na Figura 21 A partir dessa figura, pode-se extrair que, P T é o fluxo de potência ativa, medido na entrada da barra e, P 1 e P 2 são fluxos de potências medidos na saída do alimentador para os circuitos De acordo com Monticelli (1999), a elaboração do modelo de medição deve obedecer aos seguintes passos: O modelo de circuito é construído estabelecendo as equações do circuito elétrico que se deseja observar No caso da Figura 21, por exemplo, a equação do balanço de potências ativas no barramento é dada por: P T = P 1 + P 2 (220) As variáveis de estado são definidas e escolhidas através das equações do

24 Elaboração do Modelo de Medição 32 modelo de circuito Uma vez conhecidas, permitem a determinação das demais variáveis do circuito que se deseja observar Na Equação 220, são escolhidas como variáveis de estado, P 1 e P 2 Então, o vetor de estado x, é: x = P 1 P 2 (221) As variáveis dependentes são indentificadas São denominadas dependentes porque dependem das váriaveis de estado Assim, as variáveis de estado quando são definidas, tornam as demais variáveis dependentes Na Equação 221, P 1 e P 2 foram escolhidas como variáveis de estado Enquanto que, naturalmente, P T passa a ser variável dependente O modelo de medição elaborado é formado pelas funções h(x) Essas funções relacionam as grandezas medidas com as variáveis de estado Quando uma variável de estado é medida ou pseudomedida resulta em uma função que relaciona o valor medido com ela própria Se uma variável dependente também é medida ou pseudomedida, ela é expressa em termos das variáveis de estado, resultando também em uma função Portanto, no caso do exemplo dado, têm-se as seguintes funções: P med 1 h 1 = P 1 (222) P med 2 h 2 = P 2 (223) P med T h 3 = P 1 + P 2 (224) Vale ressaltar que o número de funções, requerido pelo modelo de medição, deve ser igual ao número de variáveis de estado medidas ou pseudomedidas, somado ao número de variáveis dependentes, também medidas ou pseudomedidas

25 Observabilidade do Sistema, Medidas Críticas e Conjuntos Críticos 33 Esse conjunto de medidas origina o vetor de medição, z Então, para o sistema representado na Figura 21 z, é dado por: z = P 1 P 2 P T (225) Derivando as funções h(x) em relação às variáveis de estado, do vetor x, chega-se a matriz Jacobiana H(x): H = δh 1 δp 1 δh 1 δp 2 δh 2 δp 1 δh 2 δp 2 δh 3 δp 1 δh 3 δp 2 1 0 = 0 1 1 1 (226) Considerando que os erros das grandezas medidas ou pseudomedidas sejam descorrelacionados, a matriz de covariância, R, toma a seguinte forma diagonal: H = σ 2 P 1 0 0 0 σ 2 P 2 0 0 0 σ 2 P T (227) Onde: σp 2 1 : variância da medida do fluxo de potência P 1 ; σp 2 2 : variância da medida do fluxo de potência P 2 ; σp 2 T : variância da medida do fluxo de potência P T ; 25 Observabilidade do Sistema, Medidas Críticas e Conjuntos Críticos Um sistema é dito observável se as variáveis do sistema (módulos e ângulos das tensões em todas as barras) puderem ser determindadas através do processa-

25 Observabilidade do Sistema, Medidas Críticas e Conjuntos Críticos 34 mento de medidas por um estimador de estado Caso contrário, o sistema não é observável, acarretando nas duas seguintes possibilidades: a identificação de medidas críticas (medidas de um conjunto de medição que ao serem perdidas tornam o sistema não-observável) e de conjuntos críticos(conjuntos formados por medidas não-críticas, no qual a eliminação de qualquer medida a ele pertencente torna as demais críticas); ou a restauração da observabilidade que implica na adição de pseudomedidas ao conjunto de medição A ocorrência de medidas críticas e conjuntos críticos revela a falta de redundância, caracterizando uma condição limite para a observabilidade e para a depuração de dados A exploração da redundância entre as quantidades medidas permite detectar e identificar a presença de erros grosseiros A identificação de medidas com erros grosseiros, geralmente, é feita através do cálculo dos resíduos ponderados e/ou normalizados das grandezas medidas (z i ˆ (z i )) Porém, o emprego dessas técnicas torna-se impossível quando não há medidas redundantes no conjunto de medição, como acontece comumente em estimação de estado de sistemas de distribuição Por isso, o algoritmo do estimador de estado apresentado neste trabalho se torna incapaz de detectar e identificar essas medidas Os módulos e os ângulos das tensões nodais são os principais dados esperados na estimação de estado de uma rede elétrica No estudo de fluxo de carga também se determinam estas variáveis de estado do sistema, entretanto, existem diferenças fundamentais entre um estimador de estado e um fluxo de carga, apesar das equações serem semelhantes e, em alguns casos, as mesmas A diferença fundamental entre esses dois problemas consiste no fato de que o estimador de estado manipula dados redundantes sujeitos a erros, e muitas vezes grosseiros, levando o sistema a trabalhar com mais equações que incógnitas (sistema sobredeterminado) Enquanto isso, o fluxo de carga trabalha com o número

26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas 35 de equações igual ao número de incógnitas (sistema determinado) e dados de entrada considerados como sendo exatos Através de um processo de filtragem, o estimador de estado, além da finalidade de calcular os estados da rede observável, é capaz de processar medidas com erros grosseiros, detectando suas presenças, identificando-as e eliminando seus efeitos no processo de estimação Além disso, o estimador é capaz de definir o estado de barras não-supervisionadas, sendo possível somente, se houver informação de medidas redundantes em número suficiente e em locais apropriados na parte do sistema sob supervisão Não haverá preocupação com observabilidade do sistema elétrico a ser supervisionado neste trabalho, pois serão inseridas no conjunto de medição tantas pseudomedidas quantas forem necessárias 26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas Para realizar a estimação de estado é preciso calcular as variâncias dos erros das grandezas medidas e/ou pseudomedidas do conjunto de medição O cálculo dessas variâncias leva em conta a propagação de incertezas, na qual cada medida é associada Esse método será apresentado na subseção seguinte 261 Variâncias de Grandezas Medidas Conforme se mencionou na Seção 22, os erros de medição, representados no modelo de medição pelo vetor η, são provenientes de uma variedade de fontes, tais como: imprecisão dos medidores, erros de transformadores como instrumentos, erro de comunicação, efeitos analógico-digital, etc Dentre esses diversos

26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas 36 tipos de erros, existem os erros sistemáticos instrumentais, que são normalmente decorrentes da má calibração dos instrumentos de medição, da degradação das partes do instrumento ou de flutuações da rede elétrica Esses erros resultam na distorção da medição, alterando todos os resultados e causando um desvio acentuado do valor correto O erro sistemático instrumental é geralmente indicado pelo fabricante no painel do próprio instrumento ou no manual de utilização Normalmente, o fabricante define um limite de erro para a escala do instrumento, o qual é conhecido como classe de exatidão ou acurácia Não existe um método padrão estabelecido na literatura para determinar a variância sistemática σ 2, que corresponde aos erros sistemáticos Vuolo, em 1996, admitiu que se pode estimar um limite de erro sistemático (L r ) a partir de alguma hipótese sobre distribuição de erros Tomando-se uma distribuição Gaussiana para os erros, por exemplo, e considerando um limite de erro com nível de confiança de 95%, é comum fazer L r igual a duas vezes o valor do desvio padrão sistemático (σ 2 ), ou seja: L r σ r (228) Essa relação é usada na prática, frequentemente, como regra geral Portanto, adotar-se-á a Equação 228 para calcular variâncias dos erros sistemáticos dos instrumentos de medição usados neste trabalho De acordo com a Equação 228, pode-se escrever: σ 2 L r 2 (229) O limite de erro sistemático costuma ser determinado em função da acurácia da escala do instrumento e do valor médio das medidas realizadas, ou seja: L r = acr 100 V σ r = acr 200 V (230)

26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas 37 Onde acr é a acurácia da escala do instrumento de medição, em porcentagem e V é o valor médio das medidas V é definido por: V = 1 n V i (231) n Onde n é o número de medidas e V i uma medida genérica Uma aproximação usada aqui consiste em considerar o valor médio igual ao valor medido (V = V alor med ), então, resulta: i=1 L r acr 100 V alor med σ r = acr 200 V alor med (232) Uma vez que se conhece σ r, pode-se determinar a variância: σ 2 r ( acr ) 2 (V alormed ) 2 (233) 200 Quando duas grandezas são medidas em uma mesma escala ou através de instrumentos diferentes, mas ajustados em escalas que têm a mesma classe de exatidão, tais que se obtenha V alor med1 e V alor med2, pode-se tirar uma relação entre as variâncias associadas a essas medidas, isto é: σ 2 r 1 = ( acr ) 2 (V alormed1) 2 (234) 200 σ 2 r 2 = ( acr ) 2 (V alormed2) 2 (235) 200 Dividindo-se as Equações 234 e 235, membro a membro, obtém-se: σ 2 r 2 = σ 2 r 1 (V alor med1 ) 2 (V alor med 2 ) 2 (236)

26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas 38 262 Variâncias de Grandezas Pseudomedidas As pseudomedidas são classificadas como medidas indiretas, ou seja, elas são determinadas através de grandezas medidas, estimadas ou calculadas por equações Considerando que essas medidas possuem erros, precisa-se determinar uma propagação de incertezas sobre os valores pseudomedidos Segundo Vuolo (1996), a propagação de incertezas sobre grandezas dependentes de outras, na forma w = f(x, y, z), em uma primeira aproximação é dada pela Equação 237, desde que os erros x, y, e z sejam não-correlacionados σ 2 w = ( ) δw σx 2 + δx ( ) δw σy 2 + δy ( ) δw σz 2 (237) δz Na Equação 237, σ 2 w é a variância da grandeza genérica w e σ 2 x, σ 2 y, σ 2 z são as variâncias de x, y e z, respectivamente Aplicando a Equação 237 para calcular a variância de uma grandeza que resulta do produto de outras, tal como w = xyz, obtém-se: σw 2 = (yz) 2 σx 2 + (xz) 2 σy 2 + (xy) 2 σz 2 (238) No caso de grandeza que depende da soma e/ou diferença de outras, tal como w = ±x ± y ± z, a sua variância é dada pela soma das variâncias de x, y e z, isto é: σw 2 = σy 2 + σz 2 (239) Considerando dois valores de uma grandeza w, que são determinados através de funções lineares:w 1 = ax e w 2 = bx, e admitindo que a e b são constantes isentas de erros ou com erros desprezíveis, somente a variável x é considerada para cálculo das incertezas Então, aplicando a Equação 237 em w 1 e w 2, resulta:

26 Determinação de Variâncias de Grandezas Medidas e Pseudomedidas 39 σ 2 w 1 = a 2 σ 2 x = w2 1 x 2 σ2 x (240) σ 2 w 2 = b 2 σ 2 x = w2 2 x 2 σ2 x (241) Da mesma forma que se conseguiu uma relação entre as variâncias associadas com duas grandezas medidas, conforme a Equação 236, de modo similar consegue-se relacionar σ 2 w 2 com σ 2 w 1, w 1 e w 2, resultando em: σ 2 w 2 = σ2 w 1 w 2 2 (242) É importante ressaltar que neste trabalho, as variâncias utilizadas nos modelos de medição para estimar estados são calculadas com base nos conceitos apresentados nesta seção

Capítulo 3 Estimador de Estado pelo Método da Soma de Potências: Alimentadores Trifásicos Este capítulo trata de um novo método de estimador de estado com modelagem trifásica, baseado no princípio de redução de rede usado no método da soma de potências O estimador de estado proposto destina-se a sistemas de distribuição por utilizar alimentadores radiais reais em sua base de dados Da mesma forma que os estimadores de estado apresentados no Capítulo 1 utilizam o método dos mínimos quadrados, o estimador proposto também o utiliza, e através da equação normal de Gauss soluciona de forma iterativa o modelo não-linear, conforme visto na Equação 213 31 Método da Soma de Potências O método consiste em transformar as equações que relacionam as tensões entre dois nós de um alimentador de distribuição em uma equação bi-quadrada, 40

31 Método da Soma de Potências 41 Figura 31: Diagrama unifilar de um Sistema de Distribuição Radial que tem solução direta Dessa forma o processo de solução é realizado por seção, ou seja, de dois em dois nós, partindo da subestação para os ramais, até que a tensão em cada nó do sistema seja conhecida O processo é repetido até que os valores convirjam Esse método foi desenvolvido para análise de sistemas radiais de distribuição de energia elétrica, que apresentam elementos "SHUNT"da linha desprezíveis e relações X/R bem menores que nos sistemas de transmissão, para os quais, de uma maneira geral, os programas computacionais de análise de sistemas de energia elétrica foram desenvolvidos Em virtude disso, o método da "Soma de Potências"apresenta uma melhor convergência para sistemas de distribuição do que os métodos tradicionais (Newton-Raphson, Gauss Seidel)(PIMENTEL FILHO, 1997) 311 Desenvolvimento Matemático A Figura 31 mostra um exemplo de diagrama unifilar representativo de um sistema de distribuição radial O método inspira-se na idéia da redução de todo o sistema em apenas duas barras, como mostra a Figura 32 De acordo com a Figura 32, P S2 e Q S2 são denominadas de potências-soma e podem ser determinadas pela soma de todas as cargas nos nós ( P i e Q i ) e perdas nas linhas (P per e Q per ) que se encontram depois da barra de interesse n Para o

31 Método da Soma de Potências 42 Figura 32: Diagrama unifilar do Sistema de Distribuição Radial reduzido a dois nós Figura 33: Diagrama unifilar de um trecho de alimentador formado por dois nós nó 2, por exemplo, tem-se: P S2 = P 2 + p n P i + P perj (31) i=1,i 2 j=1 p n Q S2 = Q 2 + Q i + Q perj (32) i=1,i 2 j=1 Onde, p e n representam o número de nós e trechos situados à jusante do nó 2, respectivamente Para demonstração da equação bi-quadrada, pode-se extrair da Figura 33 a corrente complexa no trecho km, I, as tensões nodais complexas, V k e V m, nos nós k e m, e os parâmetros elétricos do trecho, R km e X km A corrente I é dada por: Sabendo que: I = V k V m R km + jx km (33)

31 Método da Soma de Potências 43 V k = V k θ k = V k e jθ k (34) V m = V m θ m = V m e jθm (35) S M = P m + jq m = V m I (36) Combinando as equações, obtém-se: P m + jq m = V mv k e θm k V 2 m R km jx km (37) Separando essa equação em parte real e parte imaginária, e trabalhando-as convenientemente, resultam em: V 4 m + [2(P m R km + Q m X km ) V 2 k ]V 2 m + (P 2 m + Q 2 m)(r 2 k m + X 2 k m ) = 0 (38) θ mk = sen 1 (R k m Q m X km P m ) V m V k (39) Onde V k e V m são os módulos das tensões nos nós k e m, e P m e Q m são as potências ativa e reativa injetadas no nó m Utilizando a Equação 38, o módulo de V m pode ser determinado desde que sejam conhecidos os valores de V k, R km, X km, P Sm e Q Sm Então, para um trecho qualquer, como o mostrado na Figura 33, a solução proposta para o problema consiste em resolver a Equação 38 de forma direta, mesmo não se conhecendo os ângulos das tensões nas barras Entretanto, com os módulos das tensões determinados, pode-se obter facilmente θ mk através da Equação 39, e consequentemente os fluxos de potência O cálculo das perdas ativa e reativa, em cada trecho, é feito a partir da equação que relaciona a perda complexa, a queda de tensão e a corrente no trecho, isto é: