INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM - UNISALESIANO

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Transcrição:

TÍTULO: OLHARES PARA SEXUALIDADE INFANTIL: COMPREENDENDO A VISÃO DE PROFISSIONAIS DE CRECHE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: Pedagogia INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM - UNISALESIANO AUTOR(ES): GABRIELA LEITÍCIA PEREIRA, FABIANA FERNANDA PIRES MARTINEZ DOS SANTOS ORIENTADOR(ES): ELAINE CRISTINA MOREIRA DA SILVA

1. RESUMO A sexualidade é uma das dimensões humanas essenciais para o desenvolvimento do indivíduo e deve ser entendida na totalidade de seus sentidos como tema e área de conhecimento. De acordo com Freud (2006) a sexualidade nos acompanha desde o nascimento até a morte e por isso, nos dias atuais, ela se configura como uma área de estudos e pesquisas. A sexualidade é construída como qualquer conhecimento, a partir das possibilidades do indivíduo e da interação com o meio social e a cultura que o cerca, sendo essa interação que fundamenta a importância dos adultos durante essa fase de desenvolvimento, pois este representa enorme influência sobre esse processo de construção da sexualidade. Atualmente a Educação Infantil vem sendo um desafio cada vez maior para os docentes, pois os pequenos estão chegando às instituições de educação, com muita curiosidade sobre a sexualidade, sobre o desenvolvimento de seu corpo, a diferença dos gêneros e o porquê menino e menina são tão diferentes. E é por isso que o trabalho de educação sexual com as crianças se torna fundamental. Para tanto, faz-se necessário entender que o desenvolvimento sexual é um processo natural e biológico, que independente da pessoa irá ocorrer, pois faz parte do ser humano. O artigo visa a compreensão da amplitude que esse campo de desenvolvimento abrange, levando em consideração a seriedade e delicadeza do assunto pouco abordado, refletindo como as atitudes dos profissionais que atuam na educação infantil interferem no desenvolvimento da criança. Orientações e preparação do profissional para conversas com aluno e família são essenciais, para que consequentemente a sexualidade seja um tema abordado com naturalidade na escola e no lar, sendo assim um processo de amadurecimento social. PALAVRAS CHAVE: Sexualidade. Profissionais. Educação. 2. INTRODUÇÃO A sociedade em geral está em constante desenvolvimento, com isso novas necessidades educacionais surgem. Dentre outras, a de trabalhar a educação sexual em âmbito escolar se tornou indispensável e para que isso ocorra é fundamental pensar na formação dos profissionais que atuam na educação infantil visto que o tema ainda é um tabu por muitas pessoas. Levando em consideração a seriedade e delicadeza do assunto pouco abordado, se torna fundamental pensar sobre a formação dos profissionais que atuam com crianças da educação infantil, pois é na infância que se dá a maioria das descobertas e experimentações a respeito do mundo. O tema ainda é confundido com erotismo, genitalidade e relações sexuais, considerado polêmico e também pouquíssimo explorado e entendido. Por isso é visto como: Tema difícil, carregado de preconceitos e tabus e, por isso mesmo, na grande maioria das vezes, omitido ou tratado de maneira bastante

inadequada na escola e na família, mas ao mesmo tempo tão belo e tão íntimo que, talvez, por esse motivo, seja tão difícil demarcar o quê, quando, onde e como conversar sobre ele. (CAMARGO; RIBEIRO, 2003, p. 14). Muitos profissionais não acreditam que as crianças possam ter despertado para a sexualidade precocemente e, consequentemente, as mesmas não estão preparadas para tratar sobre isso. O tema sexualidade perpassa mesmo sem consciência dos responsáveis pela cultura, costumes e valores que cada criança carrega consigo de seus núcleos familiares e são debatidos de uma maneira geral em seu segundo núcleo que geralmente é a escola. Assim como hábitos alimentares, regras e conceitos de educação que trazem regidos pelos pais e familiares, a questão da sexualidade também vem permeada de conceitos, verdades, mentiras, dúvidas e incertezas e não somente por parte dos educandos, mas também pelos familiares, que muitas vezes não sabem lidar com tal questão e deixa simplesmente esse assunto para escola resolve-lo de forma acadêmica. A opinião popular tem ideias muito precisas a respeito da natureza e das características e do instinto sexual. A concepção geral é que está ausente na infância, que se manifesta por ocasião da puberdade em relação ao processo de chegada da maturidade e se revela nas manifestações de uma atração irresistível exercida por um sexo sobre o outro; quanto ao seu objetivo presume-se que seja a união sexual, ou pelo menos atos que conduzam nessa direção (FREUD, 2006, p. 135). Ainda que esse processo se estenda pela da vida, ele se inicia desde o nascimento, as crianças sentem prazer em explorar o corpo, em serem tocadas, acariciadas. Elas experimentam a si próprias e ao entorno, vivenciando limites e possibilidades. A escola não tem o papel de reger nenhum tipo de conceito fechado sobre o tema, ela deve problematizar as questões que surgem, orientando e ampliando os conhecimentos já adquiridos, porem com o cuidado de não ultrapassar o que a idade ainda não permite. Tudo isso sendo trabalhado dentro do limite pedagógico, não ultrapassando as barreiras da individualidade e intimidade de alunos e professores. Da mesma forma, os Parâmetros propõem aos professores que a temática Orientação Sexual seja abordada em sala de aula, por meio das mensagens transmitidas pela mídia, pela família e pelas demais instituições da sociedade. Tudo isso com o objetivo de formar a opinião dos alunos a respeito do que lhes é ou foi apresentado, debatendo com eles os diversos valores associados à sexualidade e aos comportamentos sexuais existentes na sociedade, para que possam desenvolver atitudes coerentes com os valores que eles próprios elegeram como seus. (BRASIL, 1998, p.68)

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Pluralidade cultural e Orientação sexual, o tema sempre deve vir compilado por meio das mensagens transmitidas pela mídia, pela família e pelas demais instituições da sociedade, atrelados aos diversos valores associados à sexualidade e aos comportamentos sexuais existentes na sociedade. (BRASIL,1998) Percebe-se que este não e um tema muito abordado e explorado pelos cursos de formações docentes ou até mesmo em reuniões semanais- bimestrais das unidades, geralmente só ocorre a discussão e explanação do mesmo quando algo pontual acontece, pegando de surpresa profissionais, pais e funcionários que nem sempre sabem lidar com tais situações. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Compreender a abrangência que o campo da sexualidade envolve refletindo como os profissionais que atuam na Educação Infantil - modalidade creche, pensam o tema. 3.2 Objetivos específicos 3.2.1 Entender a amplitude que esse campo do desenvolvimento humano abrange, incluindo a conscientização sobre o próprio corpo, as fases do desenvolvimento sexual e a forma de se relacionar. 3.2.2 Reconhecer a importância do profissional capacitado na educação infantil. 3.2.3 Conhecer as leis e diretrizes que fundamentam o tema. 3.2.4 Verificar a formação e as crenças dos profissionais que atuam na Educação Infantil modalidade creche. 4. METODOLOGIA A presente pesquisa utilizou-se da pesquisa descritiva com revisão bibliográfica e abordagem Qualitativa/Quantitativa. Após a realização de estudo bibliográfico sobre o tema em questão, foi realizada análise de dados coletados em pesquisa de campo, com abordagem qualitativa/quantitativa com o intuito de conferir as hipóteses criadas durante o

estudo, além de compreender a abrangência que o campo da sexualidade envolve e conhecer as crenças e formação dos profissionais que atuam em creches. Para tanto foi solicitado a Secretaria Municipal de Educação de Lins/SP, autorização para realização da pesquisa em unidades de Educação Infantil, modalidade creche. Após autorização, iniciou-se os procedimentos para realização da pesquisa em uma creche localizada em um bairro de classe média baixa, com aproximadamente 22 funcionários. Utilizou-se como método de pesquisa questionários com 15 questões objetivas e dissertativas. Para aplicação, as graduandas pesquisadoras se apresentaram a direção da unidade para esclarecimento sobre dos objetivos da pesquisa e esclarecimentos que se fizeram necessários. Na sequência a direção se responsabilizou pela entrega e recolhimento dos questionários que deveriam ser respondidos individualmente em envelope lacrado sem identificação do funcionário para evitar qualquer tipo de negação ou constrangimentos nas respostas. 5. DESENVOLVIMENTO 5.1 O DESPERTAR DA SEXUALIDADE A criança, desde seu nascimento, explora os prazeres, aprecia sabores, carinho de seus pais, ou até mesmo o alívio de defecar. Temos que compreender que tudo que está relacionado com o prazer do seu corpo está ligado a sexualidade, embora a cultura social faça correspondência equivocada do tema apenas com a conotação erótica. Segundo Jean Piaget (2006), o desenvolvimento infantil é dividido por etapas: sensório motor; quando a criança aprende construindo e reconstruindo seu pensamento através da assimilação e acomodação das suas estruturas. Préoperatório: que se dá dos dois até por volta dos sete anos de idade, onde o pensamento da criança está centrado nela mesma. Operatório-concreto: que ocorre dos sete até por volta dos onze anos, a criança ainda continua muito egocêntrica e com dificuldades de se colocar no lugar do outro e a dividir as coisas, e o pensamento está mais vinculado a acomodações do que as assimilações. Operações Formais: que vai por volta dos onze anos até a vida adulta, é uma fase de transição, de criar hipóteses, a linguagem já possui o papel de se comunicar.

A sexualidade sempre foi um assunto que gerou polêmica pelo fato de ainda ser confundido com erotismo. Um tema pouco abordado, porém, indispensável, devem-se compreender todas as vertentes que tratam sobre o assunto, visto que existem sérias divergências sobre a natureza, identidade e limitações do que seja propriamente a educação sexual escolar. As crianças tomam consciência do seu corpo e das diferenças entre os sexos desde muito cedo, com aproximadamente três anos de idade começam a surgir várias perguntas em relação ao assunto. A partir daí, surgem também às dificuldades dos pais de como falar sobre sexualidade com as crianças. A evasão das respostas, o silêncio, ou até mesmo respostas com pouca clareza, acaba levando as crianças a desenvolver um falso conhecimento sobre: seu corpo, divisão de afetos e relação entre os sexos, sendo essas expressões fundamentais para um bom desenvolvimento. Freud (2006) apresenta a teoria do desenvolvimento psicossexual que descreveu como a personalidade é desenvolvida ao longo da infância e dividiu essa etapa em quatro fases: Fase oral: que ocorre dos primeiros meses e estende até os 2 anos, em que o prazer está ligado ao sugar e por esse motivo é comum com essa idade as crianças levarem todos os objetos a boca. Fase anal, entre 2 e 3 anos, quando a criança controla os esfíncteres e passa pelo processo de desfralde, fazendo o ânus uma região do prazer. Fase fálica entre 4 e 6 anos, em que ocorrem as maiores explorações e descobertas a respeito de seus órgãos sexuais. Latência (um período de desinteresse) até a puberdade. 5.2 A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL CAPACITADO A Educação Infantil deve oportunizar à criança formas de expressão, oral e corporal. Quando a criança brinca, desenvolve e constrói seu conhecimento, para que isso se concretize enquanto prática na realidade escolar é preciso que a escola perceba a necessidade de direcionamentos e intervenções que propiciem mais que satisfação de suas necessidades imediatas e sim possibilite o desenvolvimento e o amadurecimento dos assuntos de forma saudável ao seu desenvolvimento. Disso decorre a necessidade de que as instituições norteiem seu trabalho por uma proposta pedagógica fundamentada na concepção da criança como sujeito social e cidadã de direitos e da educação infantil como equipamento social de cunho educativo e de cuidados, e no entendimento

dos processos de desenvolvimento e aprendizagem da primeira etapa da vida humana (KRAMER, 2002, p.79). Segundo Kramer (2002) a criança pode ser entendida como ser histórico, social e político, que encontra no outro, parâmetros e informações que lhe permitem formular, questionar, construir e reconstruir o espaço que a cerca. Julga-se como extremamente necessária a formação inicial bem como a formação continuada dos profissionais que atuam na educação, pois trata-se de um direito dos mesmos, considerando-se a importância da reflexão destes a respeito das práticas em sala de aula. É preciso que a formação inicial e continuada dos professores, considere o aporte teórico sobre educação sexual, tornando possível a superação das dificuldades que os profissionais da educação encontram ao trabalhar com esse assunto. A Educação sexual é a expressão utilizada por se considerar mais coerente com a concepção do método da educação, onde o educando participa como sujeito ativo do processo de ensino e aprendizagem e não como mero receptor do conhecimento. Nessa perspectiva o professor cria as condições para o aluno aprender e auxilia o aluno nesse processo de aprendizagem. (FIGUEIRÓ, 2006) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN S) apresentam propostas de auxílio para o processo de educação sexual, nele o tema sexualidade é abordado como Orientação Sexual, mas seus princípios orientam de forma geral as atitudes dos profissionais que abordam em suas aulas o tema. O mesmo considera de suma importância a capacitação docente para a conquista de bons resultados. Grande parte dos profissionais não teve a oportunidade de uma formação em cursos de graduação, assim deve-se oferecer a estes atividades práticas e conteúdos sobre sexualidade para que possam desenvolver com mais sabedoria um trabalho que supere a insegurança, o preconceito e o tabu que o tema carrega. Se tratando da instituição que acolhe essa criança e apresenta e seus preceitos o desenvolvimento integral da mesma até os seis anos de idade, podemos considerar que: De forma diferente cabe à escola abordar os diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a construir um ponto de auto referência por meio da reflexão. Neste sentido o trabalho realizado pela escola denominado aqui orientação sexual, não substitui nem concorre com a função da família, mas a completa. Constitui um processo

formal e sistematizado que acontece dentro da instituição escolar, exige planejamento e propõe uma intervenção por parte dos profissionais da educação. (BRASIL, 1998, p.299) Analisar as situações vivenciadas sobre o tema de forma individual, muitas vezes, pode ser dificultado, pois as crenças e valores que o ser humano carrega dentro de si orienta a maioria das atitudes a serem tomadas. Desta forma o trabalho coletivo da equipe escolar, definindo princípios educativos em muito ajudara cada professor em particular nessa tarefa. Podendo então, os próprios gestores da instituição, auxiliar e organizar atividades de incentivo a comunidade escolar a criar novos projetos e práticas da educação sexual. (Brasil, 1998) É papel do profissional, compreender e respeitar a diversidade de crenças e valores construída pelas famílias, que muitas vezes vem de influências sociais. O diálogo entre a escola e a família, favorece o desenvolvimento de uma visão crítica por parte de todos. Portanto, é importante salientar que não é de competência da escola julgar a educação oferecida pela família, mas sim abrir espaço para que essa possa expandir suas concepções, seus valores e suas crenças sobre sexualidade. Reprimir as curiosidades da criança não fará com que ela deixe de ter desejos, emoções e sensações. A ânsia por sanar suas dúvidas a levará a buscar outros meios de comunicação para encontrar informações sobre o assunto sexualidade, e na maioria dos casos, não encontrará respostas esclarecedoras que a direcionem de forma correta. 5.3 LEIS E DIRETRIZES Após analisar os conceitos de sexualidade e a importância de uma formação adequada para o profissional que atua na Educação Infantil auxiliando no desenvolvimento da criança, é fundamental conhecermos alguns referenciais legais que garantem a esta uma educação inicial básica de qualidade. Cabe aos professores conhecer seus direitos e deveres, ter compromisso com a ética profissional e dedicar-se constantemente ao seu aperfeiçoamento pessoal e profissional. Tendo como função garantir o bem-estar, assegurar o crescimento e promover o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças da Educação Infantil sob sua responsabilidade (BRASIL, 2006).

Além disso, segundo Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil, os professores: Asseguram que bebês e crianças sejam atendidos em suas necessidades de proteção, dedicando atenção especial a elas durante o período de acolhimento inicial ( adaptação ) e em momentos peculiares de sua vida; Encaminham a seus superiores, e estes aos serviços específicos, os casos de crianças vítimas de violência ou maus-tratos; Possibilitam que bebês e crianças expressem com tranquilidade sentimentos e pensamentos. (BRASIL, 2006 p.39) Estas são apenas algumas das leis e diretrizes que colocam o profissional como responsável pelo desenvolvimento total da criança em todas as situações envolvendo inclusive sua sexualidade. 5.4 O RECONHECIMENTO DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL DA CRIANÇA É RELEVANTE PARA OS PROFISSIONAIS ATUANTES NAS REDES DE ENSINO? Apresentaremos uma análise de três questões do questionário aplicado, que se caracterizaram como pertinentes para obtenção dos resultados. A primeira delas teve como objetivo verificar o entendimento e conhecimentos dos funcionários sobre o tema sexualidade, verificou-se que 90% deles em suas respostas relacionou a sexualidade ao ato sexual. Observou-se que o termo não é compreendido em sua totalidade, pois ainda é visto somente como um ato libidinoso não sendo tratado em situações variadas como processo natural do desenvolvimento infantil. Esse conceito incorporado por parte dos adultos influencia as ações, demonstrando aos pequenos que certas atitudes são erradas ou até proibidas. A segunda questão analisada visava o compartilhamento das experiências vivenciadas pelos profissionais que envolvessem o tema sexualidade. Nesta observou-se que 80% já presenciaram situações envolvendo o tema e mais uma vez elencaram em suas respostas acontecimentos como masturbação e abuso, ocorrências relacionadas ao ato sexual. Por fim, a terceira questão tinha como propósito identificar se os profissionais percebem ou não a necessidade e a importância de uma formação sobre sexualidade. E em todas as respostas pode-se observar que consideram sim importante o estudo e orientações sobre o tema, já que o mesmo ainda é visto como tabu.

6. RESULTADOS A partir destas questões entende-se que ainda estamos lidando com um cenário de preconceito e falta de conhecimento, mas o interesse demonstrado pelos funcionários em estudar e entender mais sobre o tema é a chave para a inserção deste em cursos de formação e orientações. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensar sobre sexualidade na infância, ainda é considerado por muitos, uma responsabilidade exclusiva da família, por ser visto como tema polêmico, que acarreta preconceitos e tabus. Os estudos bibliográficos nos mostram que a sexualidade é a porta de entrada pela qual o indivíduo, especialmente a criança, experimenta o mundo, o sente e internaliza, é a utilização do corpo, em contato com o mundo. E é a partir deste contato, sexual, entre indivíduo/mundo, que a criança desperta seus maiores desejos e prazeres. Entende-se que o desenvolvimento sexual é um processo natural e biológico, que independente da pessoa irá ocorrer, pois faz parte do ser humano. E é por isso que precisamos considerá-lo desde a Educação Infantil. A partir dos resultados encontrados durante a análise da pesquisa realizada, percebe-se que o tema sexualidade ainda não é entendido em sua totalidade e que os profissionais que atuam em creches não possuem formação adequada para tratar do assunto dentro da instituição. Assim, são suas crenças e valores que norteiam as atitudes tomadas em situações que envolvem a sexualidade da criança. A formação adequada para os profissionais da educação em relação a sexualidade é escassa, assim a única versão que conhecem é a que trazem enraizada dentro do conceito cultural que vivem. O desafio para o professor é enorme, ao mesmo tempo em que deve preservar a intimidade das crianças e não culpa-las por manifestações de sexualidade, ele é responsável por um processo educativo que aborde valores, diferenças individuais e grupais, de costumes e de crenças. Isso é fundamental tanto na infância como na adolescência, quando a questão ressurge a todo vapor.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que os profissionais da educação tenham acesso à formação específica para tratar de sexualidade com crianças e jovens na escola, de forma que possa construir uma postura profissional e consciente no trato desse tema. 8. FONTES CONSULTADAS BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil. V.I. Brasília, 2006. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAMARGO, A. M. F.; RIBEIRO, C. Sexualidade(s) e infância(s): a sexualidade como um tema transversal. São Paulo: Moderna: Ed. da Unicamp, 1999. FIGUEIRÓ, Mary Neide Dâmico. Formação de Educadores Sexuais: Adiar não é Mais Possível. Campinas, SP: Mercado de Letras; Londrina, PR: Eduel, 2006. FREUD, S. Um caso de histeria: três ensaios sobre sexualidade e outros Trabalhos. 1901-1905. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud Volume VII. Imago Editora. Rio de Janeiro, 2006. KRAMER, Sônia. Infância e Educação Infantil. Campinas, SP. Ed: Papirus, 2ª edição 2002. PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. 4ª ed. São Paulo: WMF. Martins Fontes, 2012.