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Transcrição:

PARECER EMITIDO SOBRE A POSSIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS JURÍDICOS PARA REALIZAÇÃO DE ESTUDO TÉCNICO-LEGISLATIVO E ELABORAÇÃO DE MINUTA DE PROJETO DE CONSOLIDAÇÃO DE LEIS MUNICIPAIS: Kleber Bispo dos Santos Advogado militante em São Paulo, especialista em Direito Administrativo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP, especialista em Direito Eleitoral. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Planejamento Municipal IBDEPLAM, Professor de Direito Administrativo Trata-se de expediente de Consulta no qual o Excelentíssimo Presidente de determinada Câmara Municipal nos solicita parecer referente à possibilidade de contratação de serviço terceirizado para realização de estudos técnico-legislativo e elaboração da minuta do Projeto de Leis da Consolidação das Leis do Município, bem como sua viabilidade jurídica e o mecanismo viável de contratação, eis que a Câmara não dispõe de advogados em seu Quadro de Pessoal É o relatório. No Mérito O tema terceirização de serviços públicos implica, necessariamente em definir-se a noção de serviço público, eis que em sede doutrinária, inúmeras são as classificações adotadas. Hely Lopes Meirelles define o serviço público como todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e

controle estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado 1. Tem-se, assim, que traço fundamental do serviço público é sua sujeição a normas e controles estatais, para sua prestação, constituindo tais serviços o meio hábil à satisfação dos interesses ou necessidades coletivas. A hipótese versada na consulta trata da possibilidade da Administração desobrigar-se de exercer tarefas executivas mediante execução indireta, via contrato, como disciplinado pela Lei nº 8666/93, com fundamento constitucional no artigo 37, inciso XXI, que inclui a contratação de serviços entre os contratos dependentes de licitação. Maria Sylvia Zanella de Pietro quem assevera ser perfeitamente possível a terceirização dos serviços indicados na Lei 8.666/93, eis que em seu artigo 6º define o serviço como:... toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnicos profissionais. Note-se que a enumeração é meramente exemplificativa, conforme decorre do uso da expressão tais como. Há ainda o artigo 33 que indica os serviços técnicos profissionais alcançados pela lei. 2 No caso em análise, vale dizer, Câmara Municipal de (XXXXXXXXXXX), observa-se que a mesma não possui Procuradoria constituída por lei, tampouco com um quadro de advogados ou 1 Direito Administrativo Brasileiro, 15ª edição, São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, p.290 2 Terceirização dos Serviçps Públicos. Genesis RDA Aplicado Curitiba (8), março de 1996, p.38.

assessores jurídicos expressivos, para execução do objeto pretendido, uma vez que se trata de serviço específico, extraordinário, que foge das atividades jurídicas de rotina do único Assessor Jurídico nomeado em exercício nesta Casa Legislativa. O fato de diversas Prefeituras e Câmaras Legislativas de Municípios, em especial aqueles de menor população não terem Procurador constituído decorre do que dispõe os artigos 1º, 30 e 132 da Constituição Federal. Como é sabido, os artigos 1º e 30 da Carta Magma destacam a autonomia dos Municípios e dos seus entes, inclusive a Câmara Municipal, disciplinado sua capacidade de auto organização. Na mesma esteira e adentrando diretamente no tema em estudo, o artigo 132 da Lei Maior dispõe, in verbis: Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Como se verifica, a Carta Magma não previu as Procuradorias no âmbito municipal, deixando esta competência e até mesmo liberdade ao ente Municipal. Os grandes Municípios como, São Paulo, Campinas, Santo André, Guarulhos, dentre outros, constituíram por meio de suas Leis Orgânicas e Leis Locais, suas próprias Procuradorias, tanto na

Prefeitura (Poder Executivo Municipal), bem como nas respectivas Câmaras ( Poder Legislativo Municipal). Por outro lado, muitos outros Municípios não constituíram Procuradorias até mesmo por não contarem com recursos suficientes para instituí-las, valendo-se assim de Assessores Jurídicos. Por esta razão é que se justifica a terceirização de serviços de advocatícios quando não se tratar de tarefas usuais, corriqueiras, mas de tarefas extraordinárias, que fogem das tarefas comuns, pois a realização destas tarefas apenas por uma Assessoria Jurídica, poderá causar riscos ao interesse público. O Nobre Professor Adilson Abreu Dallari, em artigo publicado descreveu: No caso dos Estados e do Distrito Federal, a obrigatoriedade de criação de procuradorias para tarefas usuais e corriqueiras de consultoria e representação judicial não é incompatível com a contratação esporádica de advogados para determinados serviços. 3 Como se vê, até mesmo os Estados, bem como o Distrito Federal podem contratar advogados para realização de certos serviços. Inúmeras são as decisões dos Tribunais de Contas do Estado, acerca da contratação de advogados para suprir a falta destes no quadro de Pessoal das Prefeituras, vejamos: (...) 6.2.3. Quando não houver cargo de advogado ou equivalente na estrutura administrativa do Município, a contratação mediante licitação para atender os serviços jurídicos gerais é admissível até a criação do cargo e respectivo provimento, podendo a contratação temporária do profissional se realizar 3 Contratação de serviços de advocacia pela Administração Pública Revista de Informação Legislativa Brasília a. 35 n. 140 out./dez. 1998

mediante autorização por lei municipal específica, nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal, por excepcional interesse público; 6.3.4 Quando a municipalidade realizar contratação mediante licitação, não poderá limitar somente à sociedade de advogados, devendo possibilitar a contratação do profissional autônomo, sob pena de estar limitando o universo de participantes, o que é vedado pelo art. 3º, 1º, I, da Lei Federal 8.666/93; 6.2.5 O contrato a ser firmado com o profissional do Direito deverá ter valor fixo, não podendo se prever percentual sobre as receitas auferidas pelo ente com as ações administrativas ou judiciais exitosas pelo contratado, salvo se a Administração firmar contrato de risco puro, onde não despenda nenhum valor com a contratação, sendo a remuneração do contrato exclusivamente proveniente dos honorários de sucumbência devidos pela parte vencida, nos montantes determinados pelo juízo na sentença condenatória. (Proc. nº 03/03065230 TCE SC) (...) 6.2.1.2. É cabível a contratação de profissional do ramo do direito, desde que devidamente justificada para atender específicos serviços (administrativo ou judicial) que não possam ser realizados pela assessoria jurídica dada a sua complexidade e

especificidade, configurando necessidade dos serviços de profissional (jurista) de notória especialização, hipótese em que a contratação, por inexigibilidade de licitação, se dará nos termos dos artigos 25, II, parágrafo 1º, c/c o artigo 13, V, parágrafo 3º e 26 da Lei Federal 8.666/93, observados os princípios constitucionais que regem a Administração Pública e observando-se também, os arts. 54 e 55, da Lei Federal nº 21.06.93, ou por dispensa de licitação quando atendidos os requisitos do artigo 24, II, e 26 da Lei de Licitação. (Proc. nº 9480611/98 TCE - SC) (...) a jurisprudência desta Corte é pacífica ao considerar que a licitação é requisito indispensável à contratação de serviços advocatícios, conforme disposto no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei 8.666/93, sendo excepcionais as situações de inviabilidade de competição. (...) embora exista, no quadro de pessoal da CPRM, o cargo de advogado, a empresa logrou justificar a necessidade da contratação em tela. Conforme ressaltou a unidade técnica, os argumentos trazidos ela CPRM acerca da necessidade da contratação de escritório de advocacia para promoção e acompanhamento de feitos judiciais da CPRM tem fundamento, pois foi demonstrado que o reduzido quadro de advogados da companhia não tem condições de administrar todas as demandas

jurídicas existentes. (..). (TCU - AC-0596-14/07- P Relator: Ministro Raimundo Carreiro) [VOTO] (...) é pacífica a jurisprudência deste Tribunal no sentido de que a contratação de serviços advocatícios deve ser precedida de licitação, exceto quando comprovados os requisitos da inviabilidade de competição, especialmente, quanto à singularidade do objeto e à notória especialização, o que não é o caso (...). ( TCU AC 1889-38/07-P Relator : Ministro Raimundo Carreiro). (...) 1. Deve ser promovida licitação para contratação de serviços advocatícios quando não restar comprovada a inviabilidade de competição, especialmente nos casos em que não reste comprovada a singularidade dos serviços a serem prestados (...). (TCU -AC- 0416-07/08-P Relator: Ministro Ubiratan Aguiar) O Ilustre Jurista Adilson Abreu Dallari, em seu artigo Contratação de serviços de advocacia pela Administração Pública, publicado na Revista de Informação Legislativa, realizou os seguintes apontamentos: Data vênia das respeitáveis opiniões discordantes, entendemos que o artigo 132 da Constituição Federal, afirmando que os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação

judicial e a consultoria das respectivas unidades federadas, não tem e nem pode ter esse alcance. De pronto já se percebe que o dispositivo não menciona os Municípios, esse é um eloqüente silêncio, ditado pelo simples bom senso, pois existem Municípios de todos os portes, que comportam ou não a instituição de uma procuradoria. (...) No caso dos Municípios, a Constituição deixou aberta a possibilidade de que cada um, no exercício de sua autonomia, ao disciplinar sua própria estrutura administrativa, de acordo com suas peculiaridades, decida sobre a criação ou não de uma procuradoria ou de cargos de procuradores (...) Pode-se dizer que a Constituição Federal não impede a contratação de advogados pela Administração Pública, muito especialmente no âmbito municipal. Com base nos princípios federativo e da autonomia municipal, cada Município, ao organizar sua administração, decidirá pela criação ou não de procuradorias, pela criação ou não de cargos ou cargos de procuradores ou pela pura e simples contratação de advogados externos, de acordo com suas necessidades, possibilidades e peculiaridades. Na contratação de advogados, as especificidades do trabalho a ser realizado é que determinarão a necessidade ou não de licitação. Encerrada a análise acerca da possibilidade de terceirização do serviços de advocatícios, analisaremos agora a forma qual será realizada a Contratação destes serviços.

Como o Concurso Público de Provas e Títulos criado por Lei para o preenchimento de cargos tem como característica a necessidade continuada daqueles serviços de natureza rotineiras, de imediato descartamos essa possibilidade, pois o serviço pretendido por esta Edilidade, trata-se de serviço esporádico, complexo, extraordinário e que não se reveste do atributo continuidade. Outra possibilidade de contratação é aquela prevista no artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93, vale dizer, contratação por inexigibilidade de licitação que possui como requisito a singularidade do serviço contratado, bem como, a notoriedade e a reconhecida capacidade na especialidade do profissional contratado. Esta modalidade de contratação, entendemos legitimas quando atendidos os requisitos previstos na referida lei, porém, convém destacar que os Tribunais de Contas, bem como alguns setores do Ministério Público e até mesmo parte da jurisprudência tem questionado a legalidade e legitimidade desta modalidade, colocando em risco não só a empresa contratada mas, a autoridade pública responsável pela contratação com rejeição de contas ou multas nos Tribunais de Contas e o ônus de responder ações civis públicas com base na Lei de Improbidade Administrativas. Todas as dúvidas que pairam acerca da legalidade, legitimidade, desta forma de contratação, decorrem do questionamento sobre a não observância da não obrigatoriedade de licitação, que se lastreia principalmente nos Princípios da Igualdade e da Isonomia, que devem haver nos Contratos firmados Administração Pública, para o atendimento do interesse público. O mais viável seria a Contratação através de algumas modalidades do procedimento licitatório nos termos da Lei 8.666/93, garantindo desta forma a observância dos princípios da Isonomia, bem como da Publicidade do certame. Analisando o disposto no artigo 22 da

referida Lei, nos parece mais viável a modalidade prevista no parágrafo 3º do artigo mencionado, ou seja, o Convite. Analisando cada uma das modalidades de licitação e através do critério da exclusão, o Convite é a forma mais viável para a contratação do serviço em discussão. A Concorrência é a modalidade destinada a contratações de valor mais elevado, ou seja, para a aquisição de materiais ou serviços com valores acima de R$ 650.000,00, e para execução de obras e serviços de engenharia com valores acima de R$ 1.500.000,00. Mas, a utilização da concorrência é possível mesmo para aqueles itens que apresentem valores abaixo desse limite. Porém, o administrador deverá pautar muito bem essa escolha, pois, às vezes não é viável se efetuar uma concorrência para um objeto com valor muito baixo, já que o custo processual poderá ser maior que o valor do próprio objeto. Por isso não nos parece viável. A Tomada de Preços é a modalidade de licitação utilizada para contratações que possuam um valor estimado médio, compreendidas até o montante de R$ 650.000,00 para a aquisição de materiais e serviços, e de R$ 1.500.000,00 para a execução de obra e serviços de engenharia. A principal característica desta é que a mesma se destina s interessados devidamente cadastrados, bem como para aqueles que se cadastrarem até o terceiro dia anterior a data do recebimento das respostas. Esta modalidade não é viável pois viola a isonomia dos concorrentes. O Concurso é modalidade destinada a escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores. Desde logo verifica-se que não se coaduna com o objeto da contratação pretendida.

O Leilão é a modalidade de licitação utilizada para realizar a venda de bens móveis ou imóveis a quem oferecer o melhor lance. Esta modalidade não se aplica a contratação em análise. O pregão está previsto na Lei 10.520/2002. Hoje existe também o Pregão Eletrônico, regulamentado pelo Decreto nº 5.450, de 31/05/2005. Ocorre que este último utiliza novas tecnologias de informação, especialmente o uso da internet. Ocorre que a Câmara de Cesário Lange ainda não possui uma boa infra estrutura para a contratação de serviços via Internet. Além disto, o pregão é utilizado para a aquisição de bens e serviços comuns. A lei que trata do Leilão considera bens e serviços comuns, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Ocorre que o serviço objeto de futura contratação não se trata de serviço comum, o qual pode ser definido em edital. Trata-se de serviço de maior amplitude, de natureza incerta, que não pode ser simplesmente definido em edital em virtude da sua complexidade. Em virtude das razões expostas acima, entendemos que na hipótese da consulta formulada é legitima e legal a contratação terceirizada de do serviço objetivado por esta Edilidade e a modalidade licitatória mais viável, para a futura contratação do serviço é o Convite. Este é o nosso parecer. KLEBER BISPO DOS SANTOS Advogado e Consultor em Direito Público