PREGÃO PRESENCIAL Nº 047/2017 PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 165/2017 ANÁLISE DE RECURSO CONTRA A ADJUDICAÇÃO DO OBJETO DA LICITAÇÃO RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pela empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - ME, com fundamento no art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº 10.520/03. O Edital de Licitação foi publicado no dia 18 de julho de 2017 no Diário Oficial do Município. Não houve impugnação ao Edital. A Sessão Pública, realizada no dia 28 de julho de 2017, teve o Lote 01 arrematado pela empresa TRANS DIAMANTINA TRANSPORTE E CONTRUÇÕES LTDA E EPP, com a empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - ME interposto recurso contra o resultado. Verifica-se que o prazo final para a apresentação das razões recursais e contrarrazões são, respectivamente, os dias 31 de julho de 2017 e 03 de agosto de 2017. Esgotado o prazo legal, verificou-se apenas a empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - MEapresentou as razões recursais, sendo que nenhum outro licitante optou por oferecer contrarrazões. Vieram os autos para análise. É o breve relatório. DA TEMPESTIVIDADE Há de se reconhecer que o presente recurso é tempestivo. De acordo o art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº 10.520/03, o prazo para a apresentação das razões recursais é de tão somente 03 dias após a interposição do recurso: Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três)
dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos; Considerando que a empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA ME apresentou suas razões recursais em 31 de julho de 2017, não há o que se falar em intempestividade do mesmo, pois atende ao disposto ao art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº 10.520/03. DO MÉRITO 1. ANÁLISE DOS CNAE S 49.23-0-02, 86.22-4-00 E 86.21-6-01. Após consulta ao site http://cnae.ibge.gov.br, obteve-se o seguinte resultado: a)86.22-4-00 (Serviços de remoção de pacientes, exceto os serviços móveis de atendimento a urgências). Esta subclasse compreende os serviços de ambulância cuja função é unicamente a de remoção de enfermos, sem envolver atendimento ao paciente. A remoção de pacientes não é, em geral, acompanhada por médico, mas por profissional de saúde (técnico ou auxiliar de enfermagem). Esta subclasse não compreende as atividades de unidades móveis terrestres (ambulâncias) ou aéreas equipadas para atendimento a urgências, inclusive as UTI móveis, com a presença de médicos (86.21-6). b) 49.23-0-02 (Serviço de transporte de passageiros - locação de automóveis com motorista). Esta subclasse compreende as atividades de unidades móveis terrestres (ambulâncias) e aéreas com equipamentos análogos aos usados nas unidades de terapia intensiva e com a presença de médicos preparados para realizarem, em suas instalações, atendimento a urgências, inclusive para realizarem pequenas intervenções cirúrgicas. Esta subclasse não compreende os serviços de remoção de pacientes (8622-4/00).
c) 8621-6/01 (uti móvel). Esta subclasse compreende as atividades de unidades móveis terrestres (ambulâncias) e aéreas com equipamentos análogos aos usados nas unidades de terapia intensiva e com a presença de médicos preparados para realizarem, em suas instalações, atendimento a urgências, inclusive para realizarem pequenas intervenções cirúrgicas. Esta subclasse não compreende os serviços de remoção de pacientes (8622-4/00). A questão não é de fácil esclarecimento, devido ao texto confuso apresentado pelo IBGE, porém, há de se reconhecer que razão não assiste à recorrente. Vejamos. Quanto ao CNAE 8621-6/01 (uti móvel), fica evidente que não possui pertinência com o objeto da licitação, uma vez que traz em seu bojo a exigência de médicos para atendimento a urgências e pequenas intervenções cirúrgicas. Igualmente, o CNAE 49.23-0-02 (Serviço de transporte de passageiros - locação de automóveis com motorista) também não é pertinente ao objeto da licitação, pois exige a presença de equipamentos de UTI e médicos para atendimento a urgências e pequenas intervenções cirúrgicas. Por fim, o CNAE 86.22-4-00 (Serviços de remoção de pacientes, exceto os serviços móveis de atendimento a urgências) é o que apresenta a exata definição do objeto a ser licitado, pois traz em seu bojo os serviços de ambulância cuja função é unicamente a de remoção de enfermos, sem envolver atendimento ao paciente.o IBGE é claro ao esclarecer que a remoção de pacientes não é, em geral, acompanhada por médico, mas por profissional de saúde (técnico ou auxiliar de enfermagem), o que se realizará. Diferente do alegado pela recorrente, os profissionais de saúde descritos no CNAE 86.22-4-00, serão custeados e supervisionados pela e não pela Contratante. Tal exigência sequer é descrita no Termo de Referência do Edital de Licitação.
De fato, há de se reconhecer que a redação do CNAE 86.22-4-00 é bastante confusa, dificultando o trabalho do exegeta, porém, o termo em geral, deixa claro que a presença do profissional de saúde não é obrigatória. Portanto, resta incontroverso que o CNAE 49.23-0-02 (Serviço de transporte de passageiros - locação de automóveis com motorista), previsto no Contrato Social da Recorrente, não é pertinente ao objeto da licitação, dado a exigência de equipamentos sofisticados de UTI e profissionais médicos, os quais não foram exigidos pela Administração em seu Edital de Licitação. Quanto a alegação de que este pregoeiro havia informado via email no dia 13 de julho de 2013 que ambos os CNAES seriam aceitos, destaco que a mudança de opinião durante o procedimento licitatório é válido, com fundamento no princípio da autotutela e da legalidade. Não se pode admitir que um entendimento anteriormente equivocado possa prevalecer à Lei, ainda mais quando surgirem novas evidências de sua incoerência e falta de amparo legal. Tal entendimento, inclusive, encontra-se sumulado pelo STF: SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Existe ainda a obrigatoriedade de a Administração aplicar princípio de vinculação ao instrumento convocatório, conforme decidiu o TJPE em decisão recente: DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. Mandado de segurança. Licitação. Pregão presencial nº 015/2015 para a contratação de empresa para a execução de serviços de limpeza e higienização predial, com mão-de-obra e fornecimento de materiais e equipamentos para a rede municipal de ensino de ipojuca-pe. Inabilitação da agravante por descumprimento de exigências constantes do edital. Decisão interlocutória, em mandado de segurança, indeferindo a liminar pleiteada. Agravo de
instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto pela forte serviços técnicos Ltda para considerar nulos todos os atos subsequentes a sua inabilitação, declarando-a como vencedora. Preliminar de inadmissibilidade do recurso. Rejeitada. Mérito. Código da classificação nacional de atividade econômica (cnae) incompatível com o objeto licitado. Cnae principal indicado pela agravante é de locação de mão de obra temporária (78.30-2-00) quando deveria ser de limpeza em prédios e em domicílio (81.21-4-00). Tal classificação do cnae estabelece a alíquota giilrat (grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais de trabalho) de 2% (dois por cento) quando a alíquota para o serviço licitado é de 3% (três por cento). Princípio da vinculação ao instrumento convocatório. A administração e os licitantes não podem descumprir as normas e condições do edital ao qual se acham estritamente vinculadas, conforme dispõe o artigo 41, caput, da Lei nº8.666/93. Desclassificação legal. Agravo não provido. Decisão unânime. (TJPE - AI: 00010401320168170000, Relator: ANDRÉ OLIVEIRA DA SILVA GUIMARÃES, Data de Publicação: 28/07/2017) Pelo exposto, a melhor decisão a ser tomada pela Administração é manter os termos da Ata do Pregão Presencial nº 047/2017, realizada em 28 de julho de 2017, rejeitando os argumentos apresentados pela Licitante em suas razões recursais. CONCLUSÃO CONSIDERANDO que a empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - ME possui tão somente o CNAE 49.23-0-02 (Serviço de transporte de passageiros - locação de automóveis com motorista); CONSIDERANDO que tal CNAE exige a a presença de equipamentos sofisticados de UTI e profissionais médicos, os quais não foram exigidos pela Administração em seu Edital de Licitação; CONSIDERANDO que o CNAE 86.22-4-00 (Serviços de remoção de pacientes, exceto os serviços móveis de atendimento a urgências) é o mais pertinente ao objeto da licitação, pois
envolve serviços de ambulância cuja função é unicamente a de remoção de enfermos, sem envolver atendimento ao paciente. CONSIDERANDO que a empresa TRANS DIAMANTINA TRANSPORTE E CONTRUÇÕES LTDA EPP possui em seu Contrato Social o CNAE 86.22-4-00 (Serviços de remoção de pacientes, exceto os serviços móveis de atendimento a urgências). CONSIDERANDO ainda a Súmula 473 do STF. Faço a seguinte recomendação: 1. Seja mantida a decisão que declarou a empresa TRANS DIAMANTINA TRANSPORTE E CONTRUÇÕES LTDA EPP vencedora do LOTE I do presente certame, negando provimento ao recurso administrativo interposto pela empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - ME. Anagé/BA, 07 de agosto de 2017. Danilo Amorim Dias Pregoeiro
DECISÃO 1. Acolho os argumentos expostos pelo Pregoeiro. 2. Nego provimento ao recurso apresentado pela empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - ME. 3. Dê ciência às partes interessadas através de publicação no Diário Oficial do Município. Anagé/BA, 07 de agosto de 2017. ElenZite Pereira dos Santos Prefeita
AVISO DE JULGAMENTO DE RECURSO PREGÃO PRESENCIAL Nº 047/2017 Decidiu a Prefeita do Município de Anagé/BA, conhecer do recurso interposto pela empresa LUDMAR VIAGENS E TURISMO LTDA - ME e, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo inalterada a decisão do pregoeiro. Danilo Amorim Dias Pregoeiro