VOZ SAÚDE. Homenagens e movimento por mais recursos marcam comemoração dos 26 anos da Femipa

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Transcrição:

VOZ SAÚDE HOSPITAIS HUMANITÁRIOS DO PARANÁ MARÇO/ABRIL 2012. N.66 Homenagens e movimento por mais recursos marcam comemoração dos 26 anos da Femipa Págs 4 e 5 Pág 3 SUSTENTABILIDADE Descubra como esse conceito pode fazer parte do dia a dia dos hospitais. PÁGS 6 E 7 ESPECIAL Reforma da Psiquiatria no Brasil provoca fechamento de leitos e dificuldades para que famílias internem doentes. PÁG 8 ENTREVISTA A presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz de Camargo Barros, e o diretor científico do Instituto, Rafael Kaliks, relatam o que mudou nos últimos dez anos no diagnóstico, tratamento e diretrizes clínicas da Oncologia.

OPINIÃO Há momento para o diálogo aberto, para a troca de ideias e a proposição de alternativas. Quando essas estratégias param de surtir efeito é chegada a hora de unir forças e se fazer ouvir pela vontade da maioria. A iniciativa do movimento Frente Nacional por mais recursos para a Saúde (www.emdefesadosus.org.br), encabeçado pela Associação Médica Brasileira (AMB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Academia Nacional de Medicina (ANM), contando com o apoio de várias entidades, entre elas a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), é o resultado da insatisfação popular aos rumos que o poder público tem dado à Saúde no país. Cortes no orçamento, subfinanciamento dos procedimentos, desvio de dinheiro público e o descaso com a população, culminam em momentos de indignação. A Femipa, como principal representante do setor hospitalar filantrópico no Estado do Paraná, apoia a proposta de angariar assinaturas em todo país para criar um projeto de lei de iniciativa popular, que propõe o investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da União na Saúde pública. O PL vai alterar a Lei Complementar nº 141/12, que regulamentou a Emenda Constitucional 29, não só no que diz respeito ao subfinanciamento do SUS, mas também propondo que os recursos sejam aplicados em conta vinculada, mantida em instituição financeira oficial, sob responsabilidade do gestor de saúde. Cabe a cada um de nós, agentes de transformação da sociedade, o empenho necessário para que consigamos no mínimo 1,5 milhão de assinaturas de eleitores em apoio a esse projeto de lei. É fundamental a mobilização nos municípios e nos hospitais, envolvendo profissionais, familiares, enfim, toda a comunidade. A Qualidade do SUS O Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (Idsus), criado pelo governo federal para medir o acesso do usuário e a qualidade dos serviços da rede pública, foi divulgado no começo de março. O índice é o cruzamento de 24 indicadores, entre eles, a proporção de gestantes com mais de sete consultas pré-natal, a quantidade de exames preventivos de câncer de colo do útero em mulheres de 25 a 59 anos, a cura de tuberculose e hanseníase e mortes de vítimas de infarto. Confira o que revelou o levantamento. Melhores desempenhos por Estado 6,29 SC Piores desempenhos por Estado 4,58 RJ 6,12 Sul 6,23 PR 4,49 RO Ranking por Região 5,56 Sudeste 5,26 Centro-Oeste 4,67 Norte 5,90 RS 4,10 PA 5,28 Nordeste O Jornal VOZ Saúde é uma publicação bimestral da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná - FEMIPA Endereço Rua Padre Anchieta, 1691 - sala 505 - Champagnat Cep 80.730-000 - Curitiba - PR - Fone: (41) 3027.5036 - Fax: (41) 3027.5684 www.femipa.org.br femipa@terra.com.br Presidente Maçazumi Furtado Niwa Coordenadoria de Comunicação Artemízia Martins (Hospital Evangélico de Londrina) Ety Cristina Forte Carneiro (Hospital Pequeno Príncipe) Produção e redação INTERACT Comunicação Empresarial www.interactcomunicacao.com.br Jornalista responsável Juliane Ferreira - MTb 04881 DRT/PR Redação Vanda Ramos e Bruna Prado Projeto gráfico e diagramação Adriano Perissutti Foto da Capa Eventos - Pedro Vieira. Tiragem 2000 exemplares Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da Femipa. 27% da população brasileira vive em cidades com as notas mais baixas. Entre os 5.563 municípios do país, 1.150 (20,7% do total) receberam pontuação abaixo de 5, em uma escala de 0 a 10. Nessas cidades, vivem mais de 50 milhões de brasileiros. Mais de 70% da população está em 4.066 cidades (73,1% do total de municípios), que receberam notas entre 5 e 6,9. Somente 1,9% cerca de 3,2 milhões de brasileiros reside no grupo dos 347 municípios mais bem pontuados, que conquistaram nota superior a 7. 2 FEMIPA

SUSTENTABILIDADE Financeiro, social e ambiente em sintonia Crédito: Divulgação Femipa pretende provocar debate sobre sustentabilidade e estimular a implantação de práticas dentro dos hospitais Em discussão no mundo há 25 anos, o tema sustentabilidade começa a ser debatido também pelos serviços de saúde. No entanto, poucas instituições dessa área têm colocado essa discussão em prática. Com o objetivo de levar esse assunto para o dia a dia dos hospitais, a Femipa lançou em setembro de 2011 o Comitê Temático de Sustentabilidade, iniciativa pioneira entre as demais Federações do país. O grupo é composto por afiliados, representantes de entidades privadas, de Secretarias de Estado, órgãos governamentais, entidades de ensino e pesquisa, especialistas convidados e assessores externos. Segundo o presidente da Femipa, Maçazumi Furtado Niwa, um dos desafios iniciais do Comitê é disseminar informações sobre o tema e promover a troca de experiências entre as instituições, mostrando o que vem dando certo. AQUI DÁ CERTO Exemplo em ações sustentáveis, o Hospital Municipal de Araucária (HMA) adotou políticas de sustentabilidade desde que iniciou as atividades, há três anos. Administrado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, o hospital tem alcançado resultados importantes como a redução de 6% no consumo de energia, 3% no consumo de água, aumento na contratação de moradores do município e redução da taxa de cesariana, que eleva os custos do hospital e aumenta o risco de infecção e mortalidade materna. Discurso deve estar alinhado com a prática e o planejamento estratégico da instituição. Além disso, é preciso medir os resultados dos projetos e o impacto positivo no negócio. Por onde começar A definição mais conhecida do termo é a da década de 1980 e afirma que sustentabilidade significa suprir as necessidades da geração presente, sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas. Os especialistas no assunto afirmam que é preciso levar em conta três pilares quando se trata de sustentabilidade: o financeiro, o social e o ambiental. Para o diretor geral do Hospital Municipal de Araucária e membro do Comitê de Sustentabilidade da Femipa, Danilo Oliveira da Silva, essa relação intrínseca envolve todos os aspectos, desde a preocupação com a saúde financeira das instituições, passando pelo impacto da atividade no meio ambiente e na comunidade em que se está inserido. O discurso deve estar alinhado com a prática, com nosso negócio e planejamento estratégico. Não adianta iniciarmos várias ações sociais e ambientais se não tivermos como medir os resultados deste projeto e o impacto positivo em nosso negócio, que é a promoção e a recuperação da saúde de nossos pacientes, afirma Danilo. Para as instituições que não sabem por onde começar, Danilo dá algumas dicas e lembra que a principal delas é que a direção do hospital precisa estar comprometida com todo o processo, apoiando e estimulando as ações. Como diz um antigo provérbio: toda jornada começa com um primeiro passo, o que precisamos neste momento é não tardar em dar este passo, defende. Confira as sugestões: Inserir a política de sustentabilidade nas diretrizes do hospital e divulgá-la aos colaboradores; Criar um Comitê interno de sustentabilidade para fomentar essas ações com representantes das diversas áreas; Criar um planejamento com este comitê com ações e metas que serão desenvolvidas em determinado período; Monitorar mensalmente os resultados e criar indicadores de acompanhamento com metas de redução. Para iniciar, os itens mais simples são: consumo de energia, de água, papel, copo descartável, geração de resíduos hospitalares, entre outros. Março Abril, 2012 3

evento Homenagens e movimento por mais recursos marcam comemoração dos 26 anos da Femipa Senador Alvaro Dias e ex-conselheiros da Federação no Conselho Estadual de Saúde receberam troféu pelos serviços prestados à Saúde Atuação no Conselho Estadual de Saúde rendeu homenagem aos conselheiros que representaram a Femipa Café da manhã reuniu mais de 60 convidados em Curitiba Os 26 anos da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) foram comemorados com um café da manhã que reuniu representantes dos hospitais afiliados, autoridades e políticos em Curitiba (PR), no dia 23 de março. O presidente da Femipa, Maçazumi Furtado Niwa, abriu a cerimônia lembrando as importantes conquistas do último ano como a criação do Programa HOSPSUS, a ampliação da rede de ensino à distância Educasus para o Paraná, o sucesso do 4 Seminário Femipa, o lançamento do Índice de Custos Hospitalares, entre outros projetos. Já o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, destacou a importante parceria firmada com a Femipa para a criação do HOSPSUS, que já tem colhido resultados nas redes de urgência e emergência e na rede materno-infantil. Caputo disse também que ainda este ano será colocado em prática o projeto apresentado pela Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) dos leitos continuados, com a implantação de um projeto piloto. O presidente da CMB, José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior, parabenizou o trabalho em conjunto que vem sendo desenvolvido pela Femipa e pela secretaria de Estado da Saúde. Homenagens Durante o evento o senador paranaense Alvaro Dias foi homenageado pelo apoio que tem oferecido às causas que o setor defende, com destaque para seus esforços em aprovar a Emenda Constitucional 29, que regulamentou o que são investimentos em Saúde. Ele foi o único senador do Paraná a votar a favor da lei complementar. Após receber a homenagem, o senador afirmou que foi grande o esforço no final do ano passado para que a Emenda 29 fosse colocada em votação. O governo não queria deliberar sobre o assunto para não gerar um desgaste em torno dos 10% com os quais ele deveria se comprometer, afirmou. Para Alvaro Dias, no entanto, apesar de alguns avanços consagrados na votação, a Saúde perdeu ao não ter a garantia desses novos recursos. Para o senador, a homenagem serve de estímulo para a continuidade do trabalho. Também foram homenageados os ex-representantes da Femipa no Conselho Estadual de Saúde do Paraná, pela relevante atuação em prol do setor. São eles: Oswaldo Leal (in memorian), Izabel Aparecida da Silva, Jean Paulo Fabrício, Cláudio Marmentini, Herácles Alencar Arrais, Wilson Edemar Ascêncio e Rosita Márcia Wilner. Quem é Alvaro Dias Atual líder do partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) no Senado Federal, Alvaro Dias está no terceiro mandato de senador. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal e governador do Paraná, apontado pelo Datafolha como o melhor governador do Brasil. Sob seu comando, foi realizado em janeiro de 1984, na Boca Maldita, em Curitiba, o Senador foi o único paranaense a votar a favor da lei complementar primeiro comício pelas Diretas Já. Era o início das grandes mobilizações para a realização de eleições diretas para presidente. Em julho de 2007, recebeu em San Diego, na Califórnia, o diploma de Doutor honoris causa em Administração Governamental pela Southern States University. Recentemente obteve a indicação pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar como um dos mais influentes parlamentares do país. Foi escolhido ainda, por meio de votação realizada no site Congresso em Foco, o melhor senador do país. 4 FEMIPA

evento Femipa anuncia apoio Senador Alvaro Dias Secretário de Estado da Saúde do Paraná, Michele Caputo Neto a movimento nacional Durante a cerimônia dos 26 anos da Federação, o senador Alvaro Dias, o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, a secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Eliane Chomatas, os presidentes da Femipa e da CMB fizeram uma assinatura simbólica de adesão ao movimento Frente Nacional por mais recursos para a Saúde, encabeçado pela Associação Médica Brasileira, Ordem dos Advogados do Brasil e Academia Nacional de Medicina. A proposta é angariar 1,5 milhão de assinaturas em todo país, até o dia 20 de abril, para criar um projeto de lei de iniciativa popular, que propõe o investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da União na Saúde pública. O movimento é o resultado da insatisfação popular aos rumos que o poder público tem dado à Saúde no país, por isso, a Femipa, como principal representante do setor hospitalar filantrópico no Estado do Paraná, está apoiando a iniciativa, afirma o presidente da Federação. O projeto de lei vai alterar a Lei Complementar nº 141/12, que regulamentou a Emenda Constitucional 29, não só no que diz respeito ao subfinanciamento do SUS, mas também propondo que os recursos sejam aplicados em conta vinculada, mantida em instituição financeira oficial, sob responsabilidade do gestor de saúde. O presidente da CMB ressaltou a importância de o setor conseguir emplacar a proposta de projeto de lei de iniciativa popular para o destino de novos recursos para a Saúde. De acordo com a diretoria da Femipa, todos os hospitais afiliados receberão as instruções sobre como participar do movimento e os procedimentos que devem ser seguidos para que as assinaturas coletadas tenham validade. Na página da Federação na internet www.femipa.org.br é possível encontrar todas as informações sobre a campanha. São necessárias 1,5 milhão de assinaturas de eleitores para apresentar ao Congresso o projeto de iniciativa popular que propõe investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da União na Saúde pública. Presidente da CMB, José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior Secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Eliane Chomatas Presidente da Femipa, Maçazumi Furtado Niwa Março Abril, 2012 5

especial À margem do sistema Baixa remuneração e queda no número de leitos dificultam atendimento psiquiátrico pelo SUS. Pacientes têm cada vez menos opção de internamento. Crédito: Comunicação Nossa Sra. da Luz Se a recomendação da OMS de haver um leito psiquiátrico para cada grupo de mil pessoas fosse cumprida, o país teria de abrir mais 142 mil leitos e o Paraná, mais 7 mil. As diárias variam de R$ 38,59 a R$ 49,70 por paciente, conforme a capacidade da instituição. Já o custo de internamento pode chegar a R$ 130. Atrelado a isso, o sucessivo fechamento de leitos por determinação de uma política nacional do Ministério da Saúde em hospitais especializados na saúde mental tem causado cada vez mais preocupação entre médicos, instituições e familiares de pacientes. São muitas as dificuldades e o gestor público não entende os hospitais especializados como sendo parte do sistema de saúde mental, afirma o diretor do hospital Nossa Senhora da Luz, de Curitiba, Flaviano Feu Ventorim, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com 60 leitos de hospital dia de transtornos mentais, 60 para álcool e outras drogas, além de 140 leitos na unidade integral para internamento e tratamento de crises agudas, o Nossa Senhora da Luz, fundado em 1903, é uma das poucas unidades especializadas nesse atendimento na capital paranaense. Há casos em que o leito é necessário, garante o diretor. Ele lembra ainda que os hospitais já começaram a sentir os reflexos da epidemia do consumo do crack. Essas pessoas vão precisar de internamento para que tenham chance de se recuperar, afirma Ventorim. Se a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de haver um leito psiquiátrico para cada grupo de mil pessoas fosse cumprida, o país teria de abrir mais 142 mil leitos e o Paraná, mais 7 mil. O Ministério da Saúde, no entanto, quer abrir somente 3.508 novos leitos, todos em hospitais gerais para o tratamento de usuários de drogas. De acordo com o Ministério, o foco da hospitalização como centro ou única possibilidade de tratamento aos dependentes químicos não existe mais e que, de 2002 a 2011, o orçamento para a Política Nacional de Saúde Mental aumentou três vezes de R$ 620 milhões para R$ 1,8 bilhão ao ano. No Paraná, hoje existem 92 Caps, 54 ambulatórios de saúde mental e três casas de acolhimento transitório. No Brasil, o número de Caps, por exemplo, passou de 295 em 2001 para 1.750 neste ano. Para incentivar a criação desses novos leitos, será repassado aos Estados e municípios um incentivo de implantação, que varia de acordo com as vagas ofertadas. Unidades com até cinco leitos vão receber R$ 18 mil para a implantação; hospitais com seis a dez vagas, R$ 33 mil; aqueles com 11 a 20 leitos, R$ 66 mil; e os maiores, com número de leitos entre 21 e 30, R$ 99 mil. Também haverá um aumento nos valores das diárias em até 250%. Os hospitais gerais passarão a receber R$ 300 por dia para os sete primeiros dias de internação dos pacientes com distúrbios psíquicos ou problemas com drogas. Do 8º ao 15º, a diária passa para R$ 100. A partir do 16º, o valor se estabiliza em R$ 57. Na avaliação do presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Rotta Burkiewicz, falta discussão e análise técnico-científicas para justificar a atual política para a saúde mental que vem sendo implantada no Brasil desde 2011. Sei de hospitais gerais no Paraná que não estão dispostos a abrir leitos para esse tipo de paciente, afirma Burkiewicz. A Sociedade defende, por exemplo, a recomendação da OMS quanto ao número de leitos por habitante, já que a informação se baseia em dados científicos e estudos reconhecidos. O Brasil está na contramão da política pública de psiquiatria. Países que adotaram essa postura tiveram que revê-la, explica o médico. O especialista conta que recentemente uma paciente viveu o drama da falta de leitos pelo SUS: permaneceu oito dias em uma unidade 24h até conseguir internamento. A situação foi desumana, relata. Outro problema, segundo ele, é que essas unidades não têm psiquiatra no local e recorrem ao atendimento à distância, por telefone, prática proibida por lei. O psiquiatra lembra ainda que os hospitais especializados não são mais depósitos de pessoas. Hoje, além das normas da Vigilância Sanitária e de infraestrutura adequada, as unidades trabalham com uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. Não se faz tratamento apenas com medicamentos, afirma Burkiewicz. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, a Sesa não tem autonomia para se manifestar sobre o assunto, pois segue as regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Informou apenas que existem 2.668 leitos SUS para tratamento psiquiátrico. 6 FEMIPA

especial Crédito: shen-dao / jje Dói internar um filho. Às vezes não há outro jeito. O poeta Ferreira Gullar, 81 anos, teve dois filhos com esquizofrenia. Paulo, 50 anos, vive num sítio em Pernambuco há cinco. Marcos, que tinha um quadro mais leve da doença, morreu em 1992, de cirrose hepática. Em 2009, Gullar escreveu três artigos no jornal Folha de S. Paulo sobre a falta de vagas para internação psiquiátrica. A reação dos leitores chamou atenção para uma das maiores controvérsias da psiquiatria: o que fazer com doentes mentais em estado grave? Confira trechos da entrevista do escritor à revista ÉPOCA quando da publicação dos artigos. ÉPOCA - A lei federal 10.216, aprovada em 2001, não proíbe a internação de pacientes em hospitais psiquiátricos, mas estimulou a redução de leitos. Por que decidiu falar sobre essa lei agora? Gullar - Antes da aprovação da lei, soube do que consistia o primeiro projeto. Para internar uma pessoa, a família precisaria pedir autorização de um juiz. Felizmente isso foi retirado do texto final. Imagine o que é ter em casa um garoto em estado delirante - às vezes falando sem parar da noite até o dia seguinte. Os pais tentam dar remédio, tentam conversar e nada funciona. Nessa situação, o único recurso é internar. Você sente que a pessoa está saindo do controle e pode fazer uma loucura qualquer. Imagine ter de aguardar autorização de um juiz para internar um paciente numa situação de emergência. Que juiz? Aquele que nunca encontramos na justiça eficiente que temos? Imagine o desastre que isso seria. ÉPOCA - Mas por que decidiu escrever neste momento? Gullar - Li notícias recentes sobre o aumento de doentes mentais na população de rua. Eu já previa que isso ia acontecer diante da restrição do número de hospitais e do período de internação. Como é possível estabelecer um período de internação, determinar que um paciente psiquiátrico esteja curado dentro de determinado tempo? Quem não tem dinheiro para colocar o filho numa clínica particular fica com ele em casa até quando suportar. Muitas vezes o doente foge. Quantas vezes isso aconteceu comigo... ÉPOCA - O doente precisa ficar vigiado dentro de casa? Gullar - Ninguém aguenta uma pessoa em estado de delírio dentro de casa. Só se ninguém trabalhar, todo mundo ficar em volta do doente. E se for uma pessoa agressiva? Tem que internar. Nenhum pai e nenhuma mãe internam seus filhos contentes da vida, achando que se livraram. Não estou dizendo que a lei foi feita para perseguir as pessoas. Não vou imaginar uma coisa dessas. Ela foi feita com boa intenção. Mas de boa intenção o inferno está cheio. ÉPOCA - O senhor acha que a internação em hospitais psi quiátricos é o melhor tratamento? Gullar - Ninguém é a favor de manicômio ou de encerrar uma pessoa pelo resto da vida. Isso não existe há muito tempo. Mas hoje as famílias sem recursos não têm onde pôr seus filhos. Eles vão para a rua. São mendigos loucos, mendigos delirantes. Podem agredir alguém. É imprevisível o que pode acontecer. O Ministério da Saúde tem de olhar isso. O hospital-dia é uma boa coisa. Mas para o doente ir para o hospital-dia ele tem que querer ir. Quando entra em surto, é evidente que não vai querer ir para o hospital-dia. Dizer que os doentes serão encarcerados é terrorismo. Março Abril, 2012 7

ENTREVISTA Os avanços na oncologia Crédito: Divulgação Nesta entrevista, a psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz de Camargo Barros, e o diretor científico do Instituto, Rafael Kaliks, relatam o que mudou nos últimos dez anos no diagnóstico, tratamento e diretrizes clínicas da doença e como ainda é possível avançar. O Instituto Oncoguia, organização não governamental fundada em 2009, em São Paulo, existe para defender que os direitos dos pacientes com câncer sejam garantidos por meio de participação e organização de eventos, palestras, ações sociais e parcerias. No portal www.oncoguia.com. br é possível encontrar artigos de especialistas, notícias do Brasil e exterior, informações sobre direitos e tratamentos. Quais os principais avanços no diagnóstico e no tratamento do câncer nos últimos dez anos? O maior avanço no diagnóstico consiste em uma melhor definição das doenças pela patologia, agora com base em alterações nas proteínas contidas no tumor, e em características moleculares, que nos permitem não só classificar melhor os cânceres, mas também pesquisar a presença de alvos terapêuticos. Outro grande avanço diagnóstico foi o PET-CT, uma tomografia mais sofisticada e que consegue ver lesões metastáticas mesmo quando essas ainda são pequenas. Do ponto de vista de tratamento, citamos algumas: Utilização de Imatinibe para leucemia mielóide crônica e para um tumor denominado GIST. Utilização de medicações como Trastuzumabe e Lapatinibe para mulheres com câncer de mama com hiperexpressão de uma proteína denominada Her2. Desenvolvimento de diversas medicações (maioria orais) para o câncer renal. Desenvolvimento da radiocirurgia, modalidade de radioterapia que consegue alvejar pequenos nódulos sem ter de irradiar grandes áreas em volta. Cirurgias minimamente invasivas para os mais diversos tipos de câncer. Quais as mudanças em protocolos e diretrizes clínicas mais significativas? O avanço que afetou um maior número de pacientes foi sem dúvida a incorporação de terapia anti-her2, utilizada em aproximadamente 20% dos casos de câncer de mama. Lamentavelmente o SUS ainda não incorporou essas medicações no Brasil (exceção ao Estado de São Paulo). Outra grande mudança ocorreu em relação ao Mieloma Múltiplo, que vem tendo cada vez mais opções de tratamento medicamentoso, com consequente diminuição na indicação de transplante. Já o cenário do tratamento de câncer renal foi totalmente modificado nos últimos 10 anos, passando de uma ausência completa de tratamento sistêmico para três ou quatro opções de tratamento. De que forma os tratamento orais têm substituído os mais invasivos? Tratamentos com medicações orais vêm sendo cada vez mais usados em oncologia. Isso melhora a qualidade de vida de pacientes que passam a ter de ir muito menos para centros de infusão de quimioterapia. Vale mencionar que essas medicações não são desprovidas de efeitos colaterais, que podem inclusive ser tão severos quanto os de medicações endovenosas. Hoje, algo em torno de 40 a 50% dos pacientes com câncer utilizam alguma forma de tratamento oral. A tendência é que essa proporção aumente nas próximas décadas. O diagnóstico precoce ainda é fundamental para um tratamento de sucesso? Sim, apesar de os tratamentos estarem cada vez mais eficazes, a prevenção (não fumar, manter peso adequado e prática sexual segura) e o diagnóstico precoce ainda são as melhores ferramentas para diminuir a mortalidade pelo câncer. De uma maneira geral, os serviços públicos de saúde do Brasil estão preparados para acompanhar os avanços da Medicina nessa área? Não, lamentavelmente não estão. Embora haja alguns poucos centros de excelência capacitados para fazer qualquer tratamento, eles estão sobrecarregados e as consequentes filas e atrasos no tratamento acabam eliminando o benefício que terapias mais modernas poderiam proporcionar. O que ainda é possível melhorar no tratamento? Em nosso país, a maior prioridade é uma estratégia agressiva de prevenção do câncer, através da educação sobre necessidade de evitar sobrepeso, não fumar e manter prática sexual segura, além de incorporar a vacina para o HPV e promover maior aderência à mamografia e ao Papanicolau. Em relação ao tratamento, a máxima prioridade é encurtar os atrasos que ocorrem entre a primeira queixa ou exame alterado e o início do tratamento. As filas são uma doença em nosso sistema de saúde. Outro ponto crucial é a falta de equipamentos e profissionais que possam administrar radioterapia. Há um déficit monumental. ANUNCIE 41 3027 5036 8 FEMIPA