Angus@newS. Julho/Agosto 2012 I N F O R M A T I V O O F I C I A L D A A S S O C I A Ç Ã O B R A S I L E I R A D E A N G U S.



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JULHO/AGOSTO 2012 Impresso 1 ANO 13 - Nº 58 Angus @ Especial news 9912270051 DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS I N F O R M A T I V O O F I C I A L D A A S S O C I A Ç Ã O B R A S I L E I R A D E A N G U S

2 EDITORIAL Expointer, Paulo de Castro Marques o palco dos melhores Meus amigos do Angus. Palavra de um mineiro apaixonado pela pecuária e pelo Angus: Nossa raça combina com a Expointer. E a mais importante exposição pecuária do Rio Grande do Sul tem a cara do Angus. Mesmo antes de me tornar criador dessa raça fantástica e de me tornar assíduo visitante da Expointer, evento que respeito profundamente pela dimensão, diversidade e relevância para o agronegócio nacional, tinha comigo que esse momento é especial. E é mesmo. Participar da Expointer como visitante já é empolgante. Como criador, então, representa mostrar o seu trabalho para um público altamen- HUMOR - LUCA RISI te selecionado e especialista. E isso significa que o seu julgamento é rigoroso. Assim, um conselho para quem participa da primeira vez é: traga o seu melhor. Mas venha com o espírito do aprendizado porque a pecuária é uma atividade dinâmica e as novidades surgem a toda hora. O que é muito bom e nos impulsiona a melhorar sempre. Uma raça só é forte se os laços entre os criadores forem sólidos. E essa característica é renovada pelo Angus na Expointer. Nossa raça vem se tornando o centro das atenções na exposição. Nada mais justo. Afinal, somos a raça mais presente e com larga margem em relação à segunda colocada. Neste ano, teremos ainda mais animais. O que significa que mais uma vez seremos reconhecidos por esse investimento e, particularmente, pela nossa força. Se você ainda não se decidiu a ir à Expointer, venha. Vai gostar e, certamente, se tornar um fã incondicional assim como eu. Ajude-nos a tornar a raça Angus ainda mais representativa, seja com animais ou somente com sua presença. Se já está na sua programação ir ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, seja bem vindo. O Angus, a Expointer, a pecuária brasileira e o agronegócio como um todo agradecem. Presidente Associação Brasileira de Angus NESTA EDIÇÃO Artigo - O Mundo da Carne 3 Frigorífico Silva - Grande parceria 4 Cruzar com Angus é lucro certo 6 CAPA: Qual o melhor touro? 10 Informe: As notícias Angus 22 Exposições Ranqueadas 30 Opinião: Bem-estar animal 52 Angus nos Estados Unidos 56 Reprodução Assistida - FIV 60 Perfil: Cláudia Silva 70 E X P E D I E N T E Associação Brasileira de Angus Diretoria Biênio 2011/2012 Diretoria Executiva - Diretor Presidente: Paulo de Castro Marques - Diretor 1ºVice Presidente: José Roberto Pires Weber - Diretor Vice Presidente: Mariana Franco Tellechea - Diretor Vice Presidente: Eduardo Macedo Linhares - Diretor Vice Presidente: Valdomiro Poliselli Junior - Diretor Administrativo e Financeiro: Marco Antônio Gomes da Costa - Diretor de Marketing: Felipe Moura - Diretor de Núcleos: Sérgio Colaço da Silva - Diretor do Programa Carne Angus: Reynaldo Titoff Salvador - Conselho de Administração - Membros Eleitos: Antônio Maciel Neto, Renato Zancanaro, Renato Ramirez, Antonino de Souza Dornelles, Carlos Alberto Martins Bastos - Membros Natos (Ex-Presidentes da ABA): Angelo Bastos Tellechea, Antônio Martins Bastos Filho, Fernando Bonotto, Hermes Pinto, José Roberto Pires Weber, Reynaldo Titoff Salvador, José Paulo Dornelles Cairoli, Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello - Conselho Fiscal - Membros Efetivos: João Francisco Bade Wolf, Ronaldo Zechlinski de Oliveira, Fábio Luiz Gomes - Membros Suplentes: Roberto Soares Beck, Frederico Fittipaldi Pons, Elio Sacco - Conselho Técnico: Susana Macedo Salvador Presidente (ciaazul@terra.com.br), José Fernando Piva Lobato, Rogério Rotta Assis, Roberto Vilhena, Ângela Linhares, Luis Felipe Cassol, Amilton Cardoso Elias - Representante ANC (amilton@herdbook.org.br). Coordenação: Juliana Brunelli de Moraes (gerencia@angus.org.br) Jornalistas Responsáveis: Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: Jorn. Alexandre Gruszynski, jorn. Eliana Freitas Mainieri, jorn. Marina Corrêa, Jorn. Nelson Moreira, Nicolau Balaszow e articulistas - Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Agência Ciranda - 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização: Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 - Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 - CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br :: ciranda@agenciaciranda.com.br Associação Brasileira de Angus - Largo Visconde de Cairu, 12 - conj. 901 - CEP 90.030-110 - Porto Alegre - RS - www.angus.org.br - angus@angus.org.br - Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Foto de Capa: Eduardo Rocha/Scalzilli Agropastoril

CARNE 3 M U N D O DA C A R N E Números que Impressionam! O Avanço do Programa Carne Angus no 1º semestre de 2012! Reynaldo Titoff Salvador O caminho para o sucesso é uma estrada que se constrói. Esta estrada deve ser pavimentada sobre uma base sólida e clara de conceitos e valores que nos asseguram que estaremos sempre na direção correta. Foi o que fizemos! Avaliando as estatísticas do Programa Carne Angus Certificada que passo a compartilhar com vocês neste momento, fico orgulhoso do trabalho realizado ao longo de sua ainda jovem trajetória, de pouco mais de 10 anos. Trabalho este construído com dedicação abnegada de muitos associados, diretores e funcionários, que acreditaram no ideal de produzir carne de qualidade, de valorizar o produtor rural e de integrar a cadeia da carne na busca de soluções focadas na demanda do consumidor. O início, em 2003 Do ano de 2003, quando conseguimos literalmente juntar pouco mais de 1.000 animais Angus por mês para iniciarmos um pequeno e audacioso projeto na planta de Bagé/RS, em parceria com o então Frigorífico Mercosul, até os Foto: Angus/Divulgação dias de hoje, olho para trás e vejo o quanto avançamos. Não bastasse nosso elevado grau de profissionalização e controles em nível internacional, chancelados pela Ausmeat/Ausqual, alcançamos importantes volumes de produção. No primeiro semestre de 2012, abatemos um volume aproximado de 100 mil animais Angus em nossas unidades industriais, um crescimento de 25,47% comparado com o ano anterior e mais de 16 vezes maior quando comparado com o mesmo período do ano de 2003. Quanto aos volumes de produtos comercializados, comparo os modestos 2.500 kg de carne Zaffari Em apenas 10 anos, nosso programa de carnes constrói uma trajetória de sucesso Aangus que entregávamos no primeiro mês de comercialização no Zaffari Higienópolis, em Porto Alegre/ RS, em março de 2004, aos mais de 367 mil kg de média mensal comercializados no primeiro semestre deste ano. Estes números representam 2,5 vezes o volume comercializado no mesmo período do ano passado. Os números por si só já impressionam, mas o que mais me alegra e estimula a trabalhar por nossa Carne Angus é ver que no decorrer deste período nossos padrões de qualidade, seriedade, objetivos e valores permaneceram inalterados. Prova disso é que nas últimas palestras que apresentamos recuperamos uma lâmina dos objetivos de nosso Projeto Angus Reiter Premium que utilizamos em uma rodada realizada no interior do Rio Grande do Sul (Pelotas, Bagé, L i v r a m e n t o, Alegrete), nos primórdios de nosso trabalho, durante o ano de 2003, quando dizíamos a pequenas platéias de produtores: estamos buscando remuneração diferenciada pela qualidade de nossos animais. Hoje, com ganhos reais aos pecuaristas dos estados do RS, PR, SP, GO, MS e MT, nosso trabalho fica bastante facilitado, pois a valorização pelos animais com genética Angus é fato consumado. Em muitas regiões, chegamos a percentuais de 10% a 16% sobre o valor do kg, com machos e fêmeas sendo pagos na mesma base, além dos resultados dentro da porteira, que são unanimidade entre produtores de todo o País, seja na raça pura ou no cruzamento industrial. Preparados para o futuro Os desafios cresceram, mas agora com a experiência que temos, apoiados por uma associação de criadores (a Angus Brasil) unida, um Comitê Carne Angus que fornece o alicerce para nossa estrutura e por 25 profissionais que vivem nosso programa dia-a-dia nas unidades industriais de todo o Brasil, estamos preparados para um futuro ainda mais promissor. Hoje nossos desafios são a busca dos mais exigentes e valorizados mercados do mundo para nosso Brazilian Certified Angus Beef e a valorização de nossa carne como um todo, agregando ainda mais valor ao animal com Genética Angus e fidelizando consumidores por onde passar nossa Carne. Fica o convite para conhecerem de perto toda esta trajetória e a história de sucesso de cada um de nossos parceiros no IX Workshop da Carne Angus durante esta Expointer. Até a próxima edição! Diretor do Programa Carne Angus Certificada

4 CARNE Frigorífico Silva: Aos 40 anos, é o campeão de abates no Rio Grande do Sul Por Alexandre Gruszinski Ao completar quatro décadas de atividades, o Frigorífico Silva esbanja modernidade em sua planta industrial, eficiência operacional e qualidade da carne que beneficia. Alcança um abate mensal de 11 mil cabeças de gado, ostentando o título de planta individual que mais abate no Estado gaúcho, segundo dados do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do RS Sicadergs. Com sua matriz muito bem instalada na cidade de Santa Maria, no centro do RS, e filial em Rio Grande, onde está um dos principais portos do País, o Frigorífico Silva desde 2009 se destaca como importante parceiro do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (Angus Brasil). Desde que ingressou no Programa Carne Angus, o Silva abate mensalmente uma média de 825 cabeças de novilhos chancelados An- gus. Para dar uma ideia da demanda de Carne Angus, o número de animais abatidos pelo Frigorífico Silva ainda é menor que a demanda de cortes diferenciados para os clientes que o Silva abastece. O Rio Grande do Sul possui demanda e grande potencial para atender os novos nichos de mercado que a empresa vem abrindo desde que iniciou a parceria com a Carne Certificada Angus Brasil. A entressafra do produto, aliada à estiagem que se abateu sobre o solo gaúcho no primeiro semestre, são, em parte, responsáveis pela oferta insuficiente de animais para abate no padrão do Programa Carne Angus. Mas a causa maior é mesmo a insuficiência na produção de novilhos para atender a uma demanda que vem crescendo em ritmo mais que acelerado, destaca o diretor presidente do Frigorífico Silva, Ivon Silva. A parceria com o Programa Carne Angus Certificada, nos abriu mercados em Porto Alegre e em São Paulo. Também nos ajudou a ampliar a qualidade do frigorífico, para oferecer a garantia de uma carne de primeira linha, vinda de animais jovens, certificados, que originam muita procura nas casas especializadas em cortes nobres e empórios, relata Silva. Mas ele insiste numa constatação que é ruim, mas que também é boa: o aumento Fotos: Angus/Divulgação O ganha-ganha na relação está permitindo o crescimento da produção e dos mercados da demanda não vem sendo acompanhado por um aumento na oferta de novilhos ao frigorífico. Segundo Ivon Silva, para atender o atual mercado consumidor dessa carne diferenciada, seria necessário no mínimo o abate duas mil cabeças/ mês de animais chancelados, e tanto a planta industrial quanto o mercado poderiam absorver ainda mais um mil animais mensalmente, garante o dirigente. Ganha-ganha Para o diretor do Programa de Carne Certificada, Reynaldo Titoff Salvador, a importância do Frigorífico Silva na consolidação do Programa Carne Angus na região central do Estado gaúcho e o grande trabalho que a empresa vem fazendo de difusão dessa carne de qualidade para os Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, representa na verdade um verdadeiro ganha-ganha. Ganha o Programa Carne Angus e a raça Angus tendo como parceira uma indústria preocupada em atender com produtos de qualidade a seus clientes e também em ampliar mais e mais seus mercados, e ganha o Frigorífico Silva, que conta com a certeza de ter em suas linhas de matança um gado de qualidade realmente superior, o que está em acordo com as metas da indústria, sintetiza o dirigente. Salvador esclarece que a momentânea escassez de novilhos Angus, caracterizados dentro dos padrões do Programa Carne Angus, deve-se especialmente ao enorme crescimento da demanda por este tipo de animal em todo o Brasil. Mas os técnicos do Programa Carne Angus já estão em campo atuando forte na área de fomento tanto junto aos produtores já cadastrados no programa quanto no preparo de novos geradores de novilhos nas condições exigidas, noticia. >>>

CARNE 5 Fotos: Angus/Divulgação Qualidade Reconhecido como um frigorífico que sempre primou pela qualidade dos seus produtos, o Frigorífico Silva foi o primeiro no Brasil a embalar carne a vácuo e a buscar a carne de novilhos jovens, investindo diferencial do atendimento a um público consumidor mais exigente em cortes de carne. O Programa Carne Angus Certificada chegou para nós como uma continuidade do crescimento de nossas diretrizes de exigência em qualidade, diz o diretor comercial, Gabriel Moraes. Segundo traduz, foi o reconhecimento de uma semelhança de propósitos entre uma raça internacionalmente reconhecida pela excelência da sua carne, junto com um programa da raça que visa enaltecer essa qualificação, e um frigorífico diferenciado com sua constante preocupação com a qualidade dos seus produtos. Moraes observa que no Silva está em andamento o desenvolvendo de um trabalho visando agregar valor às partes menos nobres da carcaça. E à medida que for sendo obtido êxito com este projeto, estarão criadas as condições de aumentar ainda mais a tabela de bonificações pagas aos produtores de novilhos Angus chancelados, anuncia. Temos que estender o mix de cortes com valoração, porque quando aumentar a demanda pelos demais cortes com agregação de valor, aí será possível bonificar mais, esclarece o dirigente. Ele dá alguns exemplos, como o desenvolvimento de cortes de dianteiro, como peixinho, acém porcionado e outros, e já estão conseguindo agregar valor a essas peças. Com relação aos cortes nobres; picanha, alcatra, maminha, filé mignon e entrecot, Moraes reforça que a procura é muito maior do que a quantidade de animais chancelados pode atendêla. Chegamos a aumentar o preço desses cortes para reprimir a demanda e ainda assim muitos clientes querem mais e mais este produto, informa o dirigente. Ele conta, por exemplo, que uma grande rede de supermercados de Santa Catarina, com 20 lojas naquele estado e duas no Paraná, quer ser abastecida com estes cortes de primeira. Mas o Silva só consegue atender as duas lojas do Paraná, porque ainda não tem novilhos suficientes para satisfazer toda a demanda. A mesma situação ocorre com outro grupo de São Paulo, que também está na fila de espera para um contrato de abastecimento dos cortes nobres. Motivação dos criadores Diogo Soccal, responsável pela compra de gado do Frigorífico Silva, destaca que a tabela de bonificações da empresa, que era de 3% a 6% sobre o preço dos animais, com a vantagem de igualar as fêmeas ao preço dos machos, e mais a bonificação, foi ampliada para até 10%, visando motivar os criadores. Primamos por carnes de qualidade, vindas de um gado diferenciado, animais jovens, certificados, com Novos cortes porcionados já estão agregando valor às peças tradicionais bom acabamento como os novilhos Angus e isto vem causando uma demanda cada vez maior do mercado por este tipo de produto, revela Soccal, que está em busca de novos fornecedores de animais, justamente para ter mais oferta. Temos qualidade de indústria, de pessoal operacional, qualidade de cortes nobres, controle de qualidade dos animais que são abatidos e animais de alto padrão que são os certificados. Só precisamos de maior oferta de novilhos do Programa Carne Angus Certificada para abate e atendimento das enormes e crescentes demandas, conclui ele. Com Angus, novos nichos A conquista de novos segmentos no mercado. É o que garante Ricardo Vaz, encarregado dos programas de qualidade do Frigorífico Silva. Ele aponta para a importância da parceria com o Programa Carne Angus Certificada, que se por um lado vai ao encontro da cultura empresarial do frigorífico, focada em qualidade, por outro abriu novos nichos de mercado, agregando ainda mais valor ao produto. A partir da adesão ao Programa Angus, não vendemos apenas carne, vendemos um produto diferenciado, cortes nobres de animais jovens e certificados, um produto que está sempre em falta no mercado porque a demanda é costumeiramente maior do que a oferta, avalia Ricardo Vaz. Capacidade em alta A planta industrial do Frigorífico Silva abate atualmente 550 cabeças de gado/dia, sendo 80% animais de quatro dentes e o restante entre cinco e seis dentes. Uma ampliação das instalações do frigorífico que está sendo realizada vai elevar a capacidade para o abate de 750 cabeças/dia e 14 mil cabeças/mês. 20% da produção da planta é destinada a exportação, sendo os maiores mercados a Rússia o Egito e Hong Kong. Mas o frigorífico está habilitado a exportar para 68 países.

6 CARNE Cruzamento com Angus é lucro certo! Os resultados financeiros obtidos com os cruzamentos realizados com a raça Angus são indiscutíveis. Os fatos mostram, as estatísticas comprovam e a palavra de criadores e técnicos reconhecidos e experientes garante. É o que trazemos nesta reportagem com as declarações e os dados apresentados por quem cria Angus, cruza com Angus e, como conseqüência, tem rendimentos maiores e mais rápidos nos investimentos. Ouvimos o criador Valdomiro Poliselli Junior, titular da VPJ Pecuária, de Jaguariúna, SP; Luis Cláudio Lemieszek Pereira, proprietário da Estância Santa Cecília, de Dom Pedrito, RS, o PhD em Manejo Reprodutivo de Bovinos e Professor da Ufrgs, Júlio Barcellos e o Integrante do Conselho Técnico da Angus Brasil e jurado consagrado, Roberto Vilhena, sobre o assunto. Todos são unânimes na resposta de que os resultados são comprovadamente vantajosos. Fotos: Angus/Divulgação de muitos anos convivendo Depois com as verdadeiras realidades do Angus no Centro Oeste brasileiro, tanto com a raça pura como com os cruzamentos com Angus, na cria, recria e engorda a pasto e no confinamento, adquirimos certa experiência no assunto. Consideramos a raça Angus a mais produtiva e fértil entre todas as outras européias ou zebuínas. E é no cruzamento com o zebu que o Angus mostra sua maior capacidade de transferência dos valores econômicos e zootécnicos. Se considerarmos que o Brasil tem o maior rebanho zebu do mundo, então temos aí a receita ideal para o sucesso. A cada ano o poder de compra e o acesso à informação do brasileiro e de outros povos aumenta vertiginosamente. Com isso temos um outro cenário que endossa a certeza da necessidade de produtos de alta qualidade, como o produto carne, produzida de forma barata em todas as regiões do País. O maior exemplo de sucesso a ser seguido na produção de proteína no mundo é o frango, que através da pressão genética e sistemas de produção intensificados, se tornou um case de sucesso. É neste mesmo caminho que poderemos trilhar o nosso futuro na produção de carne vermelha, que através do cruzamento com o Angus de genética realmente melhoradora e com sistemas de produção modernos e intensificados poderemos multiplicar os volumes produzidos, aumentando a quantidade com um grande diferencial, estaremos oferecendo ao mercado o melhor produto do mundo, reconhecidamente, enfatiza Valdomiro Poliselli Junior. Ganho de duas arrobas na desmama Para Poliselli Jr, um dos grandes benefícios do cruzamento com Angus está no peso de nascimento e peso na desmama. Geralmente os bezerros cruzas Angus nascem pequenos, mas crescem de forma vertical até a desmama, aos sete meses de idade, época que possuem a maior capacidade de desempenho e o menor custo de produção, pois são alimentado pela mãe, sendo que a maioria das desmamas de cruzas Angus deixam a teta da mãe com peso por volta dos 230 kg para fêmeas e 250 kg para os machos. Aí esta um grande diferencial de lucratividade. Mais de 2 arrobas por animal se compararmos com uma desmama de nelore comercial, garante o criterioso pecuarista. Júlio Barcellos Concorrer com as espécies de ciclo curto Valdomiro destaca outro benefício considerado revolucionário. A possibilidade que os animais cruzas Angus dão ao produtor de eliminar a recria, que ocupa grandes áreas de pasto, e retarda a volta do dinheiro investido. Em muitos casos os animais emagrecem e perdem peso após a desmama. A possibilidade de confinamento direto pós desmama, coloca os cruzas Angus em igualdade com as espécies de alto desempenho e ciclo curtíssimo, como o caso já citado do frango, do suíno e do peixe, diz. Guardando as proporções, os cruzas Angus conseguirão concorrer em tempo com as espécies mais eficientes e de ciclo rápidos do mundo, com o diferencial de produzir carne nobre para um público de alto poder aquisitivo, garante o titular da VPJ. Abate aos 14 meses com grandes lucros No programa de abate de animais cruzas Angus certificados pela Angus Brasil da VPJ Angus Beef, empresa que opera há oito anos no mercado de carnes nobres, um número crescente de fêmeas e machos cruzas Angus são abatidos aos 14 meses de idade. Quando um pecuarista brasileiro imaginou abater animais nesta idade, num País que a média nacional da idade de abate esta >>> Valdomiro Poliselli Junior

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8 CARNE Fotos: Angus/Divulgação que quando se avaliam os produtos de cruzamentos entre zebuínos (Nelore) e a raça Angus. A superioridade pode alcançar até 20% no número de bezerros desmamados, afirma o especialista. Para simplificar, Barcellos apresenta um quadro síntese das vantagens do cruzamento do Angus com o Nelore. por volta dos 42 meses?, questiona Valdomiro. O peso médio destes animais é outro fator de relevância, ficando as fêmeas na casa das 14.5 arrobas, machos na casa das 16.5@, e com quase 100% de aproveitamento da carcaça em termos de acabamento, cobertura de gordura com um excelente grau de marmoreio entremeado, que resulta no grande diferencial dos cortes nobres. Com o incremento que o Programa Carne Angus Certificada deu ao mercado, aliado às características já descritas sobre os cruza Angus, resulta que o produtor envolvido com este sistema de produção ganha mais dinheiro justamente num momento em que a pecuária tradicional vem perdendo espaço para a maioria das outras atividades do campo. Os que utilizam a genética Angus ganham realmente dinheiro, garante Valdomiro. Façamos as contas: se boi cruza Angus abatido aos 14 meses com 16.5 arrobas já considerando um rendimento de 56% a uma arroba de mercado de R$ 90,00, mais a premiação de 10 % recebido pelo programa de certificação Angus, o produtor terá um faturamento de R$ 1.633,50 por boi, mesmo valor que receberia por um boi comum abatido aos 42 meses de idade com 18@ de peso considerando 53% de rendimento, praticamente 2 anos e 2 meses de diferença de tempo. Esta é a verdadeira pecuária moderna. O futuro já chegou, e está ao alcance de todos os produtores que tiverem a percepção de que o momento é este pelos resultados e pelo crescimento acelerado do mudo consumista de produtos superiores, argumenta o selecionador, matando a cobra e mostrando o pau. Outras características que o Angus incrementa na pecuária são também citadas pelo experiente proprietário da VPJ. Ele menciona a utilização da fêmea cruza Angus na reprodução, retirando-se dela duas crias desmamadas de alta qualidade e enviando-a para o abate com idade aproximada de 43 meses com peso acima de 20 @. Já se consegue em muitos frigoríficos cotações a preço de boi, o que daria a uma arroba de R$ 90.00 com rendimento de 54% um valor de R$ 1.800,00, deixando para o proprietário mais dois produtos de excepcional qualidade,que se considerarmos um macho e uma fêmea produzidos e vendidos na desmama a preços de atuais ( macho a R$ 950,00 e fêmea a R$ 800,00), o produtor teria um faturamentos bruto com esta vaca de R$ 3.550,00. Ele lembra que o período é praticamente o mesmo da média nacional de abate já citada, onde o produtor fatura com um boi comum por volta de R$ 1.600,00, portanto os números mostram as verdadeiras vantagens para o produtor que utiliza a cruza Angus como ferramenta para fazer dinheiro na propriedade, sentencia o pecuarista. Lucro garantido de 10% no final do processo A introdução do touro Angus em qualquer cruzamento gera uma série de fatores no rebanho, que Produtor, invernador e frigorífico se beneficiam com cruzamentos com Angus irão resultar em ganhos de até 10% a mais no final do processo de produção. O destaque é do pecuarista Luis Cláudio Pereira. Experimentado criador de Angus, ele reforça que os resultados superiores não vão apenas para o bolso do criador, mas beneficiam todos os envolvidos nas etapas da cadeia de produção. Tanto o produtor, quanto o invernador e o frigorífico se beneficiam com os resultados dos cruzamentos com a raça Angus, explica o pecuarista. A razão está no diferencial superior Roberto Vilhena de características que a raça tem a capacidade de produzir e que são mencionadas por Luis Cláudio. A introdução de um touro Angus comprovado num rebanho produz com toda a garantia características como aumento da fertilidade nas fêmeas, precocidade sexual com fase de acasalamento mais cedo, habilidade materna e maior capacidade de aleitamento. Com isso se obtêm terneiros mais precoces, leves ao nascimento mais pesados no desmame, o que permite um abate em menos tempo e ainda obtendo uma valorização no preço da carcaça junto ao frigorífico, que bonifica em até 10% os produtos dentro do Programa de Carne Angus Certificada. Paralelamente a tudo isto, continua ele, o criador ainda consegue uma considerável economia no que diz respeito à alimentação dos animais, que tem maior suprimento de leite materno, se aprontam mais cedo para o abate, com uma carne macia e gordura entremeada (o marmoreio), o que gera um sabor característico e muito apreciado. Resultados comprovados na desmama O professor Júlio Barcellos destaca que os resultados de cruzamentos no Brasil demonstraram ganhos consideráveis em produtividade em muitos indicadores zootécnicos, em particular na taxa de desmama. Estes resultados merecem desta- Na cria: Fêmeas: redução na idade de acasalamento em até 6 meses, devido à maior precocidade sexual; maior peso na desmama, devido à maior produção de leite e aumento a taxa de prenhes pela maior versatilidade metabólica - 15-20% no sul; 4-8% no Brasil Central. Bezerros: maior valorização na comercialização: mercado mais amplo e bezerros mais pesados, menor tempo de recria e engorda. Na terminação: maior rendimento de carcaça (2-5%) tanto para machos como para fêmeas; destino exclusivo ao mercado de carnes com marcas para nichos consolidados e em consolidação; maior precocidade de deposição de gordura alcançando o mínimo exigido pelo frigorífico em menos tempo (15-20 dias menos), com menor custo com alimentação e maior taxa de ganho de peso e conversão alimentar - entre 3 a 5% superior. Já o técnico e jurado Roberto Vilhena, destaca que os meio sangue, resultado do cruzamento do Angus com as raças zebuínas, devido aos fatores genéticos transmitidos pelo Angus, tem maior facilidade para ganhar peso comparativamente a outras raças e cruzamentos. Nas fêmeas o criador ganha até seis meses no tempo para a inseminação e tanto machos quanto fêmeas podem ser abatidos até antes os aos 18 meses com um bom manejo, ou aos 22 ou 24 meses totalmente a pasto. Vilhena também lembra que as fêmeas meio sangue Angus quando usadas para matrizes são excelentes mães, com bom aleitamento e facilidade nos partos.

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10 MELHORAMENTO GENÉTICO Fotos: Angus/Divulgação Qual é o melhor touro? Façam suas apostas! Mesmo com todos os cuidados técnicos modernamente conhecidos, a genética ainda continua sendo uma verdadeira caixa preta! E na briga com a produção pecuária em escala, com o futuro, com os técnicos, os frigoríficos e o mercado, o criador é obrigado a fazer suas apostas, na hora da compra os touros novilheiros no número que acha que precisa, especialmente nas cabanhas, durante a temporada dos leilões da Primavera, que já, já estão aí. Por Eliana Freitas Mainieri A máxima é, a partir da utilização de todas as ferramentas de avaliação e técnicas conhecidas, tentar reduzir as margens de erro, na hora dessas escolhas. Muitos, inclusive, fazem suas opções antes do pregão, com base nos dados divulgados nos catálogos. Outros muitos criadores fazem seus lances assessorados por técnicos experientes, que examinam a ficha do bicho (analisam a genética, os dados de performance, DEPs, etc....), e indicam a compra do touro de acordo com as necessidades do rebanho que o macho vai cobrir. Buscando as características economicamente importantes que o produtor precisa inserir em seu rebanho. E é óbvio que ainda existem aqueles produtores mais resistentes, que des- consideram e até se enrolam ao ler os dados dos animais (que chamam daquele monte de números e siglas), e acabam escolhendo a tourada na pista do leilão através do velho exame visual, com um olho arregalado e o outro meio fechado: é a chamada técnica do vistaço, uma loteria. Tá certo que aquela máxima dos antigamentes, do cuera que se levanta na arquibancada do remate, e com todo o orgulho de ter vencido o lance, diz ao leiloeiro: me separa ali o grandão, escolhendo o maior touro, o mais alvissareiro, como sendo o melhor, já vai mesmo bem longe... Mas como diria o dono do bufê: sirvam-se, senhores... E leiloeiro alerta: atenção à pista, que vamos começar a venda... Critérios técnicos Quando vamos a um leilão, recebemos uma porção de dados sobre os animais oferecidos e que deverão ser utilizados da melhor forma possível. Mas como fazer bom uso desses dados para não errar na escolha do animal? A pergunta que não quer calar é facilmente r e s p o n d i - da por Tito Mondadori, técnico da Angus Brasil, responsável pelo fomento da raça e diretor técnico do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (SP). Nos leilões de reprodutores é costumeiro recebermos os dados de um ou mais Programas de Melhoramento do qual os touros que estão sendo ofertados participaram. Esta é uma ferramenta de muita valia e que o comprador deve utilizar. São informações que cientificamente garantem ao produtor obter os resultados de que necessita para melhorar a eficiência de seu rebanho, sentencia o experiente técnico. Tito alerta, no entanto, que tão importante quanto o Programa é a interpretação dos dados do mesmo. Sugiro àquele produtor que não tenha o domínio dessa interpretação, que solicite a orientação de um técnico da Angus de seu relacionamento, ou do que esteja no local, designado pela Angus nos leilões chancelados, para prestar esta ajuda. O que se pode garantir ao produtor é que através da utilização destas ferramentas ele alcançará os r e s u l t a d o s d e s e j a d o s Tito Mondadori com muito mais rapidez, tornando seu negócio mais eficiente, foco de todo o empresário. E caso o comprador opte por não procurar um técnico, ele deve ter em mente, em primeiro lugar, o que está procurando para o melhoramento de seu rebanho: melhor qualidade materna de suas vacas, obter um novilho mais pesado na fase adulta ou um terneiro mais pesado, etc. E para ter certeza dos resultados, o criador/comprador tem que saber utilizar os dados apresentados. Os números nos Programas de Melhoramentos são verdadeiros. O touro tem que se dar a nota!, garante. Entre os exemplos citados por Mondadori como importantes para o Programa de Melhoramento do rebanho, está a utilização correta do touro indicado para acasalamento de novilha de primeiro parto, período de desmame do animal mais cedo ou mais tardio, qualidade de carcaça, velocidade de acabamento, entre outros. É fundamental também, conforme explica, que o dono adapte a nova aquisição à realidade de seu rebanho. Tito Mondadori lembra que cada região mantém suas características, e que enquanto no Rio Grande do Sul as feiras e leilões visam geralmente à reposição do rebanho, em estados como São Paulo elas se voltam mais para animais destinados à produção de carne, gerando com isso maior retorno financeiro ao produtor. >>>

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12 MELHORAMENTO GENÉTICO Primeiro a definição de objetivos Saber definir com clareza o objetivo que deseja atingir com o reprodutor é o grande segredo na hora da compra do touro, segundo a presidente do Conselho Técnico da Angus Brasil, Susana Macedo Salvador. Ou seja, a partir do estabelecimento do tipo de característica a ser introduzida ou melhorada no seu rebanho (ganho de peso, fertilidade, carcaça, etc.), o produtor ou técnico deve partir para a utilização de todas as ferramentas existentes no mercado para identificar o foco desejado. A escolha de um bom animal recai, em primeiro lugar, sobre as garantias sanitárias e reprodutivas, através de exames andrológicos e calendário de vacinação em dia. Conforme Susana, que além da formação técnica, também é selecionadora, outro item importante a ser avaliado é a origem dos animais, considerando-se a ocorrência de plantas tóxicas e de doenças regionalizadas. Por isso é sempre vantagem adquirir animais Fotos: Angus/Divulgação Susana Macedo Salvador com condições ambientais parecidas com a sua, evitando transtornos, aconselha. Feito isso, o produtor deve partir em busca das características para melhoramento de seu rebanho, quais sejam: - Avaliações genéticas disponíveis no mercado: significam que o produtor poderá escolher dentro das características avaliadas com DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) quais as desejadas para serem avaliadas no seu rebanho. Na prática, isso quer dizer que o produtor pode definir por mais DEP de peso ou de desmame, conforme sua conveniência. Outro exemplo é a escolha por animal de DEP de baixo peso ao nascer quan- TÉCNICOS CREDENCIADOS Utilize os serviços do Corpo Técnico da Associação UF CIDADE NOME TELEFONES PR Arapongas Antônio Francisco Chaves Neto 43 3275.1811 / 43 9972.0309 SC Lages Aristorides Tadeu Ribeiro de Melo 49 9146 5455 SC Lages Adevolmir Silva 49 8839 7790 RS Porto Alegre Dimas Correa Rocha 51 9904.3356 RS Bagé Fábio Azeredo 53 9946.6031 RS Porto Alegre Fernando Furtado Velloso 51 3392.6502 / 51 9835.8100 RS Alegrete Flávio Montenegro Alves 55 3422.7595 / 55 9974.3024 RS Vacaria Ivan Pedro Verdi Guazzelli 54 9117.0773 RS Cachoeira do Sul Joel Rocha Scroferneker 51 3724.2495 / 51 9975.1985 do houver fêmeas com problema de parto. Assim, se o criador desejar melhorar o peso final do animal, vai buscar touro com bom índice final (DEP final positivo); se quiser melhorar a fertilidade vai buscar DEP de perímetro escrotal. E depois ele pode também associar os dados de DEP de carcaça, através da ultrassonografia, refletindo diretamente no bolso do produtor, pondera Susana Salvador. Ela explica ainda que uma das grandes queixas dos frigoríficos é o baixo acabamento de gordura, que pode ser incrementado buscando animais com maior espessura de gordura subcutânea, buscando como referência a DEP de gordura. É preciso definir com clareza o objetivo a atingir com o reprodutor a ser adquirido - Orientação de buscar animais registrados, e de preferência animais de dupla marca (PP no caso de Pedigree) e CACA no caso dos animais puros controlados, pois estes já passaram por uma inspeção técnica, tendo a garantia da Angus Brasil e a certificação de elite no melhoramento genético. Vencidas as questões genéticas e reprodutivas, é necessário avaliar a questão do biótipo, principalmente relacionado à funcionalidade, salienta a presidente do Conselho Técnico da Angus Brasil, ao mesmo tempo em que defende a busca por auxílio técnico visando garantir a melhor escolha. A inseminação também é defendida por ela para dar um uso intensivo a um touro mais consistente, pois estes reprodutores já têm dados de progênie, o que garante maior confiabilidade a este gado. Mas não é apenas na hora da compra que os cuidados devem ser tomados. Ao chegar na propriedade, o touro deve passar por uma adaptação antes de começar a trabalhar, com técnicas de manejo que lhe permitam acostumar com as condições climáticas da região sem grandes alterações à sua rotina. Para isso também o DEP de pelame é importante, uma vez que animais de pelo mais curto têm melhor adaptação às mudanças do clima, ressalta Susana Salvador. Beleza pode ser só externa As aparências enganam. E muito!, sai dizendo o jurado internacional de Angus Flávio Montenegro Alves. Segundo explica, muitas vezes a beleza é apenas externa, e o resultado de uma decisão baseada no aspecto visual pode resultar em prejuízos incalculáveis ao produtor, por anos. Por isso, Flávio Alves, Técnico da Angus Brasil e também selecionador / criador, reafirma que a escolha de um animal deve ser baseada na consistência técnica apresentada pelas DEPs, aliada à idoneidade da fonte selecionadora. É importante conhecer a fundo a ficha através da avaliação de linhagem, fenótipo, etc., que farão o desempate em caso de dúvida gerada pela aparência. Ele chama a atenção que procurar evidenciar a parte sanitária é importante e que o leiloeiro também tem a obrigação de informar sobre contatos do animal com carrapatos e plantas tóxicas. Flávio Alves UF CIDADE NOME TELEFONES RS Cachoeira do Sul José Carlos Guasso 51 9602.0365 / 51 9995.8189 RS São Borja Josemin de Lima Guerreiro 55 3431.6497 / 55 9977.6644 PR Cascavel Luis Augusto Copetti 45 9972.3425 RS Pelotas Luiz Sérgio Santos de Faria 53 3225.3805 / 53 9983.0813 RS S. do Livramento Luiz Walter Leal Ribeiro 55 9112.3916 / 55 3242.1312 RS Sto. Antônio Patrulha Pedro Adair F. dos Santos 51 9837.6501 / 55 9969.1464 SP S. J. do Rio Preto Rednilson Morelli Goes 17 9201.9181 RS Uruguaiana Renato Pinto Paiva 55 3412.5339 / 55 9977.7281 SP Promissão Tito Mondadori 14 8147.7797 >>>

13 EDITORIAL

14 MELHORAMENTO GENÉTICO Na escolha, todo cuidado é pouco Foto: Eduardo Rocha/Visual Investir na qualificação do rebanho não pode ser um investimento feito no escuro. Requer segurança no momento de adquirir material genético, em especial touros e sêmen, com informações de avaliação genética. O alerta é do Técnico e Coordenador do Promebo (Programa de Melhoramento Genético de Bovinos de Corte), Leonardo Talavera Campos, destacando a necessidade de trabalhar com profissionalismo, conhecendo o seu negócio e seus fornecedores de genética aditiva. É preciso evitar o excessos de romantismo, comenta. O Coordenador do Promebo explica ainda que a inseminação artificial (IA) ainda é uma ferramenta das mais poderosas para se fazer melhoramento genético nos rebanhos de gado de corte, e aconselhou a ser usada na maior intensidade possível. E ele vai além: Use intensa e predominantemente touros de alta acurácia, de menor risco, mas use, também, um grupo de touros jovens promissores quanto às suas informações de avaliação genética. Talavera Campos indica que antes de selecionar um pai de rebanho com base nas DEPs e/ou índices de seleção, é importante definir os objetivos de seleção a curto e a longo prazos. E lembra algumas orientações indicadas pelo Comitê de Melhoramento da ABA (Associação Brasileira de Angus): - Usar as DEPs conforme seus objetivos de produção e genética do rebanho. - Para facilidade de parto: usar touros com DEPs moderadas para peso ao nascer. - Para produção de terneiros: usar touros com Foto: Horst Knak/Ciranda Leonardo Talavera Campos DEPs positivas a desmama. - Para produção de novilhos: usar touros com DEPs positivas ao sobreano e com atenção também para os dados de conformação, precocidade e musculatura (COM) e de ultrassom (área de olho de lombo, espessura de gordura de cobertura e marmoreio). - Para incrementar fertilidade: usar touros com alta DEP para perímetro escrotal. Profissional experiente, o Coordenador do Promebo fornece mais algumas dicas de como usar a DEP na seleção: (1) Compare dois touros somente pela diferença entre suas DEPs. Os valores absolutos, na verdade, não são de grande relevância. (2) As DEPs são dinâmicas, se alterando a cada avaliação. Exija as mais atuais possíveis. (3) Touros jovens, com poucos ou sem filhos, têm DEPs de baixa exatidão. Avalie a produção de terneiros destes touros jovens e verifique se estão produzindo o necessário em seu rebanho. (4) As DEPs não são comparáveis entre raças ou mesmo entre avaliações genéticas diferentes. Critérios precisam ser técnicos O zootecnista Alexandre Zadra, da CRI Genética, explica que entre os critérios utilizados para escolha de touros Angus jovens estão rebanhos participantes de um Programa de Melhoramento da raça, e os animais que passam por prova de avaliação de desempenho próprio dentro de uma prova oficial. Eles também devem atender a características fenotípicas e de desempenho, com conformação equilibrada na carcaça, onde os animais devem apresentar proporcionalidade entre comprimento e profundidade corporal, demonstrando ainda boa musculatura para a raça, aprumos perfeitos e medidas de CE (circunferência escrotal) compatíveis com a raça. Damos preferência para touros de tamanho moderado (Frame entre 5,8 e 6,3), ressalta Zadra. Entre os demais tópicos analisados, segundo Zadra, estão as DEPs estimadas, onde são buscados animais que sejam pelo menos TOP 10% para DEPs de Peso ao Ano e TOP 20% para CE no Sumário da raça em seu país. A prova genômica, se estiver disponível, também é utilizada, com análise do perfil genômico do Foto: Divulgação/Angus Alexandre Zadra animal, dando preferência a animais superiores para Peso ao sobreano, carcaça e CE. Para escolha de touros provados são usados dois tipos de critérios: DEPs e ACC e Frame ou DEP Altura. No primeiro caso, o veterinário esclarece que são buscados touros para produzir fêmeas que sejam pelo menos TOP 10% para DEPs de Peso ao Ano, TOP 20% para CE e leite no Sumário da raça em seu país com ACC acima de 85%. Também analisamos DEP para Energia de mantença das fêmeas e precocidade sexual, caso haja essas DEPs em sua prova (Americana). Quando selecionamos touros provados para se produzir animais pesados e bem terminados, observamos DEPs de Peso, DEPs de carcaça e DEPs de eficiência ( Sumário americano). No caso de Frame ou DEP Altura, são buscados animais que tenham Frame moderado para produção de machos e fêmeas eficientes no campo, ou DEP de Altura que esteja próximo à média da raça de seu país, conclui Alexandre Zadra.

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16 MELHORAMENTO GENÉTICO Touros melhoradores fazem a diferença Sim. Com o tempo, os touros melhoradores realmente mudam geneticamente um rebanho, e para melhor, inserindo características buscadas e especialmente padrão de gado superior. A utilização desses touros Angus melhoradores num rebanho traz, indiscutivelmente, a curto, médio e longo prazos, resultados produtivos e financeiros, desde que esse touro tenha suas características alicerçadas em dados provados de Promebo. Esse touro entretanto, não pode ser fruto do acaso. Precisa representar o resultado de um trabalho de melhoramento genético, de modo a ser capaz de imprimir suas características genéticas melhoradoras nos rebanhos. Portanto, o diferencial a mais de um touro melhorador, comparado com um touro comum, é comprovadamente grande. E justamente por isto este touro é mais valorizado no mercado. Na desmama, os primeiros resultados Os ganhos imediatos, embora não possam ser matematicamente quantificados, porque dependem de cada touro especificamente, são estimados em cerca de 5% a 10% na expectativa de ganho de peso da sua progênie na desmama, sai dizendo o especialista Dimas Rocha, técnico da Angus Brasil e diretor da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária, de Porto Alegre/RS. O mais importante, porém, são os ganhos a longo prazo, lembra o técnico. Uma das características mais imediatas do uso desses touros comprovados é o ganho direto de quilos vivos no peso do terneiro desmamado. É com isto que se trabalha nas pautas, mas os ganhos indiretos são também muito mais importantes, argumenta Dimas. Para se obter estes resultados, tanto de curto quanto de longo prazos, enfatiza o técnico, tem-se que juntar as DEP s desses touros que necessariamente precisam vir de um rebanho que faça melhoramento genético com avaliação de Promebo, aliar dados de produção com avaliação fenotípica e direcioná-las a um objetivo. Com isso, a médio e longo prazos este animal vai inserir no rebanho, tanto nas linhagens maternas e paternas, genes para as características que o produtor deseja acrescentar a seu rebanho. Quem investe Foto: Eduardo Rocha/Visual em touros melhoradores, em genética, com o tempo vê os bons resultados, garante Dimas Rocha. Ganhos para o produtor Para o técnico da Angus Brasil, Antônio Francisco Chaves Neto (Toninho), a utilização de touros Angus melhoradores sem dúvida nenhuma traz ganhos para o produtor. Ele orienta que antes do produtor escolher um touro, deverá consultar a sua assessoria técnica para identificar o que ele realmente precisa melhorar, ou que características precisa adicionar a seu rebanho. A genética é a sintonia fina dentro de uma escala produtiva. Primeiro precisamos acertar toda parte nutricional, sanitária, de manejo, e quando tudo estiver redondo, a genética com certeza vai fazer a diferença. Podemos considerar que ela será o último degrau, salienta Toninho. Outra etapa importante, considera o técnico, é definir o que será feito com a produção, se o produtor é um vendedor de bezerros, um terminador a pasto, um terminador em confinamento, produtor de touros ou produtor de matrizes para reposição ou venda. Definidos os Foto: Horst Knak/Ciranda objetivos da produção, e com a tarefa de casa corrigida, então será feito a avaliação das matrizes para verificar o que precisa ser melhorado. Toninho diz ainda que outro ponto importante é a interpretação das provas dos touros melhoradores. Sempre que possível, dar preferência às provas em ambientes mais semelhantes, onde a sua progênie vai ser testada, pois a relação com o ambiente tem também um papel importante no desempenho dos animais, assegura o experimentado técnico. Quanto mais? Toninho diz que é possível quantificar o quanto a mais um touro melhorador irá melhorar, e dá um exemplo: se temos dois touros, um A é Dep 1 kg, e outro B é Dep +10 kg na desmama, a media da progênie do touro B na desmama será 9 kg mais pesada que a do touro A. Outro fator muito importante é que para identificar estes touros melhoradores, os animais jovens deverão ser testados através do teste de progênie, e para que isto ocorra dependemos de rebanhos colaboradores, onde serão utilizados em torno de 20% destes animais jovens, que irão fornecer dados para que os touros melhoradores sejam identificados. Não podemos esquecer, se estamos realizando um melhoramento, que os filhos sempre deverão ser melhores que os pais, então estes Antônio Francisco Chaves Neto animais deverão sempre ser testados e o que é mais importante, se são testados em ambientes semelhantes onde vão ser utilizados, os resultados serão mais confiáveis, garante o técnico. Toninho diz ainda que muitos se preocupam demais na escolha do touro melhorador, mas não dão condições para a sua progênie expressar o seu potencial genético. Ou o ambiente em que ele trabalha pode precisar de um animal com menor potencial. Isto é muito comum quando produtores dão muita ênfase na habilidade materna, vacas com boa habilidade são as que produzem mais leite, em contrapartida são mais exigentes em relação às pastagens em que são criadas, e se forem colocadas em pastagens razoáveis, irão perder condição corporal, realmente irão desmamar um bezerro mais pesado, mas não repetirão cria. Talvez fosse mais interessante produzir um bezerro um pouco mais leve, mas produzir um bezerro por vaca ao ano, recomenda Toninho. Ele assegura que sem dúvida nenhuma temos que usar touros melhoradores, mas usá-los sempre com orientação técnica. E não podemos nunca deixar de utilizar os touros jovens para fornecer dados para serem os touros melhoradores do amanhã, conclui com maestria o técnico da Angus Brasil. Dimas Rocha

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18 MELHORAMENTO GENÉTICO Genética Nacional Eu acredito Eloy Tuffi Com o aval do Conselho Técnico e da direção da Associação Brasileira de Angus (Angus Brasil), este espaço estará sempre aberto a todos os criadores e selecionadores de Angus que desejarem manifestar suas idéias e opiniões sobre este assunto. O resultado esperado é o contínuo aperfeiçoamento da genética nacional da raça, uma das metas que vem sendo perseguidas e incentivadas pela Angus Brasil. Nesta edição temos os argumentos do empresário Eloy Tuffi, titular da Fazenda MC, em Espírito Santo do Pinhal, SP, e do tradicional selecionador de Angus Joaquim Mello, proprietário da Cabanha Santa Eulália, em Pelotas, RS. Fotos: Angus/Divulgação O objetivo desta coluna do seu é apresentar objetivamente o pensamento de importantes selecionadores da raça que defendem o uso de genética nacional na seleção dos rebanhos Angus. ELOY TUFFI Fazenda MC Espírito Santo do Pinhal/SP Sou o campeão do Ranking Nacional e do Ranking Paulista de Angus. Procuro participar com meus animais das exposições importantes da raça e já tenho mais de meia dúzia de touros de minha cabanha contratados por centrais de sêmen, lembra Tuffi, com enorme orgulho. Segundo ele, no Brasil já temos uma genética Angus consolidada e de alta qualidade. São animais adaptados às nossas condições, ao nosso meio, que produzem bem e estão alinhados aos melhores do mundo. Mas ainda temos que trabalhar muito, temos muito o que fazer para aumentar cada vez mais a pressão seletiva e qualificar mais e mais nosso rebanho Angus nacional, diz. Tuffi destaca sobremodo o sucesso do Programa Carne Angus Certificada. É apenas o início e a exemplo do que já ocorre em vários países do primeiro mundo, vamos conquistar todo o mercado brasileiro de carne de qualidade, vibra o criador. Segundo ele, no Canadá, onde o Angus enfrenta oito meses de frio intenso, toda a carne é Black Angus. E com nosso clima, temos custos menores e é só questão de tempo para todas as pessoas se darem conta de que carne é Angus, garante Eloy Tuffi. JOAQUIM MELLO Cabanha Santa Eulália Pelotas/RS Acreditar na genética nacional Angus é uma realidade que vem sendo confirmada pelos criadores top da raça no Estado, como vem mostrando esta coluna. Nesta edição o experiente selecionador de Angus e produtor de rústicos por excelência Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, ex presidente da Angus Brasil e ex diretor do Programa Carne Angus Certificada, expõe sua opinião plenamente favorável à genética nacional. Ele solidifica a confiança no futuro do Aumentar a pressão de seleção e qualificar mais o rebanho nacional Angus brasileiro, mas sem descuidar a necessidade de uma constante busca pelo que existe de melhor na genética no exterior, para continuar o aprimoramento dos animais de ponta dos nossos criatórios. Eu não só acredito em nossa genética, produzida dentro do Brasil por criadores brasileiros, como inclusive tenho vários touros de produção da Santa Eulália contratados por centrais para coleta e comercialização de sêmen, argumenta. No Brasil o Rio Grande do Sul é o berço do Angus. Nós temos importado animais de ponta, detentores de alta genética, de todos os países do mundo onde esta raça se destaca: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Argentina, e que são detentores da melhor genética. Como resultado disso, hoje temos animais de qualidade genética comparáveis com os melhores do mundo. Com isso podemos usar esta genética nos plantéis tanto do Joaquim Mello e esposa Sul gaúcho como fora dele, e sempre teremos sucesso nos nossos criatórios e na produção, afirma o experiente pecuarista. Como prova das suas afirmações, Joaquim lembra que as centrais de inseminação artificial, há anos vem buscando e usando esta genética nacional de touros campeões, rústicos ou não, ofertando essa genética ao mercado para o aprimoramento e melhoria dos rebanhos. Estes animais, produzidos pelos nossos criadores, já se adaptaram aqui, ao nosso meio, e andam bem em qualquer lugar do Brasil, produzindo sempre ótimos resultados. Só não podemos nos esquecer que devemos sempre estar atentos e também buscar lá fora o que aparecer de melhor, para mantermos a genética dos nossos rebanhos alinhada à alta qualidade existente no mundo, sintetizou Mello.

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20 OPINIÃO DEP s das Características Avaliadas no PROMEBO Por Leonardo T. Campos As estimativas de valor genético das características avaliadas são apresentadas sob a forma de DEPs (Diferença Esperada na Progênie). Apresentamos algumas das características de interesse econômico para as quais são geradas DEPs: PESO AO NASCER (PN): é expressa em kg. A DEP PN é um importante preditor de facilidade de parto. Touros com altas DEPs para PN não são recomendados para novilhas de menor porte, com pequena abertura pélvica. Alertase que seleção para PN não deve ser conduzida para os extremos, pois as maiores taxas de sobrevivência perinatal são observadas quando os PN s estão próximos da média. GANHO DE PESO DO NASCIMENTO A DES- MAMA (GND): é expressa em kg. A DEP GND é um indicativo da capacidade do touro transmitir genes com efeito direto sobre a velocidade de crescimento do nascimento a desmama (205 dias) de sua progênie. DEPs elevadas são mais recomendadas para sistemas com boa disponibilidade de alimentos de qualidade. C O N F O R M A Ç Ã O, PRECOCIDADE, MUS- CULATURA E TAMANHO (CPMT) Estas características são importantes para se obterem animais mais equilibrados e produtivos. São avaliadas através de escores visuais na desmama (205 dias) e no pós-desmama (365 ou 550 dias), sempre de forma relativa à média do grupo contemporâneo. Os escores mais altos indicam presença mais marcante da característica. A conformação (C) avalia a quantidade de carne na carcaça. Esta característica é influenciada pelo tamanho (principalmente pelo comprimento) e pelo grau de musculosidade. A precocidade de terminação (P) avalia a capacidade de o animal chegar a um grau de acabamento mínimo de carcaça, com peso vivo não elevado, fixado pelo mercado. É importante combinar as precocidades de crescimento (ganho de peso) e de terminação para produzir animais equilibrados e obter a mesma classe de novilho num menor período de tempo. A musculatura (M) avalia o desenvolvimento da massa muscular como um todo, observada em pontos como antebraço, paleta, lombo, garupa e, principalmente, no traseiro. O tamanho (T) é um indicativo de altura e comprimento do animal. DEPs de CPM elevadas e DEPs de T moderadas, são desejáveis para uma maior e mais eficiente produção de carne em sistemas de ciclo curto. As DEPs são índices que estimam o valor genético das características avaliadas PELAME (Pm): avaliase o comprimento e espessura do pêlo. O pelame está relacionado com a capacidade de adaptação do animal ao ambiente. Pêlos curtos e lisos caracterizam animais com maior adaptação e também com menor infestação de carrapato. DEPs menores e negativas são as desejáveis. EFEITO MATERNO COMPOSTO SOBRE GND (HM): a DEP HM indica a capacidade de o touro transmitir às suas filhas tanto genes com efeito direto para crescimento, quanto genes relacionados à habilidade materna, que resultarão em efeito sobre a característica GND de seus netos. O efeito materno composto é obtido somando-se ½ do efeito genético direto ao efeito materno puro, desde que o touro tenha sido avaliado através do GND dos produtos de suas filhas. É importante lembrar que altas produções de leite requerem maiores exigências nutricionais e que touros muito negativos em HM podem estar indicando apenas ineficiência funcional ou falta de adaptação. Foto: Angus/Divulgação GANHO DE PESO DA DESMAMA AO SOBREA- NO (GDS): é expressa em kg. A DEP GDS indica o potencial genético do touro em transmitir genes com efeito direto sobre a velocidade de crescimento de sua progênie na fase pós-demama. GANHO DE PESO DO N A S C I - MENTO AO SOBREANO (GNS) é expressa em kg. A DEP GNS indica o potencial genético do touro em transmitir genes com efeito direto sobre a velocidade de crescimento de sua progênie, do nascimento ao ano ou sobreano (365 ou 550 dias). A DEP GNS é obtida somando-se as DEPs de ganho de peso do nascimento a desmama e ganho de peso da desmama ao sobreano. DEPs elevadas geralmente são desejáveis para sistemas com boa disponibilidade alimentar. PERÍMETRO ESCRO- TAL (PE): é expressa em cm. A DEP para perímetro escrotal (PE) é indicadora de precocidade sexual e, também, outra medida corporal da velocidade de crescimento. DEPs elevadas são desejáveis. ÁREA DE OLHO DE LOMBO (AOL): é baseada em medidas obtidas no sitio anatômico no espaço intercostal entre a 12/13ª costelas, medindo a área total do músculo longo dorsal e é apresentada em centímetros quadrados (cm²). Uma DEP positiva indica animais que podem produzir progênies com um maior rendimento percentual de cortes comerciais. ESPESSURA DE GOR- DURA SUBCUTÂNEA (EGS): é baseada em medidas realizadas no sitio anatômico entre a 12/13ª costelas e são dadas em milímetros (mm). Uma DEP positiva indica animais que podem produzir progênies com maior grau de acabamento ou que depositam maior quantidade de tecido adiposo em uma idade mais precoce. (ltcampos@terra.com.br) Coordenador Técnico PROMEBO