A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ALIADA À PRÁTICA PEDAGÓGICA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ARACAJU

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Transcrição:

A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ALIADA À PRÁTICA PEDAGÓGICA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ARACAJU CLAUDIA SORDI MARIANE DOS SANTOS FERREIRA LAVINIA VIEIRA DIAS CARDOSO EIXO: 24. EDUCAÇÃO E SAÚDE Resumo A promoção e a educação em saúde estão atrelados fortemente, sendo importantes para um processo educativo transformador. O objetivo deste estudo foi descrever uma ação fonoaudiológica no espaço escolar. Para tanto, foi realizada a Oficina de Consciência Fonológica desenvolvida em uma escola pública da zona norte de Aracaju/SE, a partir do aporte metodológico de Aspilicueta et al. (2009). Os resultados e a prática da oficina de Consciência Fonológica tem se mostrado motivadora para o processo da alfabetização. Observamos que as tarefas que os alunos mostraram melhor desempenho foram as relacionadas com a análise silábica. Apesar de resultados parciais, a possibilidade de construção conjunta de uma proposta de ação em prol da promoção da saúde na escola tem surtido efeito fortalecendo a parceria entre a Fonoaudiologia e a Educação. Palavras-chave: 1. Educação; 2. Fonoaudiologia; 3. Consciência Fonológica. Abstract: The promotion and health education are closely linked and are important for a transformative educational process. The aim of this study was to describe a speech action at school. Therefore, the Phonological Awareness Workshop developed in a public school in the north of Aracaju/SE was held from the methodological contribution of Aspilicueta et al. (2009 ). The results and the practice of Phonological Awareness workshop has proved motivating for the literacy process. We note that the tasks that students showed better performance were those related to the syllabic analysis. Although partial results, the possibility of joint construction of a proposed action on behalf of health promotion in schools has proven effective to strengthen the partnership between speech therapy and education. Key words : 1. Education ; 2. Speech ; 3.Phonological Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.1-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

awareness. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Consciência Fonológica (CF) é a capacidade metalinguística que permite analisar e refletir, de forma consciente, sobre a estrutura fonológica da linguagem oral, indo além da percepção auditiva e faz parte de uma capacidade prévia importante no desenvolvimento da linguagem escrita da criança, particularmente a alfabetização. Segundo Capovilla & Capovilla (2003) Consciência Fonológica envolve a capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar e segmentar mentalmente, e de forma deliberada, os segmentos fonológicos da língua. O seu treinamento pode gerar melhora na representação fonológica das crianças que tenham ou não problemas de aprendizagem. Permite a identificação de rimas, palavras que tenham início e fim com os mesmos sons, além de que manipulemos fonemas para que possamos formular novas palavras. Essas habilidades metafonológicas, segundo Moojen et al. (2003), podem se encontrar em três níveis diferenciados: consciência do nível da sílaba, das unidades intra-silábicas e do fonema, sendo assim dividida a Consciência Fonológica. Podem ser testadas por meio de diversas tarefas, tais como: segmentação, identificação, produção, exclusão e transposição em cada um dos níveis. Nascimento (2009), relata que a Consciência Fonológica pode ser dividida em dois níveis: o primeiro é que a língua falada é segmentada em unidades distintas, e o outro é que estas unidades podem se repetir em diferentes palavras. De acordo com Lamprecht (2012), a consciência fonológica é dividida em níveis, pois é uma habilidade contínua que se desenvolve em escalas. A autora classifica os níveis da Consciência Fonológica em: a. Nível de sílaba a criança é capaz de dividir palavras em sílabas. A sílaba é a unidade segmentada da palavra e consequentemente da fala, sendo deste modo mais acessível para criança do que as outras unidades. b. Nível das unidades intra-silábicas além da sílaba a palavra pode ser dividida ainda em outras duas unidades menores, neste caso as unidades intra-silábicas, como por exemplo, as unidades das palavras que dão origem as rimas (não - são). c. Nível de fonema compreende a capacidade de dividir a palavra em unidades menores ainda do que as outras duas supracitadas, que são os fonemas. Os fonemas são as menores unidades de som que dão sentido a palavra, quando modificado podem alterar significamente o sentido da mesma. Portanto esse nível se dá na criança quando ela já tem o reconhecimento de que uma palavra é um conjunto de sons, consequentemente um conjunto Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.2-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

de fonemas, que podem ser modificados, apagados ou translocados em uma mesma palavra. Esse é considerado o nível de maior dificuldade para a criança, se comparado aos outros. Lamprecht (2012) afirma que na leitura, para ter acesso ao significado das palavras, há duas possíveis rotas: a fonológica também chamada via indireta (VI) e a rota visual ou léxica, também chamada de viadireta (VD). A mesma autora ainda ressalta que a rota fonológica baseia-se na segmentação fonológica das palavras escritas, por meio da qual o leitor tem ao alcance a chamada consciência fonológica. Essa rota consiste em discriminar os sons correspondentes a cada um dos sinais gráficos que compõem a palavra. De acordo com a rota fonológica é possível ler todas as palavras de origem da língua portuguesa, já que a nossa escrita é alfabética. Essa rota permite o reconhecimento das letras, das palavras, além das suas transformações em sons. As funções da rota fonológica no processo de leitura são: identificar as letras através da análise visual; recuperar os sons mediante a consciência fonológica;pronunciar os sons da fala fazendo uso do léxico auditivo; chegar ao significado de cada palavra no léxico interno, que é o vocabulário. Lamprecht (2004) também relata que a rota visual ou direta como também é chamada, é uma rota muito mais rápida, pois permite o reconhecimento global da palavra escrita, sua pronunciação imediata, sem tornar necessária a análise dos signos em conjunto com seus significados. As funções da rota lexical são: analisar globalmente a palavra escrita, examinar visualmente; ativar as notações léxicas; chegar ao significado no léxico interno(vocabulário) e recuperar a pronunciação no caso da leitura em voz alta. Deuschle & Cechella (2009) afirmam que trabalhar com Consciência Fonológica significa trabalhar em conjunto com outros níveis de habilidades linguísticas operacionais, sendo assim falhas no seu desenvolvimento muitas vezes acarretam falhas em atividades que requer, por exemplo, o uso da memória, pois as informações linguísticas são armazenadas inicialmente na memória a curto prazo da criança. Componentes simples da Consciência Fonológica são auxiliares na aquisição das habilidades iniciais de leitura e escrita, sendo estes facilitadores para atividades que exigem maior complexidade. O papel da consciência fonológica sobre a aprendizagem da leitura e escrita é amplamente referenciado na literatura, assim como a importância no emprego de atividades de consciência fonológica de forma preventiva ou reabilitadora na fase inicial da alfabetização. No Brasil, de acordo com Freitas (2011) o método de alfabetização empregado são os dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), da Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação e Cultura (MEC), sendo este considerado inadequado e ultrapassado por países a fora como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido, que decidiram adotar oficialmente o método Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.3-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

fônico como o seu método de ensino. Essa decisão vem mostrando o seu resultado através das avaliações internacionais, com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, e diversos outros como os da UNESCO, ocasionando um custo absurdo aos discentes, sendo este classificado em último lugar nessas avaliações. Capovilla e Capovilla (2004) questionam que o insucesso escolar dos alunos não pode estar ligado somente às questões patológicas. E afirmam que o errôneo incentivo a uma abordagem ideovisual à aprendizagem de leitura e escrita a partir dos textos complexos traz um significante fracasso na questão da alfabetização no Brasil. Segundo estudo de Capovilla e Capovilla (2007), os PCNs instituem que a criança primeiramente deve atribuir significado ao texto, antes mesmo de interpretá-lo por decodificação e, em seguida por leitura lexical. Dessa forma, consequentemente a criança aprende a ler sem saber extrair a informação que o texto tem para lhe oferecer. Para eles, a ênfase não deve ser em unidades menores, no nível da palavra, mas sim na "competência discursiva", desde o início, partindo do texto. De acordo com o estudo de Freitas (2007), devemos considerar sete fatores para o sucesso da alfabetização. São eles: a consciência fonológica, a instrução fônica, a leitura em voz alta, a instrução de vocabulário, a instrução de compreensão, os programas de leitura independente e a formação do professor. Sendo assim, pode-se concluir que a relação grafema-fonema e as competências metafonológicas, estão diretamente ligadas ao sucesso ou fracasso. OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo principal introduzir na prática pedagógica uma proposta voltada para o desenvolvimento das habilidades fonológicas com escolares do 1º ano do Ensino Fundamental. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de um estudo longitudinal de caráter qualitativo no formato de um projeto extensionista. Conforme Severino (2007), as abordagens qualitativas tratam o problema de pesquisa de um modo diferente, estudando-o de um ponto de vista mais conceitual do que as abordagens quantitativas. O autor acredita que na pesquisa educacional tais abordagens podem ser mais efetivas e sistemáticas quando comparadas às quantitativas. Este estudo faz parte do projeto de Extensão Fonoaudiologia Educacional: Ação Interdisciplinar entre Saúde e Educação Para a análise qualitativa, adotou-se o pressuposto teórico adotado por Aspilicueta et al. (2009), o Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.4-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

qual destaca o uso da metodologia da problematização. De acordo com Oliveira e Schier (2013), essa metodologia se traduz num modelo de ensino fundamentado numa educação renovada ou progressista e tem se mostrado como uma alternativa adequada para os cursos que tem como foco a prestação de serviços à comunidade. Essa metodologia foi consolidada por meio do Método do Arco de Charles Maguerez, representado por Pereira (2002). Para caracterização da população, foram selecionadas todas as crianças matriculadas no 1º ano do Ensino Fundamental. A proposta da Oficina de Consciência Fonológica foi apresentada à coordenação da escola e apresenta a seguinte estruturação: 1. Orientação ao professor quanto às atividades realizadas; 2. Introdução das atividades de consciência fonológica no projeto pedagógico; 3. As oficinas são realizadas uma vez por semana com todos os alunos e com a presença da professora; 4. Planejamento das atividades que promovam a consciência fonológica em grupo, trabalhando as seguintes habilidades: consciência de palavras, consciência silábica, rimas, aliterações e consciência fonêmica. RESULTADOS COMENTADOS Semanalmente, os professores retiram suas dúvidas as quais são discutidas e incorporadas às atividades a serem desenvolvidas com a classe, com foco na promoção e na prevenção. Os alunos têm demonstrado uma interação satisfatória com o desenvolvimento das atividades, participando integralmente de todas as tarefas. Acreditamos que a prática da oficina de Consciência Fonológica tem se mostrado motivadora para o processo de alfabetização. Observamos que as tarefas que os alunos mostraram melhor desempenho foram as relacionadas com a análise silábica. Já as habilidades relacionadas à adição, subtração e substituição dos fonemas foram as tarefas em que as crianças apresentaram pior desempenho, bem como as habilidades relacionadas à reversão silábica e rima. Apesar de resultados parciais, a possibilidade de construção conjunta de uma proposta de ação em prol da promoção da saúde na escola tem surtido efeito tanto na adesão da proposta quanto na ampliação do conhecimento por parte de todos os envolvidos, fortalecendo a parceria entre a Fonoaudiologia e a Educação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.5-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

Entendemos que os aspectos fundamentais para a aquisição da escrita são a competência linguística da criança e suas capacidades cognoscitivas. O desenvolvimento da competência para a escrita é um fenômeno de natureza complexa. Além de uma dimensão psico-sócio-linguística, há uma dimensão que implica o desenvolvimento da capacidade metalinguística, capacidade de identificar e manipular unidades como a sílaba e o fonema. Acreditamos que a implementação dentro da sala de aula de tarefas que estimulem as habilidades de Consciência Fonológica, pode ser usado como forma de prevenção para dificuldades futuras, como por exemplo as atividades de leitura e escrita, e também como facilitação na compreensão do sistema alfabético durante o processo de alfabetização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASPILICUETA, P.; OLIVEIRA, J. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS P.; ZABOROSKI, A. P. Estágio em ASPILICUETA, fonoaudiologia P.; OLIVEIRA, J. educacional: P.; ZABOROSKI, conhecendo e A. P. Estágio em intervindo na fonoaudiologia realidade escolar. educacional: In: PIETROBON, conhecendo e S. R. G. (Org.) intervindo na Estágio realidade escolar. supervisionado In: PIETROBON, curricular na S. R. G. (Org.) graduação: Estágio experiências e supervisionado perspectivas. curricular na Curitiba: CRV, graduação: 2009. p. 85-96. experiências e perspectivas. Curitiba: CRV, BATISTA, L. M. 2009. p. 85-96. Ações educativasbatista, L. M. em Ações educativas fonoaudiologia: em promovendo afonoaudiologia: comunicação promovendo a saudável nocomunicação ambiente escolar. saudável no 2010. 79f. ambiente escolar. Dissertação 2010. 79f. [Mestrado], Dissertação Universidade de[mestrado], * Claudia Sordi - Autora, Doutora Em Linguística e Língua Portuguesa (UNESP Araraquara), grupo de pesquisa Enfoque Intradisciplinar na Fonoaudiologia: Atenção à Saúde nas Várias Fases da Vida, docente do Departamento de Fonoaudiologia do campus São Cristóvão, da Universidade Federal de Sergipe, Email: claudia.sordi@gmail.com. *** Lavinia Vieira Dias Cardoso - Discente do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe, integrante do Grtupo de Pesquisa em Fonoaudiologia Educacional, e integrante do projeto de Extensão Fonoaudiologia Educacional: Ação Interdisciplinar entre Saúde e Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.6-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

Fortaleza, Universidade de Fortaleza, Ceará. Fortaleza, Fortaleza, Ceará. CAPOVILLA, A. CAPOVILLA, A. G. S.; G. S.; CAPOVILLA, F. CAPOVILLA, F. C. Alfabetização: C. Alfabetização: método fônico. 2. método fônico. 2. ed. São Paulo: ed. São Paulo: Memnon, Fapesp, Memnon, Fapesp, CNPq, 2003. CNPq, 2003. CAPOVILLA, A. G. S.; CAPOVILLA, A. CAPOVILLA, F. G. S.; C. Problemas de CAPOVILLA, F. leitura e escrita: C. Problemas decomo identificar, leitura e escrita: prevenir e remediar como identificar, numa abordagem prevenir e remediarfônica. 5. ed. São numa abordagempaulo: Memnon, fônica. 5. ed. São2007 DEUSCHLE, Paulo: Memnon, V.P.; CECHELLA, 2007 C. O déficit em consciência fonológica e sua DEUSCHLE, V.P.; relação com a CECHELLA, C. Odislexia: déficit emdiagnóstico e consciência intervenção. 2009. fonológica e suaconselho relação com anacional DE dislexia: EDUCAÇÃO DE diagnóstico eensino intervenção. 2009. SUPERIOR. Resolução CNE/CES de 19 CONSELHO de fevereiro de NACIONAL DE 2002. Brasília: EDUCAÇÃO DE MEC, 2002. ENSINO Disponível em: SUPERIOR. http:// Resolução www. CNE/CES de 19 portalmec.gov.br de fevereiro de /. 2002. Brasília: Acesso em: 01 ago. MEC, 2002. 2013. Disponível em: FÓRUM DE http:// PRÓ-REITORES www. DE EXTENSÃO portalmec.gov.br DAS Educação. laviniavdc@gmail.com *** Mariane Dos Santos Ferreira - Discente do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe, integrante do Grtupo de Pesquisa em Fonoaudiologia Educacional, e integrante do projeto de Extensão Fonoaudiologia Educacional: Ação Interdisciplinar entre Saúde e Educação. mf.marianeferreira@gmail.com Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.7-10, set/2016 www.educonse.com.br/xcoloquio

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