DIREITO DO CONSUMIDOR

Documentos relacionados
DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR

Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Módulo II - Contrato em Espécie - Aula n. 47

DIREITO DO CONSUMIDOR

Procedimento Sumário Requerente:

DIREITO DO CONSUMIDOR

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

REPRESENTAÇÃO COMERCIAL REMUNERAÇÃO E TRIBUTAÇÃO

DIREITO DO CONSUMIDOR

O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E AS AUTOGESTÕES IMPACTOS DECORRENTES DAS DECISÕES JUDICIAIS

Pós-Graduação em Direito do Consumidor Módulo: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor Matéria: Cláusulas Abusivas

Direito Civil Direito dos Contratos

DIREITO DO CONSUMIDOR

AUMENTO ABUSIVO NAS MENSALIDADES DOS PLANOS DE SAÚDE

VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL - TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores BERETTA DA SILVEIRA (Presidente sem voto), VIVIANI NICOLAU E CARLOS ALBERTO DE SALLES.

RESCISÃO CONTRATUAL DO PLANO DE SAÚDE POR INADIMPLÊNCIA

ACÓRDÃO , da Comarca de São Paulo, em que é. apelante OLGA MARIA VIEIRA CARDENAS MARIN, são apelados

Direito do Consumidor. Informativos STF e STJ (agosto/2017)

DIREITO DO CONSUMIDOR

PRÁTICAS COMERCIAIS - CONSIDERAÇÕES FINAIS

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NA SAÚDE

Aula 11 1) RELAÇÃO ENTRE A FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS E OS DEMAIS PRINCÍPIOS

CCM Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AULA 58 CONTRATO DE ADESÃO

Atendimento e Legislação

DIREITO DO CONSUMIDOR

Consumidor. Informativos STF e STJ (fevereiro/2018)

DIREITO DO CONSUMIDOR

CONTRATOS DE CONSUMO

PORTABILIDADE DE PLANOS DE SAÚDE

EMPRÉSTIMO BANCÁRIO: - Limitação de Desconto na Folha de Pagamento

RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ )

Direito do Consumidor

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AUMENTO ABUSIVO NAS MENSALIDADES DOS PLANOS DE SAÚDE

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PRÁTICAS ABUSIVAS - ARTIGO 39 DO CDC

Superior Tribunal de Justiça

DIREITO DO CONSUMIDOR

RESCISÃO CONTRATUAL DO PLANO DE SAÚDE POR INADIMPLÊNCIA

DIREITO DO CONSUMIDOR

Processo nº: 001/ (CNJ: )

MÓDULO I - INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Colégio Recursal - Ribeirão Preto Rua: Luiz Barizon, 95, Jardim Nova Aliança Sul, Ribeirão PretoSP ACÓRDÃO

DIREITO DORECÉM-NASCIDO DE SER

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA COMPRA ON LINE. Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor (Aula de número 30)

DIREITO DO CONSUMIDOR

SENTENÇA. Vistos. A tutela foi parcialmente concedida (folhas 101/102), sobrevindo agravo de instrumento de folhas 216/217.

A Construção da Jurisprudência no Direito Educacional - Como decidem os Tribunais? (Contrato de Prestação de Serviços Educacionais)-

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SALLES ROSSI (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E LUIS MARIO GALBETTI.

JUDICIALIZAÇÃO DA SAUDE E OS DMI. Ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino Rio de Janeiro, novembro de 2016

CONTRATOS DE CONSUMO. Aplicação do CDC aos contratos entre empresários Princípios da Tutela Contratual do Consumidor Cláusulas Abusivas

Voto nº Apelação n Comarca: Mauá Apelante/Apelado: F.A.D.P.L.; Crefisa S/A Crédito Financiamento e Investimento

Curso de Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde. Tema: Negativa de tratamento - doença preexistente

Prof. Mariana M Neves DIREITO DO CONSUMIDOR


PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECISÃO MONOCRÁTICA

PODER JUDICIÁRIO. 33ª Câmara de Direito Privado TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Apelação nº

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Prefeitura Municipal de Nazaré Estado da Bahia CNPJ Nº / Praça Alexandre Bittencourt, 07 Centro Nazaré - Bahia

SENTENÇA VISTOS. A antecipação dos efeitos da tutela foi deferida, conforme decisão de p. 47/48.

DIREITO DO CONSUMIDOR

Superior Tribunal de Justiça

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER

DIREITO CIVIL. Contratos emgeral. Noções eprincípios do Direito Contratual. Prof. Vinicius Marques

APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE COLETIVO. POSSIBILIDADE. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. APLICABILIDADE DA DISPOSIÇÃO CONTIDA NO ART.

A extinção dos Contratos de Compra e Venda em tempos de Crise

SENTENÇA. Uber do Brasil Tecnologia Ltda. Vistos.

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA MANUTENÇÃO DO COLABORADOR E DO APOSENTADO NO PLANO DE SAÚDE

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. NEGATIVA DE TRATAMENTO E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) - Lei n /90

(7) Agravo de Instrumento nº

Pós-Graduação em Direito do Consumidor Módulo I Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

TEORIA DO RISCO. Pós-Graduação em Direito do Consumidor

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AULA 19 PARTE 2

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM. Curso: Intensivo Semanal Disciplina: Civil Aula: 06 Data: 10/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA EMENDA DA AULA

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A BOA-FÉ OBJETIVA E OS SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS 02/05/2017. Fundamentos da atividade notarial e registral

DIREITO CIVIL. Direito de Família. Casamento Parte 02. Prof. Cláudio Santos

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AUMENTO ABUSIVO DAS MENSALIDADES DOS PLANOS DE SAÚDE

DIREITO DO CONSUMIDOR. Direitos Básicos. Profa. Roberta Densa

Aula 17 11) EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ANULAÇÃO RESCISÃO RESILIÇÃO RESOLUÇÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

MÓDULO I - INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

INEXECUÇÃO DO CONTRATO DE LEASING EM RAZÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS

EQUILÍBRIO ECONÔMICO DO CONTRATO E REAJUSTE POR SINISTRALIDADE PROF. MS. PAULO ROGÉRIO BONINI JUIZ DE DIREITO

Arbitragem e Administração Pública: Mitos, Preconceitos e Previsão Legal

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E CLAUDIO HAMILTON.

Módulo I: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor LEI N /90. Aula n. 02 Das disposições gerais do Código de Defesa do Consumidor

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO 2ª VARA CÍVEL

TRABALHO II - ÔNUS DA PROVA DIREITO DO CONSUMIDOR

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CLÁUSULAS GERAIS DOS CONTRATOS

VERA MARIA SOARES VAN HOMBEECK Desembargador Relator

O Condômino Antissocial em Debate. César Augusto Boeira da Silva

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO: alimentação imprópria

AULA 07 PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CONSUMIDOR. PROTEÇÃO DA INCOLUMIDADE FÍSICA DO CONSUMIDOR - Direito à Segurança - Artigo 6º, inciso I, do CDC

APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n" /1-00, da Comarca de. SANTOS, em que é apelante APARECIDA DAS GRAÇAS GRATAO FACONTI

Transcrição:

DIREITO DO CONSUMIDOR Parte VIII Prof. Francisco Saint Clair Neto

CLÁUSULAS QUE PERMITAM AO FORNECEDOR, DIRETA OU INDIRETAMENTE, VARIAÇÃO DO PREÇO DE MANEIRA UNILATERAL (ART. 51, INC. X, DO CDC)

O reconhecimento da abusividade tem relação com a vedação do enriquecimento sem causa, tendo o preceito grande aplicação no Brasil, diante de numerosos abusos cometidos. Além disso, a declaração de nulidade visa à manutenção do equilíbrio do negócio, de sua base objetiva.

Como leciona Rizzatto Nunes A regra, é verdade, dirige-se aos casos em que o negócio já foi firmado, uma vez que, no sistema de liberdade de preços atualmente vigente no País, o valor inicialmente é fixado de forma livre pelo fornecedor. O que ele não pode é fazer modifica-lo para aumentá-lo após ter efetuado a transação.

Para ilustrar, não pode uma escola valer-se de uma cláusula para aumentar sem qualquer justificativa a mensalidade inicialmente contratada, com vistas ao locupletamento sem razão. Do mesmo modo, o financiamento em crediário não pode trazer cláusulas que alteram substancialmente o preço no decorrer do negócio de trato sucessivo, gerando onerosidade excessiva (TJRS Apelação Cível 70025540824, Novo Hamburgo Décima Segunda Câmara Cível Rel. Des. Orlando Heemann Junior j. 18.12.2008 DOERS 12.01.2009, p. 72).

A mesma premissa de vedação do desequilíbrio vale para os contratos de plano de saúde, como se tem reconhecido na prática, em que as empresas impõem aumentos abusivos com fundamento em cláusulas de variação unilateral (TJSP Apelação APL 994.07.026282-4 Acórdão 4668039, São Paulo Primeira Câmara de Direito Privado Rel. Des. Paulo Eduardo Razuk j. 10.08.2010 DJESP 10.09.2010).

Cláusula que permita o fornecedor alterar, ao seu livrearbítrio, o preço no contrato de consumo é inválida, pois acarretaria um desequilíbrio na relação jurídica, privilegiando o fornecedor em detrimento do consumidor. Qualquer alteração superveniente à formação contratual, deverá ser convencionada pelas partes, em igualdade de condições.

Cláusula que permita o fornecedor alterar, ao seu livrearbítrio, o preço no contrato de consumo é inválida, pois acarretaria um desequilíbrio na relação jurídica, privilegiando o fornecedor em detrimento do consumidor. Qualquer alteração superveniente à formação contratual, deverá ser convencionada pelas partes, em igualdade de condições.

CLÁUSULAS QUE AUTORIZEM O FORNECEDOR A CANCELAR O CONTRATO UNILATERALMENTE, SEM QUE IGUAL DIREITO SEJA CONFERIDO AO CONSUMIDOR (ART. 51, INC. XI, DO CDC)

O CDC encerra no inciso em comento um importante controle sobre o direito de resilição contratual, mais uma vez vedando uma cláusula puramente potestativa, denominada cláusula de rescisão unilateral ou de cancelamento unilateral. Reside por igual no conteúdo da norma a máxima que veda o comportamento contraditório, relacionada à boa-fé objetiva e às justas expectativas depositadas no negócio jurídico (venire contra factum proprium non potest).

A cláusula em questão merece um cuidado especial nos contratos cativos de longa duração, especialmente nos contratos de plano de saúde, em que a finalidade tem relação com a tutela da vida e da integridade físicopsíquica. Numerosos são os julgados que reconhecem a nulidade da referida cláusula em casos tais.

602.397/RS). A título de exemplo, do STJ, colaciona-se: Consumidor. Plano de saúde. Cláusula abusiva. Nulidade. Rescisão unilateral do contrato pela seguradora. Lei 9.656/1998. É nula, por expressa previsão legal, e em razão de sua abusividade, a cláusula inserida em contrato de plano de saúde que permite a sua rescisão unilateral pela seguradora, sob simples alegação de inviabilidade de manutenção da avença. Recurso provido (STJ REsp

(TJRS Apelação Cível 70030813992). Ainda, de forma contundente, do Tribunal do Rio Grande do Sul: O cancelamento unilateral da apólice é inadmissível, sendo abusiva a cláusula que o prevê, nos termos do art. 51, IV e XI do CDC. A seguradora não pode impor ao segurado, depois de tantos anos de contratação, o cancelamento unilateral da apólice, pena de quebra do contrato. Dano moral não configurado, uma vez que o mero descumprimento contratual não dá ensejo a tal reparação

Após a celebração do contrato, os contratantes têm o dever de cumprir com suas obrigações. Possibilitar somente a uma das partes, no caso o fornecedor, a opção de cancelar o contrato (resilição), causaria um grave desequilíbrio na relação, uma vez que geraria sensação de insegurança e incerteza ao consumidor. Assim, tal direito deve também ser concedido ao consumidor, colocando as partes em posição contratual de igualdade e equilíbrio.

Jurisprudência STJ: É abusivo o cancelamento do limite de crédito em contrato de conta corrente vigente, sem que o correntista seja previamente comunicado (STJ, REsp. 621577fRO, Rela. Min". Nancy Andrighi, DJ 23/08/2004).

DIREITO DO CONSUMIDOR Parte VIII Prof. Francisco Saint Clair Neto