Guia rápido. para a aplicação. da nova ortografia



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Transcrição:

Guia rápido para a aplicação da nova ortografia 1/16

Índice 1. Introdução pág. 3 2. O que muda com o Acordo Ortográfico pág. 4 3. O que não muda com o Acordo Ortográfico pág. 10 4. Recursos para aplicação do Acordo Ortográfico pág. 12 5. Guia de Consulta Rápida pág. 13 2/16

Introdução A língua portuguesa é um elemento essencial do património cultural português. A protecção, a valorização e o ensino da língua portuguesa, bem como a sua defesa e promoção da difusão internacional, são tarefas fundamentais do Estado, consagradas na Constituição, materializadas na adoção de uma política da língua, unificada e eficaz, como eixo fundamental do desenvolvimento cultural, económico e social. O presente Guia tem como objetivo apresentar e contextualizar, de forma sucinta e acessível, as mudanças provocadas na ortografia usada em Portugal pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 1990, razão por que é apelidado de Acordo Ortográfico de 1990. Este acordo internacional está em vigor, na ordem jurídica interna, desde 13 de maio de 2009 (ver Aviso n.º 255/2010, publicado no Diário da República, 1.ª série, de 17 de setembro de 2010). O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 26/91, e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 43/91, ambos de 23 de Agosto, e a Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, de 25 de Janeiro, veio determinar a sua aplicação no sistema educativo no ano lectivo de 2011 2012 e, a partir de 1 de Janeiro de 2012, ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo, bem como à publicação do Diário da República. As alterações introduzidas por esta reforma ortográfica simplificam e sistematizam vários aspectos da ortografia, eliminam algumas excepções, garantindo uma maior harmonização ortográfica, e incidem apenas sobre a ortografia mantendo se a pronúncia e o uso das palavras inalteráveis. Deve salientar se que não se trata do primeiro acordo sobre a ortografia do português ou a primeira convenção ortográfica da língua portuguesa. O Acordo Ortográfico visa reforçar o papel da língua portuguesa como língua de comunicação internacional e, ainda, garantir uma maior harmonização ortográfica entre os oito países que fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O Acordo resultou, assim, de um consenso entre os diferentes países de língua oficial portuguesa além de Portugal, também Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Por outro lado, para aplicar efetivamente um acordo ortográfico não basta aprovar um instrumento jurídico, que carecerá, pela sua natureza técnica, de interpretação para ser aplicado. É necessário criar instrumentos que permitam realizar uma interpretação homogénea acordo internacional e uma adaptação rápida, e não onerosa dos recursos existentes, à nova grafia, e facilitem a sua aprendizagem e aplicação. Por isso, os recursos para aplicação do Acordo Ortográfico são também apresentados neste Guia. Para começar, no entanto, importa apresentar o que de facto muda, começando se, por isso, com uma descrição das regras e das formas que são agora alteradas, ou seja, o que muda com o Acordo Ortográfico. 3/16

O que muda com o Acordo Ortográfico As alterações provocadas pela reforma que agora entra em vigor vêm simplificar e sistematizar vários aspetos da ortografia do português e eliminar algumas exceções, harmonizando as regras seguidas para a escrita nos diferentes países e territórios em que o português é língua oficial. Como o nome do Acordo indica, apenas a ortografia é alterada, continuando a pronúncia e o uso das palavras a ser o mesmo. Por outro lado, o Acordo Ortográfico apenas uniformiza as regras de escrita, e não a forma de todas as palavras. Por isso, continuam a existir diferenças entre a forma como se escreve o português nos diferentes países, sempre que as regras o permitam e a realidade da língua a isso obrigue. Não são também alvo de uniformização formas individuais que tradicionalmente, sem que seja por ação de uma regra, têm escritas diferentes nos vários países em que o português é utilizado como língua. As alterações apenas afetam os seguintes aspetos: Uso de Maiúsculas Algumas palavras que anteriormente escrevíamos com maiúsculas passam, agora, a escrever se obrigatoriamente com minúscula e é alargado o uso opcional de minúsculas e maiúsculas; Acentuação Gráfica São eliminados os acentos em alguns casos que constituíam exceção; Consoantes Mudas São eliminadas algumas consoantes mudas que não pronunciamos mas tínhamos que escrever; Hifenização A utilização do hífen é sistematizada. Nas páginas seguintes, são explicadas as mudanças em cada um destes aspetos da ortografia do português. Cada mudança é exemplificada com palavras que são afetadas pelas alterações agora introduzidas, sendo sempre indicada a nova forma. Após esta apresentação do que muda, são assinalados também casos em que a ortografia não muda, de modo a esclarecer algumas dúvidas que possam subsistir. No final deste Guia, é apresentada uma sistematização simplificada das mudanças para usar como referência de consulta rápida. 4/16

Uso de maiúsculas e minúsculas setembro, verão, fulano Passam a escrever se com letra minúscula todos os nomes de calendário, à semelhança do que já acontecia com os nomes dos dias da semana. Assim, escrevem se com minúscula os: nomes de meses, como janeiro e outubro; nomes de estações do ano, como primavera e outono; Além destes casos, é também homogeneizada, a grafia das formas fulano, sicrano e beltrano, sempre escritas com minúscula. Quando estas palavras forem empregues como nomes próprios, nos casos já previstos pelas regras até aqui usadas, continuam, é claro, a escrever se com maiúscula: Pedro Inverno Martins, Rio de Janeiro, etc. O uso de maiúsculas e minúsculas em português apresenta vários casos de opcionalidade, permitindo que em usos específicos se escreva, para efeitos de destaque, reverência, ou outros, nomes comuns com letra inicial maiúscula. O Acordo Ortográfico mantém esta tradição. Podem, assim, ser escritos com maiúscula ou minúscula os títulos de obras, após o primeiro elemento (As pupilas do senhor reitor ou As Pupilas do Senhor Reitor), títulos de santos (santa ou Santa; são ou São), domínios do saber, cursos e disciplinas (matemática ou Matemática; línguas e literaturas modernas ou Línguas e Literaturas Modernas, língua portuguesa ou Língua Portuguesa) e categorizações de logradouros públicos, templos ou edifícios (rua do Ouro ou Rua do Ouro; avenida da Boavista ou Avenida da Boavista; igreja do Bonfim ou Igreja do Bonfim; palácio da Cultura ou Palácio da Cultura). Cada instituição, como um todo, ou cada indivíduo, no seu uso pessoal e profissional, deve preocupar se em fazer um emprego uniforme das opções que tomar. 5/16

Acentuação Desde 1945, não se usa em geral acento nas palavras que terminam em vogal <a>, <e> ou <o> e são acentuadas na penúltima sílaba (palavras graves). Algumas das exceções a esta regra que subsistiam deixam agora de existir, generalizando se o princípio. pera, pelo São eliminados alguns acentos que serviam para distinguir palavras que se escrevem do mesmo modo, mas que têm pronúncias, significados e funções diferentes. pára (do v. parar) para pêlo (nome) pelo pêra (nome), péra (nome) pera péla (do v. pelar), péla (nome) pela pólo (nome) polo boia, asteroide É eliminado o acento no ditongo <oi> em palavras graves. Tal como já acontecia em palavras como comboio, dezoito e boina, agora as restantes deixam também de se acentuar, como em asteroide, jiboia, joia ou paranoico. Importa não esquecer que esta regra apenas se aplica às palavras graves; as palavras agudas terminadas em <oi>, como corrói, destrói, dói ou herói, continuam a escrever se com acento. veem, releem É eliminado o acento nas formas verbais terminadas em <eem> como em: creem, deem, leem e veem e seus derivados, isto é, todas as formas que têm como base esses verbos, como descreem, desdeem, reveem ou releem. averigue, obliques É eliminado o acento na vogal <u> nos poucos casos de terminações verbais gue(s), que(s), gui(s) e qui(s) que o tinham, como nos casos de averigúe averigue; obliqúe oblique; argúi argui; delinqúis delinquis. Importa ter em conta que a forma da 1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo do verbo arguir, tendo como vogal tónica a letra <i> e não <u> como enuncia a regra mantém se acentuada, arguí. 6/16

Consoantes mudas Tal como já aconteceu com a reforma ortográfica em 1945 (em palavras como producto produto, práctica prática, assumpto assunto e descriptivo descritivo), o Acordo Ortográfico de 1990 continua com a tendência para se eliminarem as consoantes <c> e <p> que antecedem um <c>, um <ç> ou um <t> e não são pronunciadas (as consoantes mudas). direto, ator, rutura, ótimo Como tal, palavras como atual, selecionar, direção, anticoncecional, adoção ou ótimo passam a escrever se assim, sem a consoante <c> ou <p> que não se pronuncia. facto, convicto, adepto, erupção No entanto, os <c> e <p> dessas sequências nem sempre são mudos. Em observância à regra, nesses casos em que são pronunciadas, as consoantes <c> e <p> mantêm se. Assim, continuaremos a escrever facto, apto, rapto, opção, friccionar e núpcias. sectorial ou setorial, caracteres ou carateres Num número reduzido de palavras que contêm estas sequências, existe variação na pronúncia, o que faz com que passem a existir duas variantes aceites. É o caso de acupunctura ou acupuntura, caracteres ou carateres e céptico ou cético. Estes casos são raros e assemelham se a muitos outros casos de variação já existentes (e que se mantêm) como o de ouro ou oiro e louro ou loiro. Quando, em consequência das regras anteriores, se elimina o <p>nas sequências <mpc>, <mpç> e <mpt>, devemos ter em consideração que o <m> passa a <n>, dado que deixa de se escrever antes de um <p>.alguns dos raros casos em que tal acontece são os de assuncionista, consuntível e perentório. 7/16

Uso do hífen As regras de hifenização são clarificadas e sistematizadas com esta reforma, embora nem todos os casos sejam abrangidos. Podemos dividir as mudanças em três grandes grupos: as palavras que incluem unidades não autónomas, as palavras que se juntam a outras palavras e, por fim, o caso do verbo haver. eurodeputado, minissaia, antirrugas Unidades não autónomas + palavra (agro+pecuária = agropecuária) Uma das formas mais produtivas de formar palavras em português consiste na junção de unidades não autónomas (isto é, elementos que não são palavras independentes) a palavras, alterando lhes o significado. Com o novo Acordo, os elementos deste tipo passam a escrever se por princípio sempre junto à palavra a que se associam, sem hífen, como nos casos de antirrevolucionário, eurodeputado, psicossocial, telegénico ou ultraligeiro. No entanto, mantêm se algumas exceções. Assim, os elementos de formação continuam a separar se com hífen da palavra a que se associam quando: a palavra a que se juntam começa pela letra <h>:anti histamínico, contra harmónico; a palavra a que se juntam repete a letra com que terminam: arqui inimigo, micro ondas; terminam com<n>, <m>,<b> ou <d> e a sua aglutinação provoque um leitura que não reflita a pronúncia da palavra ou viole uma restrição ortográfica: ab rogar, sub regulamentar, pan brasileiro, circum adjacência; são sota, soto, vice, vizo, grão, grã ou ex (com o sentido de anterioridade ): exmarido, vice presidente, grão vizir; são acentuados graficamente: pré reforma, pós verbal. a palavra a que se juntam é um estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla: antiapartheid, anti Salazar, mini GPS. A regra que impede que se juntem elementos de formação a palavras que comecem pela mesma letra não se aplica aos prefixos não acentuados co, pre, pro e re, em linha com o que tem sido tradição fazer em português. Assim, mantêm a sua forma palavras como cooperante, reelege e preencher. Do mesmo modo, formas como desumano, inábil e reaver, em que tradicionalmente o prefixo não é separado da palavra a que se junta embora esta comece por <h> (que cai), também não passam a ser hifenizadas. 8/16

Uso do hífen (cont.) Palavra + palavra fim de semana, mulher a dias Não se usa hífen em locuções de qualquer tipo. Do mesmo modo que já escrevíamos sem hífen outros tipos de locuções, agora também não o usamos nas locuções nominais ou substantivas, isto é, no encontro de duas ou mais palavras que exercem a função de um nome, como nos casos de caminho de ferro, casa de banho, fim de semana, mulher a dias ou sala de jantar. Devem escrever se com hífen as sequências que designem espécies botânicas ou zoológicas, mesmo que sejam locuções. Assim, o correto é abóbora menina, fava de santo inácio, ganso patola ou andorinha do mar. Quanto ao resto, o emprego do hífen em casos em que duas ou mais palavras independentes se associam não sofre alterações. Verbo haver hei de, há de, hás de As formas com a apenas uma sílaba do verbo haver hei, hás, há, hão deixam de se ligar através de hífen à preposição de que o verbo seleciona: hei de, hão de. A supressão do hífen nestes casos elimina mais uma exceção, uniformizando se com a redacção actual, sem hífen, de outras formas do mesmo verbo - havemos de, haveis de ou haveriam de bem como com todas as formas verbais com uma sílaba que selecionam uma preposição, como nos casos de tens de, faz de ou vem de. 9/16

O que não muda Apresentadas as principais mudanças, importa lembrar algumas referências presentes no texto do Acordo Ortográfico que não implicam alterações à escrita, consistem em mudanças meramente formais, sem impacto no uso, ou tendem a causar dúvidas. K, W, Y As letras <k>, <w> e <y> passam a integrar oficialmente o alfabeto do português. Na prática estas letras já eram utilizadas em alguns casos, mantendo se o seu uso inalterado: nomes de pessoas e seus derivados (Darwin, darwinismo), nomes de lugares e seus derivados (Kosovo, kosovar); siglas, abreviaturas e símbolos de convenção internacional (SW por sudoeste, kg por quilograma, ou K por potássio) e em palavras oriundas de línguas que não o português (baby sitter, bowling ou karaoke). ü O trema continua a ser apenas usado em nomes estrangeiros e nos seus derivados, como é o caso de Hübnere hübneriano ou Müllere mülleriano. Apesar de já ter sido suprimido no português europeu no acordo ortográfico de 1945, este sinal tinha um uso mais alargado na norma ortográfica seguida até esta reforma no português do Brasil. Victor, Baptista, Mello, revista Activa, iogurtes Optimal Como aconteceu em anteriores reformas, os aspetos da linguagem que são alvo de registo legal existente não têm que ser alterados. É o caso dos nomes de pessoas e de marcas, firmas, sociedades e títulos que estejam inscritos em registo público. pode, pôde, por, pôr, amamos ou amámos Apesar de se terem eliminado alguns acentos que serviam para distinguir pares de palavras que se escrevem do mesmo modo (v. pág. 6), mantém se o acento em algumas palavras com essas características. Continuam, deste modo, a distinguir se graficamente através de acento as formas pode (presente do indicativo) e pôde (pretérito perfeito) do verbo poder, as formas demos e dêmos, do verbo dar e as formas por, preposição, e pôr, verbo. Do mesmo modo, continuam a poder distinguir se por meio de acento as formas da 1.ª pessoa do plural do presente do indicativo e do pretérito perfeito de todos os verbos da 1.ª conjugação (terminados em ar), como nos casos de amamos ou amámos, do verbo amar, e falamos ou falámos, do verbo falar. Neste caso, a distinção, que apenas é feita em algumas partes do país, é opcional. 10/16

O que não muda (cont.) andar modelo, saca rolhas, Trás os Montes, cabo verdiano O uso do hífen nas palavras compostas mantém se inalterado. É o caso dos compostos que internamente são formados por dois nomes (cirurgião dentista ou operação relâmpago), por um verbo e um nome (conta gotas ou guarda fatos) ou com os advérbios bem e mal (bem aventurado, mal estar mas malcriado). Em muitos casos, nomeadamente aqueles em que uma palavra composta envolve um adjetivo, a utilização de hífen não é descrita sistematicamente, razão pela qual se aconselha a consulta de uma base de dados lexicais, como o Vocabulário Ortográfico do Português (cf. Recursos). Mantém se também o uso do hífen em unidades discursivas lexicalizadas (ai jesus, maria vai com as outras) e em encadeamentos vocabulares ocasionais (aquilo que eu sei que tu sabes, o percurso Lisboa Coimbra Porto ou o jogo Sporting Benfica). As palavras que derivam de nomes de lugares com mais que uma palavra também continuam a escrever se com hífen. É o caso de Mato Grosso>mato grossense, Nova Iorque>nova iorquino, Porto Alegre>porto alegrense. No caso dos nomes de lugares compostos, continuam a ser hifenizadosos iniciados pelos adjetivos grão e grã (Grã Bretanha,Grão Pará), por forma verbal (Abre Campo,Passa Quatro) ou cujos elementos estejam ligados por um artigo (Albergaria a Velha,Entre os Rios). 11/16

Recursos para aplicação do Acordo Ortográfico O Governo português disponibiliza o conversor Lince como ferramenta de conversão ortográfica de texto para a nova grafia e o Vocabulário Ortográfico do Português, acessíveis de forma gratuita no sítio da Internet www.portaldalinguaportuguesa.org e nos sítios da Internet de todos os ministérios. Sublinha se, ainda, a diversidade de recursos, em papel ou informáticos, já disponíveis em Portugal, destinados ao apoio à expressão escrita e à produção de texto em Língua Portuguesa em consonância com as novas regras expressas no Acordo Ortográfico, confirmando que a utilização da nova grafia está a ser gradualmente introduzida nos hábitos quotidianos dos portugueses. 12/16

Guia de Consulta Rápida Palavras mais frequentes que o Acordo alterou: FORMA NOVA abril abstração abstrato ação acionar acionista aceção ata ativação ativamente atividade ativista ato ator atriz atuação atual atuar adjetivo adoção afetar afetividade afeto agosto agroalimentar Antártida anteprojeto antirracista antirregionalista antissemita antissemitismo Ártico arquiteto arquitetura aspeto asteroide atração atrativo autoestima FORMA ANTIGA Abril abstracção abstracto acção accionar accionista acepção acta activação activamente actividade activista acto actor actriz actuação actual actuar adjectivo adopção afectar afectividade afecto Agosto agro alimentar Antárctida anteprojecto anti racista anti regionalista anti semita anti semitismo Árctico arquitecto arquitectura aspecto asteróide atracção atractivo auto estima FORMA NOVA autoestrada autorretrato autossuficiente Batismo Batizado boia braço de ferro cabeça de lista cabeça de série caminho de ferro ceticismo cético cetro coação coautor coautoria cofundador coleção colecionador coletânea coletável conceção confeção contração contraceção contracetivo contraespionagem contraofensiva contraordenação contrarrelógio coprodução correção corretamente correto creem deceção dececionante deem FORMA ANTIGA auto estrada auto retrato auto suficiente baptismo baptizado bóia braço de ferro cabeça de lista cabeça de série caminho de ferro cepticismo céptico ceptro coacção co autor co autoria co fundador colecção coleccionador colectânea colectável concepção confecção contracção contracepção contraceptivo contraespionagem contra ofensiva contra ordenação contra relógio co produção correcção correctamente correcto crêem decepção decepcionante dêem 13/16

FORMA NOVA dejeto desativação descontração detetar detetive detetor detrator dezembro dia a dia dialética dialeto didático direção diretamente diretivo diretor diretório diretriz distração ecletismo efetivação efetivamente efetuar eletricidade elétrico eletrodoméstico eletrónico ereção espetacular espetáculo espetador espermatozoide estupefação eurocético exatamente exato exceção excecionalmente exceto extração extrato fação fator fatura faturação FORMA ANTIGA dejecto desactivação descontracção detectar detective detector detractor Dezembro dia a dia dialéctica dialecto didáctico direcção directamente directivo director directório directriz distracção eclectismo efectivação efectivamente efectuar electricidade eléctrico electrodoméstico electrónico erecção espectacular espectáculo espectador espermatozóide estupefacção eurocéptico exactamente exacto excepção excepcionalmente excepto extracção extracto facção factor factura facturação FORMA NOVA fevereiro fim de semana fiscal de linha fogo de artifício fora de jogo fração fratura frente a frente gaita de foles heroico hidroelétrica inatividade incorreção incorreto indefetível indiretamente indireto infeção infetado infração infrator infraestrutura injeção injetar inseto inspeção inspetor interação interativo interceção intercetado inverno jato janeiro joia julho junho lecionar letivo leem lua de mel maio mão de obra março mini série FORMA ANTIGA Fevereiro fim de semana fiscal de linha fogo de artifício fora de jogo fracção fractura frente a frente gaita de foles heróico hidroeléctrica inactividade incorrecção incorrecto indefectível indirectamente indirecto infecção infectado infracção infractor infra estrutura injecção injectar insecto inspecção inspector interacção interactivo intercepção interceptado Inverno jacto Janeiro jóia Julho Junho leccionar lectivo lêem lua de mel Maio mão de obra Março minissérie 14/16

15/16 FORMA NOVA FORMA ANTIGA neorrealismo neo realismo noturno nocturno novembro Novembro objeção objecção objetivo objectivo objeto objecto oitavos de final oitavos de final ótico óptico otimismo optimismo otimista optimista ótimo óptimo outono Outono outubro Outubro para pára para brisas pára brisas paranoia paranóia pelo pêlo pera pêra perceção percepção percetível perceptível peremtório peremptório perspetiva perspectiva perspetivar perspectivar ponta de lança ponta de lança predileção predilecção preveem prevêem primavera Primavera projeção projecção projetar projectar projeto projecto prospeção prospecção prospeto prospecto proteção protecção protecionismo proteccionismo protecionista proteccionista protetor protector radioatividade radioactividade radioativo radioactivo reação reacção reacionário reaccionário reativação reactivação reativar reactivar reator reactor FORMA NOVA FORMA ANTIGA receção recepção recetação receptação recetividade receptividade recetivo receptivo reta recta retângulo rectângulo retificar rectificar redação redacção refletido reflectido refletir reflectir rés do chão rés do chão respetivamente respectivamente respetivo respectivo retração retracção retroativos retroactivos retrospetiva retrospectiva rutura ruptura Sabóia Saboia seleção selecção selecionador seleccionador selecionar seleccionar seletivo selectivo subjetividade subjectividade subjetivo subjectivo suscetível susceptível tabloide tablóide tático táctico tato tacto teto tecto tração tracção trator tractor trajeto trajecto trajetória trajectória transação transacção transacionado transaccionado transacionáveis transaccionáveis transato transacto Troia Tróia ultraortodoxo ultra ortodoxo vetor vector veem vêem verão Verão

Ficha técnica Guia rápido para a aplicação da nova ortografia Abril de 2011 Ministério da Cultura Ministério da Educação Supervisão: Grupo do Léxico e Modelização Computacional, ILTEC Instituto de Linguística Teórica e Computacional 16/16