Professora: Vera Linda Lemos Disciplina: Direito das Sucessões 7º Período



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Transcrição:

Professora: Vera Linda Lemos Disciplina: Direito das Sucessões 7º Período

Toda a sucessão legítima observará uma ordem de vocação hereditária que, no Código Civil, está prevista no artigo 1.829. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais.

I - O cônjuge herda os bens deixados pelo falecido? Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

1 - Se o cônjuge sobrevivente estava separado judicialmente (até a EC nº 66 de 13/07/2010) ou divorciado, ao tempo da abertura da sucessão NÃO MAIS SUCEDERÁ. Caso haja processo de separação judicial ou de divórcio em curso e um dos cônjuges vier a falecer, o sobrevivente será herdeiro?

Pendente a ação dissolutória, a morte de um dos cônjuges torna prejudicada a lide, pondo fim ao processo. Sem sentença, há que se entender mantido o casamento e, por isso, o direito sucessório do cônjuge sobrevivente é preservado. A sentença no processo de separação ou divórcio só produz efeitos EX NUNC

2 O cônjuge não pode estar separado de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. Criticas: a) Não se discute mais a culpa no Direito de Família. b) A análise da culpa se dará em litígio entre o cônjuge supérstite e os herdeiros do falecido Cônjuge supérstite = Cônjuge sobrevivente

c) Caberá ao cônjuge supérstite o ônus da prova que a convivência se tornou impossível, gerando a separação de fato não por sua culpa. Os fatos serão levantados e provados também contra a honra e moral do falecido, sem que este possa se defender. LESÃO AOS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO MORTO. d) Excessiva estipulação do prazo de dois anos de ruptura da vida em comum, uma vez que bastava o prazo de um ano de separação de fato para a separação judicial sem culpa.

Caso o cônjuge supérstite não possua a condição de herdeiro, não estando legitimado a suceder, os bens do falecido passarão integralmente as demais classes de herdeiros. II Reconhecido o direito sucessório do cônjuge supérstite, deverão os herdeiros do falecido, com o cônjuge dividir os bens herdados?

O critério objetivo utilizado pelo legislador para saber se haverá a concorrência é o regime de bens do casamento. A lei tipifica quatro regimes: Comunhão parcial de bens Comunhão universal de bens Participação final nos aquestos Separação de bens

Quanto aos bens, estes podem ser particulares ou comuns. São bens comuns aqueles de propriedade tanto do marido quanto da esposa, dependendo do regime de bens adotado. São bens particulares aqueles que pertencerem a apenas um dos cônjuges, sem a participação do outro. Meação não se coincide com a herança

Regimes em que o cônjuge NÃO concorrerá com os descendentes. 1- Comunhão Universal de bens Havendo o cônjuge supérstite o direito a meação, excluído estará do direito a concorrência.

João casado com Maria pelo regime da comunhão universal de bens, falece e deixa uma casa e dois filhos. Há bens comuns? Quais? Há bens particulares? Quais? Há direito a meação pelo cônjuge supérstite? Em qual proporção? Há herança? Em qual proporção? A quem tocará a herança?

Exceções: Mesmo no regime de Comunhão Universal podem existir bens particulares. Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Se houver bem particular, apesar de o regime ser o da comunhão universal de bens, deverá haver concorrência sucessória. 2 Separação obrigatória de bens (art.1641 do CC) Súmula 377 do STF )03/04/1964) No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.

Quais são os bens que se comunicam? Todos os bens ou somente os adquiridos a título oneroso (aquestos)? Somente os adquiridos a título oneroso. Há necessidade do esforço comum? Tanto os tribunais quantos os doutrinadores possuem entendimentos diversos.

3 Na comunhão parcial de bens, em que o falecido não deixa bens particulares. Se no regime da comunhão parcial de bens, o autor da herança não deixou bens particulares, os bens deixados são todos comuns e quanto a eles o sobrevivente já tem sua meação.

Regimes em que o cônjuge concorrerá com os descendentes. 1 Separação convencional de bens Não havendo meação haverá sucessão em concorrência com os descendente. Mesmo na separação convencional de bens a doutrina e a jurisprudência não é pacífica.

2- Na comunhão parcial em que o autor da herança deixou bens particulares Se o autor da herança deixou bens particulares, concorreria o cônjuge com os descendentes na totalidade da herança inclusive com a relação aos bens em que há meação ou apenas quanto aos bens particulares?

1ª Corrente: O cônjuge só concorre quanto aos bens particulares e não quanto àqueles em que já teria o direito à meação. (Flavio Monteiro de Barros, Zeno Veloso, Rodrigo da Cunha Pereira...)

João possui um apartamento adquirido no ano de 1990 e se casa com Maria no ano de 1995 pelo regime da comunhão parcial de bens. O casal tem dois filhos. Já casados, João adquire uma casa de praia em 2004 e falece em 2005. Há bens comuns? Quais? Há bens particulares? Quais? Há direito a meação pelo cônjuge supérstite? Em qual proporção? Há herança? Em qual proporção? A quem tocará a herança?

2ª Corrente: cônjuge concorre quanto aos bens particulares e comuns. (Maria Helena Diniz, Guilherme Calmon Nogueira da Gama...)

João possui um apartamento adquirido no ano de 1990 e se casa com Maria no ano de 1995 pelo regime da comunhão parcial de bens. O casal tem dois filhos. Já casados, João adquire uma casa de praia em 2004 e falece em 2005. Há bens comuns? Quais? Há bens particulares? Quais? Há direito a meação pelo cônjuge supérstite? Em qual proporção? Há herança? Em qual proporção? A quem tocará a herança?

3ª Corrente: A concorrência sucessória entre cônjuge e descendentes só ocorre com relação aos bens comuns e não com relação aos particulares. (Maria Berenice Dias)

João possui um apartamento adquirido no ano de 1990 e se casa com Maria no ano de 1995 pelo regime da comunhão parcial de bens. O casal tem dois filhos. Já casados, João adquire uma casa de praia em 2004 e falece em 2005. Há bens comuns? Quais? Há bens particulares? Quais? Há direito a meação pelo cônjuge superstite? Em qual proporção? Há herança? Em qual proporção? A quem tocará a herança?

3 Na participação final nos aquestos. Durante o casamento a administração dos bens é exclusiva de cada cônjuge, podendo dispor livremente de qualquer bem. No caso de dissolução da sociedade conjugal há participação dos cônjuges de acordo com a contribuição de cada um para a aquisição do patrimônio a título oneroso.

Se o falecido deixa apenas bens particulares, o cônjuge supérstite não terá direito a participação, apenas direito sucessório em concorrência com os descendente. Se todos os bens deixados pelo falecido forem aquestos, o cônjuge supérstite terá direito a participação sobre todos eles em decorrência do regime, mas não terá direito sucessório.

Se o falecido deixa aquestos e bens particulares, o cônjuge supérstite não terá direito sucessório sobre os aquestos, mas concorrerá com os descendentes quanto aos bens particulares.

III Reconhecido o direito sucessório do cônjuge supérstite, este dividirá os bens herdados com os descendentes do falecido conforme o regime de bens adotado no casamento. Qual o quinhão do cônjuge que concorre com os descendentes? Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.

Filiação comum o cônjuge supérstite é ascendente dos herdeiros com quem concorre. Filiação exclusiva - o cônjuge supérstite não é ascendente dos herdeiros com quem concorre. Filiação Hibrida há descendentes comuns e exclusivos

a) Cônjuge e um filho (comum ou não): 1/2 para o filho e 1/2 para o cônjuge b) Cônjuge e dois filhos (comuns ou não): 1/3 para cada filho e 1/3 para o cônjuge c) Cônjuge e três filhos (comuns ou não): 1/4 para cada filho e 1/4 para o cônjuge d) Cônjuge e quatro filhos comuns:1/4 para o cônjuge e ¾ a serem divididos entre os quatro filhos e) Cônjuge e quatro filhos só do falecido:1/5 para o cônjuge e 1/5 para cada filho.

A Falecido casado Cônjuge 1/3 B filho 1/3 C filho 1/3 D neto Nada recebe E neto Nada recebe F neto Nada recebe

A Falecido casado Cônjuge 1/3 B filho 1/3 C filho Pré-morto E neto 1/6 F neto 1/6

A falecido Cônjuge de A 25% ou 1/4 Filho B pré-morto Filho C pré-morto D neto 25% ou 1/4 E neto pré-morto F neto 25% ou 1/4 G bisneto 12,5% ou 1/8 H bisneto 12,5% ou 1/8

Filiação Hibrida nesta hipótese o cônjuge concorre com filhos comuns e exclusivos do autor da herança ao mesmo tempo. Na sucessão híbrida haveria ou não a reserva de ¼ da herança para o cônjuge?

1ª Corrente: No caso de filiação hibrida, há a reserva de ¼ da herança. (Posição minoritária - Silvio de Salvo Venosa, Francisco José Cahali...) Basta que haja um descendente comum para haver a reserva de ¼ do quinhão.

2ª Corrente: No caso de filiação hibrida, não há a reserva de ¼ da herança. (Posição Majoritária Maria Helena Diniz, Euclides de Oliveira, Maria Berenice Dias...) Esta corrente atende o princípio da igualdade jurídica entre os filhos Art. 227 6 da CR/88

3ª Corrente: Traz as teorias de sub-herança, buscando soluções matemáticas para o problema da concorrência do cônjuge na secessão hibrida.

Teoria de Eduardo de Oliveira Leite - Composição pela solução mista A, casado falece deixando 5 filhos, sendo três comuns e dois exclusivos e uma herança de R$100.000,00. 1º Passo: Divisão da herança entre todos os filhos. R$20.000,00 a cada filho. 2º Passo: Divisão da herança em blocos. Bloco A filhos comuns R$60.000,00. Bloco B filhos exclusivos R$40.000,00 3º Passo: Sobre o valor de A há a reserva de ¼ para o cônjuge. Esta teoria não atende ao principio constitucional da igualdade jurídica dos filhos.

Teoria de Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka A, casado falece deixando 5 filhos, sendo três comuns e dois exclusivos e uma herança de R$100.000,00. 1º Passo: Divisão da herança entre todos os filhos. R$20.000,00 a cada filho. 2º Passo: Divisão da herança em blocos. Bloco A filhos comuns R$60.000,00. Bloco B filhos exclusivos R$40.000,00 3º Passo: reserva-se ao cônjuge parte igual a que tocaria os filhos em casa bloco. Esta teoria não atende ao principio constitucional da igualdade jurídica dos filhos.

Teoria de Flávio Augusto Monteiro de Barros A, casado falece deixando 5 filhos, sendo três comuns e dois exclusivos e uma herança de R$100.000,00. 1º Passo: Divide-se a herança pela soma dos herdeiros, filhos e cônjuge. 2º Passo: Subtrai-se da herança a parte dos filhos exclusivos. 3º Apura-se ¼ sobre a herança, sem a parte dos filhos exclusivos, encontrando o quinhão do cônjuge. 4º Passo: subtrai-se da herança a parte do cônjuge, dividendo o resultado pelo número de filhos. Esta teoria não atende ao principio constitucional da igualdade jurídica dos filhos.

Concorrência sucessória do cônjuge com os ascendentes. Considerando que o cônjuge preenche os requisitos previstos no art. 1.830 do CC e, portanto é herdeiro do falecido; e considerando ainda que o falecido não deixou descendentes, os ascendentes são chamados a suceder em concorrência com o cônjuge.

Quando haverá concorrência entre cônjuge e ascendentes? SEMPRE. O cônjuge concorre com os ascendentes do falecido qualquer que seja o regime de bens do casamento

João, casado pelo regime da comunhão universal de bens, falece e deixa como herdeiros apenas Maria, sua esposa e seus pais. Como fica a sucessão? João possui um apartamento adquirido no ano de 1990 e se casa com Maria no anos de 1995 pelo regime da comunhão parcial de bens. Já casados, João adquire uma casa de praia em 2004 e falece em 2005. João falece e deixa seus pais vivos. Como fazer o inventário de João sem levar em conta as frações dos quinhões? João, casado pelo regime da separação convencional e absoluta de bens, falece e deixa como herdeiros apenas Maria, sua esposa e seus pais. Como fazer o inventário de João sem levar em conta as frações dos quinhões?

Qual o quinhão que receberá o cônjuge do falecido se concorrer com os ascendentes? Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caberlhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

Pai 1/3 da herança Mãe 1/3 da herança A falecido Cônjuge 1/3 da herança

Avô Avó Pai 1/2 da herança Mãe Pré-morta A falecido Cônjuge 1/2 da herança

Avô 12,5 ou 1/8 Avó 12,5 ou 1/8 Avô 12,5 ou 1/8 Avó 12,5 ou 1/8 Pai Pré-Morto Mãe Pré-morta A falecido Cônjuge 1/2 da herança

Avô 12,5 ou ¼ Avô 12,5 ou 1/8 Avó 12,5 ou 1/8 Pai Pré-Morto Mãe Pré-morta A falecido Cônjuge 1/2 da herança

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