Revista Contextual - Ensino Fundamental

Documentos relacionados
ISSN SPAECE SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ. Revista Contextual - Ensino Médio. Foto: Nadim Maluf - MTuR

ISSN PAEBES Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo. Revista Contextual

ISSN PAEBES Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo. Revista Contextual

ISSN S AE THE Revista Contextual. Sistema de Avaliação Educacional de Teresina

ISSN SPAECE SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ. Sumário Executivo - Ensino Médio

ISSN SPAECE SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ. Sumário Executivo - Ensino Fundamental

GOVERNADOR CAMILO SOBREIRA DE SANTANA VICE-GOVERNADOR MARIA IZOLDA CELA DE ARRUDA COELHO SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO ANTONIO IDILVAN DE LIMA ALENCAR

GOVERNADOR CAMILO SOBREIRA DE SANTANA VICE-GOVERNADOR MARIA IZOLDA CELA DE ARRUDA COELHO SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO ANTONIO IDILVAN DE LIMA ALENCAR

SECRETARIA DE estado de Educação e Qualidade do Ensino - SEDUC. José Melo de Oliveira Governador do Estado do Amazonas

Governador de Pernambuco Paulo Câmara. Vice-governador de Pernambuco Raul Henry. Secretário de Educação Frederico Amancio

SECRETARIA DE estado de Educação e Qualidade do Ensino - SEDUC. José Melo de Oliveira Governador do Estado do Amazonas

Governador de Pernambuco Paulo Câmara. Vice-governador de Pernambuco Raul Henry. Secretário de Educação Frederico Amancio

Governador de Pernambuco Paulo Câmara. Vice-governador de Pernambuco Raul Henry. Secretário de Educação Frederico Amancio

PREFEITO DO IPOJUCA Carlos José de Santana. VICE-PREFEITO DO IPOJUCA Pedro José Mendes Filho

GOVERNADOR DE ALAGOAS José Renan Calheiros Filho. SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO José Luciano Barbosa da Silva

Governo do Estado de Goiás Marconi Perillo. Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira

Governo do Estado de Goiás Marconi Perillo. Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira

Governador de Pernambuco Paulo Câmara. Vice-governador de Pernambuco Raul Henry. Secretário de Educação Frederico Amancio

GOvERNO DO ESTADO DO RiO DE JANEiRO

GOVERNADOR DE ALAGOAS José Renan Calheiros Filho. SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO José Luciano Barbosa da Silva

PREFEITO DE TERESINA Firmino da Silveira Soares Filho. VICE-PREFEITO DE TERESINA Ronney Wellington Marques Lustosa

PREFEITO DE TERESINA Firmino da Silveira Soares Filho. VICE-PREFEITO DE TERESINA Ronney Wellington Marques Lustosa

SECRETARIA DE estado de Educação e Qualidade do Ensino - SEDUC. José Melo de Oliveira Governador do Estado do Amazonas

PREFEITO DE TERESINA Firmino da Silveira Soares Filho. VICE-PREFEITO DE TERESINA Ronney Wellington Marques Lustosa

Saen1i. Saemi ISSN

GOVERNADOR DE ALAGOAS José Renan Calheiros Filho. SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO José Luciano Barbosa da Silva

ISSN SPAECE2015 SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ RESULTADOS DA AVALIAÇÃO NO CEARÁ SUMÁRIO EXECUTIVO

SAEMS 2017 Sistema de Avaliação da Educação da Rede Pública de Mato Grosso do Sul

GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ JOSÉ WELLINGTON BARBOSA DE ARAÚJO DIAS VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ MARGARETE DE CASTRO COELHO

Avaliação do Desempenho Escolar

SAEGO 2018 REVISTA DO GESTOR ESCOLAR SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DO ESTADO DE GOIÁS ISSN

REVISTA DO GESTOR ESCOLAR

GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE TIÃO VIANA VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE NAZARÉ MELLO ARAÚJO LAMBERT

GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE TIÃO VIANA VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE NAZARÉ MELLO ARAÚJO LAMBERT

PREFEITO DE TERESINA Firmino da Silveira Soares Filho. VICE-PREFEITO DE TERESINA Ronney Wellington Marques Lustosa

SPAECE QUESTIONÁRIO DO DIRETOR

JOSÉ PEDRO GONÇALVES TAQUES Governador. CARLOS HENRIQUE BAQUETA FÁVARO Vice-Governador

Paulo César Hartung Gomes Governador do Estado do Espírito Santo. César Roberto Colnaghi Vice Governador do Estado do Espírito Santo

JOSÉ PEDRO GONÇALVES TAQUES Governador. CARLOS HENRIQUE BAQUETA FÁVARO Vice-Governador

EDUCAR PRA VALER 2018

GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ JOSÉ WELLINGTON BARBOSA DE ARAÚJO DIAS VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ MARGARETE DE CASTRO COELHO

R EVIST A DO GESTOR ESCOLAR

Aspectos Contextuais e Desempenho Escolar

Paulo César Hartung Gomes Governador do Estado do Espírito Santo. César Roberto Colnaghi Vice Governador do Estado do Espírito Santo

ISSN SPAECE SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ. Boletim do Gestor Escolar

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

ENADE Relatório da IES INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE MOSSORÓ

Oficina de Apropriação de Resultados Diretores e Pedagogos PAEBES 2015

Semelhanças e diferenças entre o SAEB e a Prova Brasil.(Acesse o SOLAR)

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

4 Escola Esperança e SAEB 2001: Uma visão comparativa da formação de professores

Sinaes Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Relatório da IES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA ORIENTAÇÕES EDIÇÃO 2015

COMO ESTÃO AS ESCOLAS PÚBLICAS DO BRASIL?

SEAPE 2012 REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR SISTEMA ESTADUAL DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR ISSN

OFICINA DE DIVULGAÇÃO E APR OPR IAÇÃO DE R E S ULTADOS SAERS 20 16

SPAECE 2013 SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ. REVISTA CONTEXTUAL Eficácia Escolar e Avaliação no estado do Ceará

UM LEVANTAMENTO COMPARATIVO DOS GLOSSÁRIOS DE MATEMÁTICA COM OS DICIONÁRIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE DUAS EXPERIÊNCIAS

por Gabriela Antônia da Silva Leão Especialista Matemática

ISSN SAEP2018 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO PARANÁ. Revista do Gestor Escolar

O PERFIL DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA, CIÊNCIAS E FÍSICA: UM ESTUDO A PARTIR DOS DADOS DO SAEB 97. Luciana Arruda Freire Julho de 1999.

PNAIC Uma síntese Nilcéa Lemos Pelandré Coordenadora da Formação PNAIC/UFSC/2017

Caro(a) Diretor(a) ATENÇÃO:

Sinaes Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Relatório da IES

ENADE Relatório da IES FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS DOURADOS. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - PORTO VELHO

Avaliação Nacional da Alfabetização ANA

ENADE Relatório da IES UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS JATAÍ. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA

ENADE Relatório da IES UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CATALÃO. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Sinaes Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Relatório da IES

OFICINA DE DIVULGAÇÃO E APROPRIAÇÃO RESULTADOS SAETHE

Caracterização do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação CEPAE/ PROGRAD/ UFG

ENADE Relatório da IES UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PELOTAS. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

ENADE Relatório da IES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE GUARAPUAVA. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE - IRATI

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - DOURADOS

SAETHE2015 Sistema de Avaliação Educacional de Teresina

O CAEd está organizado em cinco unidades:

AVALIE ENSINO MÉDIO 2013 Questionário do Professor

GESTÃO DA APRENDIZAGEM: Conselho Participativo Escola Estadual João XXIII

1 DOS OBJETOS 2 DO PROCESSO SELETIVO

SPAECE 2012 Questionário do Diretor

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - OURO PRETO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - CATALÃO

OFICINA DE APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS 2011

Alfabetização da Base à sala de aula: Que caminho percorrer? Monica Gardelli Franco Superintendente do CENPEC

Transcrição:

ISSN 19827644 SPAECE SISTEMA PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO CEARÁ 2017 Revista Contextual Ensino Fundamental Foto: Nadim Maluf MTuR

ISSN 19827644 SPAECE Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará Revista Contextual 2017

FICHA CATALOGRÁFICA CEARÁ. Secretaria da Educação do Estado do Ceará. SPAECE 2017 / Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 4 (jan./dez. 2017), Juiz de Fora, 2017 Anual. Conteúdo: Revista Contextual ISSN 19827644 CDU 373.3+373.5:371.26(05)

GOVERNADOR CAMILO SOBREIRA DE SANTANA VICEGOVERNADORA MARIA IZOLDA CELA DE ARRUDA COELHO SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO ROGERS VASCONCELOS MENDES SECRETÁRIA EXECUTIVA RITA DE CÁSSIA TAVARES COLARES ASSESSORIA INSTITUCIONAL DANIELLE TAUMATURGO DIAS SOARES COORDENADORIA DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA EDUCAÇÃO COORDENADOR LUCIANO NERY FERREIRA FILHO CÉLULA DE GESTÃO DE DADOS E AVALIAÇÃO ORIENTADOR JOSÉ ANDERSON DA SILVA ARAÚJO EIXO DE AVALIAÇÃO EXTERNA ANA PAULA PEQUENO MATOS ASSESSORIA TÉCNICA JOSÉ ALVES FERREIRA NETO

Sumário 7 INTRODUÇÃO 8 EXPECTATIVAS E PERCEPÇÃO DOS ATORES EDUCACIONAIS 4 PROFESSORES 16 DIRETORES 24 A 25 CONSTRUÇÃO DOS ÍNDICES CONSIDERAÇÕES FINAIS

GRÁFICOS Gráfico 1: Tempo de atuação docente na escola SPAECE 2017... 8 Gráfico 2: Escolaridade dos professores SPAECE 2017... 9 Gráfico 3: Formação continuada na área de conhecimento SPAECE 2017...10 Gráfico 4: Exercício de outra atividade remunerada por professores SPAECE 2017...10 Gráfico 5: Carga horária semanal na escola SPAECE 2017...11 Gráfico 6: Carga horária semanal dedicado às atividades extraclasse SPAECE 2017...11 Gráfico 7: Participação na escolha do livro didático SPAECE 2017...12 Gráfico 8: Índice de expectativas sobre o futuro dos alunos segundo os professores SPAECE 2017...12 Gráfico 9: Índice de percepção sobre a diversidade das atividades na escola segundo os professores SPAECE 2017...13 Gráfico 10: Índice de percepção sobre a qualidade das relações na escola segundo os professores SPAECE 2017...14 Gráfico 11: Índice de percepção sobre o perfil pedagógico da gestão segundo os professores SPAECE 2017...15 Gráfico 12: Índice de percepção sobre o perfil democrático da gestão segundo os professores SPAECE 2017...16 Gráfico 13: Escolaridade dos diretores SPAECE 2017...17 Gráfico 14: Tempo de atuação como diretor no campo educacional SPAECE 2017...18 Gráfico 15: Principal desafio de gestão SPAECE 2017...18 Gráfico 16: Escolha do livro didático SPAECE 2017...19 Gráfico 17: Índice de expectativas sobre o futuro dos alunos segundo os diretores SPAECE 2017...20 Gráfico 18: Índice de percepção sobre a diversidade das atividades na escola segundo os diretores SPAECE 2017...20 Gráfico 19: Índice de percepção sobre a qualidade das relações na escola segundo os diretores SPAECE 2017...21 Gráfico 20: Índice de percepção sobre o perfil pedagógico da gestão segundo os diretores SPAECE 2017...22 Gráfico 21: Índice de percepção sobre o perfil democrático da gestão segundo os diretores SPAECE 2017...22

Introdução As desigualdades entre os grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição socioeconômica de suas famílias são enfrentadas pelas escolas no país. Diante desse quadro, as decisões curriculares e didáticopedagógicas das secretarias de Educação, o planejamento do trabalho anual das instituições escolares e as rotinas e os eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a necessidade de superação dessas desigualdades. Nesse sentido, os sistemas e as redes de ensino, bem como as instituições escolares, devem se planejar com um claro foco em indicadores educacionais que ajudem os profissionais da educação a avaliar a eficácia e a equidade de seu sistema de ensino. Disponibilizar esses dados é o principal objetivo do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE). A partir das informações coletadas, preparadas e divulgadas, é possível monitorar o nível e a tendência dos resultados educacionais, para assim elaborar e implantar políticas educacionais fundadas em dados empíricos. Para atingir esses objetivos, são necessárias medidas para o desempenho nas disciplinas avaliadas e também medidas para as dimensões não cognitivas associadas aos resultados de desempenho, tais como gestão democrática, os aspectos associados ao clima escolar e as atitudes e práticas pedagógicas. Essas dimensões são passíveis de análise a partir do levantamento de informações registradas nos questionários contextuais. Os instrumentos para coleta de informações contextuais foram aplicados a professores e diretores do ensino fundamental e são apresentados, nesta edição, de forma a ressaltar o valor analítico dos índices de percepção sobre o futuro dos alunos, a diversidade das atividades e o perfil pedagógico e democrático da gestão. Ainda que não seja responsável por modificar o contexto social onde está inserida, a escola pode, em certa medida, promover ações que minimizem efeitos pouco favoráveis que possam interferir na aprendizagem dos estudantes. Ao voltar seu olhar para aspectos internos, como o clima escolar, e ao acompanhar as práticas pedagógicas, por exemplo, a escola pode proporcionar melhores oportunidades aos estudantes que atende. Nesse sentido, são apresentados, neste volume, resultados dos questionários contextuais, que delineiam alguns aspectos passíveis de alteração pela e na escola. A expectativa docente em relação aos estudantes, por exemplo, pode gerar impacto na proficiência, ou seja, na medida do conhecimento/aptidão de estudantes. Isso é explicado pelo Efeito Pigmaleão (Rosenthal), fenômeno que define que, quanto maiores as expectativas que se tem relativamente a uma pessoa, melhor o seu desempenho. A participação na tomada de decisões, de modo democrático, por exemplo, pode estimular o comprometimento docente para com o ensino e a escola. Em linhas gerais, esses fatores internos são capazes de influenciar positivamente na formação escolar. Também é importante para algumas pessoas saber sobre a qualidade do ambiente fornecido pela escola. Dessa forma, todos os dados aqui apresentados podem ser relacionados entre si e com cada contexto e cada realidade enfrentada pelas escolas. A fim de auxiliar gestores da rede e das escolas, além dos próprios professores, nessa tarefa, são apresentadas, neste volume, as principais informações coletadas pelos questionários aplicados a professores e a diretores. 01 Revista Contextual 7

Expectativas e percepção dos atores educacionais Professores Nesta seção, são apresentadas informações detalhadas dos índices contextuais. Muitas perguntas estão diretamente relacionadas ao clima escolar, dentre as quais as expectativas sobre o futuro dos alunos, a diversidade das atividades e a percepção da qualidade das relações. Explorar os índices dos professores e diretores, portanto, é uma forma de expandir o conhecimento acerca desses atores, revelando dimensões pouco exploradas do ponto de vista interno à escola. Além disso, tornase essencial que os resultados cognitivos sejam adequadamente contextualizados com as percepções sociais dos atores envolvidos. Descrevese, a seguir, as principais características contextuais dos professores da rede estadual do Ceará. O objetivo aqui não é problematizar as respostas, mas levantar aspectos pedagógicos e de gestão que são relevantes para a escola. De um total de 24.882 professores participantes, 15.765 responderam às perguntas do questionário contextual, o que corresponde a 63,3%. As informações a seguir estão associadas à percepção dos professores sobre o futuro dos alunos, a diversidade das atividades na escola, a qualidade das relações na escola, o perfil pedagógico e o perfil democrático da gestão. A percepção dos professores sobre o futuro dos alunos pode estar associada ao tempo em que esse professor atua na escola e conhece o percurso dos alunos. Gráfico 1: Tempo de atuação docente na escola SPAECE 2017 Menos de 1 ano 19,5% Entre 1 e 2 anos 11,7% Entre 3 e 5 anos Entre 6 e 10 anos Entre 11 e 15 anos Entre 16 e 20 anos Mais de 20 anos 21,4% 17,6% 11,3% 11,7% 6,8% 8 SPAECE 2017

O gráfico 1 destaca que 39% dos professores respondentes afirmam ter de 3 a 10 anos de experiência docente na escola de resposta. Já os professores que possuem menos de um ano de experiência docente na escola somam 19,5%, o que pode revelar novos vínculos de trabalho na escola ou rotatividade docente. Esse contato maior do docente com a escola e o seu funcionamento pode ainda influenciar na percepção deles sobre a qualidade das relações entre alunos e professores, entre alunos e gestão da escola por exemplo. 02 Gráfico 2: Escolaridade dos professores SPAECE 2017 Ensino Médio Ensino Médio e Magistério Ensino Superior (Pedagogia) Ensino Superior (Outros) Licenciatura em Letras Licenciatura em Matemática Licenciatura (Outros) Especialização (Alfabetização) Especialização (Letramento) Especialização (Matemática) Especialização (Outros) Mestrado, doutorado ou posterior 1,4% 1,8% 4,4% 9,4% 6,2% 7,5% 4,9% 8,5% 5,1% 1,1% 22,4% 27,2% Dos professores que responderam ao questionário, quase metade cursou pósgraduação lato ou stricto sensu (46,8%). Desses, 27,2% possuem especialização na área de educação, enfatizando temas que não alfabetização, letramento ou matemática, e apenas 1,1% tem título de mestre ou doutor. Dos professores que concluíram o ensino superior, 22,4% são graduados em pedagogia. Revista Contextual 9

Gráfico 3: Formação continuada na área de conhecimento SPAECE 2017 Sim 91,2% Não 8,8% A formação continuada reforça a ideia da qualidade do ensino ofertado, portanto, ressaltase que 91,2% dos professores respondentes têm participado de formação continuada. Gráfico 4: Exercício de outra atividade remunerada por professores SPAECE 2017 Sim, na área de educação 11,4% Sim, fora da área de educação 5,2% Não 83,3% A grande maioria dos docentes (83,3%) não exerce outra atividade remunerada, o que significa maior foco na atuação educacional. Salientase, assim, que apenas 5,2% informaram atuar também fora da área de educação para complementação da renda. 10 SPAECE 2017

Gráfico 5: Carga horária semanal na escola SPAECE 2017 02 Até 20 horas 39,3% De 21 a 30 horas 3,7% De 31 a 40 horas 54,4% De 41 a 60 horas 1,6% Mais de 60 horas 1,1% O gráfico 5 mostra que 97,4% dos professores dedicamse por até 40 horas a ministrar aulas. Apenas 1,1% tem carga horária superior a 60 horas. Gráfico 6: Carga horária semanal dedicada às atividades extraclasse SPAECE 2017 Nenhum 3,3% Até 15% 39,6% De 15% a 30% 44,6% De 31% a 50% 11,3% Mais de 50% 1,3% Grande parte dos professores (84,2%) utiliza até 30% do seu tempo de trabalho na escola para formação e estudo, planejamento, produção de materiais etc. Outros 3,3% não dedicam tempo algum a atividades extra classe na escola. Revista Contextual 11

Gráfico 7: Participação na escolha do livro didático SPAECE 2017 Sim 43,5% Não 56,5% O gráfico 7 destaca que 43,5% dos professores participaram da escolha dos livros didáticos adotados pelas escolas participantes do SPAECE. No entanto, mais da metade dos professores (56,5%) afirma que não participa dessa escolha. Esses dados podem apontar que o processo de escolha do livro didático nas escolas estaduais e municipais do Ceará possui bases pouco democráticas. Gráfico 8: Índice de expectativas sobre o futuro dos alunos segundo os professores SPAECE 2017 Os professores têm altas expectativas sobre o futuro dos alunos da escola 50,8% Os professores têm expectativas medianas sobre o futuro dos alunos da escola 38,2% Os professores têm baixas expectativas sobre o futuro dos alunos da escola 11,0% 12 SPAECE 2017

O gráfico 8 sinaliza que, de modo geral, os professores têm boas expectativas acerca do futuro dos alunos da escola. Dos professores respondentes, 50,8% dizem ter altas expectativas sobre o futuro dos alunos, enquanto 38,2% afirmam ter expectativas medianas. Apenas 11% responderam ter baixas expectativas. Para a construção desse índice, foram associadas questões concernentes à confiança de que boa parte de seus alunos construiu habilidades para além do proposto na matriz do SPAECE e de que as turmas vão conseguir passar de ano sem dificuldades. Além disso, os professores acreditam que boa parte dos estudantes vai conseguir concluir o ensino médio sem dificuldades, entrar em alguma faculdade e ter bons empregos. 02 Gráfico 9: Índice de percepção sobre a diversidade das atividades na escola segundo os professores SPAECE 2017 As atividades na escola são muito diversificadas 30,6% As atividades na escola são razoavelmente diversificadas 55,8% As atividades na escola são pouco diversificadas 13,6% O gráfico 9 apresenta o índice de percepção sobre a diversidade das atividades na escola. A maioria dos professores (55,8%) aponta que as atividades são razoavelmente diversificadas, enquanto 30,6% acreditam que são muito diversificadas, e 13,6% sinalizam o contrário. Essa percepção a respeito da diversidade das atividades está pautada em afirmações quanto a existência de várias atividades interessantes ao longo do ano, tais como gincanas, apresentações, esportes, entre outras. Além disso, os professores consideram a existência de aulas extras e de atividades extraclasse. Considerase também, para a formação desse índice, a noção de que os professores deixam claro para os estudantes que eles têm que aprender para passar de ano e que o diretor e o coordenador dão suporte para melhoria do processo de ensino aprendizagem. Revista Contextual 13

Gráfico 10: Índice de percepção sobre a qualidade das relações na escola segundo os professores SPAECE 2017 A qualidade das relações na escola é alta 33,1% A qualidade das relações na escola é mediana 63,7% A qualidade das relações na escola é baixa 3,2% Quanto ao índice de percepção sobre a qualidade das relações na escola, a grande maioria dos professores (63,7%) disse que é mediana, enquanto 33,1% afirmaram que é alta. Apenas uma pequena parcela dos docentes participantes (3,2%) respondeu que a qualidade das relações é baixa. Essa qualidade das relações está pautada no fato de os estudantes se relacionarem bem uns com os outros, com o(a) diretor(a) e com os demais professores. Além disso, destacase a capacidade de os diretores tratarem os estudantes com respeito e manterem, constantemente, um diálogo com seus pais e professores. 14 SPAECE 2017

Gráfico 11: Índice de percepção sobre o perfil pedagógico da gestão segundo os professores SPAECE 2017 A gestão possui perfil pedagógico 24,4% 02 Algumas ações da gestão são características de um perfil pedagógico 59,2% A gestão não possui perfil pedagógico 16,4% O gráfico 11 foca no índice de percepção dos professores sobre o perfil pedagógico da gestão. Entre os docentes participantes, quase 25% sinalizam que a gestão possui o perfil pedagógico, enquanto 59,2% acreditam que algumas ações da gestão possuem esse perfil. Por outro lado, 16,4% dos professores declaram que a gestão não tem qualquer característica pedagógica. Para a construção desse índice, consideramse as seguintes ações do diretor: acompanhar, com frequência, a entrada e a saída dos estudantes; auxiliar os professores na escolha ou troca do livro didático; orientar os professores na elaboração do plano de trabalho, de projetos didáticos diferenciados e outras produções; promover reuniões pedagógicas e/ou grupos de estudos com os professores; e observar o trabalho realizado pela escola como um todo. Revista Contextual 15

Gráfico 12: Índice de percepção sobre o perfil democrático da gestão segundo os professores SPAECE 2017 A gestão possui perfil democrático 27,2% Algumas ações da gestão são características de um perfil democrático 61,8% A gestão não possui perfil democrático 11,0% Diretores Por fim, quanto ao índice de percepção dos professores sobre o perfil democrático da gestão, a grande maioria dos docentes (61,8%) afirma que existem algumas ações da gestão que atendem a um perfil democrático. Da parcela restante, 27,2% declaram que a gestão adere efetivamente um perfil democrático, enquanto 11% sinalizam o oposto. A percepção dos professores sobre o perfil democrático da gestão está associada às ações da gestão na escola. Tais ações sinalizam a capacidade em resolver coletivamente as questões relevantes, consultar boa parte dos professores nas decisões importantes, convocar várias reuniões com os pais dos estudantes ao longo do ano letivo, ouvir os estudantes quando eles o procuram, prestar conta de suas decisões e deixar claro quais são as regras a serem obedecidas na escola. São apresentados, a seguir, os índices contextuais acerca dos diretores escolares da rede estadual. De um total de 4.647 diretores participantes, 3.760 responderam às perguntas do questionário contextual, o que corresponde a 80,9%. As informações estão associadas à percepção dos diretores sobre o futuro dos alunos, a diversidade das atividades na escola, a qualidade das relações na escola, sobre o perfil pedagógico da gestão e sobre o perfil democrático da gestão. 16 SPAECE 2017

Gráfico 13: Escolaridade dos diretores SPAECE 2017 Ensino Fundamental (antigo 1º grau). Ensino Médio (antigo 2º grau). Ensino Médio Magistério (antigo 2º grau Normal). 0,0% 0,6% 0,5% 02 Ensino Superior Pedagogia. 12,8% Ensino Superior Curso Normal Superior. Ensino Superior Licenciatura em Letras. Ensino Superior Licenciatura em Matemática. Ensino Superior Licenciatura em outras áreas. Ensino Superior Outros. Especialização (mínimo 360h) na área de educação, enfatizando alfabetização. Especialização (mínimo 360h) na área de educação, enfatizando linguística ou Especialização (mínimo 360h) na área de educação, enfatizando educação matemática. Especialização (mínimo 360h) na área de educação, enfatizando outros temas. Especialização (mínimo 360h) em outras áreas que não a educação. Mestrado, doutorado ou posterior. 0,4% 5,4% 2,3% 7,6% 5,6% 3,2% 5,7% 3,2% 3,2% 2,3% 47,2% Percebese que grande parte dos diretores possui especialização na área de educação, enfatizando outros temas que não alfabetização, letramento, linguagens ou matemática (47,2%). Uma parcela bem menor dos respondentes, que corresponde a 2,3%, sinaliza ter título de mestre ou doutor.. Revista Contextual 17

Gráfico 14: Tempo de atuação como diretor no campo educacional SPAECE 2017 Há menos de 1 ano 28,0% Entre 1 e 2 anos 9,1% Entre 3 e 5 anos Entre 6 e 10 anos 19,5% 23,7% Entre 11 e 15 anos Entre 16 e 20 anos Há mais de 21 anos 2,7% 6,0% 10,9% O tempo de atuação como diretor é um importante dado para as secretarias das redes estadual e municipal de ensino do Ceará, haja vista que mensura o grau de experiência desses atores no campo educacional. Sob essa perspectiva, ressaltase, no gráfico 14, que 23,7% dos diretores respondentes têm entre 3 e 5 anos de experiência, enquanto 19,5%, entre 6 e 10 anos. No entanto, 28% dos diretores respondentes possuem menos de um ano de experiência gestora. Gráfico 15: Principal desafio de gestão SPAECE 2017 A organização pedagógica da escola. 36,8% A organização financeira da escola. 24,4% A organização administrativa da escola. 22,1% Não houve desafios para minha gestão. 4,1% 18 SPAECE 2017

Em relação às dificuldades dos diretores no âmbito escolar, sobretudo do ponto de vista dos desafios e problemas de gestão, na opinião de boa parte dos diretores, o grande desafio de gestão é a organização pedagógica da escola (36,8%), seguida da organização financeira da escola (24,4%) e da organização administrativa da escola (22,1%). 02 Gráfico 16: Escolha do livro didático SPAECE 2017 Foi escolhido de outra forma 5,6% Foi escolhido pela secretaria de educação 8,5% Foi escolhido pelos professores 82,3% Foi escolhido pela equipe gestora 1,3% Não sei 2,3% Quanto à participação na escolha do livro didático, percebese que as respostas são contraditórias. Essa mesma contradição podem ser percebida nos gráficos referentes ao índice de percepção sobre o perfil democrático da gestão presentes neste material. Percebese, no gráfico 16, que 82,3% dos diretores afirmam que os professores participaram da escolha dos livros didáticos. Porém, quando os professores são perguntados se participaram dessa escolha, os dados revelam que 56,5% deles disseram que não. Revista Contextual 19

Gráfico 17: Índice de expectativas sobre o futuro dos alunos segundo os diretores SPAECE 2017 Os diretores têm altas expectativas sobre o futuro de seus alunos 24,6% Os diretores têm expectativas medianas sobre o futuro de seus alunos 67,0% Os diretores têm baixas expecativas sobre o futuro de seus alunos 8,4% Quanto às expectativas dos diretores sobre o futuro dos alunos, o gráfico 17 sinaliza que a maioria deles tem boas expectativas: 24,6% dos diretores participantes têm altas expectativas, e 67%, expectativas medianas. Quanto às baixas expectativas, apenas 8,4% dos diretores afirmam ter. Gráfico 18: Índice de percepção sobre a diversidade das atividades na escola segundo os diretores SPAECE 2017 As atividades na escola são muito diversificadas 32,7% As atividades na escola são razoavelmente diversificadas 58,4% As atividades na escola são pouco diversificadas 8,9% 20 SPAECE 2017

De forma aproximada à percepção dos professores (gráfico 9), 32,7% dos diretores participantes consideram alta a diversificação das atividades na escola de acordo com o gráfico 18. Por outro lado, um número considerável (58,4%) acredita que as atividades são razoavelmente diversificadas, enquanto 8,9% dos diretores percebem a escola enquanto espaço com poucas atividades diversificadas. Isso significa que, para a maioria dos diretores, esse aspecto pode melhorar nas escolas. 02 Gráfico 19: Índice de percepção sobre a qualidade das relações na escola segundo os diretores SPAECE 2017 A qualidade das relações na escola é alta 50,3% A qualidade das relações na escola é mediana 49,3% A qualidade das relações na escola é baixa 0,5% No gráfico 19, que diz respeito ao índice de percepção sobre a qualidade das relações na escola, as respostas dos diretores participantes são equilibradas, quando se considera a percepção alta e a mediana das qualidades das relações. Diferente da percepção da maioria dos professores (63,7%), que considera a qualidade das relações na escola majoritariamente mediana, os diretores respondentes sinalizam um maior percentual em relação à alta qualidade das relações (50,3%). No gráfico 19, percebese ainda que apenas 0,5% dos diretores demonstrou considerar baixa a qualidade das relações nas escolas em que atuam. Revista Contextual 21

Gráfico 20: Índice de percepção sobre o perfil pedagógico da gestão segundo os diretores SPAECE 2017 O diretor possui perfil pedagógico 52,9% Algumas ações do diretor são características de um perfil pedagógico 46,7% O diretor não possui perfil pedagógico 0,4% O índice sobre o perfil pedagógico da gestão, corroborado no gráfico 20, apresentase de forma diferente à percepção dos professores, sobretudo no percentual apresentado para a percepção de que o diretor possui perfil pedagógico. Dessa forma, destacase que 52,9% dos diretores consideram se enquadrar no perfil pedagógico, enquanto apenas 24,4% dos professores entendem que o diretor possui esse perfil. Das 425 respostas registradas nesta questão, 46,7% dos diretores acreditam que algumas ações de gestão possuem características de um perfil pedagógico. Apenas 0,4% dos diretores sinalizam não possuir esse perfil. Gráfico 21: Índice de percepção sobre o perfil democrático da gestão segundo os diretores SPAECE 2017 O diretor possui perfil democrático 49,8% Algumas ações do diretor são características de um perfil democrático 47,0% O diretor não possui perfil democrático 3,2% 22 SPAECE 2017

No que se refere ao índice de percepção sobre o perfil democrático da gestão, há disparidade em relação às respostas dos professores. Apenas 27,2 % dos professores concordam que o perfil da gestão das escolas em que atuam é democrático. Esse percentual é inferior, comparado a 49,8% dos diretores, conforme observase no gráfico 21. Ainda na percepção dos diretores participantes, 47% consideram que algumas ações têm características democráticas. Apenas 3,2% dos diretores acreditam não possuir perfil democrático. 02 Revista Contextual 23

A construção dos índices A construção de cada um dos índices apresentados seguiu o mesmo procedimento. Inicialmente, foram selecionadas as dimensões dos questionários aplicados aos professores e aos diretores que interessavam à análise e que poderiam ser objeto da construção de índices. A seguir, cada variável (questão ou item do questionário) foi recodificada, de modo que cada alternativa de resposta recebesse um valor de acordo com sua carga semântica, positiva ou negativa. Assim, para as assertivas que faziam afirmações positivas sobre determinada dimensão avaliada, como, por exemplo, aquelas que afirmavam que as relações na escola eram boas, a opção de resposta Concordo Totalmente recebeu o maior valor, ao passo que a alternativa Discordo Totalmente recebeu o menor valor. Isso significa que, nesses casos, a pontuação atribuída a cada alternativa foi a seguinte: 1 para Discordo Totalmente, 2 para Discordo, 3 para Concordo, e 4 para Concordo Totalmente. Como se vê, à medida que o grau de concordância com a afirmação aumentou, o valor atribuído à resposta também aumentou. Vale notar que, mesmo que as alternativas de resposta, dispostas em uma escala de concordância, mudem o nome (por exemplo, Concordo mais que Discordo no lugar de Concordo), a lógica dessa operação permanece a mesma. Ela coloca em cena a atribuição de valores diferentes para respostas diferentes, seguindo a gradação do nível de concordância. Esse passo é fundamental para a construção dos índices, pois permite a criação de escalas. Uma vez recodificadas as variáveis, o próximo passo foi testar se elas estavam medindo a mesma dimensão. Para isso, foi analisada sua coerência interna. Dois testes foram realizados para tanto: as correlações bivariadas (entre as alternativas selecionadas para compor o índice) e o alpha de Cronbach 1. Uma vez confirmado que as variáveis do índice estavam medindo o mesmo traço latente, seus valores foram somados e recodificados em uma escala de 1 a 10. Tendo sido criada a escala, seus valores foram analisados e divididos em três grupos distintos de resposta. Cada um desses conjuntos representa um grupo de percepções semelhantes sobre a mesma dimensão avaliada. Eles foram renomeados para compor os grupos de percepções dos respondentes sobre cada dimensão que deu base à construção de um índice. 1 O alpha de Cronbach é um coeficiente destinado a estimar a confiabilidade de determinado constructo. Ele mensura a correlação entre as variáveis que compõem um índice, medindo o nível de relação entre as respostas dadas a um questionário. Assim, quanto maior o valor do alpha (que varia de 0 a 1), maior a correlação entre as respostas dadas e mais confiável é o índice criado com base nas variáveis de um questionário. 24 SPAECE 2017

Considerações finais A literatura mostra que há fatores externos, como o nível socioeconômico dos estudantes, que impactam na aprendizagem. Contudo, é quando se olha para dentro da escola que é possível perceber quais são os fatores que tornam algumas instituições mais eficazes, no sentido de garantir um ensino de qualidade independente daqueles fatores oriundos da trajetória do aluno. 04 A avaliação educacional possibilita o monitoramento do direito à educação e, também, o reconhecimento de situações que merecem ser estudadas mais de perto, assim como os fatores internos que podem contribuir para um melhor resultado na redução da desigualdade educacional. A análise dos dados e a articulação entre os atores educacionais em torno dos resultados das avaliações são essenciais para que os quadros de todas as escolas melhorem, elevando, assim, a qualidade da educação ofertada no Ceará. As escolas têm autonomia para analisar seus resultados, levando seus contextos em consideração e percebendo que estratégias são mais eficazes em cada caso. Olhar para aspectos como o clima escolar e as práticas pedagógicas pode auxiliar as instituições a lidarem com questões verificadas no cotidiano escolar. Ao trazer respostas dos questionários contextuais, de professores e diretores, ficam evidentes alguns aspectos do cotidiano escolar, especialmente aqueles relacionados ao que está ao alcance da escola modificar. Este volume buscou chamar a atenção para questões despercebidas, a exemplo da ideia de que altas expectativas sobre todos interferem positivamente no desempenho de estudantes. Esse exercício, sem dúvida, envolveu expandir e em alguma medida ressignificar o próprio conhecimento que se tem sobre a educação ofertada no estado. O conteúdo assinalou, de acordo com os respondentes, a autocrítica associada a opiniões propícias para formação escolar de qualidade. Esperase, portanto, que as informações elencadas sirvam para estimular reflexões acerca da importância dos fatores intraescolares no processo de ensinoaprendizagem. Assim, esperase que os dados apresentados nesta Revista Contextual possibilitem uma melhor caracterização da rede de ensino e, para além disso, contribuam para a construção de estratégias e ações pautadas não só nos resultados, mas também nos fatores contextuais da escola, que concorrem para a explicação do desempenho dos estudantes. Revista Contextual 25

Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora Marcus Vinicius David Coordenação Geral do CAEd Lina Kátia Mesquita de Oliveira Manuel Palácios da Cunha e Melo Eleuza Maria Rodrigues Barboza Coordenação da Pesquisa de Avaliação 20162019 Manuel Palácios da Cunha e Melo Coordenação da Pesquisa Aplicada ao Design e Tecnologias da Comunicação Edna Rezende Silveira de Alcântara Coordenação da Pesquisa Aplicada ao Desenvolvimento de Instrumentos de Avaliação Hilda Aparecida Linhares da Silva Micarello Coordenação do Programa de PósGraduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública Eliane Medeiros Borges Supervisão de Construção de Instrumentos e Produção de Dados Rafael de Oliveira Supervisão de Entregas de Resultados e Desenvolvimento Profi ssional Wagner Silveira Rezende