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Com a citada modificação, o artigo 544, do CPC, passa a vigorar com a seguinte redação:

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Transcrição:

JUIZADO ESPECIAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº200870510084747/PR RELATOR : Juiz Federal José Antonio Savaris RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS RECORRIDO : DULCIMAR DE FATIMA GEROMEL ALVES 200870510084747 [LUL /LUL] 1/5 VOTO Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o cômputo de tempo de serviço rural e tempo de serviço especial. A decisão recorrida acolheu, para tanto, as alegações de trabalho rural na condição de segurada especial de 12.02.1974 a 31.12.1979, bem como de trabalho especial, no cargo de inspecionadora, inspetora e auxiliar de qualidade na Cia. Cacique de Café Solúvel Divisão de Embalagens, no período de 11.06.1985 a 08.11.1991. O agente nocivo experimentado pela segurada era ruído, sempre em intensidade equivalente a 91,7 db. A parte recorrente sustenta a ausência de interesse processual, uma vez que os documentos comprobatórios da especialidade do trabalho foram juntados apenas na esfera judicial. Não teria havido, portanto, a pretensão resistida por parte da autarquia, o que esvazia o interesse judicial da autora. Sucessivamente, acaso mantida a lide, o INSS aponta que não basta dizer que havia sujeição a agentes nocivos, se não há apresentação de laudo técnico e informação se haviam equipamentos de proteção. Ainda, o recorrente impugna os laudos técnicos apresentados, uma vez que não são contemporâneos às atividades prestadas. Por último, a entidade previdenciária requer que os efeitos financeiros da condenação, acaso mantida, sejam fixados na data da juntada dos documentos de evento 31 ou, sucessivamente, na citação. Sem razão o recorrente. Quanto à fixação dos efeitos financeiros na data de entrada do requerimento administrativo, não há o que se reformar na sentença. Quando a Administração Previdenciária põe termo a um processo administrativo, indeferindo beneficio previdenciário sem propiciar ao segurado o pleno conhecimento acerca de seus direitos e de como deve proceder para resolver seus problemas com a Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 88), quando não realiza a Justificação Administrativa para confortar a prova documental apresentada pelo segurado (Lei 8.213/91, art. 108), quando não oferece espaço para exercício do

contraditório e ampla defesa no processo de concessão de benefício, contribui, com esse proceder ilegítimo, para a precária instrução do processo administrativo, para o adiamento da satisfação do direito material que se apresentou sob sua análise, abrindo espaço para a intervenção jurisdicional. Aqui cabe a observação de que o princípio constitucional da eficiência (CF/88, art. 37, caput), em uma boa interpretação, deveria conduzir aos agentes administrativos a orientarem o segurado da Previdência Social para a facilitação de acesso a direito fundamental destinado a garantir-lhe a subsistência; também seria esta a função do serviço social (Lei 8.213/91, art. 88, caput). No processo administrativo previdenciário, se descontente com a prova pelo requerente inicialmente apresentada, a entidade previdenciária tem o dever não apenas moral, mas igualmente jurídico de instaurar processo de justificação administrativa, de realizar diligências (observado contraditório) para investigar a veracidade das afirmações, tem, enfim, o poder-dever de julgar-lhe a sorte de acordo com os elementos de prova apresentados ou solicitados inicialmente, confortados por prova pessoal e, se for o caso, emitir carta de exigências fundamentada, dando ciência ao interessado dos critérios administrativos empregados e das providências que podem ser adotadas com vista a concessão do benefício. É de se observar que em se tratando de processo administrativo, as atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias (Lei 9.784/99, art. 29). Isso se dá porque a diretriz primeira da atividade probatória no processo administrativo é a sua qualidade de ato espontâneo da Administração. A regra é a instalação e condução ex officio da instrução, sem que isso impeça o pleito dos interessados ou sua intimação acerca do andamento processual 1. Finalmente, se houve indeferimento administrativo do benefício pretendido pelo segurado, a reunião de novos fatos no feito judicial somente faz prestigiar a realidade sobre a forma, a instrumentalidade do processo e a informalidade do processo no âmbito dos Juizados Especiais Federais, não sendo recomendável uma postura excessivamente formalista para o acesso à justiça (direito constitucional e objetivo precípuo da Lei 10.259/01) de pessoa presumivelmente hipossuficiente que busca judicialmente a satisfação de direito de natureza alimentar. 1 MOREIRA, Egon Bockmann. Processo administrativo..., p. 234. 200870510084747 [LUL /LUL] 2/5

Se é requerida administrativamente a aposentadoria por tempo de contribuição e nenhuma exigência formalmente manifestada é deixada de ser atendida, abre-se ao segurado a via judicial. Por outro lado, a Instrução Normativa INSS/PRES 20/2007, na esteira do Decreto 3048/99, disciplina a fase de instrução do processo administrativo e dispõe sobre a conduta da autarquia, que deve orientar bem o segurado. Estabelece o art. 460 e do citado ato normativo: Art. 460. Conforme preceitua o art. 176 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, a apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recusa do requerimento de benefício, sendo obrigatória a protocolização de todos os pedidos administrativos, cabendo, se for o caso, a emissão de carta de exigência ao requerente. 3º. O pedido de benefício não poderá ter indeferimento de plano, sem emissão de carta de exigência, mesmo que assim requeira o interessado, uma vez que cabe ao Instituto zelar pela correta instrução do feito, justificando o ato administrativo de indeferimento. 4º. Para o caso em que o requerente não atenda à exigência, deverá a APS registrar tal fato no processo, devidamente assinado pelo servidor, procedendo à análise do direito e ao indeferimento pelos motivos cabíveis e existentes, oportunizando ao requerente a interposição de recurso, na forma do que dispõe o art. 305 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999. Desse modo, como cumpria ao INSS apreciar e requerer as provas hábeis a comprovar o pleito do autor no processo administrativo, e assim não fez, tenho que restou configurada a existência de interesse de agir. Quanto à necessidade de laudo técnico, complementar aos PPP s apresentados, observo que foram juntados pela empresa empregadora (evento 31), bem como que, ainda que não tivessem sido juntados, seria possível o reconhecimento da especialidade do trabalho. É cediço que sempre foi exigido laudo técnico pericial comprobatório da atividade especial para os agentes físicos ruído e calor, tendo em vista tratar-se de agentes nocivos que necessitam de aferição técnica para sua medição. Todavia, recentemente, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU) decidiu que é suficiente a apresentação do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), ainda que desacompanhado de laudo técnico, para comprovar a exposição a agente agressivo, inclusive ruído, uma vez que o documento é emitido com base no próprio laudo: 200870510084747 [LUL /LUL] 3/5

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXIGIBILIDADE DO LAUDO TÉCNICO. AGENTE AGRESSIVO RUÍDO. APRESENTAÇÃO DO PPP PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO DA AUSÊNCIA DO LAUDO PERICIAL. ORIENTAÇÃO DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSS. OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA EFICIÊNCIA. 1. A Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, do INSS, atualmente em vigor, embora padeça de redação confusa, em seu artigo 161, parágrafo 1º, prevê que, quando for apresentado o PPP, que contemple também os períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. 2. A própria Administração Pública, consubstanciada na autarquia previdenciária, a partir de 2003, por intermédio de seus atos normativos internos, prevê a desnecessidade de apresentação do laudo técnico, para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos, inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, por considerar que o documento sob exame é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado tão-somente em caso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. 3. O entendimento manifestado nos aludidos atos administrativos emitidos pelo próprio INSS não extrapola a disposição legal, que visa a assegurar a indispensabilidade da feitura do laudo técnico, principalmente no caso de exposição ao agente agressivo ruído. Ao contrário, permanece a necessidade de elaboração do laudo técnico, devidamente assinado pelo profissional competente, e com todas as formalidades legais. O que foi explicitado e aclarado pelas referidas Instruções Normativas é que esse laudo não mais se faz obrigatório quando do requerimento do reconhecimento do respectivo período trabalhando como especial, desde que, quando desse requerimento, seja apresentado documento emitido com base no próprio laudo, contendo todas as informações necessárias à configuração da especialidade da atividade. Em caso de dúvidas, remanesce à autarquia a possibilidade de exigir do empregador a apresentação do laudo, que deve permanecer à disposição da fiscalização da previdência social. 4. Não é cabível, nessa linha de raciocínio, exigir-se, dentro da via judicial, mais do que o próprio administrador, sob pretexto de uma pretensa ilegalidade da Instrução Normativa, que, conforme já dito, não extrapolou o ditame legal, apenas o aclarou e explicitou, dando a ele contornos mais precisos, e em plena consonância com o princípio da eficiência, que deve reger todos os atos da Administração Pública. 5. Incidente de uniformização provido, restabelecendo-se os efeitos da sentença e condenando-se o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da condenação, nos termos da Súmula 111 do STJ. (Pedido de Uniformização 2006.51.63.000174-1, Relator Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, TNU, 03/08/2009). Por último, no que diz respeito à atenuação do nível de ruído devido ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI s), é de se ressaltar que não têm o condão de descaracterizar a atividade exercida em condições especiais, nos termos da Súmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, a qual aplico analogicamente e que a seguir transcrevo: O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no 200870510084747 [LUL /LUL] 4/5

caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. Condeno o recorrente vencido (RÉU) ao pagamento de honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (artigo 55 da Lei 9.099/95 c/c artigo 1º da Lei 10.259/2001), observada a Súmula 111 do STJ. Curitiba, (data do ato). Assinado digitalmente, nos termos do art. 9º do Provimento nº 1/2004, do Exmo. Juiz Coordenador dos Juizados Especiais Federais da 4ª Região. José Antonio Savaris Juiz Federal Relator 200870510084747 [LUL /LUL] 5/5