SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DOS SERVIDORES PÚBLICOS. Porto Alegre RS, 12 de dezembro de 2012

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Transcrição:

1 SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DOS SERVIDORES PÚBLICOS Porto Alegre RS, 12 de dezembro de 2012 O SR. MARVI LE TAFFAREL, Coordenador do Conselho de Representantes e Presidente da Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil AGAFISP. Muito bom dia a todos. Saudamos os presentes e registramos que é uma satisfação para a AGAFISP e a ANFIP realizar este Seminário, para debater um tema importante, que é a previdência complementar do servidor público. Entendemos que o Funpresp é mais uma maldade que é feita contra o servidor público, porque restringe direitos, não de uma categoria de privilegiados, mas uma categoria de trabalhadores especiais, que trabalha e dedica a sua vida ao serviço público. Julgamos que isso é mais uma das coisas que, no futuro, virão prejudicar a busca das melhores cabeças para o serviço público. À medida que se restringem direitos e que se diminuem algumas prerrogativas do servidor, no futuro, poderemos pagar muito caro por isso. Então, nossa saudação é de boas vindas, agradecendo a presença e desejando que tenhamos um dia cheio de debates, de ideias e com a participação de todos. Muito obrigado. da Fundação ANFIP. O SR. FLORI ANO MARTI NS DE SÁ NETO, Presidente

2 Bom dia a todos e a todas. Gostaria de saudar a todos os presentes, pelo interesse de discutir o tema previdência complementar para o servidor público, que é desconhecido da imensa maioria dos servidores públicos, inlcusive os que contam com certo tempo de serviço ou até mesmo os já aposentados; e esse novo regime de previdência complementar vai ser aplicado a novos servidores públicos e também aos atuais que optarem. A Fundação ANFIP é o órgão de estudos mantido pela ANFIP, e esse tema é um dos que estudamos. E para nós, que somos oriundos da previdência social, a previdência complementar é uma obsessão nossa, mesmo porque é uma atividade dos auditores fiscais, que fiscalizamos os fundos de pensão e, por consequência, também vamos fiscalizar a previdência complementar, via Funpresp. Deste encontro vamos tirar elementos, produzir publicações, para orientar esse processo, que começará no início de fevereiro de 2013, com a nova previdência do servidor público, não necessariamente melhor, não necessariamente pior, mas um modelo totalmente novo. Vamos acompanhar isso com muito carinho, mesmo porque entendemos que há muito a melhorá lo, a partir de discussões como as deste seminário. O SR. ADEMI R GOMES DE OLI VEI RA, Superintendente Adjunto da 10ª Região Fiscal da RFB. Bom dia a todos. Sejam bem vindos a este evento. É uma satisfação estar aqui presente na abertura de um encontro da magnitude e importância deste seminário internacional sobre discussão da previdência complementar dos servidores públicos. Então, é importante que não haja acomodação e que a fiscalização verifique como os recursos serão aplicados e como será gerido esse fundo.

3 Acho que é importante sairmos deste encontro com o entendimento do que seja melhor para o servidor, para o colega que está chegando. É louvável essa preocupação da ANFIP, da Fundação ANFIP e da AGAFISP, para dar essa oportunidade de esclarecer o que é essa previdência complementar do servidor público. Obrigado. O SR. LUI Z CARLOS CORRÊA BRAGA, Presidente do Conselho Fiscal da ANFIP. Realmente essa campanha de esclarecimento que a ANFIP está fazendo é muito importante para nós, servidores públicos. Acho que a grande luta dos servidores públicos, tanto federal como estadual e municipal é que se busque uma solução mais adequada de previdência complementar, para atender ao servidor público. Por exemplo, como a contribuição da União é um direito do servidor público, esses 8,5% poderiam ser aportados em qualquer entidade de previdência complementar, da escolha do servidor, e não apenas para os que aderirem ao Funpresp. A todos, muito obrigado. ANFIP. O SR. FLORI ANO JOSÉ MARTI NS, Vice Presidente da Bom dia a todos. O objetivo deste seminário é esclarecer o que é o Funpresp e também para justificar porque a ANFIP, não só lutou contra o projeto que lhe deu origem, veementemente, como vai continuar lutando pelo seu aperfeiçoamento. Apenas contra o projeto, porque a ANFIP não é contra a previdência complementar, é

4 contra o modelo que foi aprovado, porque não atende aos interesses do servidor público. A luta da ANFIP e de outras entidades possibilitou um pequeno aperfeiçoamento, mesmo tendo sido da ANFIP 44 das 59 emendas apresentadas, desde o início processo, em 2007. Mas isso não tira da ANFIP a força e a vontade de continuar lutando para o aperfeiçoamento do Funpresp. Nós, servidores públicos, não tínhamos conhecimento sobre o que é previdência complementar. As nossas áreas eram o regime geral e o regime próprio. A previdência complementar começou a ser fiscalizada, praticamente, a partir de 1994. A Previc também é recente e, por isso, poucos de nossos colegas conhecem bem esse tema. Temos realizado seminários em vários estados, para que possamos uniformizar nossos conhecimentos, até para sabermos que orientação passar para os nossos colegas, especialmente os que estão chegando. Já realizamos encontros em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e em Salvador e agora estamos neste evento no Rio Grande do Sul, e certamente continuaremos realizando mais seminários em outros estados. Nós temos que nos aperfeiçoar nessa matéria. Se perguntarmos o que é CD, o que é BD, certamente a grande maioria dos nossos colegas não sabe a definição, porque não é nossa linguagem. O servidor público fazia concurso e só tinha que se preocupar com os direitos e deveres constantes da legislação pertinente, a Lei 8.112. Está nascendo uma nova previdência. Somos favoráveis? Não, nós lutamos contra, com todas as garras, mas perdemos. Nós gostaríamos de ter uma aposentadoria diferenciada, porque achamos que a merecemos, com segurança, tanto administrativa quanto jurídica.

5 Perdemos, mas temos que acompanhar a sua implantação. Ainda falta a regulamentação e também existem algumas dúvidas que, espero, sejam sanadas neste encontro. Com isso, quero agradecer a todos os participantes, em especial à AGAFISP, desejando que tenhamos um evento extraordinário, de sucesso, contando com a participação e o conhecimento de todos, porque é a nossa vida que está em jogo. Quem entrar no serviço público a partir de fevereiro de 2013, não terá mais a previdência do regime próprio, como sempre tivemos. Vamos ter outra previdência, que precisa de governança e muita fiscalização. Acho que não estamos seguros, nem quem está aposentado e nem quem está com a regra garantida. Não no sentido de que teremos que optar pela previdência complementar, mas no sentido de que, a qualquer momento, poderá haver uma reforma previdenciária; e já no próximo ano, seguramente, haverá reforma no regime geral. Reformando o regime geral, provavelmente alterando a pensão, o fator previdenciário, a idade, poderá também vir alteração nas regras de integralidade e de paridade do servidor público, não mais neste governo, mas no próximo. Então, temos que estar atentos inclusive para a nossa situação, para os que estão aposentados e para os que têm a garantia da regra de transição. Um bom evento a todos e muito obrigado.

6 Painel I O SR. FLORI ANO MARTINS DE SÁ NETO, Coordenador da Mesa. Bom dia Como questionamentos iniciais, indagamos aos palestrantes por que a implementação do Funpresp só está ocorrendo agora, praticamente dez anos depois da permissão constitucional? Por que esse modelo foi o escolhido para gerir o fundo do servidor público? Quais as garantais para os novos servidores e os riscos que traz também aos antigos? A questão da governança, considerada fundamental, como será aplicada ao Funpresp? Outro ponto importante, a qualificação. Que tipo de capacitação será oferecido aos novos servidores, já que a adesão é voluntária? Isso para evitar a baixa adesão inicial, com a consequente redução de cobertura e aumento do custo para os que aderirem. Essas são as provocações iniciais, com o intuito de estimular a participação de todos. Muito obrigado. Palestra: Previdência Complementar: P erspectivas e Aspectos Legais Fundamentais

7 O SR. JOSÉ RI CARDO SACERON, Vice Presidente da ANAPAR Associação Nacional de Participantes em Fundos de Pensão. Bom dia a todos vocês, agradecendo muito à ANFIP pela oportunidade de falar neste seminário. Antes de falar sobre previdência complementar é bom sempre a gente se apresentar, porque o que falamos é a herança do que vivemos na verdade. Durante doze anos eu fui diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e, na Previ, Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil, trabalhei durante 32 anos. Nesse período, fui conselheiro fiscal durante dois anos, conselheiro deliberativo e diretor de seguridade da Previ, durante seis anos. Em todos os casos, eleito pelos funcionários do Banco do Brasil. Nós temos um modelo de gestão paritária na Previ, que foi conquistado com muita luta, muita disputa e briga com o Banco do Brasil. É um modelo que poderia servir de base para os fundos de pensão em geral no Brasil, inclusive para o Funpresp, para o qual foi proposto, originalmente, mas não foi aprovado. Politicamente, devo dizer que sou a favor de ter previdência complementar para todo mundo, inclusive para o servidor público. Qualquer cidadão brasileiro, no meu entendimento, deve ter o mesmo sistema de previdência, previdência pública até determinado patamar, até determinado teto e, a partir daí, previdência complementar. Eu concordo com essa tese, acho a correta. Mas isso não quer dizer que o plano que foi proposto e aprovado para o servidor público é um bom plano, porque, verdadeiramente não o é. Essa é a grande questão, previdência complementar, sim, mas não com esse plano. Poderia ser muito

8 melhor, gastando um pouco mais de contribuição. Acho que essa é a grande questão que temos que discutir. A ANAPAR é a Associação Nacional de Participantes em Fundos de Pensão, criada em 2001. Nós participamos, de alguma maneira, da discussão levando algumas críticas e inclusive algumas sugestões para esse projeto. Boa parte delas não foi aceita pelo Congresso Nacional e pelo Governo. Mas procuramos, da nossa maneira, colaborar para melhorar o máximo possível o que foi apresentado. Acho que algumas questões poderiam ser mais bem tratadas, com certeza absoluta, em relação a esse projeto. O que vou apresentar é o que tem sido debatido nos outros eventos e, basicamente, é um apanhado geral de como funcionam os fundos de pensão no Brasil. O sistema previdenciário brasileiro não difere muito do que há no restante do mundo, que é o regime geral de previdência, a parte afeita aos trabalhadores vinculados à CLT, inclusive funcionários de empresas estatais, de empresas públicas; os regimes próprios dos servidores públicos; e o regime de previdência complementar, que é o objeto de discussão neste seminário. O regime de previdência complementar é dividido em dois: o sistema fechado e o sistema aberto. O sistema fechado é onde o Funpresp vai se enquadrar, que é o fundo de pensão patrocinado por determinadas empresas, ou no caso de órgãos públicos, para os seus respectivos servidores. Então, só pode entrar numa entidade fechada de previdência complementar, num plano fechado, os empregados de empresa patrocinadora ou, no caso do Funpresp, os servidores públicos federais. Já o regime aberto é dirigido essencialmente ao consumidor, é uma relação mais característica de consumo.

9 Então, a questão já levantada sobre a possibilidade do servidor contribuir para qualquer plano de previdência, com a contrapartida do Governo, não é possível, porque o servidor só pode ter essa contrapartida, se aderir a plano de previdência patrocinado pelo governo. Por sua vez, o governo só pode contribuir para a entidade que patrocina, como está na Constituição. O que é previsto em todo plano de previdência complementar, e isso é de lei também, é que, qualquer participante, se em determinado momento quiser sair do plano, desde que rompa o vínculo empregatício, pode portar o recurso que acumulou para qualquer entidade de previdência, inclusive aberta. O problema é portar recursos para uma entidade aberta, porque, normalmente, os custos são muito mais altos do que a previdência fechada e a qualidade é muito pior. O regime aberto é administrado por bancos e seguradoras e o fechado, patrocinado por empresas e órgãos. Essas as distinções básicas entre os regimes fechado e aberto. Já o regime geral de previdência é público, obrigatório, de repartição simples, regime de caixa, teto de benefício, financiado por empresas, trabalhadores e a sociedade. A diferença fundamental entre o regime geral e o de previdência complementar é que o primeiro, é de repartição simples, ou seja, quem está na ativa paga o benefício de quem está aposentado. Assim, é fundamental que tenha na ativa um número de trabalhadores ou contribuintes suficientes, para pagar o benefício de quem se aposentou. A garantia do regime geral é legal, constitucional, não é a capitalização, não é acumular dinheiro para pagar benefício. Enquanto tiver essa garantia, o regime é obrigado a honrar os compromissos que assumiu. Essa é a troca que está havendo, a

10 mudança fundamental que está havendo com os servidores públicos, o regime público, até determinado valor e, a partir daí, a previdência complementar. Na previdência complementar o regime é diferente. É um contrato privado. Apesar de, na sua criação, o Funpresp ter natureza pública, mas na verdade, a relação contratual é privada, entre o servidor que aderiu ao plano e o próprio plano de benefícios da entidade fechada. É facultativo, só adere ao Funpresp quem quiser. E o Governo só contribui se o participante aderir ao plano de previdência. A relação contributiva só se estabelece a partir do momento que tenha adesão formal do participante. Então, se o servidor está pensando em não aderir, porque pode administrar melhor o seu dinheiro, na verdade, está desonerando o Governo de contribuir para capitalizar a previdência desse servidor. Então, é fundamental que todo mundo faça a adesão, porque senão não haverá cobertura previdenciária. Acho que essa é a grande questão. Uma experiência prática. Na Previ, há um plano de contribuição variável, que é novo, em vigor desde 1998, cujo nível de adesão era, aproximadamente, de dois terços dos funcionários do Banco do Brasil. Atualmente, está em torno de 93, 94%, e só aumentou quando fizemos um convênio com o Banco do Brasil e a primeira reunião que o funcionário do Banco do Brasil faz quando toma posse do seu cargo no banco, é falando de previdência. Ele já entra pensando na saída no Banco do Brasil. Graças a isso, é que se conseguiu esse nível de adesão de 93, 94%. Já ouvimos essa mesma bobagem de um gerente do Banco do Brasil, dizendo que poderia administrar o seu dinheiro melhor do que a Previ. Agora, vocês hão de convir que um fundo de pensão que tem 150 bilhões, quando vai negociar com o banco uma taxa de administração para aplicar o seu patrimônio, consegue condição muito melhor do que uma pessoa que

11 vai aplicar cinquenta mil reais para esse mesmo banco administrar. Então, essa solidariedade e esse volume de recursos são fundamentais também para a gestão do fundo, para reduzir custos e para sobrar mais dinheiro na conta do participante. O regime da previdência complementar é de capitalização. Não é o pessoal da ativa que paga a aposentadoria de quem já saiu. É o pessoal que está na ativa que faz a própria reserva de poupança para poder, no futuro, receber um benefício previdenciário. Essa é a grande diferença em relação ao regime próprio ou em relação ao regime geral de previdência. Então, se o servidor não aderir ao plano no dia que ingressar no serviço público, além de deixar de acumular as próprias contribuições desde o início, muito mais importante, perde também as contribuições do patrocinador, do governo. É fundamental aderir ao plano, a partir do primeiro dia, para não perder tempo nem poupança. Não há teto de benefício. O que foi definido para o Funpresp é a contribuição do governo de 8,5% sobre o que exceder o teto do regime próprio, mas o servidor pode contribuir com qualquer valor. O regime capitalizado é financiado por participantes e patrocinador. Ou seja, quando o governo federal assina a adesão ao plano de previdência, está se comprometendo a participar do custeio desse plano, a fazer as contribuições previstas no regulamento do plano de benefícios. E está assumindo, nesse caso do servidor, uma parcela do risco que é a aposentadoria por invalidez e algumas outras questões. O regime de previdência complementar é operado por entidades de previdência privada. É uma entidade de direito privado. As entidades abertas são administradas por bancos e seguradoras,

12 têm finalidade lucrativa, é fiscalizada pela Susep Superintendência de Seguros Privados, vinculada ao Ministério da Fazenda, e só os participantes contribuem. Numa entidade aberta, o patrocinador não se responsabiliza pela contribuição para formar a poupança previdenciária de seu trabalhador. Já na entidade fechada, como o caso do Funpresp, o patrocinador, governo, tem a sua responsabilidade na contribuição. É dirigida exclusivamente, aos empregados do patrocinador, não tem finalidade lucrativa e toda a rentabilidade do patrimônio é revertida para as contas do participante. É fiscalizada pela Previc, que é vinculada ao Ministério da Previdência. Num exemplo prático, se um cidadão comum for comprar um plano de previdência na Brasilprev, a taxa de administração é de 2 a 3%. Os recursos serão aplicados em renda fixa, títulos públicos federais, que atualmente estão rendendo, os de curto prazo, a inflação, mais 2 a 2,5%. Ou seja, a taxa de administração come toda a rentabilidade real. Já a taxa de administração da Previ é em torno de 0,2%, ou seja, dez vezes menor do que a da Brasilprev. Por aí vejam que o dinheiro que fica na conta de cada um, no fundo de pensão fechado, é muito maior do que o que fica na conta de cada um, no fundo de pensão aberto. Então, o fundo de pensão fechado tem uma vantagem grande em relação ao aberto e não tem o objetivo de lucro. No fundo aberto, para o banco ter lucro, obviamente tem que tirar uma parte maior da conta de cada um, enquanto no fundo fechado, como não há finalidade de lucro, não tem que tirar parte nenhuma, tem que tirar apenas a parte necessária para fazer a administração dos ativos, do patrimônio e do pagamento dos benefícios dos participantes.

13 O Funpresp se encaixa nas entidades fechadas, regidas por lei, exatamente porque é exclusivo dos servidores públicos federais. A regulação das entidades fechadas é feita pela Secretaria de Políticas de Previdência Complementar e a fiscalização fica a cargo da Previc, que é a Superintendência de Previdência Complementar. Toda a regulamentação é feita pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar, composto por oito membros, sendo cinco do Governo e três da sociedade civil: um é das entidades de previdência complementar, outro dos patrocinadores e instituidores, e o terceiro, dos participantes e assistidos, indicado pela ANAPAR. Há também a Câmara de Recursos da Previdência Complementar, onde são julgados os recursos relativos às penalidades aplicadas pela PREVIC. Por exemplo, qualquer alteração no regulamento do plano de benefícios, no estatuto, etc, inclusive do Funpresp, precisa ser aprovada pela Previc. O Conselho Monetário Nacional define critérios de investimentos, como limites, modalidades de investimentos, etc Há ainda o Conselho Nacional de Atuários, que é consultivo. O sistema de previdência complementar brasileiro existe desde a década de sessenta. A Previ, do Banco do Brasil, foi fundada nesses moldes, em 1967, apesar de existir desde 1904, como pecúlio. A estruturação contributiva e de capitalização ocorreu, de fato, em 1967. Mas a primeira lei é de 1977, dez anos depois. Nessa época, ainda existia a Petros, da Petrobras; a Funcef, da Caixa; a Fundação Itaú e vários outros. A Emenda Constitucional n.20, é um marco importante também e estabeleceu um parâmetro fundamental para os fundos de pensão, definindo que o patrocinador pode contribuir com o máximo

14 de contribuição do participante, ou seja, a paridade contributiva. Em fundos de pensão, como a Previ, anteriormente, a contribuição do banco era duas partes e a do funcionário, uma; a Petrobras, também era dois por um, e teve períodos anteriores em que era até maior do que dois por um. Mas a Emenda n. 20 estabeleceu a paridade de um por um, e a partir de então todos os fundos de pensão tiveram que se adequar, exceto os fundos de pensão de empresa privada, onde é livre a relação contributiva entre patrão e empregado. Tem fundo de pensão, inclusive, cuja contribuição é 100% do patrocinador. Isso não quer dizer que a empresa privada é generosa, porque os participantes não contribuem, na verdade, são demitidos antes de se aposentarem. Então, essa é a realidade dos fundos de pensão brasileiros. A Lei Complementar n.109 é a Lei Geral da Previdência Complementar, e a Lei Complementar n.108 trata essencialmente das patrocinadoras públicas. Então, o modelo de gestão do Funpresp, por exemplo, se enquadra na LC 108, que trata exatamente da paridade nos conselhos deliberativo e fiscal, e não na diretoria executiva. A partir do momento em que o Funpresp estiver com estatuto e regulamento prontos, todo e qualquer servidor público que ingressar no governo, se ultrapassar o valor do teto do regime geral, só vai ter um benefício acima desse teto, se aderir ao Funpresp. Se, por exemplo, esse servidor ganhar quinze mil reais, e não aderir ao Funpresp, vai contribuir para a previdência pública, até o teto, que hoje corresponde a cerca três mil novecentos reais e, acima disso, simplesmente não terá benefício. Se não aderir ao Funpresp, não capitalizará os recursos acima do teto, e nada receberá, além do valor do benefício limitado a esse teto. Quanto aos controles, no Brasil não tem nada mais fiscalizado do que fundo de pensão. Tem conselho fiscal do próprio

15 fundo, Previc, Conselho Monetário, tem uma série de órgãos, além de um arcabouço legal muito consistente. Cada fundo de pensão tem o seu estatuto e respectivo regulamento. O fundamental é que o estatuto defina o modelo de gestão do fundo de administração da entidade, e o regulamento defina a cesta de benefícios e o volume de contribuição garantido para cada participante. Então, o regulamento pode ser alterado a qualquer momento. Segundo a legislação, a partir do momento em que o regulamento é alterado, pode ser aplicado a todos os participantes. Só que ainda não se garantiu, até hoje, que as alterações no regulamento passem a vigorar somente a partir da data dessas alterações, e não sejam aplicadas para os participantes que já estavam no sistema, devendo valer para esses participantes, até aquele momento, o regulamento antigo. Essa é uma questão muito sensível para o sistema, mas o fato é que as grandes leis de um fundo de pensão são o estatuto, que trata do modelo de gestão e o regulamento, que trata dos direitos em relação ao benefício e contribuição do participante. Por exemplo, se vai ter pensão ou não no plano de benefícios; qual a contribuição do participante e do patrocinador; na aposentadoria, qual vai ser o tipo de benefício que vai receber, de acordo com as normas definidas no plano. No sistema fechado de previdência complementar brasileiro, posição de junho de 2012, há 332 entidades, sendo 229 patrocinadoras privadas; 84 empresas públicas; e 19 planos instituidores. São 1090 planos de benefícios, sendo que uma mesma entidade pode administrar mais de um plano de previdência. Há ainda 2.850 patrocinadores, 200 deles são empresas públicas, sendo que um plano de previdência pode ser patrocinado por vários patrocinadores. Os ativos são 626 bilhões, dos quais 406

16 de patrocinadores públicos, aí incluídos Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras, etc. Observe se que o número de patrocinadores públicos é menos de 10% do sistema, e o volume de recursos em torno de dois terços. Então, a previdência complementar no Brasil ainda é um fenômeno predominantemente de empresa pública e, a partir de agora, de servidor público também. A tendência é que o plano de previdência do servidor vai ser muito grande e, em alguns anos, provavelmente supere a Previ que, atualmente, representa aproximadamente um quarto do sistema, em termos de patrimônio. Por que essa discrepância tão grande? Essencialmente, porque, na empresa privada, simplesmente o participante não se aposenta, é demitido antes; na empresa pública, acaba ficando até o final da carreira e recebendo benefício de previdência complementar. Essa é a grande diferença. São 2,9 milhões de participantes, dos quais cerca de um milhão nas patrocinadoras públicas e em torno de seiscentos mil aposentados. Os planos de previdência do sistema de previdência complementar são de três tipos: benefício definido, contribuição definida e contribuição variável. O plano de benefício definido é aquele em que se sabe, logo na entrada, o que se vai receber na saída. No plano de contribuição definida, o benefício depende do que for acumulado na vida de trabalho, com contribuições do participante e do patrocinador. E com outro agravante, além de não saber o valor benefício que vai receber, no futuro, após contratar o benefício, também não sabe se vai terminar a vida com o valor inicial

17 do benefício, se maior ou menor, porque também vai depender da rentabilidade do plano. No plano de contribuição variável, a acumulação é individual mas, ao se aposentar, o benefício se torna mutualista, ou seja, é contratado um benefício vitalício, que é corrigido, anualmente, pelo índice de inflação. No Funpresp, o plano de previdência escolhido para o servidor público é o de contribuição definida. Em termos de modelo, acho que é o pior do três, para ser claro. Detalhando as diferenças entre os tipos de benefício, o BD é mutualista, onde não se constitui a própria reserva, que é coletiva. Mesmo na concessão da aposentadoria, o regime continua sendo mutualista, os benefícios são vitalícios e, tanto os de risco quanto os permanentes são contratos antecipadamente. Normalmente, o benefício é calculado em função dos últimos salários. Na Previ, Petros e Funcef, o benefício de plano BD são calculados em função dos últimos 36 salários. O plano BD também tem desvantagens, porque quem está na base da pirâmide, paga a conta de quem se aposenta no topo. É um Robin Hood às avessas, porque transfere renda dos mais pobres para os mais ricos. Essa é a verdade no plano de benefícios definido. Normalmente, o benefício tipo BD é reversível em pensão por morte, e o risco, inclusive após a aposentadoria, é compartilhado entre patrocinador e participantes. Ou seja, se depois de concedido o benefício, o dinheiro que foi aplicado não rendeu aquilo que era esperado, a patrocinadora também tem que pagar metade da conta, de acordo com a proporção contributiva entre patrocinador e participantes. Então, o compromisso da patrocinadora não se encerra

18 na aposentadoria, só quando o participante morrer. Assim, enquanto o participante estiver vivo, o compromisso da patrocinadora persiste. Por essas razões, na década de noventa, no Brasil, as empresas todas fizeram pressão para que os fundos de pensão mudassem o seu regime de previdência, adotando o plano CD ou o plano CV. Isso para reduzir o risco pós emprego das empresas, ou seja, o risco de a empresa continuar existindo, enquanto o empregado está inativo, em relação à previdência complementar. Com na modalidade contribuição definida, não existe mutualismo, cada um faz a sua reserva individual. A empresa assume a responsabilidade de contribuir de acordo com o que está no regulamento, mas o benefício é resultado do que for acumulado. Ou seja, se contribuir a vida inteira, tudo bem, caso contrário, o valor do benefício vai ser bem menor, porque vai corresponder sempre ao que for acumulado. O benefício é calculado a partir do saldo de conta de cada um. Só haverá benefício, se houver acumulação. No Funpresp, está prevista a criação de um fundo de sobrevivência, que procura garantir benefício vitalício, mas no plano CD tradicional não existe isso. O cálculo da aposentadoria é feito a partir do saldo da conta do participante, que é dividido pela expectativa de vida desse participante. Por exemplo, se a aposentadoria se dá aos 55 anos de idade, e a expectativa de vida é 27 anos, quer dizer que o saldo da conta será rateado por 27 anos. Se o participante/assistido viver mais do que os 27 previstos, não terá mais aposentadoria, porque o saldo terá acabado. Além disso, o valor do benefício é recalculado todo ano. A imagem da corda bamba é real, porque todo ano o valor do benefício é recalculado, de acordo com o saldo da conta de cada um. Então, se em determinado ano o dinheiro do fundo de pensão estivesse aplicado em ações, por exemplo, do Banco Cruzeiro do Sul, que quebrou, teria perda, o patrimônio do fundo seria

19 reduzido e, consequentemente, o valor do benefício também seria diminuído. Por outro lado, se o dinheiro do fundo de pensão estivesse aplicado na Vale, que foi privatizada por dez bilhões de reais e chegou a valer 200 bilhões de dólares, haveria aumento de patrimônio e o benefício iria subir, exatamente por conta dessa aplicação. Fica claro que a gestão é absolutamente fundamental para o fundo de pensão. No CD, o valor do benefício é ajustado ao saldo da conta do participante, que depende do rendimento e o risco é assumido totalmente por esse participante, ou seja, depois da aposentadoria, o risco da patrocinadora acaba. Então, o benefício é garantido pela gestão do patrimônio. Se der déficit, o risco é do participante. O plano de contribuição variável é um misto do BD e do CD. A acumulação é individual, o benefício é calculado de acordo com o saldo da conta, tudo igual ao plano CD. Mas, depois de concedida a aposentadoria, o benefício se torna vitalício, porque o risco é compartilhado entre todos os aposentados. Assim, no exemplo anterior, aquele participante que tinha expectativa de vida de 27 anos, mas viveu 37 anos, o benefício continua sendo pago, porque outro participante viveu menos do que a expectativa prevista, sobrando recursos para os que viveram mais. No entanto, se os recursos acumulados não renderam o esperado, pode haver déficit nesse plano de benefícios concedidos, que vai exigir a correspondente cobertura. Nesse caso, há toda uma discussão se a patrocinadora entra nessa cobertura ou não, o que ainda não está resolvido, porque a maioria dos planos de benefício de contribuição variável, no Brasil, só agora estão começando a pagar benefício.