PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Documentos relacionados
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

RECURSO ORDINÁRIO TRT/RO RTOrd

PROCESSO: RTOrd. Acórdão 10a Turma

VOTO: I - R E L A T Ó R I O

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

O Sr(a) foi contratado(a) pela reclamante, para defender seus direitos. Os pedidos foram rejeitados na origem e mantidos pelo TRT da 9ª Região.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO: RO

A C Ó R D Ã O 5ª T U R M A

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (4.ª Turma) GMMAC/r4/pc/rsr/h

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO: RTOrd

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMDMA/FSA/

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR HERBERT PAULO BECK Órgão Julgador: 11ª Turma

PROCESSO nº (RO) RECORRENTE: SEST SERVICO SOCIAL DO TRANSPORTE, SENAT SERVICO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE

I - R E L A T Ó R I O

FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 10º PERÍODO NIVELAMENTO RECURSO ORDINÁRIO

O conforto térmico e as repercussões na saúde dos trabalhadores

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

A Ré, às fls. 70/78, argui preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, insurge se em relação a declaração de sucessão e quanto a

PROCESSO: RTOrd

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gabinete Juiz Convocado 8 Av. Presidente Antonio Carlos, 251

Acórdão-6ªC RO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma GDCCAS/lmx

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/pvc

I RELATÓRIO Trata-se de recurso ordinário interposto pela Ré, às fls , em face da respeitável sentença da MM. 50ª Vara do

PROCESSO: RO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO TRT/ RO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (Ac. (5ª Turma) GMCB/am/

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente. e Recorrida.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

Sentença publicada em secretaria aos vinte e dois dias do mês de março de 2013, sexta-feira, às 17 horas. VISTOS, ETC.

Trata-se de Embargos de Declaração opostos pelas partes em face do v. aresto de fls. 282/289, sob o argumento de ter ele incidido em omissão.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE SÃO JOÃO DE PADUA

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO, provenientes da MM. 02ª VARA DO TRABALHO DE LONDRINA - I.

PALESTRA SICEPOT MG 11/04/2019. REFORMA TRABALHISTA Lei /2017 Pontos de Atenção

Contestação às folhas 70/80. Atas de audiência às folhas 541 e 555.

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (3ª Turma) GMALB/rhs/scm/AB/ri

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE PARANAGUÁ PR

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/ean

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Reforma Trabalhista FENABRAVE - SC. Lei /2017 FLORIANÓPOLIS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 39ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO SP.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

Custas processuais à fl Contrarrazões às fls. 177/181.

PRÁTICA TRABALHISTA 29/08/2018. Curso de Estágio Profissional Unip

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO SILVESTRIN Órgão Julgador: 4ª Turma

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 1ª TURMA

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (8ª Turma) GMDMC/Mdm/Vb/nc/al

RELATÓRIO ADMISSIBILIDADE

O eg. Tribunal Regional negou provimento ao Recurso Ordinário da Reclamante, ao fundamento de que não tem direito à

Processo originário da 4ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (7ª Turma) GMDAR/FS/

RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO ORIGEM: 75ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 3ª Turma GMAAB/pvc/ct

Gratuidade de Justiça deferida na sentença.

ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUIZ CONVOCADO MARCOS FAGUNDES SALOMÃO Órgão Julgador: 11ª Turma

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA MARIA CRISTINA SCHAAN FERREIRA Órgão Julgador: 6ª Turma

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

Direitos Trabalhistas Justiça do Trabalho e Recursos Humanos

O TRT da 15ª Região, pelo acórdão de fls. 1313/1324, deu provimento parcial aos Recursos Ordinários do Reclamante e da Reclamada.

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMDMA/MCL

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (Ac. 3ª Turma) GMALB/mal/AB/jn

PROCESSO: RTOrd

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE CAMBORIÚ SC

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 2ª TURMA

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O (8ª Turma) GMDMC/Dr/Vb/gr/mm

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/ean

Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passo à análise dos pressupostos recursais intrínsecos.

Wanda Pinho de Oliveira. Serviço Federal de Processamento de Dados SERPRO

PROCESSO: RTOrd RECURSO ORDINÁRIO

ADVOCACIA ORNELLAS Dra. Rita de Cássia da Silva - OAB/SP

PROCESSO: (RO)

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. HORAS EXTRAS. PERÍODO DESTINADO À TROCA DE UNIFORME. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. SÚMULA 366 DO TST.

Primeiro exercício de Recurso Ordinário

EXAME DE ORDEM XXVII DIREITO DO TRABALHO Prática trabalhista

Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO PROCESSO nº 0011550-28.2014.5.01.0008 (RO) RECORRENTE: SEARA ALIMENTOS LTDA RECORRIDO: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx RELATOR: FLÁVIO ERNESTO RODRIGUES SILVA RECURSO ORDINÁRIO. INTERVALO DO ARTIGO 253 DA CLT. RECUPERAÇÃO TÉRMICA. TEMPO DENTRO DO AMBIENTE ARTIFICIALMENTE FRIO. SONEGAÇÃO. Para ter direito ao intervalo previsto no artigo 253 da CLT, o trabalhador não necessita permanecer por 1h40min dentro do ambiente artificialmente frio. Basta, para tanto, que as atividades laborais envolvam o entrar e o sair desse ambiente, ou seja, a variação brusca de temperatura no decorrer da jornada de trabalho. O legislador não fixou período de tempo mínimo dentro da câmara fria e disso o entendimento prevalecente, consubstanciado na Súmula n. 438 do TST, não destoa. Vistos, relatados e discutidos os autos do recurso ordinário em que são partes: SEARA ALIMENTOS LTDA, como recorrente, e xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, como recorrido. RELATÓRIO Inconformada com a sentença de ID bda1159, proferida pela I. Juíza Valeska Facure Pereira, da 8ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que julgou os pedidos parcialmente procedentes, interpõe a reclamada o presente recurso ordinário, buscando a reforma do julgado. Em suas razões recursais (ID 34eea9c), a recorrente afirma que o intervalo previsto no artigo 253 da CLT não é devido ao reclamante porque ele não laborava continuamente dentro da câmara fria, apenas eventualmente, em tempo inferior a 1h40min dentro dela e a 4 horas totais de Num. 5e27701 - Pág. 1

submissão ao frio. Aponta que o laudo pericial comprovou que ele entrava 15 vezes por dia na câmara fria, em média, durante cerca de 5 minutos por ingresso, e outras 15 vezes por dia na câmara congelada, também em média, durante cerca de 5 minutos por ingresso também. Custas e depósito recursal comprovados sob os Ids 95c1f80 e seguintes. Contrarrazões do reclamante sob o ID 6a040c0, sem preliminares. Dispensada a remessa dos autos ao Douto Ministério Público do Trabalho, em razão de a hipótese não se enquadrar na previsão de intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício n.º 737/2018 - PGEA, datado de 05/11/2018. É o relatório. CONHECIMENTO legais de admissibilidade. Conheço do recurso ordinário interposto por preenchidos os pressupostos MÉRITO Do Intervalo de Recuperação Térmica NEGO PROVIMENTO. Inconformada com a condenação ao pagamento de horas extras decorrentes da sonegação do intervalo previsto no artigo 253 da CLT, a recorrente sustenta que o reclamante não laborava continuamente dentro da câmara fria, apenas eventualmente, em tempo inferior a 1h40min dentro dela e a 4 horas totais de submissão ao frio. Aponta que o laudo pericial comprovou que ele entrava 15 vezes por dia na câmara fria, em média, durante cerca de 5 minutos por ingresso, e outras 15 vezes por dia na câmara congelada, também em média, durante cerca de 5 minutos por ingresso também. Considerando a revelia da empregadora e a prova pericial produzida nos Num. 5e27701 - Pág. 2

autos, o juízo de origem assim decidiu: Diz o reclamante que foi admitido pela reclamada em 25/08/2010, para exercer a função de Promotor de Vendas PL, sendo demitido sem justa causa em 05/11/2012, tendo recebido como último salário o valor de R$779,38; que laborava de segunda a sábado das 7 às 15h, com 1 hora de intervalo intrajornada; que laborava como promotor de frios e congelados, abastecendo a área de vendas dos supermercados na qual a empresa era cadastrada, com transferência de produtos das câmaras frigoríficas para o setor de congelados e resfriados, pelo que teria direito a um período de repouso de 20 minutos após cada 1 hora e 40 minutos de trabalho continuo, conforme preceitua o art. 253 da CLT; que, entretanto, não usufruiu destes intervalos, pelo que requer a condenação da ré ao pagamento dos intervalos como horas extraordinárias, bem como seus reflexos. Em razão de não haver nos autos qualquer documento que demonstre o horário laborado pelo autor, bem como da revelia ora declarada e a prova pericial produzida, considero verdadeiras as alegações da na inicial e tenho que o empregado submetido a trabalho contínuo em ambiente artificialmente frio, nos termos do parágrafo único do art. 253 da CLT, ainda que não labore em câmara frigorífica, tem direito ao intervalo intrajornada previsto no caput do art. 253 da CLT, nos termos da Súmula 438 do C. TST. Desta forma, procede o pedido em comento, devendo a ré remunerar o reclamante pelos 20 minutos de intervalo não concedido a cada 1 hora e 40 minutos como hora extra, com adicional de 50%. Procede ainda a integração das horas extras, por habituais, em repousos semanais e com estes em décimos terceiros, férias com 1/3, aviso prévio e FGTS com multa de 40%. Pois bem. Considerando a revelia e, portanto, a confissão aplicada à reclamada, é incontroverso nos autos que o reclamante foi admitido por ela em 25/08/2010, para exercer a função de "Promotor de Vendas PL", e dispensado imotivadamente em 05/11/2012. Incontroverso, ainda, que ela movimentava frios e congelados para abastecer a área de vendas dos supermercados atendidos pela acionada e que não havia gozo do intervalo de 20 minutos a cada 1h40min de trabalho, previsto no caput do artigo 253 da CLT. De acordo com o parágrafo único do mencionado artigo da CLT, o Brasil está dividido em sete zonas climáticas, sendo considerado artificialmente frio, para os fins do dispositivo em questão, o que for inferior, nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, a 15º (quinze graus), na quarta zona, a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas, a 10º (dez graus). verbis: No laudo pericial de ID 8625aa2, por sua vez, foi apurado o seguinte, in Num. 5e27701 - Pág. 3

O Reclamante adentrava a Câmara Resfriada do estabelecimento, para retirada de insumos e organização de produtos, diariamente aproximadamente 15 vezes por dia, com duração 5 minutos cada acesso tendo esta a temperatura de -10 C, na Câmara congelada diariamente aproximadamente 30 vezes por dia, com duração de 5 minutos cada acesso tendo esta câmara temperatura de -23 C. 9.2. QUESITOS DO RECLAMANTE 1- Quesito nº 1. Informe detalhadamente como eram desenvolvidas as atividades do reclamante junto a reclamada? r. O Reclamante era responsável pela organização e reposição de insumos nas câmaras frias. 2- Quesito nº 2. O serviço desempenhado pelo reclamante, assim como o local e oambiente em que laborava apresentam condições insalubres? r. Sim. 3- Quesito nº 3. Em caso de resposta afirmativa ao quesito nº 2, supra, informe qual oagente ou agentes e todas as condições que envolvem a atividade e o ambiente? r. - Exposição ao frio: a Reclamada não comprova documentalmente entrega de EPI s (japona / luvas / calça /meias térmicas), fazendo jus a percepção de adicional de Insalubridade de Grau médio - 20%, conforme NR-15 - Anexo 9. 4- Quesito nº 4. Ainda, sendo afirmativa a resposta ao quesito nº 2, o reclamante era exposto a local frio? Por qual período? r. Sim, durante toda sua jornada de trabalho. Como visto, o perito apurou, como já havia sido narrado na petição inicial sem contestação por parte da ré, que o reclamante entrava e saía das câmaras fria e congelada do estabelecimento durante todo o expediente, diversas vezes. Apurou o expert do juízo, ainda, que a primeira câmara tinha temperatura de 10º negativos, enquanto que a segunda, a congelada, registrava 23º negativos, ou seja, ambas são consideradas artificialmente frias para os efeitos legais. Contrariamente ao sustentado pela recorrente, para ter direito ao intervalo previsto no artigo 253 da CLT, o trabalhador não necessita permanecer por 1h40min dentro do ambiente artificialmente frio. Basta, para tanto, que as atividades laborais envolvam o entrar e o sair desse ambiente, ou seja, a variação brusca de temperatura no decorrer da jornada de trabalho. O legislador não fixou período de tempo mínimo dentro da câmara fria e disso o entendimento prevalecente, consubstanciado na Súmula n. 438 do TST, não destoa, senão vejamos: Num. 5e27701 - Pág. 4

INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA DO EMPREGADO. AMBIENTE ARTIFICIALMENTE FRIO. HORAS EXTRAS. ART. 253 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 O empregado submetido a trabalho contínuo em ambiente artificialmente frio, nos termos do parágrafo único do art. 253 da CLT, ainda que não labore em câmara frigorífica, tem direito ao intervalo intrajornada previsto no caput do art. 253 da CLT. Confirma-se, portanto, a sentença proferida. Ante o exposto, CONHEÇO do recurso ordinário interposto e, no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO, nos termos da fundamentação acima. A C O R D A M os Desembargadores da Décima Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, em CONHECER do recurso ordinário interposto e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do voto do Exm.º Desembargador Relator. Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2018 DESEMBARGADOR FLÁVIO ERNESTO RODRIGUES SILVA Relator rivp/masd Num. 5e27701 - Pág. 5