Colégio Pedro II Humaitá II - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM

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Transcrição:

Colégio Pedro II Humaitá II - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira 1ª série E.M. 2011 Professores: Giselle, Karina, Osmar e Tatiana AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM Também a linguagem é uma manifestação cultural -- ao criar um novo sentido para uma palavra, ao criar novas maneiras de expressar significados, ao traduzir em textos suas experiências e o mundo em que vive, o homem está criando cultura. Nesse contexto mais amplo de construção da cultura, a linguagem é a faculdade que o homem possui de poder comunicar seus pensamentos. As relações que unem entre si vários homens, na realização de certas atividades comuns, fundamentam-se no uso de diferentes linguagens, em que são utilizados gestos, sinais de trânsito, símbolos matemáticos, lógicos ou químicos, palavras, cores, configurações sonoras da arte musical etc.desse modo, linguagem pode ser concebida como uma atividade manifestativa do homem. Sempre que se atribui um valor convencional a determinado sinal, existe linguagem. Devido à linguagem, o homem acumula e transmite experiências, partilha-as com seus semelhantes, assegurando a continuidade do aprendizado, imprescindível à criação e manutenção da cultura..entre os diversos tipos de linguagens, destaca-se, por sua imensa potencialidade criativa, a linguagem verbal, que é a capacidade do homem de comunicar-se por meio de um sistema de signos vocais - a língua. A linguagem verbal, atividade cultural e própria do ser humano, caracteriza-se pelo seu funcionamento simbólico, pela sua organização articulada e pela produção de discursos a partir de determinados conteúdos. A multiplicidade de funções da linguagem verbal possibilita a cada homem participar da sociedade, integrando-se em um processo cultural mais amplo. Esse processso de interação pressupõe um contexto sócio-cultural que permita essa troca. A linguagem viabiliza, portanto, a formação de uma comunidade. A multiplicidade de funções da linguagem verbal possibilita a cada homem participar da sociedade, integrando-se em um processo cultural mais amplo. Partindo do pressuposto de que a língua representa uma cultura e tem, portanto, um valor de representação, inúmeros lingüistas desenvolveram hipóteses teóricas na tentativa de descrever um conjunto mais amplo de funções. Desta forma, em cada ato de fala, dependendo de sua finalidade, destaca-se um dos elementos da comunicação, e, por conseguinte, uma das funções da linguagem.

Elementos da Comunicação contexto (referente) remetente mensagem destinatário contacto (canal) código Funções da Linguagem referencial emotiva poética Conativa ou apelativa fática metalingüística Referencial ou denotativa: Quando o objetivo da mensagem é a transmissão de informação sobre a realidade ou sobre um elemento a ser designado. Notícia de jornal transmite uma informação em uma linguagem bem objetiva. Exemplo: "Pesquisadores do Instituto Roslin, nos arredores de Edimburgo, Escócia, produzem, em fevereiro de 97, Dolly, clone de ovelha geneticamente manipulado. Os cientistas escoceses fundiram um óvulo não fecundado com uma célula doada pela ovelha que queriam copiar." Emotiva: Quando o objetivo da mensagem é a expressão das emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao que fala. Ouvinte/telespectador toma conhecimento da notícia sobre a clonagem e expressa seu espanto: "Puxa vida! Que loucura! Onde será que isto vai parar?" OU

Poética: Quando o objetivo da mensagem é explicitar um trabalho de elaboração feito sobre a própria forma da linguagem para provocar um efeito de sentido no receptor que ultrapassa o signo (significante + significado). Trata-se de um efeito artístico. Texto de Vinicius de Moraes "É uma velha mesa esta sobre a qual hoje bato a minha crônica. Pouco mais de um metro por uns quarenta centímetros de largura. Doce reverte, velha mesa, depois de tanto, tanto tempo. Como a ti, andaram me polindo." Carta de Graciliano Ramos a Heloísa Ramos (carta de 04/02/1928) "Dizes que brevemente serás a metade de minha alma. A metade? Brevemente? Não: já agora és, não a metade, mas toda. Dou-te a alma inteira, deixa-me apenas uma pequena parte para que eu possa existir por algum tempo e adorar-te." Conativa ou apelativa: Quando o objetivo da mensagem é persuadir o destinatário, influenciando em seu comportamento. DROGAS, NEM MORTO! O mundo das drogas percorre um caminho arriscado, e na maioria das vezes, sem volta. É preciso parar e pensar nos danos causados a saúde e também no

convívio social. Em instantes, uma atitude impensada pode ocasionar muitos erros e trazer arrependimentos para a vida inteira. Diga não às drogas e siga o caminho da vida. (www.fiocruz.br/biosseguranca/bis/infantil/drogas_ilicitas.html ) texto poético de Carlos Drummond de Andrade Carta Há muito tempo, sim, que não te escrevo. Ficaram velhas todas as notícias. Eu mesmo envelheci: Olha em relevo, estes sinais em mim, não das carícias ( tão leves) que fazias no meu rosto: são golpes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que ao sol - posto perde a sabedoria das crianças. A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir, quando dizias "Deus te abençoe", e a noite abria em sonho. É quando, ao despertar, revejo a um canto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho. Carlos Drummond de Andrade - ( Lição de coisas ) Fática: Quando o objetivo da mensagem é simplesmente o de estabelecer ou manter a comunicação, o contato entre o emissor e o receptor. Conversa entre amigos que se reencontram. Nada realmente é dito.

Metalingüística: Quando o objetivo da mensagem é falar sobre a própria linguagem. g) Nesse desenho, o artista holandês Maurits Cornelis Escher apresenta uma reflexão sobre o próprio fazer artístico. É preciso esclarecer que as seis funções não se excluem - dificilmente temos, em uma mensagem, apenas uma dessas funções. Entretanto, é engano pensar que todas estejam presentes simultaneamente. O que pode ocorrer é o domínio de uma das funções; assim, temos mensagens predominantemente referenciais, predominantemente expressivas, etc.

Ingedore Koch, em Linguagem e Interação, ao procurar descrever e explicar as estratégias lingüísticas utilizadas pelo ser humano para interagir socialmente, discute as diferentes concepções de linguagem: "A linguagem humana tem sido concebida, no curso da História, de maneiras bastante diversas, que podem ser sintetizadas em três principais: a) como representação ("espelho") do mundo e do pensamento; b) como instrumento ('ferramenta") de comunicação; c) como forma ("lugar") de ação ou interação. A mais antiga destas concepções é, sem dúvida, a primeira, embora continue tendo seus defensores na atualidade. Segundo ela, o homem representa para si o mundo através da linguagem e, assim sendo, a função da língua é representar (= refletir) seu pensamento e seu conhecimento de mundo. A segunda concepção considera a língua como um código através do qual um emissor comunica a um receptor determinadas mensagens. A principal função da linguagem é, neste caso, a transmissão de informações. A terceira concepção, finalmente, é aquela que encara a linguagem como atividade, como forma de ação, ação interindividual finalisticamente orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e/ou comportamentos, levando ao estabelecimento de vínculos e compromissos anteriormente inexistentes. Trata-se, como diz Geraldi (1991), de um jogo que se joga na sociedade, na interlocução, e é no interior de seu funcionamento que se pode procurar estabelecer as regras de tal jogo." Essa interação se realiza de maneiras diferentes conforme a modalidade de uso da língua: na língua escrita, por exemplo, o emissor não está em intercâmbio direto com o receptor, e, por isso, a explicitação de todos os elementos é fundamental para a compreensão da mensagem e o contexto extralingüístico deve ser descrito em detalhe; na conversação natural, são muitas as informações que não precisam aparecer sob a forma de palavras, já que o contexto situacional e os dados que falante e ouvinte dominam, um do o utro, permitem a seleção das informações que serão subtendidas. Na língua falada, portanto, a compreensão não depende apenas de uma decodificação linear dos componentes semânticos dos vocábulos utilizados no enunciado -- a compreensão deve ir mais além. Quando alguém se dirige a outra pessoa, dizendo: "Ufa, que calor, hein!", pode estar querendo abrir a janela, ou ligar o ventilador, sem um pedido direto. A mensagem só será entendida se o interlocutor estiver ligado na situação, decodificando possíveis gestos e expressões faciais do falante. Também as piadas são textos que exigem inferências por parte do ouvinte, já que seu conteúdo ultrapassa o âmbito da mera significação das palavras, jogando sim com uma contextualização mais ampla e com dados que são de conhecimento restrito de um grupo social, de uma comunidade específica, de um momento histórico. Não é à toa que não entendemos piadas de americanos e ingleses, por exemplo, que se consideram grandes humoristas. Por não dominarmos as referências culturais, contextuais ou situacionais das suas piadas, não conseguimos fazer as inferências necessárias.