Efeito da suplementação da creatina sobre o desempenho atlético: um estudo de revisão com base em dados do PubMed



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Transcrição:

Efeito da suplementação da creatina sobre o desempenho atlético: um estudo de revisão com base em dados do PubMed Discente do Programa de Pós-graduação em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício, Universidade Castelo Branco (UCB) Licenciatura plena em Educação Física pelo Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Fabíola Conceição Martins Resumo O estudo teve como objetivo investigar a influência do uso da creatina sobre o desempenho atlético. Recorreu-se às obras literárias e artigos publicados no banco de dados Pubmed. A suplementação com creatina pode melhorar o desempenho atlético em função da natureza atividade física praticada. Contudo, a quantidade de creatina ministrada e o período de utilização previamente à realização dos testes para verificação da melhora do desempenho atlético influenciaram os resultados de forma distinta. Unitermos: Creatina. Desempenho atlético. 1 / 1 Introdução Atletas amadores e profissionais, seja qual for a modalidade esportiva ou a natureza da atividade física, competitiva ou não, tem recorrido a periodizações do treinamento desportivo com vistas a alcançar o progresso e o melhor desempenho atlético. Porém, a capacidade natural fisiológica do indivíduo pode se mostrar como fator limitante. Com o intuito de aperfeiçoar tal capacidade além dos níveis fisiológicos normais surgem os ergogênicos, um recurso nutricional, fisiológico ou ainda farmacológico que tem como objetivo a evolução do trabalho fisiológico ou trabalho atlético ao aumentar os níveis de reserva de energia do organismo. Existe o conhecimento do uso de entorpecentes para um melhor vigor físico. Entre os exemplos mais comuns estão a utilização de hormônios do crescimento (somatotrofina), esteróides e anabolizantes, anfetaminas entre outros. Porém, a utilização excessiva dessas drogas, traduz o conhecido doping, instituído através de normas préestabelecidas pelo Comitê Olímpico Internacional, que dispõe de uma lista de substâncias consideradas ilícitas e suas concentrações. Não obstante, a utilização das substâncias ergogênicas em concentrações elevadas ou intermitentemente, predispõe o indivíduo a uma gama de efeitos colaterais, podendo passar de um mero mal estar físico a um mal irreversível à vida (COB, 2007). A fim de driblar essa condição e não se submeter a riscos evidentes à saúde, te se observado uma onda de uso crescente de suplementos alimentares nos últimos tempos,

mormente da creatina e demais produtos que a contenham em sua formulação, visando adquirir maior massa muscular e incremento de qualidades físicas mais requisitadas na prática atlética como a força e velocidade (BECQUE; LOCHMANN; MELROSE, 2000; CASEY; GREENHAFF, 2000). Para os autores, a reposição nutricional mediante creatina minimiza o cansaço em função do aumento das reservas de creatina-fosfato (CP), fazendo com que haja uma elevação da atividade de re-síntese da proteína e, conseqüentemente, uma diminuição do ph ácido intramuscular, viabilizando a adoção de cargas de treinamento mais intensas (GRENNHAFF,1997; VOLEK et al.,2001). Objetivo Em vista dos argumentos supracitados, o estudo tem por objetivo principal: Investigar a influência do uso da creatina sobre o desempenho atlético. Método Os dados foram provenientes de fontes documentais, como obras literárias e artigos científicos disponíveis no banco de dados da U.S. National Library of Medicine National Institutes of Health (Pubmed), produzidos e catalogados entre os anos de 1997 e 2011. Foram ainda selecionados artigos encontrados com resumo e texto completo, disponíveis em meio eletrônico na língua vernácula e em inglês; envolvendo os descritores: creatina (creatine), fosfocreatina (phosphocreatine), suplementação alimentar (feeding supplementary), desempenho atlético (athletic performance). Desenvolvimento Precedentes históricos e aplicabilidades da creatina O substrato energético teve seu descobrimento por Michael Eugene Chivireul, na terceira década do século XIX, quando da realização de um experimento possibilitando o isolamento desse componente da carne proveniente de fonte animal. Contudo, uma descoberta ainda mais interessante foi observada 15 anos depois por Justus van Liebig ao verificar predominância quantitativa de creatina entre animais silvestres em relação aos criados em domicílio. Fato que foi associado ao nível de atividade física reduzido dos animais domésticos (REZENDE, 2009). A creatina-fosfato tem sua absorção e metabolização no intestino. Após concluída sua sintetização no fígado principalmente, o substrato passa a integrar, por intermédio da corrente sanguínea, os tecidos corporais como: cérebro, músculo cardíaco e esquelético e também testículos, embora grande parte possua tendência a ser armazenada na musculatura esquelética (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

Nas palavras de Greenhalff (1997) os estoques de creatina das células musculares são oriundos da capacidade de estes absorverem o substrato. Contudo, Green et al. (2001) apontam para o aumento dessa capacidade a partir da ingesta concomitante de carboidratos em quantias generosas, visto que a absorção, muitas vezes, de creatina nos tecidos tem sua estimulação pela liberação de insulina, mormente o GLUT-4, que acaba por carrear o glicídio na corrente sanguínea para os músculos, levando consigo grande quantidade da creatina ingerida (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008). São diversas as funcionalidades da creatina ao organismo, inclusive, para tecidos como músculo cardíaco e cérebro. A depleção do substrato tem mostrado associação com o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, arritmias dos ventrículos e isquemia (ANDREWS et al., 1998). Os autores afirmam terem obtidos quadros de melhoria das complicações quando da ministração de creatina intravenosa e oral. Creatina e desempenho atlético: verdade ou mito? No tocante à alimentação, é de se salientar atletas podem adotar dietas de grandes restrições calóricas ou vegetarianas como bailarinas e ginastas. Conforme o American College of Sports Medicine (ACSM, 2000), dietas de baixas calorias podem causar diminuição significativa de massa muscular, amenorréia (ausência de menstruação ou irregularidades), osteopenia e osteoporose e aumento das chances de lesões. A recomendação da ACSM (2000) é de ingesta de 3.000 a 5.000kcal/dia para atletas de endurance. Contudo, vale destacar que não é o tipo de dieta adotada que afetará o desempenho atlético, mas a qualidade dos alimentos ingeridos e os valores nutricionais embutidos nos mesmos. Para corroborar, Eisinger et al.(1994) não observaram diferenças significativas do rendimento entre maratonistas vegetarianos e nãovegetarianos. Não obstante, estudos evidenciam estoques reduzidos de creatina sérica entre indivíduos vegetarianos em comparação aos onívoros. Interessantemente, os vegetarianos tendem a apresentar uma resposta mais eficiente quando da inserção de suplementação de creatina via oral (Williams; Kreider; Branch, 2000). Embora atribuam o fato a uma possível alteração da resposta do gene carreador da creatina (CreaT) à proteína, estudo de Watt et al. (2004) não identificaram relevâncias entre essas respostas entre vegetarianos e onívoros após a suplementação. De forma natural (sistema fosfagênio), as quantidades de creatina fornecidas para atividades de potência (força e velocidade) são escassas, sendo depletada rapidamente (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008), tornando conveniente a adoção de suplementação como método de reposição rápida elevando o nível de desempenho em atividades predominantemente anaeróbias.

Assim, vários estudos recorreram a esse mecanismo com o intuito de verificar a eficácia da suplementação sobre o rendimento esportivo em função de variados protocolos de avaliação de qualidades físicas, mormente a força e a potência. Considerando estudos que adotaram protocolos semelhantes para a mensuração de uma mesma qualidade física, a tabela 1 apresenta os estudos que identificaram efeitos ergogênicos e aqueles em que não foram observados quaisquer efeitos. Tabela 1. Representação de estudos sobre o efeito ergogênico da creatina sobre o desempenho atlético em função dos protocolos de avaliação de diferentes qualidades físicas Autores Qualidade física N Protocolo Efeito ergogênico/ Dose creatina Bermon et al. (1998) Rawson e Clarckson (2000) 36 Idosos T (12 M/14 F) 3 séries de 8 rep (leg press e cadeira? Idosos T extensora) Benbem et al. (2010) Gilliam et al. (2000) 42 Idosos T 3 séries de 30 rep. 23 Adultos T (cadeira extensora) Não/5g/dia Tarnopolsky e McLennan (2000) Força 24 Adultos NT (12 M/12 F) Dinamômetro manual Sim/ 20g/dia Andrews et al. (1998)? Adultos NT Sim/ 20g/dia Jäger et al. (2008)? Adultos T Sim/5g/dia Burke et al. (2001) Stevenson e Dudley (2001) Adultos T (36 Adultos T (18 Cadeira extensora Sim/ 0,1g/kg/dia Hoffman et al. (2005) Adultos T (40 Não/6g/dia Murphy et al. (2005) Resistência anaeróbia Adultos T (18 Cicloergômetro Não/20g/dia Kendall et al. (2009) Adultos T (42 Não/10g/dia

Hickner et al. (2010) Adultos T (20 Cicloergômetro (30 minutos a 60-70% Não/4g/dia Volek et al. (2001) Adultos T (20 VO 2 máx. seguido de 3 sprints de 10 Sim/0,3g/Kg/dia Green et al. (2001) Adultos T (19 segundos a cada 15 min.) Stone et al. (1999) Adultos T (32 Não/ 5g/dia Stout et al. (1999) Potência Adultos T (24 Salto vertical Sim/ 26,25g/dia Koenig et al. (2008) Adultos T (60 Sim/25g/dia N número amostral; NT não treinados; T treinados (atletas); M- homens; F mulheres; Rep repetições; g gramas; kg quilogramas. Na tabela 1, é possível observar que a creatina pode exercer ou não um efeito ergogênico sobre o desempenho atlético de indivíduos treinados ou não treinados, o que pode ser resultante de fatores como o número amostral e o protocolo utilizado. Para estudos que adotaram o dinamômetro como instrumento de avaliação, houve um consenso entre os estudos de Andrews et al. (1998), Jäger et al. (2008) e Tarnopolsky e McLennan (2000), causando efeito sobre o desempenho. Contudo, Gilliam et al. (2000) não constatou qualquer efeito, mesmo sendo a suplementação maior do que aquela ministrada em estudo de Jäger et al. (2008) que também envolveu adultos treinados. Quanto ao método de avaliação por exercícios na cadeira extensora, 3 estudos não apontaram efeito ergogênico, mesmo envolvendo indivíduos treinados de diferentes faixas etárias (adultos e idosos) (Bermon et al., 1998; Rawson; Clarckson, 2000; Stevenson; Dudley, 2001). Somente o estudo de Burke et al. (2001) apontou efeito ergogênico, ainda que a amostra tenha sido composta por adultos treinados como o estudo de Stevenson e Dudley (2001). Assim, sugere-se que a quantidade de creatina utilizada por Burke et al. (2001) possa explicar a diferença de resultados. Porém, ao considerar os demais estudos que empregaram a mesma quantidade preconizada por Greenhaff (1997) (20g/dia), a explicação das diferenças pode estar no período de utilização da creatina que precedeu o teste. Contudo, essa premissa não se aplica para Andrews et al.

(1998) e Gilliam et al. (2000) cuja administração de creatina durou 5 dias, mas pode explicar as diferenças entre resultados encontrados por Tarnopolsky e McLennan (2000) que ministraram a creatina durante 8 semanas e Gilliam et al. (2000), por 5 dias. Com relação à avaliação da resistência anaeróbia e da potência muscular, as diferenças de efeito ergogênico podem ser explicadas não só pela quantidade de creatina ministrada, mas pelo período de uso sendo de: 7 dias, para Murphy et al. (2005) e Volek et al. (2001) e 6 dias para Green et al. (2001) e Hoffman et al. (2005); 4 semanas, para Hickner et al. (2010), Kendall et al. (2009) e Stone et al. (1999); e de 8 semanas, para Stout et al. (1999). Conclusão Ficou evidente que a suplementação com creatina pode influenciar o desempenho atlético. Não obstante, os vários estudos aqui descritos apresentam fatores que, embora controlados, se mostraram distintos como o número amostral, a faixa etária, o sexo e principalmente a quantidade de creatina ministrada e o período de utilização anterior à execução dos testes para mensuração do efeito ergogênico. Referências AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACS. Nutrition and athletic performance. Med Sci Sports Exerc, v. 32, n. 12, p. 2130-45, 2000. ANDREWS, R. et al. The effects of dietary creatine supplementation on skeletal muscle metabolism in congestive heart failure. Eur Heart J, v. 19, n. 4, p. 617-22, 1998. BECQUE, M.D.; LOCHMANN, J.D.; MELROSE, D.R.. Effects of oral creatine supplementation on muscular strength and body composition. Med Sci Sports Exerc, v. 32, n. 3, p. 654-8, 2000. BEMBEN, M.G. et al. The effects of supplementation with creatine and protein on muscle strength following a traditional resistance training program in middle-aged and older men. J Nutr Health Aging., v.14, n.2, p.155-9, 2010. BERMON, S. et al. Effects of creatine monohydrate ingestion in sedentary and weight-trained older adults. Acta Physiol Scand, v. 164, n. 2, p. 147-55, 1998. BURKE, D.G. et al. The effect of whey protein supplementation with and without creatine monohydrate combined with resistance training on lean tissue mass and muscle strength. Int J Sport Nutr Exerc Metab, v. 11, n. 3, p.349-64, 2001. CASEY, A.; GREENHAFF, P.L.. Does dietary creatine supplementation play a role in skeletal muscle metabolism and performance? Am J Clin Nutr, v. 72, p.607s- 617S, 2000.

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