A integração dos Núcleos de Segurança do Paciente com os setores e comissões hospitalares

Documentos relacionados
A integração dos Núcleos de Segurança do Paciente com os Setores e Comissões Hospitalares. Antonio da Silva Bastos Neto

CCIH Núcleo de Segurança. Camila Barcia

Ana Fernanda Yamazaki Centrone Enfermeira Centro de Oncologia e Hematologia Hospital Albert Einstein

SEGURANÇA DO PACIENTE Facilitadora: Enfª Suzini Werner

Implementação do Núcleo de Segurança do Paciente e elaboração do Plano de Segurança do Paciente. Helaine Carneiro Capucho, DSc.


Grupo Hospitalar Conceição: gestão da pesquisa

AGENTE DE PORTARIA. - Controlar e orientar a entrada e saída de pessoas, veículos e materiais, exigindo a necessária identificação de credenciais;

Segurança do Paciente Profa Fernanda Barboza

Metas de Segurança do Paciente A importância do Médico

Segurança do paciente

Joint Comission International - JCI

CARGO PROCESSO SELETIVO - EDITAL N.º 004/2019 ANEXO I - RELAÇÃO DE CARGOS / JORNADA/ REMUNERAÇÃO/ VAGAS JORNADA SEMANAL SEÇÃO QTD/VAGAS UNIDADE PCD***

Estratégias da Implantação para a Conquista da Certificação ONA no Hospital Municipal de Mogi das Cruzes

ENFERMAGEM ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM. Gestão em Saúde Aula 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Núcleo de Segurança do Paciente: A Importância do Farmacêutico na Segurança do Paciente Oncológico.

Quão perigoso é o serviço de saúde? Prof. Gama, ZAS

GERENCIAMENTO DE LEITOS E GERENCIAMENTO DE LEITOS E PROTOCOLOS. Luiz Soares

Ações da Anvisa na segurança dos serviços de saúde"

Resolução n. 003/2016

O Uso do Formulário Google como Ferramenta para Notificação e Gestão de Eventos Adversos nas Instituições de Saúde

MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MÜLLER

Gestão da Segurança em Saúde

Superintendência de Gestão, Planejamento e Finanças Gerência de Contratos e Convênios ANEXO II METAS DE PRODUÇÃO

O PROGRAMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR E SUA IMPLEMENTAÇÃO. Ana Lucia Senna Médica Infectologista HIAS Infecto Consultoria Fundação do Câncer

Qualidade no Cuidado e Segurança do Paciente

GESTÃO DA CLINICA E A INSERÇÃO DAS UPA24H NA REDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

SEGURANÇA DO PACIENTE: ATUALIZAÇÃO

CONDERG - CONSÓRCIO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO GOVERNO DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA HOSPITAL REGIONAL DE DIVINOLÂNDIA RELATÓRIO DE GESTÃO 2012

PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE ACIDENTES COM MATERIAIS PERFUROCORTANTES

Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais - Portaria 263 de 5/2/2002

ACREDITAÇÃO HOSPITALAR. Análise Crítica da Pré e Pós Certificação

PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE (PSP)

Encontro Nacional Unimed de Recursos e Serviços Próprios 2010 QUALIFICARE Programa de Qualificação de Recursos Próprios Fesp

BIOSSEGURANÇA EM SAÚDE

AUXILIAR DE GOVERNANÇA (LÍDER)

MÉDICO ORTOPEDISTA. - Atendimento ambulatorial em pacientes ortopédicos pediátricos encaminhados pela Central de Regulação;

COPEIRO - FERISTA. Observação: Disponibilidade para atuar nos turnos diurno e noturno (ferista).

HOSPITAL HOSPITAL NÍVEL I HOSPITAL NÍVEL II HOSPITAL NÍVEL III. Estrutura e hotelaria de acordo com as diretrizes do Controle de Infecção;

Hospital de Clínicas da UFTM. Macroproblema 1: falta de gestão adequada

MÉDICO ORTOPEDISTA. - Atendimento ambulatorial em pacientes ortopédicos pediátricos encaminhados pela Central de Regulação;

MÉDICO INTENSIVISTA NEONATAL

A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE. Profª Fabiana

MÉDICO INTENSIVISTA NEONATAL

O trabalho médico em cooperativa

A Experiência da Clínica Multiperfil na Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade

Segurança do Paciente: Visão do Hospital Israelita Albert Einstein. Antonio Capone Neto Gerente Médico de Segurança do Paciente

O BANNER DEVERÁ SER FIXADO NO HORÁRIO ESTABELECIDO, AGUARDAR AVALIAÇÃO E RETIRADO AO FINAL DO HORÁRIO INFORMADO.

REDE SENTINELA PARA O SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Diário Oficial da União Nº 189, Seção 1 quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Taxonomia e Notificação. -

Plano de Segurança do paciente

MANUAL BRASILEIRO DE ACREDITAÇÃO - ONA

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA. Nº 2, 09 de maio de Nº 1 De 30 de julho de

MODELO DE GESTÃO E DE ORGANIZAÇÃO DO CUIDADO HOSPITALAR "Acesso e Regulação"

Construindo um caminho seguro para a assistência do paciente

ANEXO DA RESOLUÇÃO CFM nº 2.079/14

MÉDICO INTENSIVISTA PEDIÁTRICO

Programa Institucional de Cursos de Capacitação e Aperfeiçoamento Profissional PICCAP

LABORATÓRIO PARA A CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DA INTEGRALIDADE NO CUIDADO AO ACIDENTADO DE TRABALHO NA REDE SUS DE PIRACICABA

Conselho Federal de Farmácia

Acreditação. Acreditação

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 267, DE 24 DE AGOSTO DE 2011

Lei 8.080/90 Lei Orgânica da Saúde

AUXILIAR DE GOVERNANÇA (LÍDER)

Regulação de Medicamentos Biológicos no Brasil Farmacovigilância

PORTARIA Nº 2.080, DE 31 DE OUTUBRO DE 2003

DISTRITOS SANITÁRIOS

GERENCIAMENTO DE RISCO HOSPITALAR

DGH HFRJ CÂMARA TÉCNICA DA QUALIDADE E SEGURANÇA CTQS HFRJ/DGH

Os candidatos interessados devem encaminhar currículo no corpo do para:

Regimento Interno da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares da Casa de Saúde São José

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 267, DE 24 DE AGOSTO DE 2011

Simpósio de Terapia Infusional Segura

Mesa Redonda: Visão sobre Segurança do Paciente. Antonio Gonçalves de Oliveira Filho HC Unicamp, Campinas, SP

PRESTAÇÃO DE CONTAS JANEIRO/2015

REGIMENTO INTERNO DO COMITÊ DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO PACIENTE (CIPNSP)

10 FATOS SOBRE A SEGURANÇA DO PACIENTE

COMITÊS DE PROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE: garantia de melhores práticas em CME

PROGRAMA DE DISCIPLINA VERSÃO CURRICULAR: 2014/2 PERÍODO: - DEPARTAMENTO: ENB

GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDA

Fórum de Gestão de Pessoas

MÉDICO INTENSIVISTA PEDIÁTRICO

APÊNDICE B PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE (PSP) - PLANO OPERACIONAL 1.IDENTIFICAR CORRETAMENTE O PACIENTE

Prof. Claudia Witzel. Farmacovigilancia

O hospital é uma criação da cristandade da Idade Média. Hôtel-Dieu em Paris, 651

Investigação Análise e Causa Raiz. -

Norma Regulamentadora nº 32

EDITAL Nº 120/2018 ENFERMEIRO

METAS DE DESEMPENHO, INDICADORES E PRAZOS DE EXECUÇÃO

FARMACOVIGILÂNCIA E TECNOVIGILÂNCIA. Estabelecer processo de Farmacovigilância e Tecnovigilância na instituição;

PRESTAÇÃO DE CONTAS FEVEREIRO/2015

Plano de Trabalho Docente 2017 Ensino Técnico

PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPETÊNCIA EM CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

SEGURANÇADO PACIENTE. Segurança do paciente. Parte 1. Profª PolyAparecida

MUDANÇAS NA SAÚDE SUPLEMENTAR. Cícero Andrade Departamento de Saúde Suplementar FENAESS

ANÁLISE DE UM INSTRUMENTO DE NOTIFICAÇÃO COMO BASE PARA DISSEMINAÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE EVENTOS ADVERSOS: BUSINESS ASSURANCE

Relato de experiência: A enfermagem na gestão da. ambiente hospitalar. Alvacy Rita Cleide Maynard Ila Bahiense Sara Mascarenhas Katiane Pedreira

PRESTAÇÃO DE CONTAS ABRIL/ /04/2015 COMPLEXO ESTADUAL DO CÉREBRO. Relatório de gestão dos serviços assistenciais

Transcrição:

A integração dos Núcleos de Segurança do Paciente com os setores e comissões hospitalares Victor Grabois Presidente da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente SOBRASP II Fórum de Segurança do Paciente Conselho Federal de Medicina 8 de fevereiro de 2019

Contexto institucional onde se insere a Segurança do Paciente Maior parte dos hospitais brasileiros tem menos de 100 leitos Subfinanciamento crônico do SUS Precarização progressiva do trabalho Liderança pouco engajada na Segurança do Paciente Gestão hospitalar pouco profissionalizada Fragmentação e não coordenação do cuidado entre setores, especialidades médicas e profissões. Dificuldades para que estruturas/ferramentas que poderiam ajudar a tornar o cuidado mais seguro funcionem efetivamente (comissões, núcleos, checklists, certificações, etc.) Não valorização na graduação/pós graduação/educação continuada das chamadas habilidades não técnicas Cultura institucional que desqualifica o profissional envolvido em um evento adverso, desprezando vários fatores contribuintes institucionais, de equipe, do ambiente.

Causas Prevalentes de Incidentes Comunicação Segurança do ambiente Continuidade do Cuidado Competências e credenciais Cumprimento dos protocolos Avaliação do paciente Liderança Equipe Disponibilidade de Informações Orientação e Treinamentos Cultura Organizacional Fonte: AHRQ Root causes of infection-associated events (2012)

Autoria Guilherme Barcellos

Fatores Contribuintes para a ocorrência de incidentes Institucional Ambiente de trabalho Profissional de saúde Tarefa Características do paciente/doente Fonte: Vincent C. Understanding and responding to adverse events. N Engl J Med 2003

Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) Regulamentado pela Resolução de Diretoria Colegiada nº 36 (ANVISA) em 25 de julho de 2013. É definido como a instancia do serviço de saúde criada para promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente. A direção do serviço de saúde deve constituir o Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e nomear a sua composição, conferindo aos membros autoridade, responsabilidade e poder para executar as ações do Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde. Pode ser utilizada a estrutura de comitês, comissões, gerências, coordenações ou núcleos já existentes. Deve ser definido um responsável pelo NSP, com acesso às instancias de deliberação da instituição.

As principais tarefas dos Núcleos de Segurança do Paciente (RDC 36) Implantar os Protocolos de Segurança do Paciente e realizar o monitoramento dos seus indicadores : Protocolo de cirurgia segura Protocolo de prevenção de lesão por pressão Protocolo de higienização das mãos Protocolo de identificação do paciente Protocolo de uso seguro de medicamentos Protocolo de prevenção de quedas

As principais tarefas dos Núcleos de Segurança do Paciente (RDC 36) Elaborar, implantar, divulgar e manter atualizado o Plano monitorando as ações. de Segurança do Paciente, Plano de segurança do paciente em serviços de saúde: documento que deveria definir o grau de prioridade da Segurança do Paciente na instituição; e definir as prioridades de trabalho nessa área: a) Educação de profissionais e pacientes sobre a Segurança do Paciente b) Por qual (quais) protocolo (s) de segurança do paciente buscar tornar o cuidado mais seguro. c) Avaliar a cultura de segurança do paciente d) Identificar os perigos e riscos (assistenciais e não assistenciais) existentes na instituição

As principais tarefas dos Núcleos de Segurança do Paciente (RDC 36) Analisar e avaliar os dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde; Compartilhar e divulgar à direção e aos profissionais do serviço de saúde os resultados da análise e avaliação dos dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde; Participar ativamente do sistema de notificações de incidentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

Possíveis desenhos dos Núcleos de Segurança do Paciente Coordenação de enfermagem Direção Geral Coordenação clínica/técnica Coordenação de epidemiologia Coordenação planejamento de Núcleo de Saúde do Trabalhador Comissão de Farmácia e Terapêutica Comissão de Análise de Óbitos Núcleo de Segurança do Paciente Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Outras Comissão de Revisão de Prontuários Gerência de Resíduos Coordenação NÃO PODE SER MAIS UMA COMISSÃO

Possíveis desenhos dos Núcleos de Segurança do Paciente Coordenação de enfermagem Direção Geral Coordenação clínica/técnica Coordenação de epidemiologia Coordenação de planejamento Comissão de Farmácia e Terapêutica Comissão de Análise de Óbitos Núcleo de Saúde do Trabalhador Núcleo de segurança do paciente Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Comissão de Revisão de Prontuários Gerência de Resíduos Outras RDC 36 Art 4: 1º A direção do serviço de saúde pode utilizar a estrutura de comitês, comissões, gerências, coordenações ou núcleos já existentes para o desempenho das atribuições do NSP

Como facilitar essa interação do NSP com setores e comissões hospitalares? A responsabilidade pela segurança do paciente é da liderança da organização, o NSP é um catalisador, um articulador Independente da existência de um núcleo operativo de SP, precisa existir um espaço onde as diferentes comissões e setores significativos do hospital conversem sobre os problemas de segurança do paciente (da beira do leito às decisões dos gestores). Modelo SCIH X CCIH Valorizar e difundir as informações assistenciais disponíveis, tudo aquilo que possa mostrar o quão segura e confiável a instituição é e o quanto precisa melhorar. Pensar na atuação do NSP e das Comissões em uma lógica de agir/produzir mudanças com métodos de melhoria da qualidade. Mais do que integrar estruturas, pensar que estamos integrando pessoas: melhorar a comunicação, o trabalho em equipe, a valorização de todos os conhecimentos: Safety Huddles; CRM Ampliar a pauta do NSP para além dos protocolos básicos de SP, introduzindo temas mais clínicos: AVC, Sepse, Time de Resposta Rápida, Prevenção de TEV. Rounds clínicos podem e devem falar sobre problemas de segurança/incidentes ocorridos.

Experiência prática de funcionamento do NSP/SEGER em hospital geral