DO CONSTRUÍDO AO DIGITAL: OS ARQUIVOS ARQUITETÔNICOS DO PALÁCIO DO CAMPO DAS PRINCESAS, EM RECIFE PERNAMBUCO BRASIL



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v.5, n.1, 2012 ARTIGO DO CONSTRUÍDO AO DIGITAL: OS ARQUIVOS ARQUITETÔNICOS DO PALÁCIO DO CAMPO DAS PRINCESAS, EM RECIFE PERNAMBUCO BRASIL ARRUDA, Anna Karla T. 1 SILVA, Terezinha, J. P. 2 AMORIM, Arivaldo L. 3 RESUMO Este artigo tem como objetivo apresentar a experiência da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco FUNDARPE, na reconstituição digital dos arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, sede administrativa do governo estadual, para compor o seu processo de tombamento, enquanto significativo exemplar de valor histórico-arquitetônico do patrimônio material do estado. Com a participação de uma equipe multidisciplinar, com 13 profissionais do Programa de Especialização em Patrimônio da FUNDARPE, nos seis primeiros meses do corrente ano, foi possível finalizar as pesquisas históricas das intervenções realizadas, bem como efetuar os levantamentos arquitetônicos necessários às atualizações da documentação do edifico em questão. Para a representação gráfica do Palácio foram utilizados vários recursos tecnológicos, com destaque para as tecnologias CAD. Os registros foram feitos em meios digitais para, posteriormente, compor a base de dados de aplicativo para gerenciamento eletrônico de documentos que está em elaboração para garantir a manutenção dos arquivos arquitetônicos produzidos. O coroamento do trabalho deu-se através da aprovação pelo Conselho Estadual de Cultura com a aprovação da proposta de tombamento, em julho de 2008. PALAVRAS-CHAVE: Documentação gráfica digital. Palácio do Campo das Princesas. Arquivos arquitetônicos. 1 INTRODUÇÃO O vasto acervo arquitetônico destaca-se como um dos principais aspectos do rico patrimônio cultural brasileiro, com conjuntos importantes, como os dos estados da Bahia e de Minas Gerais, o de Parati, no Rio de Janeiro, e os de Recife em Pernambuco. Neste sentido, o presente trabalho apresenta a experiência da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco FUNDARPE, na reconstituição digital dos arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, sede administrativa do governo estadual, para compor o seu processo de tombamento, enquanto significativo exemplar de valor histórico-arquitetônico do patrimônio material do estado. 1 Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Diretoria de Preservação Cultural. E-mail: karlarruda@gmail.com / dpcultural@fundarpe.pe.gov.br 2 Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Diretoria de Preservação Cultural Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Arquitetura e Urbanismo. E-mail: terezinha_psilva@hotmail.com / dpcultural@fundarpe.pe.gov.br 3 Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Arquitetura, Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao Desenho. E-mail: alamorim@pq.cnpq.br / alamorim@ufba.br

Do construído ao digital: os arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, em Recife Pernambuco Brasil O Palácio do Campo das Princesas foi edificado em 1841 em estilo neoclássico, mas ao longo do tempo foi reconstruído e ampliado em estilo eclético. Em 1859 recebeu uma pomposa decoração para hospedar o Imperador D. Pedro II e sua família o nome atual do Palácio vem dessa época em homenagem às filhas do Imperador. Depois dessa fase áurea, o Palácio sofreu uma ampliação em 1873, quando foi construído na sua parte posterior, mais um pavimento ligado ao prédio principal para servir de residência do governador, e mais dois outros edifícios separados destinados aos serviços gerais. Entre os anos de 1918 e 1922, foram realizadas as maiores modificações com uma ampliação do terceiro pavimento até a fachada principal, e com a demolição dos pequenos prédios anexos. Desde então, o seu conjunto arquitetônico assumiu a configuração volumétrica semelhante a que conhecemos hoje. O desenvolvimento desse trabalho instigou a equipe técnica da FUNDARPE a construir um arcabouço conceitual, quanto à relevância da elaboração e preservação dos arquivos arquitetônicos no âmbito do patrimônio cultural, levando em consideração as tecnologias digitais disponíveis. Para nortear os levantamentos arquitetônicos e a pesquisa histórica necessária a aquisição de dados para compor o processo de tombamento do Palácio do Campo das Princesas, foram observadas as recomendações da legislação estadual vigente, Lei n 7.970 de 1979 e o Decreto n 6.239 de 1980, para o tombamento de bens materiais. Durante 17 anos a FUNDARPE efetuou o tombou provisório, pois não dispunha de infra-estrutura para viabilizar os estudos necessários e os registros arquitetônicos existentes estavam desatualizados. Com a participação de uma equipe multidisciplinar, com 13 profissionais do Programa de Especialização em Patrimônio da FUNDARPE, nos seis primeiros meses do corrente ano, foi possível finalizar as pesquisas históricas das intervenções realizadas, bem como concluir as atualizações da sede e anexos do Palácio. Os levantamentos arquitetônicos foram feitos com base nas plantas analógicas existentes e em croquis. Para verificação das medidas foram utilizadas trenas eletrônicas e metálicas. O método adotado no cadastramento arquitetônico incluiu o registro fotográfico do interior e exterior do edifício e digitalização das plantas, cortes e fachadas através do software AutoCAD 2008. Na pesquisa histórica, foram utilizadas várias fontes secundárias, mediante o levantamento bibliográfico e iconográfico, em bibliotecas de universidades e fundações: os resultados obtidos na pesquisa iconográfica e documental também auxiliou na identificação das intervenções ocorridas. Os registros feitos em meios digitais comporão a base de dados de aplicativo para gerenciamento eletrônico de documentos que está em elaboração para garantir a manutenção dos arquivos arquitetônicos produzidos. O coroamento do trabalho foi através da aprovação pelo Conselho Estadual de Cultura com a aprovação da proposta de tombamento, em julho de 2008. 2 CONSTRUINDO UM ARCABOUÇO CONCEITUAL 2.1 Arquivos arquitetônicos e a conservação do Patrimônio Cultural No âmbito do patrimônio cultural, como relata França et al (2004), a documentação foi utilizada inicialmente como forma de apoiar a preservação, tendo sido a Carta de Veneza, publicada no II Congresso Internacional de Arquitetos em 1964, uma das mais importantes iniciativas nessa direção. Essa carta patrimonial, entre outras recomendações, estabeleceu que os trabalhos de conservação, de restauro e de escavações deveriam sempre ser acompanhados da elaboração de documentação precisa em forma de relatórios, analíticos e críticos, ilustrados por desenhos e fotografias. Desde então, a documentação arquitetônica envolvida nesses procedimentos assumiu um patamar de maior relevância e vem adquirindo novas formas à medida que surgem outras necessidades e a tecnologia computacional disponibiliza novas ferramentas. O registro existente dos bens patrimoniais torna-se de crucial importância sempre que, quer por ação humana errônea, quer por acidentes e catástrofes naturais, é necessário à realização de estudos históricos para sua salvaguarda através do tombamento ou da reconstituição de seus elementos

Anna Karla T. Arruda; Terezinha, J. P. Silva; Arivaldo L. Amorim compositivos, tanto nos planos bidimensionais como tridimensionais, bem como ornamentos e detalhes das fachadas. Como ressalta Amorim (2007), a impossibilidade da preservação física, pelos diversos motivos apontados, de todos os exemplares arquitetônicos significativos, impõe a necessidade de uma documentação precisa e detalhada, que passa a desempenhar um papel decisivo na salvaguarda desse patrimônio e na preservação de sua memória. Tal documentação além de preservar a memória se constitui em instrumento básico nas ações e projetos de conservação e restauro do patrimônio edificado. Para Pereira (2004), um arquivo arquitetônico consiste na documentação detalhada de edifícios e monumentos, históricos ou de interesse patrimonial, que inclui, além da informação descritiva dos monumentos - a sua história, o estilo, o ano de construção, entre outros dados - o levantamento preciso da sua geometria, sejam eles ambientes interiores ou fachadas, e o registro do seu estado de conservação atual. A criação da documentação arquitetônica ou arquivo arquitetônico é importante sob vários aspectos: 1. os desenhos nele contidos servem de referência sempre que seja necessário fazer alterações ou restauração dos bens; 2. organizam e ordenam dados existentes de um bem, tornando mais simples a reconstituição do seu passado, a sua interpretação e a perpetuação do conhecimento e 3. permitem a visualização e a quantificação da evolução de patologias, em processos investigativos para elaboração de diagnósticos e tomada de decisões para intervenções. Ainda, segundo o mesmo autor, no âmbito da conservação de bens materiais, em que a documentação gráfica tradicionalmente se realizava apenas de forma manual, pode-se contar hoje com recursos tecnológicos avançados que possibilitam o desenvolvimento da documentação gráfica digital para a constituição dos arquivos arquitetônicos. Assim, a luz das tecnologias digitais, pode-se dizer que um arquivo arquitetônico é uma base de dados digital, geométrica e alfanumérica, sobre o patrimônio histórico edificado, permitindo deste modo uma análise virtual do objeto em causa. 2.2 A produção da documentação arquitetônica e as tecnologias digitais Para o propósito de documentação urbano e arquitetônico, Amorim (2007) destaca as várias tecnologias digitais disponíveis, quais sejam: a Topografia Automatizada, a Cartografia Digital, a Modelagem Digital Terreno, a Fotogrametria Digital, os Bancos de Dados Espaciais, os Sistemas de Informações Geográficas, a Modelagem Geométrica Tridimensional, as Tecnologias CAD e o 3D Laser Scanning. Dentre essas, a mais amplamente utilizada em órgãos públicos são as tecnologias CAD, com a qual a partir do desenho técnico se obtém a representação gráfica do objeto em estudo. Contudo, a partir dos estudos elaborados nas universidades e centros de pesquisa, vem crescendo o uso também da Fotogrametria Digital aplicada à elaboração dos arquivos arquitetônicos, imprimindo-lhes mais precisão e riqueza de detalhes. A fotogrametria digital é um processo ótico e numérico que permite extrair das fotografias de um objeto a sua geometria: formas e dimensões, com a qualidade e precisão requeridas. É um método preciso para a documentação de objetos tridimensionais, cujos resultados podem ser modelos tridimensionais do objeto ou imagens ortogonais em escala, restituições ou desenhos em CAD - com ou sem curvas de nível ou pontos cotados, sobre os quais se podem fazer medições de alta precisão. Esses resultados podem ser obtidos em curto espaço de tempo e com um mínimo de contato direto com o objeto em estudo (GROETELAARS, 2004; KOATZ, 2007). Groetelaars (2004) esclarece que, no desenho arquitetônico das fachadas, a restituição fotogramétrica digital compreende o cadastramento de seus elementos arquitetônicos, mediante a produção de fotos retificadas, ortofotos e desenhos executados a partir de fotografias: este processo

Do construído ao digital: os arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, em Recife Pernambuco Brasil permite corrigir as deformações perspectivas, decorrentes das projeções cônicas, existente nas fotografias, em uma imagem (ortofoto) com as mesmas propriedades de uma vista ortográfica, como as provenientes das projeções cilíndricas ortogonais. Uma vez geradas as ortofotos, no formato raster, é possível inseri-las como pano de fundo em um editor de desenho vetorial, e traçar sobre elas os elementos de interesse. São registradas assim informações dimensionais, espaciais, além de cores, texturas e o ambiente no seu entorno. Segundo Koatz (2007), a aplicação da Fotogrametria Digital na Arquitetura recebeu um notável impulso em direção à simplificação e redução de custos quando os novos softwares passaram a permitir o uso de câmeras fotográficas produzidas pelos fabricantes tradicionais, adquiridas diretamente nas lojas, no lugar das custosas, sofisticadas e raras câmeras métricas, e cujas imagens passaram a ser processadas em computadores pessoais ao invés do emprego de restituidores que custam centenas de milhares de dólares. Isso simplificou as tarefas como o levantamento à mão, com trena e croquis, de edificações cujo grau de complexidade e dimensões dificultaria enormemente a tarefa, evitando interpretações ou interpolações que eventualmente surgem no trabalho realizado à mão. Por outro lado, considerando que comumente as intervenções no patrimônio construído edificado são realizadas ou fiscalizadas pelo poder público, é preciso observar que institucionalmente mui raramente tem-se a praxes de criar e manter seus arquivos arquitetônicos íntegros e atualizados. Conforme Innarelli (2004), a Unesco considera urgente a necessidade de garantir a durabilidade dos documentos digitais, por conta das rápidas obsolescências dos hardwares e softwares e por isso, alerta para que os documentos sejam gravados em sistemas universais. Ainda segundo o autor, os principais agentes causadores de danos nos meios digitais são: variações de temperaturas, alta umidade relativa do ar, tempo de uso da mídia, qualidade da mídia, manipulação inadequada e falha no processo de fabricação do campo magnético. Tal fato leva a necessidade de se montar um sistema de gerenciamento de informações, de modo que, se migrem as informações para outro meio e não se percam. Amorim (2007) considera a documentação arquitetônica como o processo sistemático de aquisição, tratamento, indexação, armazenamento, busca/recuperação, disponibilização e divulgação de dados e informações gráficas e não gráficas, sobre as edificações, para os mais variados fins. Neste sentido, pode-se lançar mão das tecnologias para Gerenciamento Eletrônico de Documentos GED, que alia conceitos de arquivologia e gestão do conhecimento. A gestão de documentos surgiu a partir da necessidade das organizações em gerenciar a informação que se encontrava desorganizada, visando facilitar o acesso ao conhecimento explícito de uma instituição seja ela pública ou privada. Tomando como referência o trabalho de Santos (2002), Lucca et al (2006) considerada os GED como um conjunto de tecnologias utilizadas para assegurar a produção, administração, manutenção e destinação dos documentos, que possibilitam fornecer e recuperar as informações contidas em arquivos eletrônicos, de uma maneira eficiente e mais segura. Assim, dos recursos disponíveis de cada uma e da associação de todas as tecnologias acima descritas, deve-se buscar a sua aplicabilidade para compor e manter os arquivos arquitetônicos, como instrumentos profícuos a preservação documental e memória do patrimônio edificado. 3 A EXPERIÊNCIA DA FUNDARPE 3.1 Caracterização do objeto de estudo A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco FUNDARPE é o órgão do poder executivo responsável pela formulação, implementação e execução da Política Pública de Cultura de Pernambuco. No que toca a conservação do patrimônio, cabe a Diretoria de Preservação Cultural

Anna Karla T. Arruda; Terezinha, J. P. Silva; Arivaldo L. Amorim DPC dessa Fundação as ações de salvaguarda e fiscalização para a preservação, restauração, recuperação, conservação e valorização do patrimônio cultural de Pernambuco. Com o presente trabalho apresenta-se a experiência da FUNDARPE, na reconstituição digital dos arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, sede administrativa do governo estadual, para compor o processo de tombamento do imóvel e subsidiar a elaboração do mapa de danos, que orientará as intervenções para preservação do edifício, enquanto significativo exemplar de valor histórico-arquitetônicos do patrimônio material do estado. O Palácio do Campo das Princesas é formado por um volume principal e quatro anexos, e localiza-se na Praça da República no Bairro de Santo Antônio, em Recife PE. Juntamente com o Teatro Santa Isabel, o Palácio da Justiça, o Liceu de Artes e Ofícios e o Rio Capibaribe forma um dos mais valorosos conjuntos arquitetônico-paisagísticos do patrimônio edificado de Pernambuco (FIG. 1). Figura 1: Localização do Palácio dos Campos das Princesas, Recife PE. Fonte: Google Earth, 2008. Segundo Guerra (1966), o Palácio do Campo das Princesas foi edificado em 1841 em estilo neoclássico, mas ao longo do tempo foi reconstruído e ampliado em estilo eclético. Em 1859 recebeu uma pomposa decoração para hospedar o Imperador D. Pedro II e sua família o nome atual do Palácio vem dessa época em homenagem às filhas do Imperador (FIG. 2). Figura 2: Pintura de E. Bauch, 1850 com o Palácio do Campo das Princesas à direita e o Teatro Santa Isabel à esquerda. Fonte: Menezes, 1985.

Do construído ao digital: os arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, em Recife Pernambuco Brasil Depois dessa fase áurea de Paço Imperial, o Palácio sofreu uma ampliação em 1873, quando foi construído na sua parte posterior, mais um pavimento ligado ao prédio principal para servir de residência do governador, e mais dois outros edifícios separados destinados aos serviços gerais (FIG. 3). Figura 3: Litografia, 1880. O Palácio do Campo das Princesas à direita e o Teatro Santa Isabel à esquerda. Fonte: Menezes, 1985. De acordo com descrições de Menezes (1985), foi entre os anos de 1918 e 1922 que foram realizadas as maiores modificações com uma ampliação do terceiro pavimento até a fachada principal, onde foram instaladas as secretarias de Estado, e com a demolição dos pequenos prédios anexos, anteriormente construídos, dando lugar a um parque-jardim (FIG. 4). A partir de então, o seu conjunto arquitetônico assumiu uma configuração volumétrica semelhante a atual (GUERRA, 1966). Figura 4: Cartão Postal, 1920. Fonte: Menezes, 1985. O breve histórico aqui apresentado é apenas um recorte do documento elaborado para o processo de tombamento, a fim de contextualizar o leitor na apreciação desse trabalho.

Anna Karla T. Arruda; Terezinha, J. P. Silva; Arivaldo L. Amorim 3.2 Aspectos Legais do Processo de Tombamento em Pernambuco Conforme a legislação pernambucana estadual, Lei n 7.970 de 1979 e o Decreto n 6.239 de 1980, a tramitação do pedido de tombamento envolve a Secretaria de Educação, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco FUNDARPE, o Conselho Estadual de Cultura e o Governador para homologação final do tombamento, mediante Decreto (FIG. 5). Se viável 1 Requerente 2 SECRETARIO DE 3 EDUCAÇAO FUNDARPE Encaminha solicitação ao Secretário de Educação Analisa a solicitação Abre o Processo Notifica o Proprietário Publica no Diário Oficial e em jornais locais Realiza Exame Técnico Emite Parecer Conclusivo Se aprovado 4 SECRETARIA_DE 5 Conselho Estadual de 6 EDUCAÇAO Cultura Encaminha o Processo para o Conselho Estadual de Cultura Analisa e baixa a Resolução SECRETARIA_DE EDUCAÇAO Toma Conhecimento Encaminha para homologação pelo Governador 7 GOVERNADOR Decreta o Tombamento Publica no Diário Oficial 8 SECRETARIA_DE EDUCAÇAO Encaminha ao Conselho para Registro 9 Conselho Estadual de Cultura Registra no Livro de Tombo Comunica ao IPHAN, ao Prefeito do Município e ao Cartório de Registro Geral de Imóveis 10 SECRETARIA_DE EDUCAÇAO 11 FUNDARPE Encaminha à FUNDARPE para Arquivamento Arquiva o processo Monitora o Bem Figura 5: Diagrama das Etapas para Tombamento de Bem Cultural, Pernambuco. Elaboração: Celia Campos, Diretoria de Preservação Cultural. Fonte: Folder de divulgação do Festival de Inverno de Garanhuns, 2008.

Do construído ao digital: os arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, em Recife Pernambuco Brasil Segundo a Lei Municipal n 13.957 e seu Decreto n 11.693, o Palácio do Campo das Princesas ou Palácio do Governo está situado na Zona de Preservação Rigorosa 1 (FIG. 6). O fato de estar em área de preservação e com boa parte das edificações vizinhas tombadas, levou muitas pessoas a considerá-lo como já sendo um bem tombado. Tal interpretação é encontrada em algumas referências bibliográficas que apresentam esse equívoco. ZPR - 1 Figura 6: Planta 10/31: Zona de Preservação Rigorosa 1. Fonte: Plano de Preservação Sítios Históricos, Prefeitura da Cidade do Recife,1981. Para atender ao que regulamenta o Decreto n 6.239 já citado, em seus Artigos 5 e 14, as propostas de tombamento necessitam de fundamentação documental que descreva a exata caracterização do bem, sua delimitação, localização e proprietário. Os documentos para embasamento de parecer técnico compreendem informações escritas, gráficas e fotográficas. Quanto maior o nível de detalhamento das informações sobre o bem a ser tombado, mais facilitará a sua manutenção e restauração. Segundo Mindêlo (2008), desde o período do governo de Joaquim Francisco, em 1991, foi iniciado o processo de tombamento. Apesar da expertise inerente a equipe técnica da Diretoria de Preservação Cultural da FUNDARPE, a demora para o fechamento do processo decorreu da falta de infraestrutura e recursos tecnológicos adequados à produção dos arquivos arquitetônicos correspondentes ao edifício do Palácio. No atual governo, foi montado o Programa de Especialização em Patrimônio PEP, através do qual foram contratados treze profissionais das áreas de biblioteconomia, história, turismo, engenharia civil e arquitetura, e também foram adquiridos equipamentos e softwares para renovar e atualizar o parque de informática da DPC. Esta equipe multidisciplinar juntamente com os demais técnicos da Diretoria desenvolveu todo o trabalho de documentação arquitetônica do Palácio seus anexos, no período de seis meses, para vencer a fase de análise do processo. Finalmente, depois de 17 anos, com a conclusão do parecer técnico apresentado pela FUNDARPE ao Conselho Estadual de Cultura, o tombamento do conjunto foi aprovado em julho de 2008.

Anna Karla T. Arruda; Terezinha, J. P. Silva; Arivaldo L. Amorim 3.3 O Processo de Reconstituição dos Arquivos Arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas Dos arquivos arquitetônicos existentes do Palácio do Campo das Princesas foi identificada uma documentação formada por plantas, cortes e fachadas, disponíveis apenas em meio analógico, desatualizadas sem a indicação do momento ou a que intervenção corresponderiam. Suas medidas e os elementos representados não correspondiam ao existente. Esta situação constituiu-se em um óbice para dar continuidade ao processo de tombamento, que foi superado ao buscar-se os dados em sua fonte primária: o próprio edifício do Palácio. Os levantamentos arquitetônicos do Palácio e seus Anexos foram feitos com base nas plantas analógicas existentes e em croquis, no caso das edificações sem plantas. Para verificação das medidas foram utilizadas trenas eletrônicas e metálicas. O método adotado no cadastramento arquitetônico incluiu o registro fotográfico do interior e exterior do edifício. Para a tomada fotográfica foi utilizada uma câmara digital Sony CiberShot DSC S90, como 4.1 megapixeis de resolução máxima e distância focal variando de 6 a 18 mm. Em função desses procedimentos, foi observada uma série de problemas no estado de conservação do edifício, como, por exemplo, alterações e descaracterização dos pisos, infiltrações ascendentes e descendentes provenientes de tubulações das redes hidro-sanitárias lançadas em locais inadequados, ataque de insetos como cupins a piso e esquadrias, oxidação de ferragens de balaustres e cornijas, entre outros. Com a documentação produzida será elaborado o Mapa de Danos, de modo que localize, quantifique e estabeleça os procedimentos técnicos de correção desses problemas. Na pesquisa histórica, foram utilizadas várias fontes secundárias, mediante o levantamento bibliográfico e iconográfico, em bibliotecas de universidades e fundações, observando-se a existência de um rico acervo sobre esse bem. Os resultados obtidos na pesquisa iconográfica e documental também auxiliou nas interpretações e identificações das intervenções ocorridas: dependendo do ângulo e qualidade das imagens foi possível analisar os acréscimos do edifício e seu entorno, cores e ornatos, entre outros. Com os dados coletados, o grupo de arquitetos do Programa de Especialização em Patrimônio, da Diretoria de Preservação Cultural, desenhou em meio digital o asbuilt do palácio, utilizando para isso o software AutoCAD, versão 2008. Para a elaboração dos registros da documentação arquitetônica foram seguidas as normas de desenho técnico recomendadas pela NBR 8403, NBR 10068 (MONTENEGRO, 2002), além das instruções da própria FUNDARPE, pertinentes a composição do processo de tombamento. Devido à extensão da área de terreno do Palácio e seus anexos foi representada, nas plantas baixas, uma localização esquemática dos edifícios, para facilitar sua identificação e vizinhança. Para efeito de caracterização dos ambientes, as plantas permitiram descrever a organização dos espaços voltados para o pátio central e jardins laterais (FIG. 7). As fotografias digitais também foram utilizadas como recurso para captação dos detalhes das fachadas (FIG. 8). As imagens foram vetorizadas sem a correção das distorções produzidas pela fotografia, observando-se apenas havendo um ajuste de suas proporções em relação à representação gráfica das fachadas, uma vez que, no momento, a FUNDARPE não dispõe de recursos tecnológicos para aplicar as técnicas de Fotogrametria necessárias à produção de ortofotos.

Do construído ao digital: os arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, em Recife Pernambuco Brasil Figura 7: Palácio do Campo das Princesas - Planta Baixa do Pavimento Térreo. Fonte: FUNDARPE, 2008. Figura 8: Vetorização de detalhes das esquadrias do Corpo da Guarda. Fonte: Programa de Especialização em Patrimônio, FUNDARPE 2008.

Anna Karla T. Arruda; Terezinha, J. P. Silva; Arivaldo L. Amorim Em relação aos Cortes, além do registro das medidas de alturas dos elementos, também foram elaborados os detalhes das iluminações zenitais e a identificação dos acréscimos verticais citados na pesquisa histórica (FIG. 9). Já nas Fachadas foi possível também marcar as alterações dos acréscimos realizados, além da possibilidade se analisar a gramática compositiva utilizada (FIG. 10). Figura 9: Palácio do Campo das Princesas Corte. Fonte: FUNDARPE, 2008. Figura 10: Palácio do Campo das Princesas - Fachada Sul. Fonte: FUNDARPE, 2008. Por fim, os arquivos arquitetônicos produzidos, bem como toda documentação do processo de tombamento serão disponibilizados no GED PATRIMÔNIO, o gerenciador de documentos eletrônicos sobre o acervo do patrimônio de Pernambuco que está em elaboração, e que deverá ser lançado no segundo semestre do ano em curso no Portal FUNDARPE para disponibilização a toda sociedade.

Do construído ao digital: os arquivos arquitetônicos do Palácio do Campo das Princesas, em Recife Pernambuco Brasil 4 CONCLUSÃO O artigo ora apresentado discutiu a relevância da documentação arquitetônica nas ações de salvaguarda do patrimônio cultural edificado, a partir da experiência da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, explicitando as dificuldades em instituição pública de produzir e manter seus arquivos arquitetônicos preservados. Com os trabalhos desenvolvidos para a reconstituição da documentação arquitetônica do Palácio do Campo das Princesas, a partir da sua representação gráfica, para fins de tombamento, a FUNDARPE teve a oportunidade de conhecer e refletir sobre a importância da adoção de tecnologias digitais nas várias etapas de elaboração dos arquivos arquitetônicos, no seu armazenamento em uma base de dados sólida e consistente, e na sua disponibilização sempre que seja necessária a sua atualização. O desafio, de agora por diante, é tornar esse procedimento uma praxes, ampliando e aprimorando cada vez mais os recursos tecnológicos e o knowhow da FUNDARPE para garantir a preservação do acervo a ser formado, perpetuando a memória do patrimônio cultural de Pernambuco. AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos a todos que fazem a Diretoria de Preservação Cultural FUNDARPE: profissionais do Programa de Especialização em Patrimônio PEP e aos funcionários do quadro pela oportunidade de refletir sobre esta experiência, e também ao Prof. Arivaldo Leão Amorim do Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao Desenho LCAD, do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA, pelas valiosas contribuições nas discursões quanto as potencialidades de aplicação das tecnologiais digitais a favor da preservação do patrimônio. REFERÊNCIAS AMORIM, Arivaldo Leão. Documenting Architectural Heritage in Bahia Brazil, Using Digital Technologies. In: INTERNATIONAL CIPA SYMPOSIUM, 21. Anais... Athens, 2007. Disponível em: <http://cipa.icomos.org/fileadmin/papers/athens2007/fp013.pdf>. Acesso em: 05 maio 2008. CÔRTES, Marta Amorim, AMORIM, Arivaldo Leão. Restituição Fotogramétrica Digital das Fachadas do Pelourinho, Salvador Bahia, Brasil. In: IBEROAMERICAN CONGRESS OF DIGITAL GRAPHICS, 11. 2007, México. Proceedings... México: SIGraDi, 2007. p. 375-379. Disponível em: <http://cumincades.scix.net/data/works/att/ sigradi2007_af77.content.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2008. FRANÇA, Marina Lamounier, ALBUQUERQUE, Arnaldo de, SOUZA, Luiz A. C. GIS em Diagnóstico, Planos de Intervenção e Monitoramento do Estado de Conservação de Bens Culturais Móveis e Integrados. Estudo de Caso: Portada da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. In: GIS BRASIL: SHOW INTERNACIONAL DE GEOTECNOLOGIAS, 10., 2004, São Paulo. Anais Eletrônicos... São Paulo, 2004. 5 p. 1 CD-ROM GUERRA, Flávio. De Friburgo ao Campo das Princesas: nota histórica dos palácios de governo em Pernambuco. Recife: Governo do Estado de Pernambuco, Casa Civil, 1966. 54 p. GROETELAARS, Natalie Johanna. Um estudo da fotogrametria digital na documentação de formas arquitetônicas e urbanas. 2004. 280 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004. INNARELLI, Humberto Celeste. Iniciativas de preservação digital. Documentos digitais e sua fragilidade em relação ao suporte. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS, 2. Anais... 2004. Acesso em: 28 de jun. 2008.

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