Resumo. Introdução.

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Transcrição:

XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015 PERCEPÇÃO DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS SOBRE IMUNIZAÇÃO. Ryvanne Paulino Rocha¹* (IC), Camila Martins de Medeiros² (IC), Marina Soares Monteiro Fontelene³ (IC), Gilmara Holanda da Cunha 4 (PQ), Marli Terezinha Gimeniz Galvão 5 (PQ) 1. Universidade Federal do Ceará PIBIC/UFC 2. Universidade Federal do Ceará FUNCAP 3. Universidade Federal do Ceará PREX 4. Universidade Federal do Ceará Curso de Enfermagem 5. Universidade Federal do Ceará Curso de Enfermagem ryvanne_@hotmail.com Palavras-chave: HIV. Imunização. Vacinação. Resumo A administração de imunobiológicos para pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA) é diferenciada, pois pode produzir menor resposta comparada aos imunocompetentes. As PVHA precisam manter seus calendários vacinais atualizados e demandam restrições quanto ao uso de imunógenos vivos atenuados. Na presença de baixas contagens de linfócitos T CD4+ (<200/mm³; <15%) ou sinais clínicos de imunodepressão, a vacinação deve ser suspensa, para evitar complicações pós-vacinais e permitir melhor resposta vacinal. Porém, constata-se que muitos pacientes não aderem aos esquemas vacinais prescritos. Diante disso, realizou-se um estudo para analisar a percepção de PVHA sobre imunização. Por meio da pergunta norteadora Você adere ao esquema vacinal e conhece a importância das vacinas para as PVHA?, 15% confirmaram não aderir ao esquema prescrito e os motivos foram: falta de acessibilidade, displicência e descrença na eficácia. Os dados sobre a relevância da vacinação foram categorizados da seguinte maneira: A vacinação previne a ocorrência de doença ; Necessidade de tomar todas as vacinas prescritas ; A vacina ajuda no tratamento, pois a infecção pelo HIV não tem cura ; Desconhecimento acerca das vacinas, apesar de tomá-las e A não efetividade das vacinas. Concluiu-se que as PVHA ainda não aderem aos esquemas vacinais prescritos na totalidade. Apesar de reconhecer que vacinas são importantes pra saúde, não conhecem os nomes das vacinas e quais doenças previnem. O estudo revelou informações que podem subsidiar o desenvolvimento de práticas de promoção da saúde e constatou a necessidade de educação em saúde, com o intuito de informar acerca da importância da imunização para PVHA. Introdução A administração de imunobiológicos confere imunização ativa ou passiva ao indivíduo. Para que este processo se dê em sua plenitude e com segurança, as atividades de imunização devem ser cercadas de cuidados, adotando-se procedimentos adequados antes, durante e após a administração dos imunobiológicos (BRASIL, 2014). A imunização é o procedimento de melhor custo/efetividade, com o objetivo de promoção e proteção do indivíduo. A vacinação configura-se defesa adquirida que, acrescida à defesa natural, evita a contaminação por algumas doenças infectocontagiosas na população com maior vulnerabilidade. A prática assistencial de enfermagem e as evidências científicas sinalizam para o fato de que a atenção à saúde avança em aspectos epidemiológicos, imunológicos, tecnológicos e socioeconômicos (SHERLOCK, 2011). ISSN 18088449 1

Entretanto, aos pacientes expostos ao HIV com certo grau de imunodepressão pode ser concebida uma menor resposta de imunização ou até mesmo complicações graves pós-vacinais, segundo o Ministério da Saúde (2002). As vacinas contêm diferentes componentes que as tornam mais ou menos seguras para uso nesses pacientes, sendo classificadas, segundo esses componentes, em três tipos: a) bactérias ou vírus mortos; b) bactérias ou vírus vivos atenuados; e c) proteínas ou açúcares extraídos de bactérias ou vírus ou sintetizados em laboratório. Toxóides usados para imunização ativa são toxinas bacterianas modificadas de modo a se tornarem não-tóxicas (LUZ, 2007). Adultos e jovens que vivem com HIV/aids podem receber todas as vacinas disponíveis no calendário nacional, caso não apresentem imunodepressão severa. Vale ressaltar que a hepatite B é uma infecção imunoprevenível, no entanto, é bastante comum nesse público-alvo de PVHA. Estas precisam manter atualizada a carteira vacinal, porém, demandam restrições quanto ao uso de imunógenos vivos atenuados. As vacinas recomendadas para PVHA com mais de 13 anos, a partir da avaliação individual, conforme o Ministério da Saúde (2002) são: tríplice viral (1 ou 2 doses), varicela (2 doses), febre amarela (observar risco/benefício e epidemiologia da doença local), dupla do tipo adulto (dt 3 doses), Haemophilus influenzae tipo B (Hib 2 doses), Hepatite A (2 doses para suscetíveis à hepatite A ou portador do vírus da hepatite B ou C), Hepatite B (4 doses dobradas), Streptococcus pneumoniae (23-valente 1 dose) e Influenza (1 dose anual). Os profissionais de saúde devem sempre avaliar a clínica do paciente e o parâmetro laboratorial de linfócitos T CD4+ para recomendação das vacinas. Quando os linfócitos T CD4+ estão iguais ou superiores a 350/mm³ ( 20%) é recomendado o uso. Essas células em contagens entre 350 e 200/mm³ (entre 15% e 19%), deve-se avaliar os riscos e benefícios. Em situações de baixas contagens de linfócitos T CD4+, menor que 200/mm³ (< 15%), ou sinais clínicos de imunodepressão, a vacinação é suspensa para evitar complicações pós-vacinais ou adiada até um fortalecimento do sistema imunológico por meio da terapia antirretroviral (TARV) e, desse modo, permitir melhor resposta vacinal. A imunossupressão profunda resulta, principalmente, da infecção, disfunção e morte das células T CD4+. Há evidências de que a molécula de CD4 é um receptor de grande afinidade para o HIV. Isso explica o tropismo do vírus pelas células T CD4+ (BRASIL, 2002). Estima-se que no Brasil há aproximadamente 734 mil pessoas com HIV/aids no Ceará, 13.208 casos - desde o início da epidemia de aids (1980) até dezembro de 2013, foram identificados 278.306 óbitos tendo como causa básica a aids, de acordo com o Ministério da Saúde (2014). A redução da morbidade e mortalidade pelo HIV ocorreu devido ao advento da TARV em 1996. O Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a adotar uma política pública de acesso à TARV (DUARTE, 2011). Portanto, constata-se que ainda há uma alta taxa de prevalência de HIV/aids no cenário brasileiro atual e que mesmo com as informações disponíveis sobre vacinação, muitos desses pacientes ainda não aderem por completo aos esquemas vacinais prescritos. Diante disso, observou-se a necessidade de realizar um estudo para analisar a percepção de PVHA sobre imunização. Metodologia Trata-se de um estudo exploratório-descritivo e qualitativo, realizado com 20 pacientes acompanhados no ambulatório de infectologia de um hospital de referência no atendimento a PVHA em Fortaleza-Ceará, durante o mês de julho e agosto de 2014. As informações foram coletadas por meio de entrevista semi-estruturada gravada, e teve-se como pergunta norteadora: Você sabe o que é uma vacina e conhece a importância da imunização para a ISSN 18088449 2

pessoa que vive com HIV/aids?. A amostra foi determinada por saturação de dados. Posteriormente, os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo, obtendo-se quatro categorias temáticas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, em 27/02/2014, sob protocolo Nº 27437214.8.0000.5054. Todos os pacientes que aceitaram participar assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados e Discussão Da amostra de 20 PVHA, 75% eram pacientes do sexo masculino e 25% do sexo feminino. A média de idade foi de 42,6 anos, prevalecendo pacientes de estado civil solteiro, empregados, com renda familiar de um a três salários mínimos e ensino médio completo. Quanto aos aspectos sociodemográficos, os pacientes do estudo concordaram com o perfil predominante no país, no qual a infecção por HIV é mais prevalente na população de 15 a 49 anos e do sexo masculino. No Brasil, foram registrados desde 1980 até junho de 2014, 491.747 casos de aids em homens e 265.251 em mulheres. A partir de então, foi observado o crescimento de casos de aids na população do sexo feminino, conforme o Ministério da Saúde (2014). Por meio da pergunta norteadora Você adere ao esquema vacinal e conhece a importância das vacinas para a PVHA?, 15% confirmaram não aderir ao esquema prescrito e os motivos foram: falta de acessibilidade, displicência e descrença na eficácia. Os dados obtidos acerca da vacinação foram categorizados da seguinte maneira: A vacinação previne a ocorrência de doença : A vacina é pra imunizar, né. É uma medida digamos profilática, né. Pela imunização de determinadas doenças. Esse é meu conceito de vacina. Quer dizer, o que eu entendo, é claro. Pra mim eu me sinto seguro, né. Estando vacinado eu vou tá resguardado de uma série de coisas. (Paciente 6) Necessidade de tomar todas as vacinas prescritas : Eu acho muito importante, principalmente essa da gripe porque eu tenho esse problema, aí evita a gripe. Eu gripava constantemente e hoje eu não gripo mais. Eu tenho um pigarro na garganta, mas é por causa do cigarro, porque eu fumo. Aí eu sempre tomo, todo ano o médico me dá o papel e eu tomo a vacina da gripe do idoso, porque os postos não querem dar. Eu acho muito importante, porque evita mesmo. (Paciente 5) A vacina ajuda no tratamento, pois a infecção pelo HIV não tem cura : A vacina... Acho que é pra prevenir não é?! Pra controlar o que eu tenho, né, assim... Porque o que eu tenho eu acho que num tem cura, né? É pra eu me sentir melhor e me ajudar no tratamento. Acho que é isso, pra me ajudar no meu tratamento. (Paciente 11) Desconhecimento acerca das vacinas, apesar de tomá-las : Sinceramente eu não sei não. Tem aquela vacina depois dos idosos eu tenho tomado, mas tá com uns dois anos ou três que eu não tomo. É pra evitar algum tipo de doença, né? (Paciente 10) A não efetividade das vacinas : Acho que é imunizar de alguma doença, né. Eu acho que é o... como é que se fala? É o básico. Num boto muita fé não, mas... Imunizar, eu acho que é basicamente isso. (Paciente 12) Ressalta-se que os profissionais de saúde, em todos os níveis de atenção, são corresponsáveis pelo cuidado desempenhado para seus pacientes, por meio de estratégias que promovam a conscientização e compreensão acerca da infecção pelo HIV e suas complicações, considerando as recomendações do Ministério da Saúde de que crianças, adolescentes e adultos expostos ou infectados pelo HIV, na ausência de alterações imunológicas e clínicas com indicação de imunodeficiência, devem receber todas as vacinas de rotina do calendário nacional, assim como as vacinas especiais (SHERLOCK, 2011). Os fatores que ISSN 18088449 3

interferem na adesão à vacinação identificados em estudos não foram, única e exclusivamente, relacionados ao indivíduo, mas também influenciados pela estrutura organizacional oferecida pelas diferentes instituições (MILANI, 2011; SHERLOCK, 2011). Conclusão A maioria das PVHA analisadas ainda não adere aos esquemas vacinais prescritos na totalidade. Apesar de reconhecer que vacinas são importantes pra saúde, não conhecem os nomes das vacinas, como elas agem e quais doenças previnem. As orientações sobre imunização ainda é um desafio aos profissionais da saúde que lidam com PVHA. Essas informações podem subsidiar o desenvolvimento de práticas de promoção da saúde para consolidar a imunização em populações vulneráveis. Há necessidade de educação em saúde para PVHA, para informar acerca de temáticas sobre exposição ao HIV, incluindo a importância da imunização, como método para auxiliar na prevenção de doenças imunopreveníveis e suas comorbidades. Também pode ser perspicaz incluir a mídia e as redes sociais na divulgação sobre a importância da vacinação e as campanhas. Nessas circunstâncias, destaca-se o papel da Enfermagem no processo saúde-doença, de forma a realizar explanações sobre imunização para PVHA e sobre o Programa Nacional de Imunização (PNI) aos estudantes e profissionais de saúde (equipe de enfermagem, médicos e agentes comunitários de saúde, principalmente), para, desse modo, obter-se maior adesão efetiva da vacinação. Referências 1. BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Persona; 2009. 2. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Recomendações para vacinação em pessoas infectadas pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, 2002. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para adultos vivendo com HIV/aids. Brasília, 2013. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília, 2014. 5. Duarte PS, Ramos DG, Pereira JCR. Padrão de incorporação de fármacos antirretrovirais pelo sistema público de saúde no Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(4):541-7. 6. Luz KR, Souza DCC, Ciconelli RM. Vacinação em Pacientes Imunossuprimidos e com Doenças Reumatológicas Auto-Imunes. Rev Bras Reumatol. 2007; 47(2): 106-113. 7. Milani RM et al. Imunização contra hepatite B em profissionais e estudantes da área da saúde: revisão integrativa. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2011; 13(2): 323-30. 8. Sherlock MSM et al., Imunização em criança exposta ou infectada pelo HIV em um serviço de imunobiológicos especiais. Esc. Anna Nery. 2011;15(3):573-580. ISSN 18088449 4

9. Valcour V, Sithinamsuwan P, Letendre S, Ances B. Pathogenesis of HIV in the central nervous system. Curr HIV/AIDS Rep. 2011;8(1):54-61. Agradecimentos Agradecemos à professora e orientadora Gilmara Holanda da Cunha pelo amparo durante as pesquisas e pela oportunidade de nos proporcionar um crescimento científico. Aos pacientes atendidos no ambulatório que concordaram participar da pesquisa. Aos profissionais do ambulatório e ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Federal do Ceará (UFC). ISSN 18088449 5