0000197-02.2012.5.04.0000 AGR Fl.1 EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. Inexiste fudamento relevante nem que do ato impugnado possa resultar a ineficácia da medida, conforme descrito no inciso III do art. 7º da Lei 12.019/09, quando o mandado de manutenção do plano de saúde foi direcionado à reclamada nos autos da reclamatória subjacente e se trata a impetrante de pessoa alheia aos autos, contra quem sequer houve imposição de obrigação de fazer ou imputação de multa. VISTOS e relatados estes autos de AGRAVO REGIMENTAL, em que é agravante CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS DO RIO GRANDE DO SUL - CAA/RS. A CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS DO RIO GRANDE DO SUL - CAA/RS protocola o que nomina pedido de reconsideração, que é recebido como Agravo Regimental, demonstrando insurgência em face da decisão proferida pelo Juiz do Trabalho Convocado Plantonista Raul Zoratto Sanvicente, nos autos do Processo nº 0009412-36.2011.5.04.0000 MS, na qual restou mantida a liminar requerida pelo Sindicato dos Servidores e Empregados dos Conselhos e Ordens de Fiscalização do Exercício Profissional - SINERCON/RS, nos autos da reclamatória trabalhista nº 0000722-31.2010.5.04.0007, no sentido de que reclamada - Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RS, mantivesse a assistência médica e odontológica dos seus empregados nos mesmos parâmetros anteriormente adotados, ou seja, de forma gratuita a todos os empregados, extensiva aos seus dependentes e aposentados, garantidas três consultas mês, através da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio Grande do Sul - CAA, ora impetrante, sob pena de multa/dia no valor de R$ 5.000,00.
0000197-02.2012.5.04.0000 AGR Fl.2 Alega a impetrante ser pessoa jurídica distinta da reclamada nos autos da reclamatória subjacente, não participando da lide nem do título executivo, a obstar que se lhe imponha o cumprimento de obrigação promanada de ordem incidental e posterior à prolação da sentença, tanto mais quando o mandado de manutenção foi cumprido junto à impetrante, que sequer foi instada a se manifestar naqueles autos. Requer, assim, a concessão da medida liminar para os fins de tornar sem efeito a ordem judicial proferida pelo Juiz da 7ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, afastando a exigibilidade do comando de que o plano de assistência médico-odontológica em questão seja mantido através da impetrante. julgamento. ISTO POSTO: Regularmente processados, vêm os autos em mesa para É o relatório. A agravante pretende a reforma da decisão proferida pelo Exmo. Juiz plantonista, que rejeitou a liminar em sede de mandado de segurança nos seguintes termos: Vistos. A impetrante pede a cassação da ordem constante no mandado de manutenção expedido no Proc. 0000722-31.2010.5.04.0007, da 7ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, pela qual instada a demandada - Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Sul, a manter a "assistência médica/odontológica nos mesmos moldes em que anteriormente concedida..." Alega, em síntese, que não pode ser compelida a cumprir decisão em ação na qual não figura como parte.
0000197-02.2012.5.04.0000 AGR Fl.3 Decide-se. I - Admissibilidade Admite-se a impetração, seguindo orientação da 1ª SDI deste Regional, de não impedir o prosseguimento do feito em regime de plantão quando há dúvida atinente à legitimidade da parte para o ajuizamento da ação. II - Mérito Analisa-se à luz do art. 7º, III, da Lei 12.016/2009. a) Fundamento relevante Aparentemente, à vista do comprovante de entrega dos CORREIOS, cuja cópia se encontra na última folha que antecede o termo de conclusão, o ato atacado foi entregue à OAB, demandada na ação de origem. Assim, a destinatária da ordem, tanto no sentido físico como quanto ao conteúdo, não seria a impetrante. Logo, à primeira vista, ausente o requisito em comento. b) Ineficácia da medida É plenamente factível a concessão da segurança ao final, não havendo, em tese, risco de perecimento do objeto, uma vez que a multa fixada em caso de descumprimento poderá ser discutida, se deve ser atribuída à impetrante, ou não, por ocasião de sua execução. Ausentes, pois, ambos os requisitos.
0000197-02.2012.5.04.0000 AGR Fl.4 II - Conclusão Indefere-se a liminar. Intime-se. Autue-se e distribua-se na forma regimental. Porto Alegre, 23 de dezembro de 2011 (sexta-feira). Em sede de agravo regimental, cabe manter a decisão transcrita, na medida em que o comando contido no mandado de manutenção (fls. 290 do MS) é expressamente direcionado à reclamada (OAB) e não à ora impetrante, que nenhuma ingerência detém sobre a contratação de planos de saúde destinados aos empregados da reclamada, como ela própria refere no Agravo. Esclareço constar da decisão proferida em sede de antecipação dos efeitos da tutela (fls. 156-157 do MS), a qual foi confirmada na sentença (fls. 186-193 do MS), determinação clara no sentido de que a reclamada mantenha a assistência médico-odontológica nos mesmos moldes em que anteriormente concedida, ou seja, gratuita a todos os seus empregados, extensiva a seus dependente e aos aposentados, garantidas três consultas mês, através da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio Grande do Sul - CAA/RS, como objeto de antecipação de tutela e sentença, retomando a assistência no prazo de 10 dias, sob pena de multa/dia, a contar de então, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a reverter em favor dos substituídos, para hipótese de mora no cumprimento da presente decisão (fl. 12). Conforme corretamente analisado pelo Juiz Plantonista em 23.12.2011, não se encontra presente nos autos do Mandado de Segurança o
0000197-02.2012.5.04.0000 AGR Fl.5 fundamento relevante hábil à concessão da liminar pretendida pois, à luz do disposto no art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, para a concessão da liminar, o impetrante deverá convencer o magistrado de que é portador de melhores razões que a parte contrária, que o ato coator é, ao que tudo indica, realmente abusivo ou ilegal. (in A Nova Lei do Mandado de Segurança, Comentários Sistemáticos à Lei 12.016 de 7-8-2009, Cassio Scarpinella Bueno, 2ª ed. Editora Saraiva, p.64), o que não ocorreu. O mandado de manutenção foi dirigido à reclamada (OAB) e, se por algum motivo foi recebido pela impetrante, a esta cabia, tão somente, devolvê-lo ao emitente ou diligenciar para que aquela a quem foi efetivamente dirigido tivesse conhecimento da ordem. Da mesma forma, também não resta presente a possibilidade da ineficácia da medida, a qual deve ser entendida como sendo a consagrada expressão latina periculum in mora, referida no inciso III do art. 7º da Lei 12.016/09, pois o comando de manutenção do plano de saúde diz respeito à OAB, a quem caberá cuidar do cumprimento da ordem judicial, ou, se for o caso, discutir em juízo sua pertinência, arcando com o pagamento de eventual multa na hipótese de configuração de descumprimento da ordem judicial. Sinalo, por oportuno, já ter a OAB interposto o competente Recurso Ordinário para buscar a reforma do comando sentencial que determinou a manutenção do plano médico-odontológico, sendo que esta obrigação diz respeito ao próprio mérito da demanda e como tal deve ser apreciado. Destarte, não sendo a ora impetrante sequer parte na reclamatória trabalhista subjacente, e não lhe tendo sido imposta qualquer obrigação pela decisão atacada, despacho proferido em 23.12.2011. mas à OAB, entendo pela manutenção do
0000197-02.2012.5.04.0000 AGR Fl.6 Assim sendo, por todos os fundamentos acima expostos, nego provimento ao agravo regimental. Ante o exposto, ACORDAM os Magistrados integrantes da 1ª Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade de votos, negar provimento ao agravo regimental. Intimem-se. Porto Alegre, 20 de janeiro de 2012 (sexta-feira). MARIA HELENA LISOT Relatora MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO \gc2012