REFLEXÕES QUANTO AOS SABERES E À PROFISSIONALIDADE DE PROFESSORES Taila Pollyana Müller 1 Elaine Paula Luft 2 Elenice Ana Kirchner 3

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Transcrição:

REFLEXÕES QUANTO AOS SABERES E À PROFISSIONALIDADE DE PROFESSORES Taila Pollyana Müller 1 Elaine Paula Luft 2 Elenice Ana Kirchner 3 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo investigar a concepção dos professores em relação à sua profissionalidade na docência, na sala de aula e na vida social destes. Também pretendemos verificar o que é ser professor, segundo sua concepção, em sua identidade profissional, investigar os obstáculos e à especificidade da ação do professor na escola e identificar a origem dos saberes docentes, na concepção dos mesmos, com base em suas ações. A questão norteadora aborta o que é ser professor na atualidade em um contexto escolar tão diverso ao de algumas décadas atrás, distinguir a atuação do professor a de outros profissionais e o que contribui para a sua prática escolar, além da formação acadêmica. Os procedimentos metodológicos adotados foram pesquisas semiestruturadas com quatro questões, as entrevistas foram respondidas pelos professores A, B e C, que contribuíram em suas escritas. Para dialogar com as entrevistadas, serão usados frases e trechos de alguns escritores renomados. 2 O SENTIR-SE NA PROFISSÃO Os três professores entrevistados sentem-se bem, tem prazer e gostam de sua profissão, porém cada um por um motivo diferente. A professora A diz assim: Faço da minha profissão uma vocação. É uma profissão prazerosa. Realizada. Já a entrevistada B fala: Eu me sinto realizada nesta profissão. As crianças me encantam. A professora C vai um pouco além: Adoro minha profissão, me sinto realizada em ter a condição de transmitir algo para as crianças, o conhecimento faz com que esse serhumano seja melhor. Do mesmo modo Maturana, (2000), diz que a educação escola deve 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Fai e-mail: tailapollyanamuller@gmail.com ²Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Fai, e-mail: elaineluft@outlook.com 3 Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Fai, e-mail: elenice@seifai.edu.br

formar seres humanos aptos a respeitar a si mesmo, os outros e todo o ambiente que vivem. Um ser humano melhor. A parir desses relatos, pode-se entender que o prazer é o pilar na profissão desses professores. Visto que todos dizem ter prazer pelo que fazem, ou seja, são movidos principalmente pela emoção do prazer. Segundo Maturana, (2000, p. 29) As emoções guiam o fluir do comportamento humano e lhe dão o seu caráter de ação. Ou seja, são as emoções sentidas pelos docentes que compreendem suas ações, devido a isso são pessoas amorosas e afetivas. Dessa forma ama-se na medida em que se busca comunicação, interação a partir da comunicação com os demais (FREIRE, P. 1983, p. 29). 3 CONSTRUÇÃO DA PROFISSIONALIDADE Mais uma vez as respostas têm pontos comuns. Todos buscam a construção contínua do conhecimento. De acordo com Maturana, (2000, p. 18): Um professor ou uma professora só pode contribuir para a capacitação de seus alunos se vive sua tarefa educacional desde sua própria capacidade de fazer e desde sua liberdade para refletir acerca de sua atividade a partir do respeito a si mesmo, fazendo o que é ensinado. Assim sendo, os professores devem sempre aperfeiçoar-se para ter a capacidade para fazer seu papel como educador. Os tempos mudam, novas métodos surgem e é dever do docente acompanhar essas mudanças para melhor mediar o conhecimento. Do mesmo modo a entrevistada A contribui dizendo: Construção contínua. Busco e socializo experiências e conhecimentos. Trabalho em equipe, baseado na humanização. Fé em Deus e naquilo que faço. Humanização ou condição humana é citada por Morin (2004), que fala da condição humana como algo que deveria ser o conhecimento primeiro nas escolas. A professora B fala do seguinte modo: Cada dia trabalhado é um novo aprendizado, adquirindo novas experiências. Também a troca de ideias com colegas é uma construção. E os cursos de aperfeiçoamento proporcionam novas visões, motivação, perspectivas, ânimo.... Já a entrevistada C relata que além do aperfeiçoamento contínuo é necessário ser um docente ético: Acredito que é fundamental ser um docente ético, profissional, importante sempre ir em busca do novo, criar e recriar aulas atraentes; os alunos precisam construir

neles o gosto da aula, dos conteúdos. Maturana (2000, p. 43) já muito bem fala que ética tem a ver com a emoção, já citada acima. O autor ainda contribui com o seguinte trecho: A ética tem a ver com a preocupação pelas consequências das próprias ações sobre o outro. Por isso, para ter preocupações éticas, devo ser capaz de ver o outro como um legítimo outro em convivência comigo, quer dizer, o outro tem que aparecer diante de mim na biologia do amor. O amor é a emoção que funda a preocupação ética. Através desse treco descrito por Maturana, vê-se mais uma vez a importância do amor em sala de aula, movido principalmente pela emoção, uma ação humana. Conforme Freire, (1983, p. 29), Não há educação do medo. Nada se pode temer da educação quando se ama. Ou seja, o amor e o afeto são peças fundamentais para um bom aprendizado e uma boa relação entre professores, alunos e família. Compreende-se ainda que não existe ser humano sem ética, segundo Freire (1996, p.33) Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer da ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da ética, entre nós mulheres e homens, é uma transgressão. Compreende-se o quão importante é a ética, tanto em nossa vida pessoal quanto profissional. É essa construção contínua que mais difere o docente de outros profissionais. Os professores a cada ano devem buscar outras metodologias, e para isso necessitam de formação contínua. Isso é necessário devido à mudança que acontece a cada ano, são novos alunos, com maneiras de pensar diferentes, outras tecnologias e com interesses diferentes. O que hoje pode agradar uma turma, amanhã já talvez não agrade mais. 4 DIVERSIDADE: DESAFIO OU OPORTUNIDADE? Muito se fala sobre a diversidade que predomina em nossa sociedade atualmente. Porém o que para muitos pode ser um desafio, se torna uma oportunidade para outros, oportunidade essa que proporciona novas descobertas e aprendizagens. Há ainda outros que sentem a diversidade primeiramente como um desafio e, por conseguinte como uma oportunidade de saber mais. Nesse sentido é de suma importância que entendamos o motivo principal da diversidade: a cultura. De acordo com Morin (2004, p. 56): A cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos que se transmite de geração em geração [...]. Assim sendo, a cultura é algo íntimo e

interior de cada pessoa, é a forma que se vive, então deve ser respeitada, pois é uma escolha própria de cada indivíduo. Foi unânime a respostas dos entrevistados, todos, sem exceção veem a diversidade como desafio e oportunidade. O professor A relata da seguinte forma: É desafiador. Teoria é uma e a prática é desafiadora. É preciso ter uma visão ampla, sentir e ver muito além. É gratificante AMO. A prática torna-se desafiadora no momento que os alunos nos dias de hoje não se contentam com algo subjetivo. Querem muito mais, querem ir além. Para tornar algo interessante para todos eles e incluir a todos é necessário um bom planejamento e aulas diversificadas. O entrevistado B pensa assim: A cada dia e ou ano letivo representa um desafio. Ao mesmo tempo que eu estou ensinando, é um aprendizado a mais que estou adquirindo. É apto relacionar essa resposta com uma frase de Freire, (1983, p. 33), Uma determinada época histórica é constituída por determinados valores, com formas de ser ou de comporta-se em plenitude. Isso significa que o professor deve estar sempre preparado para mudar suas metodologias de acordo com a forma de ser de cada aluno, pois todos são diferentes e originam a grande diversidade da sociedade e das salas de aula. O professor C segue o mesmo raciocínio e diz que a diversidade é: Algo desafiador, entretanto dar aula na diversidade faz com que como docente crescemos no conhecimento, nas inter-relações humanas. Dessa forma, vê-se que é necessário que o professor veja as diversidades como oportunidade de mudar suas metodologias e criar formas de inclusão, sem que seja necessária a mudança cultural de um aluno ou o atraso educacional em relação aos outros devido a dificuldades de aprendizagem. Uma educação que pretendesse adaptar o homem estaria matando suas possibilidades de ação, transformando-o em abelha. A educação deve estimular a opção e afirmar o homem como homem. Adaptar é acomodar, não transformar. (FREIRE, 1983, p. 32). Seguindo o raciocínio acima, compreende-se então que os docentes precisam transformar-se e transformar o ambiente escolar em um lugar que acolha a todos, e não podem tentar adaptar os discentes as condições predestinadas por regras e decisões sem participação coletiva. Todas as culturas e alunos devem ser incluídos, usando a diversidades como novas descobertas. Segundo Morin (2004) a educação deverá perpassar o princípio de diversidade na escola e em toda a sociedade.

5 DIFICULDADES DA PROFISSÃO Dificuldades, sempre estão presentes no dia-dia das pessoas. Os docentes também possuem muitas dificuldades na carreira e caminhada profissional. Ao ser interrogada em relação as dificuldades enfrentadas, o professor A disse: A falta de limites e valores. As crianças (algumas): pouca paciência, desconcentração. Não temos falta de aprendizagem e sim temos falta de educação. Para ele, está ocorrendo uma grande falta de educação. O autor Freire (1983) discorda no seguinte contexto, para o mesmo, a educação é permanente, e não existem pessoas educados ou mal educadas, mas sim todos estão em processo de construção, onde todos estão se educando continuamente. Ao se tratar das dificuldades todos os entrevistados têm opiniões diferentes. Diferentemente do entrevistado A, o C diz o seguinte: Penso que ainda seja uma das maiores dificuldades seria a fragmentação entre a escola e família dos alunos com dificuldade de aprendizagem. A família está ausente, colocando o compromisso/responsabilidade totalmente para a escola. Para ele deveria haver a interação entre família e escola. Acredita-se que essa seja realmente uma das grandes dificuldades encontradas nas escolas. Pode-se interligar aqui também a carência afetiva que muitas vezes passa a ser tarefa da escola. Muitas famílias dizem não terem tempo para as crianças e deixam-nas totalmente sobre responsabilidade da escola, tanto no quesito afeto quando educacional. De acordo com Freire (1983, p. 29), Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar. Não há educação imposta, como não há amor imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o respeita. As importantes palavras de Freire compensam as palavras acima, para ter educação e respeito é necessário primeiramente amor para com o próximo, afeto. Então os professores e a família devem juntos ter amor e afeto pelos alunos/filhos para que consigam juntos educar e formar pessoas que tenham respeito mútuo. Já o professor B aborda uma dificuldade totalmente distinta das demais. Ela diz que a maior dificuldade é: Espaço físico adequado para planejar e também a própria sala de aula em estado precário (assoalho). Isso até a construção da nova escola estiver finalizada. Realmente muito se ouve sobre as estruturas precárias de algumas escolas, que acabam prejudicando o processo de ensino e aprendizagem. Em situações mais graves, podem por em perigo a vida e a saúde dos alunos, professores e funcionários da escola.

Apesar de todas essas dificuldades, os entrevistados A, B e C mostram-se convictas de que é a profissão certa, de que realmente ter amor pela educação e transformam a profissão em um estilo de vida. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Realização da pesquisa trouxe compreensão maior acerca da trajetória profissional dos professores, nesse sentido ficou evidenciado que existem sim profissionais apaixonados pela profissão. Vivem e constrói sua profissionalidade com amor, dedicação e muito empenho, buscando sempre por mais aprendizados. Sem dúvida existem as dificuldades, que por sua vez foram muitas distintas entre os entrevistados, porém, não se deixam abalar por elas e continuam sua profissão com muita dedicação. Para esses professores a formação docente deve ser contínua, questão essa que distingue a profissão docente das outras. Suas práticas escolares diárias contribuem muito para sua formação, segundo eles, a vivência com alunos e colegas contribuem com muitos ensinamentos. Assim sendo, esses profissionais valorizam muito o trabalho em equipe, onde todos juntos aprender e ensinam. REFERÊNCIAs FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Trad. Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martin. 1 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MATURANA, Humberto. Formação humana e capacitação. Trad. Jaime A. Clasen. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 9. ed. São Paulo: UNESCO, 20014.