Relatório Life Rupis. Baseline study to estimate initial densities of key prey-populations: pigeons, rabbits and partridges

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Transcrição:

Relatório Life Rupis Ação A4: Estudo inicial para estimar a densidade inicial das populações das principais presas para a águia de Bonelli: pombo-das rochas, coelho-bravo e perdiz vermelha Baseline study to estimate initial densities of key prey-populations: pigeons, rabbits and partridges Parque Natural do Douro Internacional. 2016-2017. Eduardo Realinho e Núria Vallverdú

Indice 1. INTRODUÇÃO 3 2. METODOLOGIAS APLICADAS 5 2.1 Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) 5 2.2 Perdiz vermelha (Alectoris rufa) 7 2.3 Pombo-das-rochas (Columba livia) 9 3. RESULTADOS OBTIDOS 11 3.1 Coelho-bravo 11 3.2 Perdiz vermelha 18 3.3 Pombo-das-rochas 27 3.4 Outras espécies-presa 29 4. CONCLUSÕES 32 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 ANEXOS 35 Anexo 1 36 Anexo 2 37 Anexo 3 38 2 Título. Relatório da Acção XX

1 INTRODUÇÃO A águia de Bonelli ou águia-perdigueira (Aquila fasciata) é uma ave de rapina residente na Península Ibérica de forma localizada, que ocorre essencialmente em vales escarpados e zonas acidentadas e florestadas. Quanto ao estatuto de conservação, é uma espécie em perigo tanto em Espanha (Madroño et al. 2004) como em Portugal (Cabral et al. 2006), sendo considerada de conservação prioritária na União Europeia, ao abrigo da Diretiva Aves. Um dos principais objetivos do projeto Life Rupis é o reforço da população no Douro transfronteiriço através da redução da mortalidade e aumento do sucesso reprodutor, abrangendo território português e espanhol. Embora a população do norte de Portugal teve um declínio do 40% nos últimos 10 anos, os 13 casais da área do projeto representam 1,6% dos efetivos da Península Ibérica. O declínio populacional da águia de Bonelli pode ser atribuído a uma alta mortalidade não natural (i.e.: eletrocussão em linhas elétricas de alta tensão, perseguição direta por se alimentar de espécies de caça) e, por outro lado, a um sucesso de reprodução muito baixo. Em geral, as baixas taxas de reprodução observadas na área de intervenção do projeto (i.e.: Castilla y León) foram associadas à baixa abundância das principais espécies de presas da águia de Bonelli (Hernández e Real 2011; Hernández et al. 2012), como o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a perdiz vermelha (Alectoris rufa) e o pombo-das-rochas (Columba livia) (Real 1996, Moleón et al. 2009, Resano-Mayor et al. 2016). A baixa abundância de presas é devida a epizootias (principalmente no caso do coelho), bem como mudanças nos habitats (Real e Mañosa, 1997; Real et al. 2001) e nos usos da terra (Delibes-Mateos et al. 2007), e uma excessiva pressão de caça (Williams et al. 2007). O baixo consumo de presas ótimas para a águia de Bonelli (i.e.: coelho, perdiz), devido à grande escassez desses recursos tróficos na maioria dos territórios do Douro, resulta num alto consumo de presas à priori sub-óptimas, como passereiformes ou répteis (Hernández et al. 2012). As presas sub-óptimas representam um baixo input de energia para a águia de Bonelli, ao mesmo tempo que exigem um esforço maior para serem caçadas. Por esse motivo, e com o objetivo de aumentar a disponibilidade alimentar para esta espécie, pretende-se promover o mosaico de habitats, efectuar reflorestações e implementar sementeiras de cereais e leguminosas, que vão servir para a promoção das populações de coelho-bravo e perdiz vermelha (ações C5 e C6). Também serão recuperados e repovoados vários pombais tradicionais, para fixar e aumentar populações de pombo-das-rochas (ação C4). A ação A4 - Estudo basal para estimar a densidade inicial das principais populações de presas: pombo-das-rochas, coelho-bravo e perdiz vermelha -, é uma ação preparatória que visa desenvolver e propor metodologias para à primeira amostragem das espécies-presa potenciais para a águia de Bonelli, e a sua implementação, a fim de aumentar o conhecimento sobre o status das presas na área do projeto. Além disso, foi também decidido realizar censos de outras espécies consideradas presas sub-óptimas (i.e.: pega-azul, pombo-torcaz, estorninho, melro e tordos), devido à sua crescente importância na dieta da águia de Bonelli. As metodologias propostas nesta acção serão também utilizadas na acção D3: Monitoramento das populações de coelho-bravo, pombo-das-rochas e perdiz vermelha, de modo a permitir uma correcta comparação dos resultados de cada uma das acções que pretendem melhorar o habitat e 3

promover as populações dessas espécies, de forma a poderem ser detetadas tendências populacionais após a implementação dessas medidas. Para definir as áreas de implementação das diferentes ações de conservação, considerou-se, por território, uma área circular com um raio de 4 km, com o ninho mais utilizado por cada casal de águia de Bonelli como ponto central, resultando num total de 14 territórios. Destes, 8 são transfronteiriços, 1 está em Portugal e 5 em Espanha (Figura 1), de acordo com a informação recolhida nas monitorizações desta espécie nos últimos anos. A amostragem das espécies-presa foi feita apenas dentro das áreas de cada um dos territórios identificados e os dados obtidos no âmbito da ação A4 serão usados para a implementação das ações C4, C5 e C6. A amostragem inicial (acção A4), foi executada em 2016 e está previsto na acção D3 que a monitorização das espécies-presa seja feita todos os anos do projecto 2017, 2018 e 2019. Os transectos e pontos de observação definidos na ação A4 podem ser modificados durante o decorrer do projeto e durante o desenvolvimento da ação D3, devido à aquisição de terras/assinatura de acordos de gestão de habitat, tentando estimar as abundâncias nas áreas geridas pelos diferentes parceiros deste Projeto, a fim de avaliar o efeito das medidas de gestão implementadas. Figura 1 Ninhos e territórios de águia de Bonelli (Aquila fasciata) incluídos na acção A4, na ZPE Douro Internacional e ZPE Arribes del Duero. 4 Título. Relatório da Acção XX

2 METODOLOGIAS APLICADAS 2.1 Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) Para a amostragem da abundância relativa de coelho-bravo foi feita a contagem de latrinas em transectos feitos a pé. Considerou-se por latrina um conjunto com número igual ou superior a 20 dejectos, numa área mínima de aproximadamente 20 x 20 cm. Os territórios de águia de Bonelli foram divididos em quadriculas de 2,5 x 2,5 km de área (Figura 2). Para cada território foram previamente selecionadas as quadriculas que se encontravam no seu interior, dando prioridade de amostragem às que se encontram mais próximas do centro do território. Todas as quadrículas selecionadas encontram-se dentro da ZPE (Zona de Proteção Especial) do Douro Internacional.e com a maior parte da área afastada das arribas de modo a evitar perturbação à nidificação. Em cada quadrícula amostrada foi feito um transecto de 2,5 horas de duração. O percurso do transecto foi distribuído pela área da quadricula e, sempre que possível, em áreas com habitat potencialmente favorável para coelho-bravo (áreas de ecótono entre matos e clareiras). Nem sempre os transectos coincidiram com caminhos existentes. Em cada território considerado foram amostradas entre 3 a 5 quadrículas, variando com a localização do território, as quadriculas disponíveis, caminhos ou trilhos existentes e outros factores relevantes. Figura 2 Grelha 2.5 km e quadrículas amostradas para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) na acção A4, na ZPE Douro Internacional. 5

A amostragem por transectos a pé com contagem de latrinas é um método já testado e comprovado e utilizado em toda a Península Ibérica (Palomares, 2001). O tamanho de quadrícula e duração do transecto escolhido é o utilizado actualmente na área do Parque Natural das Arribes del Duero (García e Jambas 2014), permitindo a comparação directa dos resultados e caminhando em direcção a um método padrão para a região. A amostragem estava prevista para ser executada nos meses de Junho e Julho correspondente aos máximos populacionais de coelho-bravo mas foi executada em Julho, Agosto e Setembro. Isto deveu-se ao facto de algumas acções do projecto estarem atrasadas, o que levou ao adiamento do início da amostragem, e ao facto de sendo esta amostragem a primeira, algumas visitas foram canceladas e adiadas por desconhecimento do território. Os transectos foram feitos com uma ou duas pessoas, sendo apenas uma delas o observador de modo a manter a consistência da observação entre quadrículas e a outra responsável por anotar os dados. Foi criada uma ficha de campo para o efeito (ver Anexo 1) e foram registadas todas as latrinas existentes com pontos GPS. As latrinas foram distinguidas em quatro tipos, conforme classes de tamanho: tipo 0 (dejectos isolados ou número inferior a 20 unidades), tipo 1 (20 a 50 dejectos), tipo 2 (51 a 120 dejectos) e tipo 3 (mais de 121 dejectos). Foi também registado em GPS o percurso realizado em cada quadrícula. Isto é importante para a replicação do método na acção D3 para que as visitas seguintes possam seguir o mesmo percurso. No final foi calculado um Índice Quilométrico de Abundância (IQA), que neste caso representa o número de latrinas por km. O IQA é um índice de abundância relativa (Palomares, 2001; Villafuerte et al., 1997), que apesar de não ter uma correspondência directa com a abundância absoluta de coelho-bravo, permite comparações fiáveis entre diferentes locais e períodos no tempo. Uma das vantagens deste método de amostragem é que permite também a interpolação dos dados, obtendo uma superfície contínua da abundância relativa de coelhobravo para toda a área amostrada. As quadrículas escolhidas e os transectos realizados para a amostragem inicial (acção A4) serão também os utilizados em amostragens de monitorização subsequentes (acção D3), de modo a garantir a correcta comparação dos resultados. No entanto, uma vez que esta análise pretende qualificar as medidas de acção a ser implementadas ao nível da melhoria do habitat (acções C5 e C6), é legitimo deixar em aberto a possibilidade de haver ajustes posteriores nos transectos de algumas quadriculas, de modo a que se aproximem dentro do possível às áreas onde a melhoria do habitat foi executada. A acontecer, estes ajustes devem ser feitos no ano seguinte a esta acção, ou seja, no primeiro ano da acção de monitorização (D3) de modo a que ainda seja possível comparar com os resultados dos anos posteriores. O mesmo deve ser considerado para a perdiz-vermelha. 6 Título. Relatório da Acção XX

2 METODOLOGIAS APLICADAS 2.2 Perdiz-vermelha (Alectoris rufa) Para a amostragem da abundância de perdiz-vermelha foram realizados transectos de carro em caminhos de terra batida, a velocidade lenta (20 km/h), com contagem de todos os indivíduos observados. Foi feito um transecto de 12 km, preferencialmente contínuo, em cada quadrícula de 10 x 10 km abrangida por cada um dos territórios considerados (Figura 3). Os transectos foram estimados anteriormente ao censo no campo, com recurso a cartas militares e/ou fotografias aéreas, cobrindo tanto quanto possível as várias classes de ocupação do solo ou habitats existentes, sendo posteriormente ajustados aos impedimentos no campo (caminhos degradados ou impedidos). Figura 3 Grelha 10km e quadrículas amostradas para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa) na acção A4, na ZPE Douro Internacional. A amostragem teve lugar em duas épocas, a época de pré-reprodução e formação de casais (Fevereiro e Março) e a época de pós-reprodução (Julho e Agosto), época dos juvenis, que permite avaliar o sucesso reprodutor. As contagens foram feitas durante o período crepuscular da manhã durante a época dos juvenis, evitando acabar o transecto depois das 10 h da manhã. Durante a época dos casais o horário foi mais abrangente, tentando a cada visita alternar o horário escolhido em cada quadrícula. Em cada época os transectos foram repetidos três vezes em cada quadrícula, com intervalo mínimo de 4 dias entre si, para aumentar a possibilidade de registo de todos os indivíduos existentes em cada território. 7

Durante a época dos casais foram também realizados pontos de escuta, 9 por transecto (a cada 1,5 km), de modo a localizar indivíduos que não sendo vistos podem ser detectados auditivamente. Cada paragem foi de 5 minutos, com a viatura desligada e em silêncio registando os chamamentos de perdiz-vermelha, a direcção e a distância aproximada ao ponto de escuta. Esta metodologia é usada actualmente em quase toda a Península Ibérica para amostrar perdiz-vermelha, com diferenças apenas no tamanho dos transectos e das quadrículas, que são adoptadas consoante a área geográfica, o terreno e o fim a que se destina. O trabalho de campo contou com dois observadores (um condutor e um passageiro para o registo das observações). Todas as observações foram anotadas numa ficha de campo (ver Anexo 2), com indicação do número de indivíduos, a direcção e a distância aproximada dos mesmos e a estrutura do grupo (indivíduo, casal, número de crias ou juvenis). As fichas de campo identificam cada visita a cada quadrícula individualmente. Todas as localizações dos contactos com perdiz-vermelha foram registadas com recurso a GPS. No final foi possível obter o número de indivíduos detectados por quadrícula nas duas épocas de amostragem, assim como o sucesso reprodutor (em média). Foi ainda possível calcular um IQA correspondente ao número de indivíduos por km. As quadrículas escolhidas e os transectos realizados para a amostragem inicial (na acção A4) serão também os utilizados em amostragens de monitorização subsequentes (na acção D3), de modo a garantir a correcta comparação dos resultados. Para além disto, uma vez que a alimentação da águia de Bonelli não é exclusivamente perdiz-vermelha, durante cada transecto foram registadas outras espécies conhecidas como presas da águia, nomeadamente tordos, melro, pega-azul, estorninho e pombo-torcaz. Estas espécies foram definidas com base em estudos relacionados com a dieta da águia de Bonelli anteriores ao projecto (Hernández et al. 2012). 8 Título. Relatório da Acção XX

2 METODOLOGIAS APLICADAS 2.3 Pombo-das-rochas (Columba livia) A amostragem de pombo-das-rochas foi realizada através de observação directa a partir de pontos de observação fixos, dentro de todos os territórios de águia de Bonelli considerados. Foram efectuados 4 pontos de observação em cada quadrícula de 10 x 10 km (Figura 4), sendo: - 2 pontos de observação para as arribas, em pontos altos e com boa visibilidade para o vale/rio e para as escarpas; - 2 pontos de observação fora das arribas, em zonas altas e de boa visibilidade para o planalto, idealmente na direcção do centro do território do casal de águia de Bonelli respectivo. Figura 4 Grelha 10 km e quadrículas amostradas para o pombo-das-rochas (Columba livia) na acção A4, na ZPE Douro Internacional. Em ambos os casos foram feitas sessões de observação de 1 hora em cada ponto de observação, garantindo que cada quadrícula era totalmente amostrada num dia único. Alguns destes pontos foram definidos com base nos locais de colónias registados entre 1995 e 2005 (dados do ICNF, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas). 9

A época de amostragem decorreu entre Dezembro e Janeiro. O censo e estudo sanitário nos pombais da região é executado nesta mesma altura, o que contribui para reduzir o erro de amostragem para as colónias existentes nos planaltos, evitando contar pombos pertencentes aos pombais repovoados durante o projecto. Para além disto, esta época coincide com o final da época de caça ao pombo e com o início da época de reprodução da águia de Bonelli. No final foi possível obter uma estimativa do número de bandos e de indivíduos em cada quadricula, coincidente com os territórios de águia de Bonelli considerados. As quadrículas e pontos de observação escolhidos para a amostragem inicial (na acção A4) serão também os utilizados em amostragens de monitorização subsequentes (na acção D3), de modo a garantir a correcta comparação dos resultados. Todos os bandos avistados foram registados numa ficha própria (ver Anexo 3), considerando o número de indivíduos, hora de observação, ponto de observação, distância e direcção relativamente ao ponto de observação. Também foram contabilizadas outras espécies relevantes na dieta da águia de Bonelli, nomeadamente tordos, melro, pega-azul, estorninho e pombo-torcaz. 10 Título. Relatório da Acção XX

3 RESULTADOS OBTIDOS 3.1 Coelho-bravo Nesta secção estão apresentados os resultados obtidos na acção A4. Os mesmos são apresentados em forma de tabelas e imagens que representam o trabalho executado no campo (transectos e/ou pontos, assim como os registos obtidos). No final de cada espécie é apresentada uma imagem com buffers, que procuram facilitar a visualização gráfica dos resultados para cada quadrícula ou território visitado. Estes buffers foram desenhados com base no valor máximo de cada resultado, em cada caso, nas várias quadrículas ou territórios e têm como objectivo a comparação visual entre os mesmos. Assim sendo, os buffers de maior tamanho não representam o valor ideal ou o máximo real possível em cada caso, mas sim o valor máximo obtido, de forma a poder ser comprado com as restantes quadrículas ou territórios. Isto permite facilitar a analise visual da distribuição e da abundância das várias espécies-presa alvo recenseadas. No fim do censo de coelho-bravo, um total de 35 quadrículas foram visitadas, perfazendo um total de aproximadamente 198 km percorridos para o levantamento das latrinas (Tabela 1, Figuras 5 e 6). Tabela 1 Distância percorrida e número total de quadrículas amostradas em cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) na acção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Distância em metros percorrida por quadrícula Território A B C D E Almofala 5043 5467 6275 6551 - Escalhão 4685 6381 4287 5511 - Ligares 7080 3407 4739 6427 7337 Freixo EC 4512 4573 5522 - - Lagoaça 4246 4818 4724 - - Bemposta 5726 4348 7388 7427 - Urrós 4216 5014 4742 5037 - Picote 6697 6514 6018 6479 - Miranda 6267 7581 7130 6161 - Distância total (m) 198330 Distância total (km) 198,33 Total quadrículas amostradas 35 11

De forma a se obter um valor de IQA para cada quadrícula, o total de latrinas registadas foi calculado para cada uma usando como factor de multiplicação o respectivo tipo de cada latrina, ou seja, as latrinas de tipo 0 não foram consideradas, as de tipo 1 têm um factor de 1, as de tipo 2 um factor de 2 e as de tipo 3 um factor de 3. O objectivo desta multiplicação é tornar possível a distinção entre os vários tipos de latrinas, uma vez que latrinas do tipo 3 terão um peso maior do que latrinas do tipo 1 (Tabela 2, Figuras 7 e 8). Após calculado o valor das latrinas para cada quadrícula, o mesmo foi dividido pela distância percorrida em cada, de modo a obter o valor de IQA correspondente a cada quadrícula (Tabela 3). O mesmo foi calculado para cada território (Tabela 4). Figura 5 Transectos executados para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na metade Norte da ZPE Douro Internacional. 12 Título. Relatório da Acção XX

Figura 6 Transectos executados para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na metade Sul da ZPE Douro Internacional. 13

Tabela 2 Número dos diferentes tipos de latrinas e respectivo valor total a considerar para o cálculo do IQA, para cada quadrícula de cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) na acção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Número dos diferentes tipos de latrinas Território Quadrícula LAT0 (x0) LAT1 (x1) LAT2 (x2) LAT3 (x3) LAT total A 63 5 3 0 11 Almofala B 3 3 4 3 20 C 3 1 0 2 7 D 5 0 0 0 0 A 44 13 4 2 27 Escalhão B 25 4 1 5 21 C 60 17 2 22 87 D 13 4 7 14 60 A 0 0 0 0 0 B 15 6 1 3 17 Ligares C 3 0 0 0 0 D 59 23 6 4 47 E 4 1 0 0 1 A 2 4 1 1 9 Freixo EC B 26 8 0 0 8 C 16 1 1 0 3 A 54 22 8 12 74 Lagoaça B 35 6 5 4 28 C 6 0 0 0 0 A 5 1 1 4 15 Bemposta B 1 2 1 0 4 C 0 0 0 0 0 D 0 1 2 5 20 A 12 7 8 8 47 Urrós B 1 0 0 2 6 C 3 2 0 4 14 D 0 1 4 3 18 A 0 0 0 0 0 Picote B 6 3 1 5 20 C 1 1 4 6 27 D 1 3 0 0 3 A 17 4 3 9 37 Miranda B 0 0 0 0 0 C 0 2 0 0 2 14 Título. Relatório da Acção XX

D 8 1 1 1 6 Figura 7 Diferentes tipos de latrinas registadas para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na metade Norte da ZPE Douro Internacional. 15

Figura 8 Diferentes tipos de latrinas registadas para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na metade Sul da ZPE Douro Internacional. Tabela 3 Valores de IQA para cada quadrícula de cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) na acção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Valor de IQA obtido por quadrícula Território A B C D E Almofala 2,18 3,66 1,12 0,00 - Escalhão 5,76 3,29 20,29 10,89 - Ligares 0,00 4,99 0,00 7,31 0,14 Freixo EC 1,99 1,75 0,54 - - Lagoaça 17,43 5,81 0,00 - - Bemposta 2,62 0,92 0,00 2,69 - Urrós 11,15 1,20 2,95 3,57 - Picote 0,00 3,07 4,49 0,46 - Miranda 5,90 0,00 0,28 0,97-16 Título. Relatório da Acção XX

Tabela 4 Valores de IQA para cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) na acção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Território Valor de IQA obtido por território Almofala 1,71 Escalhão 10,06 Ligares 2,49 Freixo EC 1,43 Lagoaça 7,75 Bemposta 1,56 Urrós 4,72 Picote 2,00 Miranda 1,79 Os resultados obtidos parecem demonstrar a baixa densidade de coelho-bravo existente na área do projecto. Os valores de IQA obtidos em cada quadrícula são, de forma geral, bastante reduzidos, por vezes nulos (Tabela 3, Figuras 9 e 10). A forma como a população de coelho-bravo se encontra distribuída na área do projecto também não é uniforme, destacando alguns territórios com presença evidente de coelho-bravo (Urrós, Lagoaça e Escalhão), contrastando com outros cuja presença desta espécie é escassa (Miranda, Picote, Bemposta, Freixo EC, Ligares e Almofala) (Tabela 4, Figura 11). Mesmo a forma como a distribuição do coelhobravo acontece em cada território não é de todo homogénea, havendo secções do território com presença de coelho, enquanto outros locais do mesmo território se encontram desprovidos de uma presença evidente de coelho-bravo (Figuras 9 e 10). 17

Figura 9 Valores de IQA para cada quadrícula amostrada durante o censo de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na metade Norte da ZPE Douro Internacional. 18 Título. Relatório da Acção XX

Figura 10 Valores de IQA para cada quadrícula amostrada durante o censo de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na metade Sul da ZPE Douro Internacional. Figura 11 Valores de IQA de cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) para o censo de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na ZPE Douro Internacional. 19

3 RESULTADOS OBTIDOS 3.2 Perdiz-vermelha No caso da perdiz-vermelha foram visitadas 13 quadrículas que incluíam parte ou a totalidade dos territórios de águia de Bonelli, perfazendo um total de 158 km viajados para detecção de indivíduos, divididos pelos vários transectos executados. (Figura 12) O censo da perdiz-vermelha conta com três visitas a cada quadrícula, em duas épocas distintas: a primeira época, aquando da formação dos casais desta espécie (Tabelas 5 e 6, Figuras 13 e 14), e a segunda época (Tabelas 7 e 8, Figuras 15 e 16), aquando do nascimento dos juvenis e formação dos bandos familiares. De forma a obter um valor de IQA para cada quadrícula, das três visitas, foi selecionada a visita que obteve o número mais elevado de observações (indivíduos totais), dividindo o total de indivíduos pela distância percorrida. O número total de indivíduos considerado para cada transecto inclui observações durante o mesmo e escutas nos pontos de escuta. Os resultados distinguem observações de pares (casais) e observações ou escutas de indivíduos sozinhos (Tabela 5 e 6). Figura 12 Transectos e pontos de escuta amostrados para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4. 20 Título. Relatório da Acção XX

Tabela 2 Número de indivíduos detectados durante as visitas a cada quadrícula, para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, durante a primeira época de censo. A verde destacam-se as visitas escolhidas para cálculo do valor de IQA em cada quadrícula. Território Quadrícula Visita Nº indivíduos (x1) Nº casais (x2) Total 1ª 1 2 5 Almofala Almofala 2ª 0 1 2 3ª 1 1 3 1ª 0 1 2 Escalhão Escalhão 2ª 0 0 0 3ª 0 2 4 1ª 1 0 1 Ligares 2ª 0 1 2 Ligares 3ª 1 2 5 1ª 0 0 0 Almendra 2ª 1 0 0 3ª 0 4 8 1ª 0 1 2 Freixo EC Freixo EC 2ª 0 1 2 3ª 0 0 0 1ª 0 0 0 Lagoaça Lagoaça 2ª 0 0 0 3ª 1 0 1 1ª 0 1 2 Vilarinho dos Galegos 2ª 0 0 0 Bemposta 3ª 0 0 0 1ª 0 0 0 Bemposta 2ª 1 0 1 3ª 1 0 1 1ª 2 0 2 Urrós Urrós 2ª 4 1 6 3ª 0 0 0 1ª 0 0 0 Picote Picote 2ª 0 0 0 3ª 0 1 2 1ª 0 0 0 Duas Igrejas 2ª 0 0 0 3ª 1 0 1 1ª 0 0 0 Miranda Miranda do Douro 2ª 1 0 1 3ª 0 1 2 1ª 2 1 4 Aldeia Nova 2ª 0 0 0 3ª 0 0 0 21

Tabela 6 Distâncias percorridas, número de indivíduos detectados e respectivo IQA obtido em cada quadrícula e em cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata), para o censo de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na primeira época de censo. Território Quadrícula Distância (m) Nº indivíduos total IQA Quadrícula IQA Território Almofala Almofala 12063 5 0,41 0,41 Escalhão Escalhão 11464 4 0,35 0,35 Ligares Ligares 10680 5 0,47 Almendra 11614 8 0,69 0,58 Freixo EC Freixo EC 13402 2 0,15 0,15 Lagoaça Lagoaça 11754 1 0,09 0,09 Bemposta Vilarinho dos Galegos 11069 2 0,18 Bemposta 12277 1 0,08 0,13 Urrós Urrós 14728 6 0,41 0,41 Picote Picote 12510 2 0,16 0,16 Duas Igrejas 12217 1 0,08 Miranda Miranda do Douro 12082 2 0,17 0,19 Aldeia Nova 12507 4 0,32 Distância total (m) 158367 Distância total (km) 158,38 Total quadrículas amostradas 13 22 Título. Relatório da Acção XX

Figura 13 Registos de casais e indivíduos de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na primeira época de censo, na ZPE Douro Internacional. Figura 14 Valores de IQA em cada quadrícula amostrada para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na primeira época de censo, na ZPE Douro Internacional. 23

Tabela 7 Número de adultos e juvenis detectados durante as visitas a cada quadrícula, para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, durante a segunda época de censo. A verde destacamse as visitas escolhidas para cálculo do valor de IQA em cada quadrícula. Território Quadrícula Visita Nº indivíduos (x1) Nº casais (x2) Total 1ª 0 3 3 Almofala Almofala 2ª 1 11 12 3ª - - - Escalhão Ligares Freixo EC Lagoaça Bemposta Urrós Picote Miranda Escalhão Ligares Almendra Freixo EC Lagoaça Vilarinho dos Galegos Bemposta Urrós Picote Duas Igrejas Miranda do Douro Aldeia Nova 1ª 2 5 7 2ª 1 0 1 3ª - - - 1ª 2 0 2 2ª 0 0 0 3ª - - - 1ª 3 0 3 2ª 0 0 0 3ª - - - 1ª 12 0 12 2ª 2 13 15 3ª - - - 1ª 1 5 6 2ª 0 0 0 3ª - - - 1ª 0 0 0 2ª 0 0 0 3ª 2 0 2 1ª 1 0 1 2ª 2 6 8 3ª 0 0 0 1ª 0 7 7 2ª 4 0 4 3ª 0 0 0 1ª 0 0 0 2ª 0 0 0 3ª 1 8 9 1ª 0 0 0 2ª 2 4 6 3ª 0 0 0 1ª 0 0 0 2ª 0 0 0 3ª 0 0 0 1ª 3 20 23 2ª 1 2 3 3ª 1 0 0 24 Título. Relatório da Acção XX

Tabela 8 Distâncias percorridas, número total de indivíduos detectados e respectivo IQA obtido em cada quadrícula e em cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata), para o censo de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na segunda época de censo. Território Quadrícula Distância (m) Nº indivíduos total IQA Quadrícula IQA Território Almofala Almofala 12063 12 0,99 0,99 Escalhão Escalhão 11464 7 0,61 0,61 Ligares Ligares 10680 2 0,19 Almendra 11614 3 0,26 0,22 Freixo EC Freixo EC 13402 15 1,12 1,12 Lagoaça Lagoaça 11754 6 0,51 0,51 Bemposta Vilarinho dos Galegos 11069 2 0,18 Bemposta 12277 8 0,65 0,43 Urrós Urrós 14728 7 0,48 0,48 Picote Picote 12510 9 0,72 0,72 Duas Igrejas 12217 6 0,49 Miranda Miranda do Douro 12082 0 0 0,79 Aldeia Nova 12507 23 1,84 Distância total (m) 158367 Distância total (km) 158,38 Total quadrículas amostradas 13 25

Figura 15 Registos de adultos e juvenis de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na segunda época de censo, na ZPE Douro Internacional. Figura 16 Valores de IQA em cada quadrícula amostrada para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na segunda época de censo, na ZPE Douro Internacional. 26 Título. Relatório da Acção XX

Assim como no caso do coelho-bravo, também para a perdiz-vermelha são evidentes a diferenças populacionais entre as quadrículas amostradas e os territórios da águia de Bonelli. No caso da perdiz-vermelha, uma vez que são contados os indivíduos reais, observados ou escutados, é notória a escassez desta espécie em alguns dos territórios (Miranda, Picote, Bemposta, Lagoaça e Freixo EC) (Tabela 6, Figuras 13 e 14). Na segunda época de censo os valores de IQA obtidos são superiores aos valores da primeira época de censo, o que parece demonstrar que a espécie se reproduz com relativo sucesso na área de acção do projecto, excepto no território de Ligares (Tabela 8, Figuras 15 e 16). Esta diferença entre as duas épocas terá várias causas possíveis, como a dispersão natural dos indivíduos, a predação e até a actividade cinegética que ocorre entre as duas épocas, onde alguns dos indivíduos são perdidos por causas não naturais. 27

3 RESULTADOS OBTIDOS 3.3 Pombo-das-rochas Relativamente ao censo de pombo-das-rochas, foram visitadas 11 quadrículas de 10 x 10 km, num total de 44 pontos de observação (Figura 17). Neste caso, não sendo executado nenhum transecto (distância), os resultados não são apresentados na forma de IQA, mas sim resumindo o número total de observações de pombodas-rochas em cada quadrícula, somando as observações de cada um dos quatro pontos visitados em cada quadrícula (Tabela 9 e Figura 18). Figura 17 Pontos de observação amostrados durante o censo de pombo-das-rochas (Columba livia), na acção A4, na ZPE Douro Internacional. Igualmente para as espécies anteriores, a distribuição de pombo-das-rochas ao longo da área do projecto não é uniforme. Em alguns dos territórios a presença desta espécie parece ser abundante (caso de Bemposta), ao contrário de territórios onde a presença da espécie foi muito dificilmente confirmada (Picote, Urrós, Lagoaça e Escalhão). Uma vez que o habitat de nidificação desta espécie não será factor limitante para a sua distribuição, admite-se alguma dificuldade de detecção aquando dos censos, uma vez que foram executados numa época do ano em que com as condições climatéricas adversas (vento forte e frio), os indivíduos podem passar muito tempo em repouso sem serem detectados. 28 Título. Relatório da Acção XX

Tabela 9 Número de indivíduos observados em cada ponto de observação e número de indivíduos observados no total de cada quadrícula amostrada, para o pombo-das-rochas (Columba livia), na acção A4. Número de indivíduos observados Território Quadrícula Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Total Almofala Almofala 4 0 50 0 54 Escalhão Escalhão 0 0 10 3 13 Ligares Ligares 4 3 0 22 29 Freixo EC Freixo EC 25 38 0 0 63 Lagoaça Lagoaça 0 0 1 0 1 Bemposta Bemposta 100 0 80 0 180 Urrós Urrós 5 0 1 0 6 Picote Picote 6 0 0 7 13 Duas Igrejas 0 10 0 20 30 Miranda Miranda do Douro 10 9 25 0 44 Aldeia Nova 50 0 0 0 50 Total quadrículas amostradas 11 29

Figura 18 Número de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada para o pombo-dasrochas (Columba livia), na acção A4, na ZPE Douro Internacional. 3 RESULTADOS OBTIDOS 3.4 Outras espécies-presa Os censos das outras espécies-presa ocorreram simultaneamente com os censos da perdiz-vermelha e, portanto, em duas épocas distintas que coincidem com o inicio da época de reprodução da águia de Bonelli e imediatamente após o voo das crias. Desta forma, é possível avaliar a importância destas espécies para a alimentação dos casais de águia de Bonelli enquanto se reproduzem e das crias quando iniciam os primeiros voos e caça. Em cada visita às quadrículas de perdiz-vermelha foram registados todos os indivíduos das outras espécies-presa (pega-azul, pombo-torcaz, estorninho, melro e tordos) contando no final o seu número total. Das várias visitas foi escolhida aquela que mostrou um maior número registado, podendo não ser a mesma visita a escolhida para cada espécie. Após os censos foi possível obter um valor total de indivíduos registados de cada espécie e um valor total das várias espécies-presa para cada território (Tabelas 10 e 11). 30 Título. Relatório da Acção XX

Tabela 10 Número máximo e total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, para as outras espécies-presa, na acção A4, durante a primeira época de censo. Quadrícula 1ª época: número máximo de indivíduos observados Pega-azul Estorninho Melro Tordos Almofala 33 3 62 28 14 140 Escalhão 14 0 4 9 2 29 Almendra 7 1 10 13 1 32 Ligares 7 1 0 5 1 14 Freixo EC 0 4 2 9 0 15 Lagoaça 62 2 31 9 3 107 Vilarinho 12 14 49 28 6 109 Bemposta 20 0 2 18 2 42 Urrós 18 2 111 33 11 175 Picote 4 4 59 32 6 105 Duas Igrejas 0 2 150 18 9 179 Miranda 48 7 31 25 9 120 Aldeia Nova 4 13 33 29 8 87 Total 229 53 544 256 72 1154 Total quadrículas amostradas 13 Tabela 11 Número máximo e total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, para as outras espécies-presa, na acção A4, durante a segunda época de censo. Pombo-torcaz Total indivíduos 1ª época: número máximo de indivíduos observados Quadrícula Pega-azul Pombo-torcaduos Total indiví- Estorninho Melro Tordos Almofala 36 2 28 22 0 88 Escalhão 0 7 0 15 0 22 Almendra 0 3 4 15 0 22 Ligares 3 1 41 9 0 54 Freixo EC 14 5 1 6 0 26 Lagoaça 28 0 30 4 0 62 Vilarinho 20 5 31 12 2 70 Bemposta 12 6 9 6 0 33 Urrós 3 2 60 6 0 71 Picote 6 3 48 12 2 71 Duas Igrejas 16 17 7 5 4 49 Miranda 24 7 13 8 3 55 Aldeia Nova 12 13 17 9 5 56 Total 174 71 289 129 16 679 Total quadrículas amostradas 13 31

Mais uma vez, é possível notar a diferença entre territórios no que diz respeito à distribuição e abundância das várias espécies-presa. Territórios como Escalhão, Ligares e Freixo EC mostram uma reduzida abundância destas espécies, em contraste com os restantes territórios, em ambas as épocas de censo (Figuras 19 e 20). Na segunda época de censo os valores obtidos para cada espéciepresa são de forma geral inferiores aos da primeira época de censo. Apesar de a segunda época de censo já contar com os indivíduos juvenis recém-voadores das outras espécies-presa, é presumível que para além da predação natural que ocorre, haja dispersão destes indivíduos para outras áreas com melhores condições, uma vez que em pleno verão, na área de acção do projecto, as condições de sobrevivência são limitantes devido ao calor extremo e à falta de recursos alimentares e água. A outra espécie-presa que aparenta ser mais comum na área do projecto é o estorninho, formando bandos de centenas de indivíduos, seguida da pega-azul. Também o melro poderá ser uma espécie-presa importante para a águia de Bonelli uma vez que não formando bandos muito grandes, é uma espécie muito abundante e bem distribuída pela maior parte dos territórios (Tabelas 10 e 11). Figura 19 Número total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, para as outras espécies-presa, na acção A4, durante a primeira época de censo. 32 Título. Relatório da Acção XX

Figura 20 Número total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, para as outras espécies-presa, na acção A4, durante a segunda época de censo. 4 CONCLUSÕES Após análise dos resultados obtidos na acção A4, é evidente que a actual distribuição e abundância das várias espécies-presa não é a ideal. Existem territórios de águia de Bonelli com uma evidente ausência de algumas das espécies amostradas, assim como a própria distribuição das várias espécies não é, de todo, homogénea dentro dos próprios territórios. Isso significa que algumas quadrículas específicas em territórios que não apresentam baixa densidade global de espécies de presas, também precisam de reforço (i.e.: densidades de coelhos no Escalhão, ver Figura 10). Tais resultados destacam a necessidade de medidas de maneio e gestão de habitat, para melhorar as populações da perdiz vermelha e do coelho-bravo dentro dos territórios de águia de Bonelli de Miranda, Picote, Bemposta e Freixo de Espada á Cinta. A densidade de coelhosbravos também é baixa em Ligares e Amofala, assim como da perdiz em Lagoaça. Fica evidente que ações de melhoria do habitat e uma gestão cinegética apropriada destas espécies, que são tão importantes para a águia de Bonelli como são procuradas pela actividade cinegética, são necessárias e urgentes em algumas secções da área de acção do projecto. Com o final desta acção iniciam-se as acções de gestão de habitat (C5 e C6) que irão procurar promover o equilíbrio entre as várias espécies-presa, assim como melhorar tanto a sua distribuição como a sua abundância ao longo dos territórios da águia de Bonelli. Em relação aos pombos-das-rochas, encontrara-se baixa densidade em Picote, Urrós, Lagoaça e Escalhão. Estes dados devem ser considerados para o desenvolvimento da ação C4, para a restauração e gestão de pombais tradicionais. 33

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cabral, M. J., Almeida, J., Almeida, P. R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M. E.,... & Santos-Reis, M (eds.). 2006. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ª ed. Instituto da Conservação da Natureza/Assírio & Alvim. Lisboa. 660pp. Delibes-Mateos, M., Redpath, S. M., Angulo, E., Ferreras, P., & Villafuerte, R. 2007. Rabbits as a keystone species in southern Europe. Biological Conservation 137, 149-156. Delibes-Mateos, M., Farfán, M.A., Olivero, J., Vargas, J. M. 2010. Land use changes as a critical factor for longterm wild rabbit conservation in the Iberian Peninsula. Environmental Conservation 37, 169-176. García, J., Jambas, J. 2014. Actuaciones de conservación del Águila azor perdicera (Aquila fasciata) en el Parque Natural de Arribes del Duero en 2014. Fundación del Patrimonio Natural de Castilla y León y Fundación Iberdrola. Junta de Castilla y León. Hernández, A., Real, J. 2011. Evaluación de las actuaciones de alimentación suplementaria para la conservación del águila perdicera (Aquila fasciata) en Castilla y León y aplicaciones a su conservación. Fundación Tierra Ibérica, Junta de Castilla y León. Documento inédito. Hernández, A., Resano, J., Real, J. 2012. Monitorización demográfica del águila perdicera (Aquila fasciata) en Castilla y León, análisis de la dieta, de la calidad de los pollos y aplicaciones a la conservación. Fundación Tierra Ibérica, Junta de Castilla y León. Documento inédito. Madroño, A., González, C., Atienza, J. 2004. Libro Rojo de las Aves de España. Madrid, Dirección General para la Biodiversidad-SEO/Birdlife. Navarro, L.; Pereira, H. (2012): Rewilding Abandoned Landscapes in Europe. Ecosystems (15), 900-912. Moleón, M., Sánchez Zapata, J. A., Real, J., García Charton, J. A., Gil Sánchez, J. M., Palma, L.,... & Bayle, P. 2009. Large scale spatio temporal shifts in the diet of a predator mediated by an emerging infectious disease of its main prey. Journal of Biogeography 36, 1502-1515. 34 Título. Relatório da Acção XX

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5 ANEXOS 1 Ficha de campo para o registro de latrinas existentes durante os transectos de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na ação A4. 36 Título. Relatório da Acção XX

2 Ficha de campo para o registro de indivíduos de perdiz vermelha (Alectoris rufa) (observações e escutas) e outras espécies de presas durante os transectos, na ação A4. 3 Ficha de campo para o registro de indivíduos de pombo-das-rochas (Columba livia) e outras espécies de presas durante os censos dos pontos de observação, na ação A4. 37

Anexo 1 Anexo 2 38 Título. Relatório da Acção XX

Anexo 3 39

40 Título. Relatório da Acção XX