PROCESSAMENTO DE IMAGEM LRGB DO PLANETA JUPITER



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Transcrição:

PROCESSAMENTO DE IMAGEM LRGB DO PLANETA JUPITER Rose C. R. ELIAS 1 ; Gustavo S. ARAUJO 2 ; Mayler MARTINS 3 ¹ Aluna do Curso Técnico de Informática Integrado ao ensino médio do IFMG campus Bambuí e bolsista de iniciação científica PIBIC Jr. pela FAPEMIG. 2 Aluno do Curso Técnico de Informática Integrado ao ensino médio do IFMG campus Bambuí e bolsista PIBEX Jr. 3 Professor orientador, IFMG campus- Bambuí. RESUMO Uma forma eficaz de despertar o interesse do publico pela astronomia e ciência relacionada é através da divulgação de astrofotografias. Uma técnica utilizada para a obtenção das astrofotos é o foco primário, que consiste em posicionar o CCD no telescópio no lugar da objetiva, sem a presença desta última. A turbulência atmosférica, bem como o movimento de rotação da Terra impõe dificuldades na obtenção de astrofotografias de qualidade, em especial quando se trata de fotografia de longos tempos de exposição. 1,2 Este problema pode ser contornado através da aquisição de grandes quantidades de imagens com tempo de exposição curto, com posterior empilhamento. 3 É possível obter astrofotografias coloridas com uma câmera monocromática através da técnica de composição de imagem LRGB. A qualidade do sistema de acompanhamento do telescópio também exerce grande importância na astrofotografia, já que a imprecisão do acompanhamento pode provocar a perda de definição em imagem adquiridas com grandes tempos de exposição. Este trabalho tem como objetivo a obtenção de astrofotografias do planeta Júpter. O processamento das imagens astronômicas foi feito através do programa Registax 5.1. Palavras-chave: Astrofotografias, filtros LRGB, Registax 5.1. INTRODUÇÃO Na astrofotografia, uma câmera CCD é colocada no telescópio, no lugar da ocular. 1 Para a obtenção de fotografias de boa qualidade, é indispensável o ajuste correto do tempo de exposição e a utilização de filtros adequados. A turbulência atmosférica impõe um desafio na obtenção de imagens astronômicas de qualidade. 1,2 No entanto, a atmosfera se estabiliza por alguns segundos

e neste momento é possível se obter imagens de ótima qualidade, no entanto, com baixa intensidade. Para se obter imagens de alta nitidez e intensidade de cores, é necessária a aquisição de grandes quantidades de imagens com tempo de exposição curto, de no máximo um segundo. As imagens podem então ser selecionadas quanto a sua qualidade e empilhadas (somadas). Durante o empilhamento os ruídos das imagens se cancelam, devido a sua natureza aleatória, enquanto o sinal se soma, obtendo-se uma fotografia de alta definição. As câmeras CCD monocromáticas para astrofotografia disponíveis no mercado, como a utilizada nesse trabalho, possuem maior definição que as câmeras policromáticas, o que justifica o seu uso. É possível obter astrofotografias coloridas com uma câmera monocromática utilizando a técnica denominada composição de imagem LRGB. 3 Esta técnica se baseia na aquisição de fotografias monocromáticas utilizandose um conjunto de filtros LRGB. Este conjunto é constituído por quatro filtros, sendo um filtro infravermelho (IR) para o canal de luminância (L), e três filtros coloridos, para os canais vermelho (R), verde (G) e azul (B). Após a obtenção de fotos monocromáticas separadas com cada um desses filtros, elas podem ser combinadas digitalmente, obtendo-se uma fotografia colorida. O processamento digital dessas imagens astronômicas pode ser feito por diversos softwares disponíveis gratuitamente, como o MEADE Image Processor, o Deep Sky Stacker CL (DSS) e o RegiStax, sendo este último, o mais popular, além de ser um software gratuito, assim como o DSS. Neste trabalho, discutimos todas as etapas do processamento digital de imagens do planeta Júpiter obtidas através da técnica de composição de imagem LRGB. MATERIAL E MÉTODOS As astrofotografias processadas foram feitas utilizando-se um telescópio Celestron CPC 1100 GPS XLT, com sistema GoTo computadorizado e montagem do tipo forquilha auto-azimutal. A câmera CCD utilizada para aquisição das astrofotografias é a MEADE DSI III Pro, monocromática. As imagens foram obtidas utilizando-se a técnica foco primário. Como a câmera CCD é monocromática, as astrofotografias foram adquiridas utilizando-se filtros LRGB da marca MEADE. Para cada filtro, foram obtidas 100

imagens, cada com 1 segundo de tempo de exposição. Destas imagens, foram selecionadas as 20 melhores imagens de cada filtro. Foram estudados os softwares MEADE Image Processor e Registax 5.1, para realizar o alinhamento, empilhamento e composição da imagem colorida a partir dos três canais de cores. O RegiStax, além de ser um programa complexo, não possui tutorial sobre o processamento de imagens LRGB, o que dificulta seu uso. No entanto, ele foi escolhido para o processamento digital de imagens neste trabalho, por possuir todos os recursos necessários e ser de acesso livre. RESULTADOS E DISCUSÃO Imagens referentes aos canais de cores L, R, G e B, processadas neste trabalho, são mostradas na figura 1. Estas imagens exibem baixa definição e grande quantidade de ruído. A figura 2 mostra as imagens referentes aos mesmos canais, após o alinhamento e empilhamento de 20 imagens de cada canal separadamente. Através da comparação entre as imagens 1 e 2, percebemos que o processo de empilhamento é eficaz na redução do ruído e incremento da nitidez da imagem. (A) (B) (C) (D) Figura 1: Imagens monocromáticas típicas obtidas com tempo de exposição de 1 s, do planeta júpiter, obtidas com filtro vermelho (A), verde (B) e azul (C) e IR (D). (A) (B) (C) (D) Figura 2: Resultado do empilhamento de 20 imagens monocromáticas, do planeta júpiter, obtidas com filtro vermelho (A), verde (B) e azul (C) e IR (D).

A Figura 3 mostra a imagem colorida do planeta júpiter obtida através do alinhamento e empilhamento das imagens correspondes aos canais de cores LRGB (Figura 2). O tempo de exposição total desta imagem é de 20 segundos. As faixas claras do planeta júpiter, chamadas zonas, possuem nuvens composta de derivados de amônia. As faixas escuras, chamadas de cinturões, são compostas por nuvens de derivados de enxofre. A Figura 3 não evidenciou as zonas e cinturões de Júpiter, além de mostrar o planeta com cores alteradas em relação às imagens mostradas na literatura 2,3. Isso pode ser devido à transmissão espectral dos filtros LRGB utilizados. A definição da imagem é boa considerando-se que foi utilizada uma montagem altazimutal. A Figura 4 mostra o espectro de transmitância dos filtros LRGB MEADE utilizados. O espectro mostra que existe boa separação de cores entre os filtros. Os filtros exibem tramitância máxima em torno de 94% nos comprimentos de onda do visível (400 nm a 700 nm). A tramitância é de zero em comprimentos de onda inferiores a 360 nm. Os filtros vermelho, verde e azul permitem a transmissão de radiação infravermelha com comprimento de onda superior a 760 nm, enquanto o filtro IR bloqueia essa faixa de freqüência. A transmissão na faixa do IR permitida pelos filtros RGB podem ser responsáveis pela alteração da cor do planeta na imagem obtida. Este problema pode ser contornado através da utilização do filtro IR em conjunto com os outros canais, durante a aquisição de imagens. Figura 3: Imagem colorida do planeta júpiter obtida após processamento de imagens monocromáticas de diferentes canais de cor.

Transmitância (%) IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí 100 80 60 (A) (C) (B) (D) 40 20 0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de onda (nm) Figura 4: Espectro de transmitância de filtros LRGB azul (A), verde (B), vermelho (C) e IR (D). CONCLUSÃO O processamento das imagens é um processo de fundamental importância para a aquisição de astrofotografias. A utilização do software RegiStax é um desafio, devido à sua interface pouco intuitiva e sua grande complexidade. Através deste trabalho, nosso grupo está dominando o uso deste software. O domínio das técnicas de processamento de astrofotografias, aliada ao sistema de acompanhamento preciso, permitirá ao IFMG campus Bambuí obter astrofotografias de alta qualidade, que poderão ser utilizadas posteriormente para a divulgação da astronomia na região. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FAPEMIG pela concessão de bolsa e ao IFMG pela infraestrutura necessária ao desenvolvimento do projeto. REFERÊNCIAS 1. RÉ, P. Fotografar o céu. 1. Ed. Lisboa: Plátano,2002. 2. ALVEZ, J. S.; MARTINS, M. Astrofotografia do Sistema Solar. Anais da III Jornada Científica do IFMG campus Bambui. 2010. 3. Techniques: LRGB imaging. Disponível em <http://www.davesastro.co.uk/index.html>. Acesso em 25 de julho de 2011.