Avaliação do desenvolvimento de clones de mandioquinha-salsa do Banco de Germoplasma de Hortaliças (BGH) em nova região de cultivo-safra 2010 Ezequiel Lopes do Carmo 1 ; Magali Leonel 1 ; Joaquim Gonçalves de Pádua 2 ; Jaime Duarte Filho 3 1 UNESP/FCA Centro de Raízes e Amidos Tropicais. Rua José Barbosa de Barros, 1780, 1860-307 Botucatu SP, ezequielcerat@gmail.com, mleonel@fca.unesp.br; 2 EPAMIG Núcleo Tecnológico de Batata e Morango. Avenida Pref. Tuany Toledo, 470, 37550-000 Pouso Alegre MG, padua2008@gmail.com; 3 CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Rua Ranimiro Lotufo, 202, 18607-050 Botucatu SP, jdfilho2004@gmail.com RESUMO A Arracacia xanthorrhiza Bancroft é uma espécie originária dos Andes, foi introduzida no Brasil em 1900 e hoje o país é o maior produtor de raízes dessa espécie, além de ser o único país que realiza o seu melhoramento genético. O Estado de São Paulo é um dos maiores pólos de comercialização, com influências sobre a formação dos preços e no modo de comercialização das raízes. Além disso, São Paulo é abastecido principalmente pela produção dos estados de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Por ser um alimento com importância nutritiva, econômica e social, torna-se necessário pesquisas para o aumento do consumo de mandioquinha-salsa, bem como para a difusão de plantios em novas áreas. Portanto, objetivou avaliar o desenvolvimento de nove clones de mandioquinha-salsa no município de São Manuel-SP. Foram avaliados nove clones BGH (4560, 5744, 5746, 5747, 6414, 6513, 6525, 7608 e 7609) e a cultivar Amarela de Senador Amaral, os quais foram cultivados na Fazenda Experimental São Manuel-SP, safra de 2010. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com três repetições. Foram avaliados peso da folhagem, diâmetro e peso da coroa, número e peso de rebentos, quantidade total e comercial de raízes por planta, peso total e comercial de raízes por planta, produção total, comercial e refugo. Concluiu-se que todos os clones produziram raízes comerciais superior a média nacional e que o clone BGH 7608 superou a cultivar Amarela de Senador Amaral em produção total e comercial. PALAVRAS-CHAVE: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, produtividade, raízes comerciais. ABSTRACT Evaluation of developing of peruvian carrot clones from Vegetable Germoplasm Bank (BGH) in new growing regionharvest 2010 The Arracacia xanthorrhiza is a species originating in the Andes. It was introduced in Brazil in 1900 and is today the country's largest producer of these roots, and is the only country that carries the genetic improvement. Sao Paulo state is one of the largest marketing, with influences on prices and roots marketing. Moreover, São Paulo is supplied mainly by the production of the states of S2860
Minas Gerais, Parana and Santa Catarina. blocks with three replications. The weight of Being a food with nutritional importance, economic and social research becomes necessary to increase the consumption of Peruvian carrot, as well as for the dissemination of planting in new areas. In this line, this study aimed to evaluate the development of nine clones of Peruvian carrot cultivated in São Manuel-SP in 2010. Nine clones were evaluated: BGH (4560, 5744, 5746, 5747, 6414, 6513, 6525, 7608 and 7609) and cv Amarela de Senador Amaral. The experimental design was randomized the foliage, crown diameter and weight, number and weight of shoots, total and marketable roots per plant, total weight and marketable roots per plant, total production, and commercial waste were evaluated. It was concluded that all clones produced commercial roots exceeding the national average and the clone BGH 7608 surpassed the cultivar Amarela de Senador Amaral in total production and trade. Keywords: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, productivity, commercial roots. INTRODUÇÃO A mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) tem origem na região andina da America do Sul, abrangendo os países da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, mais especificamente nos possíveis vales da parte norte da Cordilheira Andina (Casali & Sediyama, 1997). Também pode ser especificado como centro de origem, o sul da república equatoriana (Añes et al., 2002). Foi introduzida no Brasil em 1907, por meio de mudas doadas à Sociedade de Agricultura do Brasil pelo general colombiano Rafael Uribe y Uribe (Herminio, 2005) e hoje o país é o maior produtor de mandioquinha-salsa, além de ser o único que realiza melhoramento genético desta espécie (Granate et al., 2009). Em 1963 o Instituto Agronômico de Campinas introduziu vários clones, os quais apresentavam raízes de coloração diferentes (Normanha & Silva, 1963 apud Giordano et al., 1995). Atualmente existem dois bancos de germoplasma de mandioquinha-salsa no Brasil: Banco de Germoplasma de Hortaliças (BGH) da Universidade Federal de Viçosa-MG e Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças da EMBRAPA-DF. O Estado de São Paulo apresentou na safra 2007/2008, aproximadamente 547 hectares plantados com a cultura da mandioquinha-salsa (Levantamento, 2009) e aliado a essa produção, o estado é um dos maiores pólos de comercialização, onde a CEAGESP é o maior mercado de mandioquinha no Brasil, com influências sobre a formação dos preços e no modo de comercialização (Henz & Reifschneider, 2004) das raízes in natura. Além disso, São Paulo é abastecido principalmente pela produção dos estados de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina (Henz & Reifschneider, 2005). S2861
Por ser um alimento com importância nutritiva, econômica e social, torna-se necessário pesquisas para o aumento do consumo de mandioquinha-salsa, bem como para a difusão de plantios em novas áreas. Portanto, objetivou avaliar o desenvolvimento de nove clones de mandioquinha-salsa, provenientes do BGH da Universidade Federal de Viçosa, no município de São Manuel-SP. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental São Manuel/UNESP, localizada no município de São Manuel-SP. As coordenadas geográficas da fazenda são de 22 0 46 35 S e 48 0 34 44 W, em relação a Greenwich, com altitude de 750 m. O solo onde foi conduzido o experimento foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, fase arenosa (Espindola et al., 1974). No preparo da área de plantio foi realizada a amostragem de solo e a adubação realizada conforme a análise de solo, cujo os valores foram ajustados para o adubo formulado 04-14-08, sendo a adubação de cobertura aplicada com sulfato de amônia em 30, 60 e 90 dias após o transplantio, seguindo as recomedações do Boletim 100 do IAC. As mudas foram selecionadas de plantas sadias, higienizadas por cinco minutos com água sanitária diluída em água na proporção de 1:10 e posteriormente secas à sombra. Foram cortadas em formato bisel simples, pré-enraizadas em bandejas e posteriormente transplantadas, empregando o espaçamento de 0,40 m entre plantas e 0,80 m entre linhas, com duas fileiras de 10 plantas perfazendo um total de 20 plantas na parcela, sendo 6 plantas úteis. O experimento foi conduzido no delineamento blocos casualizados com 10 tratamentos e três repetições. Os tratamentos constaram de nove clones do Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade Federal de Viçosa - BGH (4560, 5744, 5746, 5747, 6414, 6513, 6525, 7608 e 7609) e uma cultivar (Amarela de Senador Amaral) utilizada como testemunha. Foi avaliada a produção de folhas (gramas planta -1 ), número e peso (gramas) de rebentos por planta, diâmetro e peso (gramas) da coroa por planta, números de raízes totais e comerciais por planta, pesos de raízes totais e comerciais por planta (gramas), produtividades (t ha -1 ) total, comercial e refugo de raízes. Com o objetivo de aderir ao Programa Brasileiro para a Melhoria dos Padrões Comerciais e Embalagens de Hortigranjeiros, implementado pelo Centro de Qualidade em Horticultura (CEAGESP), as raízes comerciais foram classificadas dentro dos padrões de classes (comprimento) e calibres (diâmetro). Foi realizado a análise de variância pelo teste F seguido do teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparar as médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve diferença significativa para peso de folhagem, da coroa e de rebentos e para diâmetro da coroa e número de rebentos (Tabela 1). Notou-se ainda que o diâmetro da coroa não teve relação direta com seu respectivo peso. S2862
A quantidade total de raízes não reflete no peso total de raízes por planta e as plantas que apresentaram maior e menor quantidade total de raízes foram BGH 6414 e BGH 4560, respectivamente. BGH 7608 apresentou maior quantidade de raízes comerciais bem como maior de raízes comerciais por planta (Tabela 2). Também não houve diferença significativa para produção total, comercial e de refugo, mas todos os clones apresentaram produção de raízes comerciais, superior à média nacional. (Tabela 3). Pode-se concluir que todos os clones produziram raízes comerciais superior a média nacional e que o clone BGH 7608 superou a cultivar Amarela de Senador Amaral em produção total e comercial. REFERÊNCIAS AÑES, B.; ESPINOZA, W.; VÁSQUEZ, J. Producción de apio andino em respuesta al suministro de fertilizantes. Revista Forestal Venezolana, Mérida, v. 46, n. 2, p. 39-45, 2002. CASALI, V.W.D.; SEDIYAMA, M.A.N. Origem e botânica da mandioquinha-salsa. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 19, n. 190, p. 13-14, 1997. ESPINDOLA, C.R.; TOSIN, W.A.C.; PACCOLA, A.A. Levantamento pedológico da Fazenda Experimental São Manuel. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO SOLO, 14., 1973, Santa Maria. Anais Santa Maria: UFSM, 1974. p. 650-651. GIORDANO, L.B. et al. Avaliação de clones de mandioquinha-salsa no Distrito Federal provenientes de sementes botânicas. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 13, n. 2, p. 188-191, 1995. GRANATE, M.J. et al. Catálogo de sub-amostras de batata-baroa (Arracacia xanthorrhiza Banc.) do banco de germoplasma da UFV. Viçosa: Arka Editora, 2009. 90 p. HENZ, G.P.; REIFSCHNEIDER, F.J.B. Formas de apresentação e embalagens de mandioquinhasalsa no varejo brasileiro. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 23, n. 1, p. 61-67, 2005. HENZ, G.P.; REIFSCHNEIDER, F.J.B. Modernização das embalagens da mandioquinha-salsa e sua comercialização no atacado paulista. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 22, n. 4, p. 815-820, 2004. HERMANN, M. Arracacha (Arracacia xanthorrhiza Bancroft). In: HERMANN, M.; HELLER, J. (Orgs.). Andean roots and tubers: ahipa, arracacha, maca and aycon. Gatersleben: Internation Plant Genetic Resource Institute, 1997. p. 75-172. HERMINIO, D.B.C. Produção, qualidade e conservação pós - colheita de mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) sob adubações mineral, orgânica e biodinâmica. Botucatu: FCA/UNESP, 2005. 68 f. Tese (Mestrado). LEVANTAMENTO censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo LUPA 2007/2008. São Paulo: Secretaria de Agricultura e Abastecimento/Coordenadoria de Assistência S2863
Técnica Integral/Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo. Disponível em http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/mapaculturas/mandioquinha.php. Acesso em 18 agosto de 2009. SILVA, D.J.H.; MOURA, M.C.C.L.; CASALI, V.W. Recursos genéticos do banco de germoplasma de hortaliças da UFV: histórico e expedições de coleta. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 19, n. 2, p.108-114, 2001. Tabela 1. Peso da folhagem, diâmetro e peso da coroa por planta de mandioquinha-salsa (Weight of foliage, crown diameter and weight per plant peruvian carrot). São Manuel, UNESP/FCA-CERAT, 2010. Tratamento Folhagem Diâmetro da Número de Peso de Peso da coroa coroa rebentos rebentos g cm g g BGH 4560 141,58 a 9,39 a 283,55 a 23,17 a 371,66 a BGH 5744 167,56 a 7,53 a 191,88 a 18,68 a 386,83 a BGH 5746 173,37 a 8,74 a 286,11 a 24,10 a 408,05 a BGH 5747 73,81 a 7,73 a 225,71 a 15,37 a 218,17 a BGH 6414 124,37 a 7,74 a 249,00 a 19,74 a 276,03 a BGH 6513 118,59 a 8,71 a 292,25 a 21,42 a 286,47 a BGH 6525 246,19 a 10,05 a 332,13 a 24,82 a 454,35 a BGH 7608 239,55 a 7,64 a 169,32 a 19,68 a 310,89 a BGH 7609 105,41 a 7,58 a 225,53 a 17,61 a 270,75 a A. S. A. 139,89 a 9,39 a 337,96 a 24,88 a 338,51 a C. V. (%) 45,74 14,52 25,25 26,61 35,58 Tabela 2. Número e peso total de raízes e número e peso de raízes comerciais por planta de mandioquinha-salsa (Number and total weight of roots and number and weight of commercial roots per plant peruvian carrot). São Manuel, UNESP/FCA-CERAT, 2010. Tratamento Número total de Peso de raízes Número de Peso de raízes raízes (total) raízes comerciais comerciais g g BGH 4560 10,40 a 887,14 a 5,35 b 686,98 a BGH 5744 14,37 a 912,36 a 7,96 ab 755,63 a BGH 5746 11,85 a 959,08 a 7,50 ab 842,50 a BGH 5747 10,71 a 825,01 a 5,57 ab 670,66 a BGH 6414 14,89 a 1148,55 a 6,82 ab 831,01 a BGH 6513 13,17 a 864,99 a 6,95 ab 740,32 a BGH 6525 14,47 a 1088,18 a 8,23 ab 922,27 a BGH 7608 15,24 a 1346,56 a 10,56 a 1245,55 a BGH 7609 11,11 a 1004,53 a 4,61 b 541,09 a A. S. A. 11,28 a 1258,91 a 6,85 ab 1147,63 a C. V. (%) 19,82 30,31 25,21 29,87 S2864
Tabela 3. Produção total, comercial e refugo de mandioquinha-salsa (t ha -1 ) [Total production, commercial and reject peruvian carrot (t ha -1 )]. São Manuel, UNESP/FCA-CERAT, 2010. Tratamento Produção total Produção comercial Refugo BGH 4560 27,72 a 21,47 a 6,26 a BGH 5744 28,51 a 23,61 a 4,90 a BGH 5746 29,97 a 26,33 a 3,64 a BGH 5747 25,78 a 20,96 a 4,82 a BGH 6414 35,89 a 25,97 a 9,92 a BGH 6513 27,03 a 23,13 a 3,90 a BGH 6525 34,00 a 28,82 a 5,18 a BGH 7608 42,08 a 38,92 a 3,16 a BGH 7609 31,39 a 16,91 a 14,48 a A. S. A. 39,97 a 35,86 a 3,48 a C. V. (%) 30,06 29,87 66,83 S2865