DIREITO FINANCEIRO. O Crédito Público. Empréstimos Públicos Parte - 1. Prof. Thamiris Felizardo

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Transcrição:

DIREITO FINANCEIRO O Crédito Público Parte - 1 Prof. Thamiris Felizardo

O Crédito Público: Aspectos Gerais. O crédito público é a aptidão política, econômica, jurídica e moral de um Estado para obter dinheiro ou bens em empréstimo; e que o empréstimo público é a operação de crédito concreta mediante a qual o Estado obtém tal dinheiro ou bens; e a dívida pública consiste na obrigação que contrai o Estado com os prestamistas como conseqüência do empréstimo efetuado.

: são meros ingressos ou entradas de caixa, não se incluindo entre as receitas propriamente ditas, uma vez que "não criam valores positivos para o patrimônio público, já que a cada soma recebida no ativo do Tesouro, a título de empréstimo, corresponde um lançamento no passivo contrabalançando-o. Baleeiro afirma que nos últimos séculos, na maioria dos países, os empréstimos públicos vêm sendo considerados como "um processo normal e ordinário de suprimento dos cofres públicos" Operação de crédito pública - quando o tomador for um ente público, a operação de crédito deverá ter um interesse público envolvido, isto é, deverá visar ao alcance de uma finalidade que seja socialmente relevante.

A Natureza Jurídica dos A primeira corrente defende a idéia de que o empréstimo público é um ato unilateral de soberania do Estado, e tem como paladinos os memoráveis Drago, Fonrouge, Ingrosso e Sayagués Laso. Já a segunda corrente, por sinal com um maior número de adeptos, compartilha o entendimento de que o empréstimo público é um contrato firmado pelo Estado com os prestamistas, assim o proclamam, dentre outros, os notáveis Trotabas, Jèze, Duverger e Ferreiro Lapatza.

Para Lobo Torres, a teoria que tem maior fundamento é a que considera os empréstimos públicos como contratos de direito administrativo, pois na sua visão eles assemelham-se às demais relações contratuais estabelecidas pelo Estado, uma vez que, como demonstrado por inúmeros juristas antigos e modernos, nestes contratos, "a Administração é dotada de poder de império, e jamais assume a posição de plena igualdade com o particular".

Fundamentos jurídicos do crédito público O crédito público vem regulado em vários diplomas normativos, desde a Constituição até leis ordinárias e complementares. O art. 21 da Constituição atribui a União o papel de fiscalizadora das operações de crédito público, e o art. 22 deixa a cargo da mesma a competência privativa para legislar sobre o assunto.

A função de fiscalizar atribuída a União é exercida pelo Ministério da Fazenda, que tem essa competência amparada pelo art. 32 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que tal órgão verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação.

Em seu art. 52, a Carta Magna estabelece que compete privativamente ao Senado Federal: [...] V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI fixar por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

-Requisitos para a contratação de operações de crédito Ministério da Fazenda - O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público às informações.

O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições: I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica; II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita;

III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal; IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo; V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição; (REGRA DE OURO) VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar.

-RESTRIÇÕES ÀS OPERAÇÕES DE CRÉDITO 1)Vedação a emissão de títulos da dívida pública pelo Banco Central do Brasil (BACEN) a partir de maio de 2002 - O artigo 34 proíbe a emissão de títulos da dívida pública pelo Banco Central do Brasil (BACEN) a partir de maio de 2002 e, assim, dois anos após a publicação da LRF. O objetivo é controlar mais rigidamente o endividamento público, na medida em que o BACEN deve operar a política monetária apenas com os Títulos do Tesouro Nacional, ficando vedada a emissão de títulos próprios para esse fim.

2) Vedação que entes federados realizem empréstimos entre si - O artigo 35, de seu turno, proíbe que os entes da Federação realizem operações de crédito entre si, seja diretamente ou indiretamente, por intermédio de fundos, autarquias, fundação, empresa estatal dependente ou qualquer entidade da administração indireta. Tratase, claramente, de uma medida que visa garantir o equilíbrio federativo, evitando-se a existência de pendências financeiras entre os entes.

Exceção operações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a: I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; (REGRA DE OURO) II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.

O 2o do artigo 35 prescreve que a proibição contida no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas disponibilidades. Não se trata, propriamente, de uma exceção à regra, mas sim de uma situação em que a proibição simplesmente não se aplica, já que não estamos diante de uma operação de crédito stricto sensu, mas sim de uma opção de investimento exercida pelo ente da Federação: a aquisição de títulos da dívida pública da União. Nos casos em que um Estado adquire títulos da dívida pública da União, não se tem o endividamento da União perante o Estado, mas sim uma opção por um dado investimento financeiro, como qualquer outro.

O artigo 35 da LRF foi questionado perante o Supremo Tribunal Federal na ADI 2250, sob a alegação de ofensa ao princípio federativo. Argumentou-se que a União não poderia dispor acerca da autonomia dos entes para realizar operações de crédito que seriam de seu interesse exclusivo.o Supremo Tribunal Federal rejeitou a arguição, com fundamento no artigo 165, 9, inciso II, da Constituição, que confere competência à União para que, por meio de lei complementar, discipline as normas de gestão financeira, aplicáveis a todos os entes da Federação.

Segundo a ementa do julgado: [...] O art. 35 da Lei de Responsabilidade Fiscal, ao disciplinar as operações de crédito efetuadas por fundos, está em consonância com o inciso II do 9. do art. 165 da Constituição Federal, não atentando, assim, contra a federação. [~.].7 ADI 2250 MC, Relator Ministro limar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2003, DJ 01/08/2003.