Área de Códigos e Linguagens Disciplina: Ano: 7º Ensino Fundamental Professoras: Nívia Nascimento e Débora Drumond Atividades para Estudos Autônomos Data: 8 / 3 / 2019 Aluno(a): Nº: Turma: CTED A SER REVIST Gênero conto Interpretação de texto Construção do texto elementos da narrativa Gênero poema: leitura e interpretação Linguagem conotativa e denotativa Figuras de linguagem Determinantes do substantivo Adjetivos e locuções adjetivas ATERIA DE API Livro Didático de Português: Projeto Teláris (Capítulos 1 e 2) Anotações nos cadernos de atividades diárias de Português e de Produção de Texto. Apostilas de atividades de apoio trabalhadas em sala. 1
TEXTO 1 PALAVRAS ALADAS 1 "Silêncio era a coisa de que aquele rei mais gostava. E de que, a cada dia, mais parecia gostar. Qualquer ruído, dizia, era faca em seus ouvidos. Por isso, muito jovem ainda, mandou construir altíssimos muros ao redor do castelo. E logo, não satisfeito, ordenou que por cima dos muros, e por cima das torres, por cima dos telhados e dos jardins, passasse imensa redoma de vidro. 2 Agora sim, nenhum som entrava no castelo. O mundo podia gritar lá fora, que dentro nada se ouviria. E mesmo a tempestade fez-se muda, sem que rolar de trovão ou correr de vento perturbassem a serenidade das sedas. 3 - Ouçam que preciosidade! - dizia o rei. E toda a corte se calava ouvindo embevecidamente coisa alguma. 4 Mas se os sons não podiam entrar, verdade é que também não podiam sair. Qualquer palavra dita, qualquer espirro, soluço, canto ficava vagando prisioneiro do castelo, pois se ainda era possível escapar às paredes, nada os libertava da redoma. 5 Aos poucos, tempo passando sem que ninguém lhe ouvisse os passos, palavras foram se acumulando pelos cantos, frases rastejaram na superfície dos móveis, interrogações salpicaram as tapeçarias, um miado de gato arranhou os corredores. 6 E tudo teria continuado assim, se um dia, no exato momento em que sua majestade recebia um embaixador estrangeiro, não atravessasse a sala do trono uma frase perdida. Frase de cozinheiro que mandou o embaixador depenar, bem depressa, uma galinha. 7 Mais do que os ouvidos, a frase feriu o orgulho do rei. Furioso, deu ordens para que todos os sons usados fossem recolhidos, e para sempre trancados no mais profundo calabouço. 8 Durante dias os cortesãos empenharam-se naquele novo esporte que os levava a sacudir cortinas e a rastejar sob os móveis [...] Enfim, divertiram-se tanto, tão entusiasmados ficaram com a tarefa, que acabaram por instituir a Temporada Anual de Caça à Palavra. 9 De temporada em temporada, esvaziava-se o castelo de seus sons, enchia-se o calabouço de conversas. A tal ponto que o momento chegou em que ali não cabia mais sequer o quase silêncio de uma vírgula. E o Mordomo Real viu-se obrigado a transferir secretamente parte dos sons para aposentos esquecidos do primeiro andar. 10 Foi portanto por acaso que o rei passou frente a um desses cômodos. E passando ouviu um murmúrio, fragmentos de conversa. Pronto a reclamar, já a mão pousava na maçaneta, quando o calor daquela voz o reteve. E inclinado à fechadura para melhor ouvir, o rei colheu as palavras, com que um jovem, de joelhos talvez, derramava sua paixão aos pés da amada. 11 A lembrança daquelas palavras pareceu voltar ao rei de muito longe, atravessando o tempo, ardendo novamente no peito. E cada uma ele reconheceu com surpresa sua própria voz, sua jovem paixão. Era sua aquela conversa de amor há tantos anos trancada. Lembrança da longa história do passado, vinha agora envolvê-lo, religá-lo a si mesmo. 12 -Que se abram as portas!- gritou comovido, pela primeira vez gostando do seu grito, ele que sempre havia falado tão baixo. E escancarou as portas à sua frente. 13 -Que se derrube a redoma! - lançou então o rei com todo o poder de seus pulmões. -Que se abatam os muros! 14 E desta vez vai o grito por entre o estilhaçar, subindo, planando, pássaro-grito que no azul se afasta, trazendo atrás de si em revoada frases, cantigas, ditados, poemas, discursos e recados, e ao longe- maritacas - um bando de risadas. Sons que no espaço se espalham ao mundo a vida do castelo, e que, aos poucos, em liberdade se vão." COLASANTI, Marina. Doze reis e a moça do labirinto do vento. 7. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1999. p. 88-92 (adaptado) VOCABULÁRIO alada: capaz de voar, efetua movimentos com delicadeza. calabouço: lugar mais profundo de um castelo, masmorra. embevecidamente: estado de encantamento. redoma: cúpula de vidro. seda: tecido fabricado por uma substância produzida pelo casulo do bicho da seda. 2
QUEST 1 Após a leitura da situação inicial do conto, percebe-se que o rei gostava de silêncio e aprisionava palavras no castelo. Porém, no desfecho, ordena que as palavras sejam soltas. APONTE o fato que provoca essa transformação no comportamento do rei. QUEST 2 RELEIA E tudo teria continuado assim, se um dia, no exato momento em que sua majestade recebia um embaixador estrangeiro, não atravessasse a sala do trono uma frase perdida. Frase de cozinheiro que mandou o embaixador depenar, bem depressa, uma galinha. ( 6) Levando em consideração a leitura integral do conto, EXPLIQUE a ideia implícita no fragmento destacado. QUEST 3 ASSINALE a opção que melhor justifica o título do texto. a) "Silêncio era a coisa de que aquele rei mais gostava. ( 1) b) Agora sim, nenhum som entrava no castelo. O mundo podia gritar lá fora [...]. ( 2) c) [...] palavras foram se acumulando pelos cantos, frases rastejaram na superfície [...] ( 5) d) A lembrança daquelas palavras pareceu voltar ao rei de muito longe [...]. ( 11) e) Sons que no espaço se espalham [...] e que, aos poucos, em liberdade se vão." ( 14) QUEST 4 ASSINALE (V) para as afirmações verdadeiras ou (F) para as falsas. 1) ( ) em E logo, não satisfeito, ordenou que [...] passasse imensa redoma de vidro. ( 1) a palavra destacada é um adjetivo e se refere ao rei. 2) ( ) no trecho [...] nada os libertava da redoma ( 4), a expressão destacada é locução adjetiva, pois caracteriza o nome libertava. 3) ( ) em [...} esvaziava-se o castelo de seus sons[...] ( 9), seus é pronome possessivo e se refere aos sons do castelo. 4) ( ) em [...] o rei colheu as palavras [...] ( 10), as é artigo definido e especifica as palavras proferidas pelo rei, pois ele as reconhecia. 5) ( ) a palavra aquela em Era sua aquela conversa de amor [...] ( 11) é pronome demonstrativo e refere-se à conversa ouvida pelo rei. 3
TEXTO 2 GUARDAR Antônio Cícero Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro do que um pássaro sem voos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que Guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. CALCANOTO, Adriana. Antologia ilustrada da poesia brasileira- para crianças de qualquer idade. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014. p. 98-99. VOCABULÁRIO: fitar: no contexto, significa mirar. velar: permanecer de vigia, de sentinela. QUEST 5 Sobre o poema, pode-se dizer que, EXCETO: a) para o eu lírico, o poema tem a mesma função do cofre, ou seja, guardar o que se guarda em um poema. b) o cofre mencionado no início do poema apresenta uma ideia negativa, levando em consideração o contexto. c) a ideia de guardar uma coisa é representada, pelo eu lírico, como algo que não se deve esconder e sim admirar. d) a repetição do termo isto é, ao longo do poema, reforça a explicação do eu lírico sobre a ação de guardar uma coisa. e) os versos Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro/do que um pássaro sem voos sugerem a ideia de um pássaro em liberdade e um pássaro preso, talvez em uma gaiola. 4
TEXTO 3 CANÇÃO DA AIA PARA O FILHO DO REI Mandei pregar as estrelas Para velarem teu sono, Teus suspiros são barquinhos Que me levam para longe... Me perdi no céu azul E tu, dormindo, sorrias. Despetalei uma estrela Pra ver se me querias... Aonde irão os barquinhos? Com que será que tu sonhas! Os remos mal batem n'água... Minhas mãos dormem na sombra. A quem será que sorris? Dorme quieto, meu reizinho. Há dragões na noite imensa, Há emboscadas nos caminhos... [...] VOCABULÁRIO: aia: dama de companhia, babá. QUEST 6 CALCANOTO, Adriana. Antologia ilustrada da poesia brasileira- para crianças de qualquer idade. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014. p. 56. (fragmento) a) APONTE a figura de linguagem presente nos versos a seguir: Mandei pregar as estrelas/para velarem teu sono Teus suspiros são barquinhos b) Levando em consideração o contexto, IDENTIFIQUE o interlocutor com quem o eu lírico dialoga. TEXTO 4 O MENINO E SEU AMIGO 1 O menino não perguntava o que o homem ao seu lado fazia à beira do rio, em julho, na manhã fria. 2 Foram muitas as manhãs, mas julhos, meses, nem tantos. Foi, na certa, pouco o tempo que o menino passou ao lado daquele homem à margem do rio manso. Depois, em toda sua vida, não houve um tempo tão grande (pois que tempo de menino como rio de menino é maior do que o rio, é maior do que o tempo). [...] 3 A mão do homem era tão grande que engolia a mão do menino quando ele a segurava para, juntos, irem ao rio ver o tempo e o rio passar. E, com ela, o homem cavava o chão da beira do rio para arrancar da terra úmida as iscas vivas, minhoquinhas rebolantes, que iam se retorcer na palma da mão do menino. 5
4 Toma cuidado, menino, com a ponta do anzol! 5 E a meia seta traiçoeira logo fere o dedo do menino, e a gotinha vermelha pinga na água do rio e na água se desfaz. 6 Não chore, que aí dói mais. 7 O menino não se lembra de dor alguma, não lembra. Só se lembra de um mágico que viu, em uma tarde, no circo, tirar com dedos bem leves de um lenço branco uma pomba que antes não existia. E os mesmos dedos ágeis estavam nas mãos do homem que, do dedo do menino, tirou, com gesto igual, o duplo finco do anzol sem dor alguma. 8 Agora é o tempo da pesca. 9 Silêncio. 10 A linha branca desce vertical e mergulha no espelho do rio; o silêncio liga a ponta da vara à espera. 11 O susto, o coração disparado! 12 O homem segura o menino trêmulo e tira do anzol o pequeno lambari. Sua primeira conquista. 13 O menino também não perguntava por que no finalzinho da madrugada, antes de vir o dia, aquele homem calado tocava de leve seu ombro e dizia: Acorda, rapaz, vem ver o dia nascer. 14 Lá iam eles: a dupla como se fosse de iguais. 15 E era assim que o menino ao seu lado se sentia, pois a única diferença para ele, percebida, é que o sol, que nascia, chegava primeiro aos olhos do homem postos lá em cima. 16 Sobe aqui nos meus ombros para o sol chegar primeiro para você do que para mim. 17 E o menino se esqueceu de se lembrar, até queria, de perguntar para o homem por que ele, de presente, lhe dava o sol todo dia. [...] ZIRALDO, O menino e seu amigo. São Paulo: melhoramentos, 2003. (adaptado) VOCABULÁRIO anzol: qualquer gancho a que se prende a isca para a pesca. isca: chamariz que se fixa no anzol para atrair e capturar peixes. lambari: peixe de água doce, existentes na maioria de rios brasileiros. QUEST 7 Sobre o texto 1, é INCORRETO o que se afirma em: a) o enredo apresenta a história de uma amizade sincera entre dois personagens. b) o texto é narrado em 3ª pessoa e o narrador é observador, pois não participa da história. c) os personagens são o menino e seu amigo, cujos nomes não são mencionados no texto. d) não há referência de marcas temporais no texto, pois o tempo da narrativa é psicológico. e) o espaço predominante na narrativa é a beira do rio onde os personagens gostam de pescar. QUEST 8 RELEIA O menino não se lembra de dor alguma, não lembra. Só se lembra de um mágico que viu, em uma tarde, no circo, tirar com dedos bem leves de um lenço branco uma pomba que antes não existia. E 1 os mesmos dedos 2 ágeis estavam nas mãos 3 do homem que, do dedo do menino, tirou, com gesto igual, o duplo finco do anzol sem dor alguma. ( 7) a) EXPLIQUE por que o menino relacionou os dedos do mágico aos dedos do seu amigo. 6
b) DÊ a classe gramatical da expressão e palavras destacadas. QUEST 9 O texto 1 é um texto literário e apresenta expressões no sentido figurado. RELEIA o trecho a seguir e EXPLICITE seu sentido. LEMBRE-se da importância do contexto. E a meia seta traiçoeira logo fere o dedo do menino [...]. ( 5) QUEST 10 Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras, mulheres entre laranjeiras, pomar amor cantar. Um homem vai devagar Um cachorro vai devagar Um burro vai devagar Devagar as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. 10. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. p. 17. Sobre o poema é possível afirmar que a) há personificação em Devagar as janelas olham. b) o título especifica a cidade a qual o poema se refere. c) o poema sugere a imagem de uma cidade grande, uma metrópole. d) as mulheres e os homens citados trabalham nas plantações de bananas e laranjas. e) há predominância de adjetivos que caracterizam as ações do homem, do cachorro e do burro. 7
GABARIT QUEST 1 RESPOSTA ESPERADA: O rei, ao passar em frente a um dos aposentos, ouviu um murmúrio que, na verdade, era sua própria voz, uma conversa de amor, aprisionada há anos no castelo. Ao ouvi-la, comoveu-se e ordenou que soltassem as palavras. A lembrança daquelas palavras pareceu voltar ao rei de muito longe, atravessando o tempo, ardendo novamente no peito. QUEST 2 RESPOSTA ESPERADA: O cozinheiro provavelmente sugeriu, dentro da cozinha, que o embaixador pudesse depenar a galinha, fazendo assim um insulto à visita. E essa possível fala do cozinheiro foi ouvida pelo rei, pois as palavras e frases ditas no castelo não saíam dali, estavam aprisionadas. O trecho sugere a ideia de que tudo que se falava no castelo era ouvido, pois as palavras ficavam rodeando aquele espaço. QUEST 3 e) Sons que no espaço se espalham [...] e que, aos poucos, em liberdade se vão." ( 14) QUEST 4 a) (V) b) (F) c) (V) d) (V) e) (V) QUEST 5 a) para o eu lírico, o poema tem a mesma função do cofre, ou seja, guardar o que se guarda em um poema. QUEST 6 a) Mandei pregar as estrelas/para velarem teu sono personificação. Teus suspiros são barquinhos metáfora. b) RESPOSTA ESPERADA: O interlocutor com quem o eu lírico dialoga é o reizinho, ou seja, o filho do rei. 8
QUEST 7 d) não há referência de marcas temporais no texto, pois o tempo da narrativa é psicológico. QUEST 8 a) RESPOSTA ESPERADA O menino fez essa relação, pois tanto o amigo quanto o mágico fizeram gestos mágicos com os dedos: o mágico retirou uma pomba do lenço branco e seu amigo retirou o anzol do dedo do menino sem deixar doer. b) RESPOSTA ESPERADA 1) os: artigo definido. 2) 2-ágeis: adjetivo. 3) 3-do homem: locução adjetiva. QUEST 9 RESPOSTA ESPERADA O trecho sugere que o anzol tem o formato de uma meia seta e esta foi caracterizada como traiçoeira porque feriu o dedo do menino. QUEST 10 a) há personificação em Devagar as janelas olham. 9