MODERNIZAÇÃO DA MARINHA BRASILEIRA 2011



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Transcrição:

MODERNIZAÇÃO DA MARINHA BRASILEIRA 2011 Nota do Editor: No decorrer deste artigo há menção de diversos navios, submarinos e viaturas blindadas. Para se conhecer melhor cada um dos navios comentados, clique nos nomes destas embarcações para serem direcionados para o artigo que trata de cada uma delas. Seguindo a seqüência de artigos sobre modernização das forças armadas brasileiras, segue agora, a ultima atualização que faltava para concluir este trabalho. A primeira abordagem sobre as necessidades da capacidade de combate da marinha brasileira com sugestões minhas foi publicado em junho de 2006 e de lá para cá, algumas idéias sobre equipamentos que poderiam ser adquiridos mudaram, e é lamentável que as mudanças tenham se limitado apenas nas minhas idéias, uma vez que a situação de obsolescência dos meios de combate da força se mantiveram inalterados. A marinha brasileira tem uma enorme responsabilidade nas mãos. Esta responsabilidade corresponde a 9198 km de extensão litorânea e 3,5 milhões de km2 em área que poderão ser aumentadas caso seja reconhecida pela ONU o direito brasileiro sobre a extensão da plataforma marítima que o Brasil pleiteia, O tamanho desta responsabilidade reflete nas dimensões necessárias das capacidades de combate da marinha brasileira que hoje, está muito aquém do necessário para a garantia da soberania brasileira e da imposição dissuasória que pudesse evitar que uma nação hostil nos enfrentasse. Muitas pessoas podem pensar que basta colocar dúzias de navios de guerra em volta do litoral brasileiro que o assunto estará encerrado. As coisas não são assim. Manter uma força de navios de guerra numerosa e moderna é caro demais para o orçamento liberado para a marinha pelo governo. O melhor a fazer é manter uma força de superfície como item secundário e focar em uma esquadra de submarinos numerosa e moderna. A partir das próximas linhas vou descrever a composição que considero ideal para que a marinha brasileira tivesse capacidade de combate relevante a um custo aceitável para o orçamento limitado destinado para as forças armadas brasileiras.

NAVIOS DE SUPERFÍCIE Acima: A fragata classe Greenhalgh foi adquirida de segunda mão da marinha inglesa. Seu armamento e capacidades são limitados frente as novas fragatas que estão sendo incorporadas nas marinhas do mundo. Fragatas: As fragatas correspondem aos maiores navios de escolta que a marinha brasileira (e muitas outras) opera. Ao todo temos 9 fragatas sendo 6 da classe Niterói e 3 da classe Greenhalgh. As fragatas Niterói foram modernizadas recentemente e receberam novos sistemas de armas e de gerenciamento de combate. Porém, mesmo assim, sua capacidade de combate é inferior as fragatas modernas que estão entrando em serviço em muitas marinhas. As Greenhalgh são, também, fracas como escoltas, principalmente no âmbito da guerra antiaérea. Nenhum navio brasileiro tem capacidade de defesa antiaérea de área, o que limita, muito, sua eficácia como um navio de escolta. A manutenção de um grande numero de navios modernos de superfície é alto e, se considerarmos que a política de defesa brasileira não tem, absolutamente, nenhuma intenção de projeção de poder, ficando apenas no campo do território nacional, não faz sentido desperdiçar grandes somas com muitos navios de superfície que poderiam ser, facilmente, destruídos por submarinos inimigos e mesmo por outros meios como a a aviação de combate ou navios inimigos. A força de superfície da marinha deve, em minha opinião, possuir 10 navios do porte de fragatas que sejam capazes de defesa de área e ainda, serem bons caçadores de submarinos. Esta quantidade de navios não é grande, se considerarmos o tamanho da extensão e importância de nosso litoral. Não se trata de um numero que o Estado brasileiro não possa manter, além de que, com o navio certo, esses 10 navios seriam capazes de fazer o mesmo que 20 navios das classes que estamos usando hoje. Depois dessa exposição muitos de vocês podem perguntar: E qual é o melhor navio para preencher estes quesitos? Existem modernos navios no mercado e com diversos preços também. Quando escrevi a primeira vez esta matéria. Em 2006, eu indiquei dois modelos de navios: A MEKO 200 SAN usada pela marinha sul africana ou a moderna fragata de Singapura da classe Formidable. Hoje minha opinião mudou. Vejo a versão francesa da fragata FREMM como a mais interessante por preencher bem esses quesitos. Este navio já foi apresentado nas paginas deste blog e podem acessar o link da matéria para conhece-la melhor. O navio em si é caro para o padrão fragata, mas este custo é, ainda menor que a de um moderno destróier. Fora isso, ainda vale lembrar que a França e o Brasil possuem um acordo

estratégico de defesa que beneficiou os planos de desenvolvimento do primeiro submarino nuclear brasileiro, do qual tratarei mais a frente. O governo brasileiro andou flertando com a Itália a possibilidade de adquirir as fragatas FREMM da versão local, que são menos capazes que as francesas, mas mais baratas também. Porém, os sérios desentendimentos sobre o caso do ex-ativista italiano Cesare Battisti, interromperam esta paquera. Acima: A moderna fragata francesa da classe FREMM já está em testes no mar. A escolha deste modelo para substituir os atuais e cansados navios de escolta brasileiros traria um forte incremento na capacidade de combate de superfície à marinha brasileira. Navios de patrulha marítima e Corvetas: A Marinha do Brasil pretende dispor de navios de patrulha oceânica (NaPO) para garantir a soberania sobre as reservas de petróleo do pré sal, recentemente descobertas. Eu vou além disso. Do meu ponto de vista, seria importante juntar a missão de patrulha das áreas do pré-sal com a patrulha litorânea e que os navios fossem mais que meros patrulheiros armados com metralhadoras ou um canhão leve. Seguindo este raciocínio, minha idéia contempla equipar a Marinha do Brasil com uma grande quantidade (umas 20 unidades) de lanchas de patrulha armadas com um canhão de médio calibre e mísseis antinavio. Nesse ponto, minha idéia se manteve a mesma de quando escrevi a primeira edição deste artigo, em 2006. A lancha de patrulha que considero ideal é a moderníssima Skjold P-960. Trata-se de uma embarcação com altíssima velocidade e muito bem armada.

Acima: A lancha de patrulha Skjold P-960 possui um desempenho em velocidade que supera com grande margem qualquer navio de guerra moderno. Além de patrulhar, ela seria capaz de interceptar com agilidade uma embarcação invasora e se necessário, afunda-la. Em apoio a estas 20 lanchas rápidas de patrulhas deveríamos ter mais 15 corvetas modernas que seriam responsáveis por executar uma patrulha de maior autonomia sobre o litoral brasileiro, não só na área do pré-sal. As 4 corvetas da classe Inhaúma e a única da classe Barroso não são capazes de cumprir esta tarefa. Na verdade as corvetas da classe Inhaúma são navios com desempenho pobre. O ideal seria corvetas novas, no mínimo da classe Barroso ou mais moderna ainda. O mercado tem bons navios desse tipo. O navio mais moderno deste tipo é a corveta sueca classe Visby. A Visby foi projetada com um desenho de extrema furtividade e é, sem duvida, uma referência de projetistas de navios de guerra que estejam trabalhando em novos projetos. Este navio, além de bem armado é muito rápido, chegando a 35 nós (64 km/h) e consegue, ainda, uma autonomia de 4259 km. Acima: A corveta sueca da classe Visby seria uma escolha muito interessante para a patrulha do litoral brasileiro. Sua maior autonomia que um barco patrulha e seu armamento e desempenho colocariam muito risco para uma marinha invasora.

SUBMARINOS A força de submarinos do Brasil, atualmente, conta com 5 submarinos, sendo 4 da classe Tupi, e 1 da classe Tikuna. Os Tupi são submarinos IKL-209, de projeto alemão. Esses submarinos estão armados apenas com torpedos que são lançados de 8 tubos. O Tikuna é um desenvolvimento nacional, mas baseado no Tupi. É um submarino mais moderno e mais bem armado e futuramente terá o seu torpedo Tigefish substituído pelos pesado torpedos americanos MK-48 ADCAP 6. Recentemente, em dezembro de 2008, a França e o Brasil assinaram um acordo estratégico abrangendo varias áreas. Para a marinha do Brasil, este acordo rendeu um contrato de construção de mais 4 modernos submarinos Scorpene, modificados para um padrão brasileiro e a construção do casco do submarino nuclear brasileiro. Partindo do princípio de que os novos Scorpene navegarão juntos com os IKL-209 e o Tikuna, a Marinha brasileira terá 9 submarinos convencionais e um nuclear. Eu considero o submarino convencional como a arma de relação custo benefício mais eficiente que uma nação com recursos limitados pode ter. Não são embarcações caras, mas são capazes de afundar navios de grande valor militar. Esta capacidade já foi demonstrada em inúmeros exercícios e está claro que mesmo uma marinha mais bem equipada teria muita dificuldade de lidar com uma frota de submarinos convencionais modernos. Por isso, cheguei a conclusão de que este é o principal sistema de armas que a Marinha do Brasil precisa investir. Penso que o ideal seriam ter 15 submarinos convencionais para defesa litorânea e uns 3 submarinos nucleares de ataque para poder enfrentar um grupo de batalha no meio do oceano. Os submarinos convencionais poderiam ser da classe Scorpene mesmo, pois tratase de um moderno submarino, porém seria necessário a substituição dos torpedos MK-48 por um mais adequado ao emprego em águas litorâneas e a capacidade de todos os submarinos de lançar mísseis antinavio como o míssil UGM-84 Harpoon ou o míssil europeu MBDA SM-39 Exocet. Acima: A força de submarinos da classe Tupi (U-209) se mostra muito capaz em exercícios militares multinacionais. Porém a frota de submarinos brasileiros precisa de, no minimo, 15 submarinos convencionais para poder impor uma dissuasão e capacidade de bloquear o uso naval de nossas águas jurisdicionais. Falando agora sobre o interesse da marinha em possuir submarinos nucleares e que muita gente da imprensa leiga, mas que adora dar opinião sobre o que não entende. Os submarinos nucleares são muito mais velozes que um submarino

convencional e sua maior autonomia e capacidade de permanecer submerso por períodos indefinido o tornam um caçador nato. Para operar mais distante do litoral, em águas azuis, como se fala na marinha, o submarino nuclear é muito mais adequado e sua importância para a marinha do Brasil se dá pela enorme capacidade de dissuasão que este tipo de sistema de armas proporciona. Um eventual inimigo vai considerar, antes de partir para a hostilidade, que o alvo dele pode contra atacar com um submarino nuclear que este pode contra-atacar bem distante da zona de batalha. Com certeza, o primeiro submarino nuclear brasileiro vai demorar muitos anos ainda para ser uma realidade e é certo que quando for, será um navio com limitações normais a sua condição de primeiro submarino da nação. Certamente não será muito silencioso e provavelmente não será capaz como um submarino nuclear das nações que já operam esta excelente arma de guerra. Mas a iniciativa é boa e merece os nossos aplausos. Falta, apenas, um maior aporte de recursos financeiros para acelerar o lento e complicado desenvolvimento do reator que precisa ser diminuído para poder caber dentro do casco resistente do novo SSN brasileiro. Acima: O novo submarino Scorpene adquiridos pela marinha brasileira são modernos e diminuirá a lacuna no numero de submarinos da frota. O acordo com os franceses incluiu, ainda, a transferência de tecnologia para a construção do casco do submarino nuclear brasileiro. AVIAÇÃO DE COMBATE NAVAL A Marinha do Brasil é uma tradicional operadora de porta aviões, e depois de muitos anos operando o saudoso Minas Gerais A-11, o substituiu em 2000, pelo Porta- Aviões Foch, que foi rebatizado de São Paulo A-12. Também foram adquiridos 20 aviões de ataque A-4KU mais 3 TA-4 KU da Kuwait em 1998. Esses aviões deveriam dar uma capacidade de ataque para a Marinha do Brasil e deveriam ser usados para defesa aérea também. Na pratica, porém, não há mais que 5 aeronaves em condição de vôo. Embora o valor militar de tais aeronaves seja altamente questionável, a Marinha diz que elas são essenciais para se criar uma doutrina para operação de aeronaves de combate e asas fixa dentro da força.

Acima: O avião de patrulha naval P-3AM Orion adquirido pela força aérea brasileira poderia ser adquirido pela marinha para que ela própria possa dar conta da patrulha naval aérea. Para a modernização da capacidade de combate da marinha do Brasil, o porta aviões São Paulo e seus 23 A-4 seriam aposentados. A marinha do Brasil precisa concentrar seus recursos num objetivo; a defesa das águas de nosso litoral. Com o orçamento disponível, isso se consegue investindo em submarinos. Se o Brasil tivesse uma cultura de orçamentos maiores com a defesa e uma cultura de respeito as suas forças armadas, a configuração de uma modernização seria diferente e eu incluiria mais um porta-aviões para ser operado junto com o A-12, além de procurar comprar dos Estados Unidos caças de segunda mão F/A-18 A ou C. É uma ilusão querer manter um porta-aviões que não tem sistema de defesa, aeronaves de combate válidas e mesmo, um sentido militar real e eficaz, pois qualquer submarino meia boca de uma nação latina afunda este navio facilmente. Uma ótima forma da marinha brasileira ter uma capacidade de apoio a suas atividades navais usando o meio aéreo seria ela própria, possuir aeronaves de patrulha marítima e de interdição naval baseadas em terra. Eu citei esta capacidade no artigo sobre a modernização da capacidade de combate da Força Aérea Brasileira. Porém, seria interessante que a marinha tivesses os aviões apropriados para a execução destas tarefas que operariam em apoio aos meios navais incorporados. Os modelo são o P-3 Orion e os caça bombardeiro pesado Sukhoi Su-34 Fullback. Infelizmente, porém, existe uma espécie de vaidades excessivas entre as forças armadas brasileiras, amparadas em regras retrogradas que dificultam muito o uso de aeronaves por outras forças do Estado. Na minha concepção, a marinha do Brasil poderia operar dois esquadrões com 12 de caças bombardeiros Su-34 Fullback em missões de interdição naval. Seu fortíssimo armamento anti-superfície e sua autonomia associado com uma capacidade de auto defesa eficaz, o tornaria uma séria preocupação de um grupo de batalha inimigo. O P-3 Orion faria a patrulha marítima de longo alcance, armado com torpedos e mísseis AGM-84 Harpoon. Deveria haver, pelo menos, 20 aviões deste modelo que seriam deslocados com regularidade para diversas cidades litorâneas brasileiras para cumprir patrulha pelo litoral brasileiro.

Acima: Se a marinha adquirisse, pelo menos, 24 caça bombardeiros Su-34 Fullback russos, já teria capacidade de impor interdição naval avançada, diminuindo a necessidade de apoio da força aérea para esta tarefa. CAPACIDADE DE COMBATE FLUVIAL O Brasil possui muitos rios, e na verdade é a maior bacia hidrográfica do mundo e por isso sua marinha atua através de pequenas embarcações nos principais rios do Norte. Porém muitas dessas embarcações são mais para marcar presença do que para patrulhar eficientemente esses rios devido a sua alta idade e poucos armamentos. Fora isso, o transporte de tropas por esses rios é feito, por botes ou pelas cansadas embarcações de patrulha fluviais como as da classe Roraima. O Exército Brasileiro testou o barco de combate CB-90H da sueca Dockstavarvet AB que é uma lancha com capacidade de transporte de até 20 soldados equipados de forma protegida em seu casco com blindagem de nível 4 (agüenta impactos de 7,62 mm). Ainda por cima, esta lancha é armada com uma metralhadora.50 controlada remotamente de dentro na lancha, e equipada com câmeras de TV e infravermelha. Esse reparo pode ter no lugar da metralhadora, um lança granadas automático de 40 mm. Mais duas metralhadoras.50 germinadas que são montadas a frente do casco. Essas metralhadoras podem se movimentar em altura. A lancha pode, ainda, ser equipada com lançadores de mísseis antitanque e morteiros de 120 mm no sistema AMOS. Essas lanchas não implicariam em um custo elevado podendo ser adquiridas, pelo menos, 40 unidades para serem usadas em patrulhas e transporte de forças de combate pelos rios da bacia amazônica. Outra boa alternativa seria a aquisição de 10 unidades de uma versão modificada do barco de patrulha da classe Hamina e sem os mísseis antinavio que estão instalados na versão original. O barco receberia mudanças que aumentassem sua autonomia que hoje está em 925 km para que chegasse a, pelo menos, uns 1500 km. Este barco faria a patrulha de longo alcance dentro dos maiores rios amazônicos.

Acima: A lancha de combate CB-90H traria poder de fogo e mobilidade sem precedentes para as atividades de combate fluviais da marinha do Brasil. CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS BRASILEIROS O corpo de fuzileiros navais do Brasil (CFN) é uma força de elite com soldados bem treinados e bem equipados. É interessante poder falar bem de algumas tropas do Brasil, uma vez que as forças armadas, como um todo, são mal equipadas. Com um efetivo de cerca de 15000 homens o corpo de fuzileiros navais do Brasil deveriam receber mais soldados para suas fileiras. Uma força de fuzileiros com cerca de 30000 soldados seria um aumento na capacidade de combate bastante significativo. Os fuzileiros, dada a suas responsabilidade possuem seus meios de combate próprios. Por isso tem seus carros de combate e veículos blindados de transporte de tropas. Falta, porém uma quantidade destes veículos que possa, efetivamente, dar aos soldados uma mobilidade maior e uma maior independência de apoio de recursos de outras forças como o exército ou força aérea. Atualmente nossos fuzileiros não contam com helicópteros de transporte próprios e por isso dependem de ajuda de helicópteros da marinha ou outras forças. Com a recente aquisição de 16 helicópteros EC-725, poderiam ser adquiridos mais 10 unidades dedicadas ao apoio de transporte aos fuzileiros brasileiros. Entendo que exista uma polemica sobre o uso deste helicóptero, e para mim, tenho preferência por outro modelo, mas como já existe uma encomenda de 50 unidade do modelo EC-725 faz sentido manter este modelo por motivo de facilidade logística.

Acima: Mais um dos frutos do acordo com os franceses o novo helicóptero de transporte Helibras EC-725 Super Cougar. Uma aquisição de um lote de mais 10 unidades para serem usadas pelos fuzileiros navais do Brasil seria uma solução importante para dar a esta tropa uma independência maior em relação as outras forças. Outro ponto que seria desejável é a capacidade da instituição poder contar com meios próprios para prestar apoio aéreo. Para isso uma aviação de combate com helicópteros de ataque como o AH-1W Cobra ou o Agusta/Westland A-129 seria adequado. Pelo menos um esquadrão com 12 helicópteros de qualquer um destes modelos já daria esta capacidade. Outra possibilidade bem interessante seria contar com alguns excelentes aviões AT-29 Super Tucano para esta função. Além de serem relativamente baratos de operar, sua capacidade de ataque já foi bem testada e ele faz muito bem este papel de apoio aéreo. Acima: O Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil não possui, ainda, uma aeronave dedicada para ataque e apoio aéreo. A aquisição de algumas unidades do helicóptero AH-1W Super Cobra daria esta capacidade a nossos fuzileiros. Com relação aos veículos de transporte de tropas, atualmente, os veículos disponíveis são os bons carros MOWAG Piranha III, dos quais foram adquiridos 30 unidades. A aquisição de um lote de mais 20 unidades deste modelo, porém

armados com um canhão de 30 mm seria bem vinda. Outra opção para transporte de tropas disponível nos fuzileiros brasileiros são 26 unidades do AAV-7 A1 Clanf, um blindado anfíbio sobre lagartas. È um excelente blindado e poderíamos adquirir mais umas 20 unidades de segunda mão dos fuzileiros navais norte americanos. Acima: O veículo de transporte de tropas sobre rodas MOWAG Piranha III dos fuzileiros representa uma moderna e eficiente solução para esta missão. Seria importante a compra de mais algumas unidades deste bom veículo para melhorar ainda mais a mobilidade da tropa. O modelo M-113, outro blindado de transporte de tropas sobre lagartas usado pelos fuzileiros, já é um veiculo antiquado, cuja proteção balística é bastante limitada. O ideal seria substituir ele por uma nova viatura, da qual poderia ser, até mesmo, o próprio Piranha III sobre rodas. Entendo que não são o mesmo tipo de viaturas, mas de acordo com a evolução dos cenários de guerra moderna, as viaturas sobre rodas estão tomando uma importância muito maior do que os blindados sobre lagartas. Com relação ao apoio de fogo, os CFN usa o carro de combate SK 105 Kurassier, armado com um canhão de 105 mm que é usado para destruir carros de combate inimigos. Este veículo, embora útil, possui resistência fraca dado a sua blindagem leve. Por isso, um blindado sobre rodas com um canhão de 105 mm poderia apoiar os SK-105 em suas operações, e eventualmente, até substituir ele. Existem vários modelos de blindados sobre rodas adaptados com esse tipo de armamento e um que julgo interessante é o MGS M 1128 norte americano, uma versão de caça tanques do Piranha III já usado pelo CFN.

Acima: Aqui podemos ver um MGS M-1128 do exército dos Estados Unidos. Este poderoso veículo de combate, baseado no Piranha III poderia dar aos fuzileiros uma capacidade aumentada de combate no campo de batalha, principalmente no ambiente urbano, onde este tipo de blindado se sai melhor que os veículos sobre lagartas. Um dos poucos pontos onde a situação pode ser descrita como critica no corpo de fuzileiros navais é a sua artilharia, composta por apenas 30 canhões e alguns morteiros leves e pesados. O canhão de 155 mm é um antiquado M-114, cuja granada atinge menos de 15 km e o canhão mais moderno é o britânico L-118 de 105 mm que são operados junto com alguns poucos M-101, do mesmo calibre. Um canhão de alto desempenho adequado para substituir o M-114 seria o M-777 americano, cujo alcance da granada pode atingir os 40 km. Lógico que este equipamento é top de linha, no que diz respeito a essa classe de arma. Como alternativa mais em conta, pode-se comprar canhões M-198 de segunda mão, do exército dos Estados Unidos. Estes canhões podem atingir 22 km com munição standard e já daria uma significativa melhoria na capacidade de artilharia. CONCLUSÃO Olhando este texto atentamente será observado que uma força naval montada desta forma descrita aqui seria maior e certamente mais cara de operar que a a força disponível na marinha brasileira hoje. Porém vale lembrar que hoje nossa marinha não tem meios válidos de executar a patrulha e a imposição da soberania brasileira no nosso mar. Navios velhos e mal armados, um porta aviões caro de manter e com nenhuma capacidade militar real, são motivo de pouca credibilidade a qualquer nação que tenha conflito de interesses com Brasil. É uma vergonha que uma nação rica como o Brasil se perca em desvios milionários (as vezes bilionários) para a promoção do bem estar de uns poucos enquanto as forças armadas sejam deixadas no abandono como foram por muitos anos. Os recentes movimentos em favor das forças armadas foram uma mudança no curso dos acontecimentos, porém, é obvio que foram movimentos tímidos frente a gravidade da situação.

Acima: O barco de patrulha Hamina poderia apoiar as operações nos extensos rios amazônicos, junto com a CB-90H.