IMPORTÂNCIA DA HIGIENE ORAL EM PACIENTE DEPENDENTE: DA LIMITAÇÃO À EXECUÇÃO - RELATO DE CASO



Documentos relacionados
Placa bacteriana espessa

PROTOCOLO DE DESCONTAMINAÇÃO ORAL

Como obter resultados com a otimização dos consultórios com os TSB e ASB

CONTROLE MECÂNICO DO BIOFILME DENTAL

UMA ESCOVA PARA CADA USO

Cuidados profissionais para a higiene bucal HIGIENE BUCAL


Diretrizes Assistenciais

CONDIÇÃO BUCAL DO IDOSO E NUTRIÇÃO: REFLEXÕES DA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA.

PESQUISA MAU HÁLITO NO IDOSO - ABHA

PRODUZINDO AUTOESTIMA DESDE 1990

USO DE MATERIAIS REEMBASADORES À BASE DE SILICONE NO HOME CARE EM ODONTOGERIATRIA

MEDIDAS DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE CÁRIE EM ESCOLARES ADOLESCENTES DO CASTELO BRANCO

NORMATIZAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR

Dra. Elena Portes Teixeira Will CUIDADOS AO PACIENTE COM GENGIVITE OU PERIODONTITE: DOENÇA PERIODONTAL:

Título: PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL NA EMEB JOÃO MARIA GONZAGA DE LACERDA

A Importância da Saúde Bucal. na Saúde Geral

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA. Orientações Gerais sobre as ações de Saúde Bucal no Programa Saúde na Escola

MANUAL INSTRUTIVO DOS CÓDIGOS ODONTOLÓGICOS DO SIA/SUS - TSB E ASB -

SAÚDE ORAL DAS PESSOAS IDOSAS

É a etapa inicial do tratamento do canal, consiste em o dentista atingir a polpa dentária (nervinho do dente).

A IMPORTÂNCIA DA ODONTOLOGIA NO ALEITAMENTO MATERNO

FÁTIMA BARK BRUNERI LORAINE MERONY PINHEIRO UNIVERSIDADE POSITIVO

Dra. Rosângela Ap. de Freitas Albieri TSB: Andre Santos e Clarice R.Silva Secretaria Municipal de Saúde Centro de Especialidades Odontologicas- CEO

Como a palavra mesmo sugere, osteointegração é fazer parte de, ou harmônico com os tecidos biológicos.

Índice. Passo a passo para uma higiene bucal completa

MEDIDAS DE ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL PARA CONTROLE DA CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DO CASTELO BRANCO

SERVIÇO: ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL PARA PESSOAS ADULTAS

Higiene bucodental. Professora Monica Zeni Refosoco Odontologia UNOCHAPECÓ

ÁREA TÉCNICA DE SAÚDE BUCAL

Dr. Felipe Groch CRO Especialização em Implantes Dentários

Prof Dr.Avelino Veit Mestre Ortodontia Doutor Implantodontia Fundador projetos socio-ambientais Natal Azul e Salve o Planeta Azul

Indicador 24. Cobertura de primeira consulta odontológica programática

MODELO PROJETO: PRÊMIO POR INOVAÇÃO E QUALIDADE

EXERCÍCIO E DIABETES

MANTENHA SEU SORRISO FAZENDO A HIGIENE BUCAL CORRETAMENTE

UNA-SUS Universidade Aberta do SUS SAUDE. da FAMILIA. CASO COMPLEXO 6 Dona Margarida. Fundamentação Teórica: Odontologia geriátrica

FISCO. Saúde. Programa de Atenção. Domiciliar GUIA DE PROCEDIMENTOS ANS

A gengivite é uma inflamação das gengivas provocada por acumulação de placa bacteriana e tártaro como consequência

SAÚDE BUCAL DO ADOLESCENTE

CUIDE DOS SEUS DENTES

Doenças Periodontais. Tratamento e Prevenção. 1º e-book - COS - Clínica Odontológica Soares

DIAGNÓSTICO COLETA DE DADOS RACIOCÍNIO E DEDICAÇÃO

ATIVIDADE FÍSICA ASILAR. Departamento de Psicologia e Educação Física

ODONTOLOGIA PERIODONTIA I. 5º Período / Carga Horária: 90 horas

COBERTURAS DO PLANO VIP PLUS

Tomamos por exemplo a classificação referenciada por Kandelman et al em2008:

Reportagem Gestão de Resíduos

Circular 0160/2000 São Paulo, 18 de Maio de 2000.

APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL: ESTUDO DOS FATORES DE ATRASO E DE ADIAMENTO DA ADAPTAÇÃO

Escrito por Administrator Ter, 02 de Fevereiro de :14 - Última atualização Qua, 10 de Março de :44

AVC: Acidente Vascular Cerebral AVE: Acidente Vascular Encefálico

Aspectos microbiológicos da Cárie Dental

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU- USP

MANUAL DE ORIENTAÇÕES PARA HOME CARE

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS PERIODONTAIS PERIODONTIA

INFORMÁTICA ANS GUIA TISS CERTIFICADO DIGITAL TABELA TUSS TABELA DE ATOS ESPECIALIDADES

CUIDADOS COM A SAÚDE DA BOCA

QUANTO ANTES VOCÊ TRATAR, MAIS FÁCIL CURAR.

GUIA DE SAÚDE BUCAL E TRAUMATISMO DENTAL PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Implantes Dentários. Qualquer paciente pode receber implantes?

VEJA COMO A CÁRIE É FORMADA

CONHECIMENTOS GERAIS 05 QUESTÕES

QUESTIONÁRIO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS ILPIS

Dicas rápidas para visitas a crianças de 8 a 9 anos

AV. TAMBORIS ESQUINA COM RUA DAS PEROBAS, S/Nº - SETOR SÃO LOURENÇO CEP MUNDO NOVO GOIÁS FONES:

RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR E TRATAMENTO PERIODONTAL DE SUPORTE

GERENCIAMENTO de Casos Especiais

DISCIPLINA ESTUDOS PREVENTIVOS EM CARIOLOGIA TEMA:

Especialidades Odontológicas

Gerenciamento de Casos Especiais

Apêndice IV ao Anexo A do Edital de Credenciamento nº 05/2015, do COM8DN DEFINIÇÃO DA TERMINOLOGIA UTILIZADA NO PROJETO BÁSICO

Ensinos aos pais da criança com doença crónica hospitalizada na UCI Pediátrica

TUDO O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE: SAÚDE BUCAL

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos L E R

1 SADS- Serviço de Atendimento Domiciliar em Saúde. 1 Projeto Dengue. 1 Consultório na Rua. 1 Central de Ambulâncias

Técnicas em Higiene Dental

Recebimento de pacientes na SRPA

O PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO PROGRAMA DE ASSISTENCIA E INTERNAÇÃO DOMICILIAR-PAID NO MUNICIPIO DE CASCAVEL -PR

disponibilidade do proprietário. Em geral, a melhor forma de profilaxia consiste na escovação dentária diária em animais de pequeno porte e, três

COMO PREVENIR E COMBATER O MAU HÁLITO E OS PROBLEMAS DENTÁRIOS DO MEU CÃO E GATO?

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Anais. III Seminário Internacional Sociedade Inclusiva. Ações Inclusivas de Sucesso

O que o fonoaudiólogo pode realizar nas duas áreas novas: Disfagia e Fonoeducacional?

A placa dental. 1 ª Jornada Nacional para Técnicos e Auxiliares de 10/11/2008. A placa dental como um biofilme. A placa dental como um biofilme

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI Nº 3.630, DE 2004

Doença de Alzheimer: uma visão epidemiológica quanto ao processo de saúde-doença.

MEMORIAL DESCRITIVO CONSTRUÇÃO DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

SP) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, alertar a população brasileira, particularmente os. malefícios à saúde relacionados ao uso do

FISCO. Saúde. Liberação. de Procedimentos. Seriados GUIA DE PROCEDIMENTOS ANS

TUMORES CEREBRAIS. Maria da Conceição Muniz Ribeiro

PREFEITURA MUNICIPAL DE BOM DESPACHO-MG PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO - EDITAL 001/2009 CARGO: ODONTÓLOGO CADERNO DE PROVAS

Serviço Social. DISCURSIVA Residência Saúde 2012 C COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO D A. wwww.cepuerj.uerj.br ATIVIDADE DATA LOCAL

Dicas rápidas para visitas a crianças de 5 a 7 anos

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU

ODONTOLOGIA ESTÉTICA

Transcrição:

IMPORTÂNCIA DA HIGIENE ORAL EM PACIENTE DEPENDENTE: DA LIMITAÇÃO À EXECUÇÃO - RELATO DE CASO Cariles Silva de Oliveira Não há vínculo institucional - carilessol2008@hotmail.com INTRODUÇÃO O biofilme dental é um dos principais responsáveis por duas das doenças mais prevalentes na cavidade bucal, a cárie e a doença periodontal. Também denominada como placa bacteriana, é formada por depósitos bacterianos e constituintes salivares, que formam uma película não calcificada, fortemente aderida ás superfícies dentais, estando em crescimento contínuo quando não controlado 1. Na população idosa, a associação entre higiene oral inadequada, periodontite crônica e doenças pulmonares, como a pneumonia adquirida na comunidade, a pneumonia nosocomial e a doença pulmonar obstrutiva crônica tem sido relatada em indivíduos com idade avançada 2. Sabe-se que bactérias presentes nas doenças periodontais podem ser liberadas da placa bacteriana supragengival e subgengival para as secreções salivares, que por sua vez, podem ser aspiradas para o trato respiratório inferior e causar doenças pulmonares 3. No Brasil, as doenças pulmonares são patologia responsáveis por altos índices de morbidade e mortalidade entre a população. A higiene bucal executada de forma eficiente e o tratamento periodontal propriamente dito são condutas de fundamental importância porque a freqüência de doenças periodontais em indivíduos com idade avançada é muito alta 2. Dentre os problemas freqüentemente encontrados por familiares ou cuidadores durante a escovação em pessoas incapacitas citam-se constante movimento da língua, cerramento dos dentes, movimentos involuntário da cabeça e do pescoço, aumento da tensão dos músculos faciais, aumento do reflexo de engasgar, afastamento da cabeça, movimento para empurrar a escova ou reações adversas mais sérias 4. Desse modo, se faz necessária a atuação de um cirurgião dentista para orientar os responsáveis pelo provimento da assistência, a executarem o procedimento de higiene oral de forma segura e eficiente, considerando a condição clínica de cada paciente.

Caso Clínico J. S. B., 79 anos, sexo masculino, portador de Doenças de Alzheimer e Parkinson em grau avançado, arritmia instável, restrito ao leito, emuso de poli fármacos e de sonda nasoenteral para dieta e medicações, porém ainda com liberação parcial para dieta oral. O mesmo é acompanhado por equipe multiprofissional: fisioterapeuta, fonoaudióloga e nutricionista, que prestam assistência domiciliar. É assistido por três técnicas de enfermagem que trabalham em regime de plantão. Os familiares entraram em contato afim de que o mesmo fosse avaliado por um cirurgião dentista odontogeriatra, tendo em vista, a percepção de sangramento gengival durante a higiene oral pelas cuidadoras. Durante a avaliação inicial, observou-se vedamento labial excessivo, recusa ao procedimento e dificuldades de acesso à cavidade bucal. Através do afastamento labial ativo e utilização do abridor de Molt (Fig. 3), foi conseguida a abertura necessária, bem como estabilização da mandíbula para realização do procedimento. Ao exame da cavidade oral observaram-se restos radiculares, gengivite, saburra lingual, tórus mandibular e exostoses. O paciente apresentava várias raízes dentárias com mobilidade e parcialmente recobertas por gengiva, formando cavidades que acumulavam restos alimentares de forma crônica, sendo deficiente a limpeza pela escova dental nessas regiões. Inicialmente foi realizada a desinfecção oral com clorexidina 0,12%embebida em gaze e higiene das raízes com cureta de dentina, onde se observou grande acúmulo de restos alimentares. Não foi realizada profilaxia antibiótica para o procedimento, visto que o paciente não apresentava indicação. Em seguida realizou-se a escovação dos restos radiculares e de toda a mucosa: gengiva, palato, bochechas, com escova dental macia e creme dental à base de Cloridrato de Benzidamida. A higiene da língua foi realizada com um dispositivo artesanal, confeccionado com espátulas de madeira, gaze e fita, imerso no antisséptico bucal. O uso de fio dental foi dispensado, poisnão havia dentes preservados com pontos de contato íntegros. Todas as etapas foram explicadas à cuidadora, sendo enfatizada a importância de se manter um bom estado de saúde bucal do paciente acamado, a fim de se prevenircomplicações locais e sistêmicas.desse modo a higiene oral foi realizada em sua totalidade, minimizando complicações ao paciente e trazendo-lhe conforto. O paciente permanece em acompanhamento mensal, sendo o procedimento realizado pelo odontogeriatra, oportunidade em que são reforçadas as orientações às cuidadoras, as quais mostraram adesão às orientações fornecidas.o acompanhamento do cirurgião dentista odontogeriatra é fundamental para provimento da assistência de

forma integral, atendendo às necessidades individuais do paciente e para o treinamento de cuidadores responsáveis pela assistência diária. Fig.1- Materiais usados para executar higiene oral. Fig. 2- Paciente acomodado em cadeira adaptada, para o procedimento. Fig.3 Abridor de boca de Molt, permitindo acesso à cavidade oral. Fig. 4- Higiene oral com uso de escova macia e dentifrício.

Fig. 5- Curetagem de raízes residuais com cureta de dentina. Fig. 6 Remoção da saburra lingual com espátula de madeira e gaze DISCUSSÃO A doença de Alzheimer chega a atingir cerca de40% das pessoas acima de 85 anos. O déficit de saúde bucal desses pacientes, geralmente,está relacionado a cárie e problemas periodontais (gengivite periodontite) devido à deficiência no controle da placabacteriana e à hipossalivação medicamentosa, bastantefreqüente. O uso de próteses mal adaptadas e desgastadas,a presença de lesões de mucosa, são extremamente comuns.infelizmente há falta de ações preventivas voltadas parapromoção de saúde e adequação do meio bucal desses, indivíduos 5. A condição de higiene oral está relacionada com o número de espécies de bactérias na boca. Em pacientes com higiene oral precária, que não se alimentam via oral, outros fatores ainda predispõe esses indivíduos, a exemplo da diminuição da autolimpeza, promovida pela mastigação de alimentos duros e fibrosos e a movimentação da língua e das bochechas durante a fala, redução do fluxo salivar, pelo uso de alguns medicamentos, contribuindo para o aumento do biofilme. A higiene oral precária está relacionada a infecções pulmonares subsequentes, ocorrência de febre e pneumonia 4,6 A pneumonia aspirativa em idosos é frequentemente causada por disfunções na deglutição e no reflexo de tosse. Pacientes com problemas cerebrovasculares ou neurológicos apresentam uma diminuição da sensibilidade do reflexo de tosse, sobretudo aqueles em avançado estado da doença de Parkinson. A disfagia, caracterizada pelo

distúrbio da deglutição, está principalmente presente em pacientes com demência e AVC. Tais disfunções levam a aspirações silinciosas, predispondo a infecçoes pulmonares bacterianas e DPOC, quando o mecanismo de defesa pulmonar está debilitado 6. Idosos com AVC, Mal de Parkinson e com demência são particularmente de alto risco e, devido a essas doenças, é necessário que não negligenciem a higiene oral, seja edêntulo ou não. A mesma, quando realizada de forma diária, estimula nervos sensoriais na cavidade oral, melhorando o reflexo de deglutição 6. Pacientes idosos que apresentam habilidade motora ainda preservada, devem ser estimulados a executar a higiene oral, porém, os que apresentam perda da capacidade cognitiva frequentemente são incapazes de realizá-la, devendo essa tarefa ser executada por cuidadores devidamente treinados ou profissionais de enfermagem. A supervisão e orientação de um cirurgião dentista se faz necessária a fim de melhorar a frequencia e eficiência das atividades e de permitir a intregração das ações 7. Dentre os recursos materiais para a execução da higiene oral recomenda-se a escova dental de cabeça pequena e cerdas macias, as quais devem ser direcionadas para o sulco gengival ou as escovas elétricas para aqueles com algum grau de deficiência motora. As mesmas devem ser usadas por um período médio de dois meses. O fio dental deve ser usado sempre que possível, pois complementa a limpeza da região interdental. O uso de suporte para fio podem ser um recurso adicional para pacientes com dificuldade motora. Limpadores de língua devem ser usados para remover a saburra lingual, desobstruindo as papilas linguais, promovendo melhorada percepção gustativa e redução da halitose 7,8. O uso de dentifrício deve ser mantido por suas propriedades levemente abrasiva e detergente, não devendo ultrapassar um terço da escova. No caso de pacientes dentados que não conseguem fazer bochecho, deve ser utilizado o colutório com flúor, embebido na escova 7. Quando o paciente não consegue abrir a boca, ou mantê-la estável, o uso de abridores se fazem necessários, a fim de se permitir acesso à cavidade bucal. Existem vários tipos de abridores de boca no mercado odontológico, porém o mais indicado para uso por cuidadores é o confecccionado com espátula de madeira e gaze (Fig. 1). Esse tipo de abridor, além de proporcionar boa abertura bucal, é de fácil apreensão e controle pelo acompanhente 7,8 Além dos recursos descritos, podem ser citados outros meios mecânicos de limpeza, a exemplo das escovas interdentais, passa fio, irrigadores de água sob

pressão,além de outros, devendo cada recurso ser avaliado e indicado pelo cirurgião dentista, considerando o quadro geral de cada paciente 8. CONCLUSÕES A higiene oral em idosos dependentes requer cuidados adicionais em sua execução, em virtude das limitações cognitivas apresentadas pelos mesmos. Trata-se de uma prática de fundamental importância para a prevenção de complicações locais e sistêmicas e para o conforto dos pacientes, os quais já não têm condições de executar atividades de autocuidado. Cuidadores e familiares devem ser treinados e motivados pelo cirurgião dentista, quanto à necessidade de manutenção de uma boa higiene bucal desse público, a fim de que possam enfrentar as dificuldades inerentes à execução da higiene oral de pacientes dependentes com consciência e comprometimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Casotti, CA, Rocha M, Francisco, KMS, Nery AA, Meira, SS. Correlação entre os índices de higiene oral simplificada e cárie dentária. Odontol. Clín-Cient.,2014; jan/mar;13(1):345-349 2. Vendola, MCC, Neto, AR. Bases Clínica em Odontogeriatria. São Paulo. Editora Santos, 2009. 212-213 3. Haddad, AS. Odontologia para pacientes com necessidades especiais. São Paulo. Editora Santos, 2007; 518-520. 4. Amaral,SM, Cortês, AQ, Pires, FR. Pneumonia nosocomial: importância do microambiente oral. J BrasPneumol.2009; nov; 35(11): 1116-1124 5. Alexandre FM, Lia EN, Leal SC Miranda MPAF, Doença de Alzheimer: características e orientações em odontologia. RGO, 2010; jan/mar; 58(1): 103-107 6. Mukai, MK ; Galhardo, APM ; Shiratori,LN ; MORI, M. ; GIL, C. Manobras odontológicas para diminuição do risco de pneumonia aspirativa em idosos. RPG. Revista de Pós-Graduação (USP). 2010; 16: 43-48 7.Montenegro FLB, Marchini L. Odontogeriatria: uma visão gerontológica.rio de Janeiro:Ed. Elsevier, 2013,360 p. 8. Pita, MS. Cuidados com a higiene bucal do idoso: orientações, materiais e métodos utilizados. Revista Uningá. 2009;out/dez; 22:167-183.