Cidades globais e megacidades Na foto, Munbai, Índia Milton Santos chama a atenção para o importante fato de que não há um espaço global, mas apenas espaços da globalização, ligados por redes. Propõe que a globalização seja encarada na perspectiva de uma geografia das redes. As cidades globais são exatamente os pontos de interconexão privilegiados da rede de fluxos da globalização, do espaço de fluxos. Deve ser lembrado que as cidades globais, uma definição qualitativa, não coincidem necessariamente com as megacidades, aglomerações com mais de 10 milhões de habitantes, de acordo com a O N U, definidas por um critério quantitativo. Zurique, na Suíça, em 2000, tinha 955 mil habitantes, em 2005 deverá ter 984 mil (World urbanizatíon prospects: the 2003 revision), mas é uma cidade global pelo papel de comando que desempenha na rede urbana mundial. É sede de importantes empresas e apresenta alta densidade de objetos técnicos conectando-a aos fluxos globalizados. Há poucas pessoas marginalizadas nessa cidade suíça. Por outro lado a região metropolitano de Dacca, em Bangladesh, no mesmo ano tinha 10,2 milhões de pessoas (em 2005 deverão ser 12,6 milhões), sendo, portanto uma megacidade, mas não uma cidade global, devido à carência de objetos técnicos e à sua reduzida importância em termos de serviços globais financeiros, comerciais, turísticos etc. Além disso, uma grande parcela de sua população está abandonada, desconectada, marginalizada dos fluxos globais. Feita essa distinção, somos levados a discordar de Castells quando diz: As megacidades articulam a economia global, ligam as redes informacionais e concentram o poder mundial.
As responsáveis por isto são as cidades globais, onde há maior densidade de objetos técnicos, e não as megacidades. É que coincide de algumas das maiores megacidades do mundo serem também cidades globais - Nova York e Tóquio (duas das quatro mais importantes), além de Los Angeles, Cidade do México, São Paulo, Osaka, Jacarta, Xangai, Pequim e Buenos Aires. Por outro lado, as outras duas das quatro mais importantes cidades globais Londres e Paris - não são consideradas megacidades, segundo o critério da ONU, pois têm menos de 10 milhões de habitantes. SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003. p. 135-6. Os Tecnopolos ou cidades tecnológicas O conceito de tecnopolo foi posto em prática pela primeira vez no Japão, quando o governo realizou uma política de instalação de vinte cidades científicas. A idéia ganhou força na Europa, mais especificamente na França; porém o melhor exemplo é o Silicon Valley (Vale do Silício), no estado da Califórnia (EUA). Sede da gigante Google em Silicon Valley Um novo tipo de capital se destaca na era da informação: o capital intelectual. Existe uma sociedade pós-industrial que valoriza esse capital e cujas indústrias não dependem de grandes concentrações urbanas. Por isso, os tecnopolos são criados em cidades onde a qualidade de vida é melhor. O conceito de tecnopolo reúne em si, o capital intelectual, apoio governamental em ensino e tecnologia e investimento da iniciativa privada que busca aplicação de conhecimento em suas linhas de produção. Eles podem nascer espontaneamente ou ser planejados (technopôles), entre eles: Montpellier, Lyon e Nantes, Toulouse e Paris. No Japão, destaca-se Tsukuba. Esses centros são sustentados pela aliança entre o governo, a iniciativa privada e o meio acadêmico (universidades e pesquisas).
Essa busca pela qualidade de vida em cidades médias é chamada contrametropolização, uma vez que não se trata de um retorno às zonas rurais, é uma busca de estruturas de cidades que ofereçam recursos e facilidades, mas que também prezam pela qualidade de vida. Nos tecnopolos não existe uma cadeia industrial baseada na complementação de produtos, e sim uma produção em que o principal capital é o conhecimento. A infra-estrutura de fibra óptica, de internet de banda larga e telecomunicações é condição essencial para a instalação dos tecnopolos. Outro ponto fundamental é a universidade. No Brasil, a pioneira é a Unicamp, em torno da qual se desenvolveu o tecnopolo de Campinas. Destacam-se também, São José dos Campos (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e São Carlos (Universidade Federal de São Carlos). Cidade de Campinas, SP, cidade responsável por 4% do PIB brasileiro. Um dos maiores pólos de ciência e tecnologia com 89 mil alunos matriculados no ensino superior, devido ao seu grande tecnopolo, Campinas é um dos maiores centros econômicos da América Latina.