ESTUDO DA DINÂMICA DOS ÍNDICES EMERGÉTICOS DE UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA



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Transcrição:

ESTUDO DA DNÂCA DOS ÍNDCES EEGÉTCOS DE UA UNDADE DE PODUÇÃO AGOECOLÓGCA Agostinho 1,.D..; Ortega 2 E. Palavras Chave: Agroecologia, Desenvolvimento Sustentável, Economia Ecológica, Emergia, eio Ambiente. 1. NTODUÇÃO Através da evolução Verde, a agricultura obteve grandes safras, mas que trouxeram em seu rastro uma série de problemas ambientais e sociais [1]. Segundo ood and Agriculture Organization (AO) citado por Pretty [2], a agricultura produz muito mais do que alimento, fibra ou óleo, ela resulta em grandes impactos nos ecossistemas, chamados de externalidades, que são definidos como os custos da utilização do ambiente para a produção de determinado produto, que atualmente não estão incluídos no preço final do produto, ou seja, os recursos naturais são utilizados gratuitamente, e degradados sem que haja recuperação, garantindo eficiência econômica para os modelos convencionais de produção. Aproximadamente 85% da energia incorporada aos alimentos através da agricultura provêm do petróleo, adquirindo caráter não sustentável. Segundo eadows [3], a continuidade desse modelo de desenvolvimento acarretará no colapso mundial nos próximos 50 anos. Dessa forma, o desenvolvimento deve estar ligado à sustentabilidade. Há modelos de produção agrícola que visam o equilíbrio econômico, social e ambiental. Ao mesmo tempo, tem-se que ter uma metodologia econômica que leve em consideração todas as contribuições ao sistema produtivo e avalie sua sustentabilidade. Nesses casos, a economia neoliberal está ultrapassada devendo ser substituída pela economia ecológica. Desde a década de 90, a análise emergética 3 vem sendo utilizada como importante ferramenta em estudos de planejamento de sistemas agro-ambientais, e constitui um subsídio relevante quando se deseja formular propostas de exploração racional para o 1 UNCAP- Laboratório de Engenharia Ecológica, aculdade de Engenharia de Alimentos. ua onteiro Lobato, 80. Caixa Postal 6121 CEP 13083-862. Campinas/SP. Brasil. ax: (19)32891513. eni Dalano oosevelt Agostinho - feni@fea.unicamp.br -Telefone: (19) 37884058. 2 UNCAP - Enrique Ortega odriguez - ortega@fea.unicamp.br - Telefone (19)37884058 3 Emergia é toda a energia necessária para um ecossistema produzir um recurso (energia, material, serviço da natureza, serviço humano) [4]. etodologia desenvolvida por Odum [5]. ev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007 979

planejamento de uso sustentado das terras [6], pois leva em consideração a contribuição da natureza, evidenciando o custo real do sistema. O presente trabalho estuda a evolução de uma unidade de produção agrícola agroecológica 4 através de índices emergéticos obtidos em três anos distintos. 2. ATEAL E ÉTODOS Essa pesquisa usa o método da análise emergética recomendado por Odum [5] para avaliar a dinâmica dos índices emergéticos de um sistema de produção agroecológico. O Sítio Duas Cachoeiras está localizado no unicípio de Amparo SP, em uma região predominantemente de mata atlântica de altitude, nos contrafortes da Serra da antiqueira, na Bacia Hidrográfica do io Piracicaba. Possui clima de região serrana, com temperaturas variando de 33º à -4ºC, com precipitação anual média de 1500mm. O sítio foi formado pelo desmembramento de grandes fazendas produtoras de café existente há 30 anos atrás. Trata-se de uma propriedade familiar, onde até 1985, produzia gado para corte e leite convencionalmente 5. Depois de 1985, o sítio passou a adotar o modelo de produção agroecológico, onde até hoje, produz através desse conceito. Nesse projeto, foram realizadas análises emergéticas em três anos distintos: a)1980; b)1990; c)2004. Os índices emergéticos das três análises obtidos, foram graficados para estudar a evolução do sítio em busca da sustentabilidade ambiental e econômica. 3. ESULTADOS E DSCUSSÃO A evolução dos índices emergéticos pode ser visualizada nas iguras 1, 2, 3 e 4. 3.1. Análise da variação dos fluxos de emergia (igura 1) A entrada de recursos renováveis ( ) quadruplicou de 1980 a 2004, enquanto a entrada de recursos não-renováveis ( N ) teve uma queda de 70% para o mesmo período, resultando num acréscimo de em 67%. 4 É uma ciência que busca o entendimento do funcionamento de agroecossistemas complexos, bem como das diferentes interações presentes nestes, tendo como princípio a conservação e a ampliação da biodiversidade dos sistemas agrícolas como base para produzir auto-regulação e conseqüentemente sustentabilidade [7]. Para Altiere [8], a agroecologia é uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo. 5 odelo convencional de produção é aquele em que a única preocupação é com questões econômicas, ou seja, degrada o meio ambiente e vai contra os problemas sociais para obter lucro. Não leva em consideração as futuras gerações e a importância dos ecossistemas. É totalmente dependente de recursos não renováveis, portanto são insustentáveis. 980 ev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007

7,E+15 6,E+15 Y Y Y 16 14 luxos [sej/ha.ano] 5,E+15 4,E+15 3,E+15 2,E+15 N N 1,E+15 N S S S 0,E+00 Adimensional 12 10 8 6 4 2 0 EY E EE ent. igura 1 Variação dos fluxos de emergia do Sítio Duas Cachoeiras. {Y=emergia total; =renováveis; N=não-renováveis; =recursos da natureza (=+N); =materiais; S=serviços; =recursos da economia (=+S)} igura 2 Variação dos índices emergéticos do Sítio Duas Cachoeiras. {EY=taxa de rendimento; E=taxa de investimento; EE=taxa de intercâmbio; entabilidade=rentabilidade econômica} 520000 80 70 Transformidade [sej/j] 420000 320000 enovabilidade [%] 60 50 40 30 20 10 220000 0 igura 3 Variação da transformidade do Sítio Duas Cachoeiras. igura 4 Variação da renovabilidade do Sítio Duas Cachoeiras. As entradas de materiais ( ) e serviços ( S ) tiveram queda de 50%, reduzindo o valor de em aproximadamente 50%. sso evidencia que sistemas agroecológicos conseguem produzir através de mais recursos da natureza do que recursos da economia, tornando-o mais resiliente a pressões de mercado externo. A entrada de recursos renováveis deve ser sempre maior que a de não renováveis para garantir a sustentabilidade do sistema. Percebe-se ainda, que o valor da emergia total ( Y ) permaneceu quase inalterada ao longo dos anos. sso se deve ao fato da análise emergética contabilizar todos os recursos que entram no sistema, pois mesmo com a queda da entrada de recursos da economia, a entrada de recursos da natureza aumentou na mesma proporção. Essas grandes mudanças nos fluxos devem-se ao fato de o sítio ev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007 981

produzir convencionalmente antes de 1985 e, somente depois dessa data, passou a adotar práticas agroecológicas. A partir da atual fase, os fluxos do sítio atingirão um ponto de estabilidade pouco diferente dos valores atuais e aí permanecerão. 3.2. Análise da variação dos índices emergéticos (igura 2) A taxa de rendimento é obtida através da divisão da emergia total pela entrada de recursos da economia (EY=Y/). Esse índice cresceu de 1980 até 2004, evidenciando que o sítio está consumindo menos insumos da economia. as ao mesmo tempo, está consumindo na mesma proporção mais recurso da natureza, por isso o crescimento não foi acelerado. A taxa de investimento, que é calculada através da divisão dos recursos da economia pelos recursos da natureza (E=/), sofreu uma queda de 67%, evidenciando que o sítio está diminuindo as entradas de recursos da economia e aumentando as entradas de recursos da natureza, renováveis ou não renováveis. A taxa de intercâmbio, que é obtida pela divisão da emergia total pela emergia recebida pela venda dos produtos (EE=Y/$), também decresceu ao longo dos anos, mostrando que o sítio está recebendo pela venda de seus produtos, toda a emergia empregada na produção. Esse fato é alcançado porque o sítio produz organicamente e consegue bons preços para seus produtos, além de possuir um valor de Y menor do que as unidades de produção convencionais. A entabilidade Econômica cresceu da ordem de sete vezes, de 1980 até 2004, evidenciando que o sítio consegue produzir a baixos custos e vender seus produtos a um bom preço. 3.3. Análise da variação da transformidade (igura 3) A transformidade ecossistêmica é definida como o inverso da eficiência. Ela é calculada através da divisão entre a emergia (sej) que entra no sistema pela energia (J) que o sistema produz. Sendo assim, quanto menor for seu valor melhor é o desempenho do sistema avaliado. Pela igura 3, percebe-se que a transformidade teve um pequeno acréscimo nos anos de 1986 e 1987 (no ano de 1985 iniciou-se a mudança de convencional para agroecológico), mas depois decresceu muito em 2004, reduzindo em 42% do valor inicial. 3.4. Análise da variação da renovabilidade (igura 4) A renovabilidade é calculada através da divisão dos recursos naturais renováveis pela emergia total utilizada pelo sistema de produção (%=/Y). Através da igura 4, 982 ev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007

percebe-se o aumento desse índice para o sítio analisado, o qual passa de 23% em 1980 para 68% em 2004, evidenciando sua sustentabilidade. Os sistemas agroecológicos possuem capacidade de aproximar-se da auto sustentabilidade, que é resultado da diversificação na produção e reciclagem interna de nutrientes, conseguindo bons preços de venda para seus produtos e sendo menos dependente de recursos da economia. 4. EEÊNCAS BBLOGÁCAS [1] Ehlers, E. 1996. Agricultura sustentável Origens e Perspectivas de um Novo Paradigma. Ed. Livros da Terra. São Paulo. [2] Pretty, J.N.;Brett, C.; Gee, D.; Hine,.E.; ason, C..; orison, J..L.; ayment,.d.; van der Bijl, G; Dobbs, T. POLCY AND PACTCE: Policy Challenges and Priorities for nternalizing the Externalities of odern Agriculture. Journal of Environmental Planning and anagement, 44(2), 263-283. 2001 [3] eadows, D.H.; eadows, D.L.; anders, J.; Behrens, W.W. Limites do Crescimento. Editora Perspectiva. 2 a edição. 1978. [4] Ortega, E. Emergia: uma medida do trabalho envolvido na produção dos ecossistemas. 1999. Acessado em 05/08/2004. http://www.unicamp.br/fea/ortega/nipe99/sld001.htm [5] Odum, H.T. 1996. Environmental Accouting: Emergy and Environmental Decision aking. John Wiley & Sons, nc., New York, USA. [6] Comar,.V. 1998. Avaliação emergética de projetos agrícolas e agro-industriais no Alto io Pardo: a busca do Desenvolvimento Sustentável. Tese de Doutorado. Campinas-UNCAP. [7] Assis,.L.; omeiro, A.. Agroecologia e agricultura orgânica: controvérsias e tendências. n: Desenvolvimento e eio Ambiente: Caminhos da agricultura ecológica. Curitiba, P. Editora UP, n. 6. 2002. [8] Altiere,. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 2ª edição. Porto Alegre: Editora Universidade/UGS. 2000. ev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007 983