DAYS DE SOUZA LUIZA KLIPP DE OLIVEIRA



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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA DAYS DE SOUZA LUIZA KLIPP DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO APARELHO DE MICHIGAN NA REDUÇÃO E/OU ELIMINAÇÃO DE SINTOMAS RELACIONADOS AO OUVIDO DE PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM) Itajaí (SC) 2010

2 DAYS DE SOUZA LUIZA KLIPP DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO APARELHO DE MICHIGAN NA REDUÇÃO E/OU ELIMINAÇÃO DE SINTOMAS RELACIONADOS AO OUVIDO DE PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. MsC. Casimiro M. Martins Filho Itajaí (SC) 2010

3 DAYS DE SOUZA LUIZA KLIPP DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO APARELHO DE MICHIGAN NA REDUÇÃO E/ELIMINAÇÃO DE SINTOMAS RELACIONADOS AO OUVIDO DE PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM) O presente Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, ao dia 24 do mês de setembro do ano de dois mil e dez, foi considerado aprovado. 1. Prof. MsC. Casimiro Manoel Martins Filho Curso de odontologia da universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) 2. Prof. Dr. Rafael Saviolo Moreira Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) 3. Prof. Dr. Glauco Brandl Curso de Odontologia da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)

4 AGRADECIMENTO GERAL Agradeçemos em primeiro lugar a Deus que nos ilumina todos os dias. Agradeçemos ao nosso orientador Casimiro pela atenção e dedicação ao nosso trabalho, tanto nas correções da parte escrita quanto nas clínicas com a discussão dos casos e orientação dos procedimentos. Ao professor Molleri que nos ajudou na parte clinica. Aos professores Rafael e Glauco por aceitarem compor nossa banca, analisar e fazer suas considerações para tornar este trabalho melhor. A funcionária Lores pela consideração em ter nos ajudado a localizar os prontuários, ao Adilson pelo apoio técnico, ao Serginho e Josué na parte laboratorial. Aos professores Bete e Nivaldo impecáveis em suas correções, pelo apoio e amizade. A todos os professores por nossa formação. AGRADECIMENTOS DAYS Ao André, por me incentivar nesta caminhada, por ser meu companheiro em todas as horas, pelo apoio, cumplicidade e compreensão, te amo; Aos meus pais Helena e Osvaldo, que muitas vezes abdicaram de si próprios pelas minhas causas e que com o mais profundo amor, me ensinaram cada conduta, cada gesto, cada valor, cada sentimento que hoje fazem parte do meu caráter; meus irmãos Wagner e Duarth, pela amizade e companheirismo; De maneira muito especial aos meus sogros Edevaldo e Paula por estarem sempre presentes, pelo companheirismo e por todo esforço dedicado visando a minha felicidade; A minha dupla Luiza, pela amizade e parceria neste trabalho; A minha amiga Maria Helena por toda amizade e apoio; A Gisele e ao Adilson que me ajudaram e auxiliaram em muitos momentos; Enfim, agradeço as amizades conquistadas durante a faculdade e guardarei com muitas saudades. Obrigada, Days

5 AGRADECIMENTOS LUIZA Aos meus pais Dirceu e Maria por sempre acreditarem em mim, nos meus sonhos, por estarem sempre presentes e pelo seu amor. A minha tia Eleusa, que é uma pessoa muito especial, as minhas irmãs Cristina e Marcela pela amizade, ao meu namorado Guilherme pelo companheirismo. A minha dupla Days, pela amizade e parceria neste trabalho. Agradeço as amizades da faculdade, a todos aqui presente que prestigiaram nossa apresentação, Um muito obrigada, Luiza

6 AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO APARELHO DE MICHIGAN NA REDUÇÃO E/ELIMINAÇÃO DE SINTOMAS RELACIONADOS AO OUVIDO DE PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM) Days de SOUZA e Luiza Klipp de OLIVEIRA Orientador: Casimiro Manoel Martins Filho Data da defesa: 24 setembro de 2010 Resumo: A disfunção temporomandibular (DTM) é caracterizada por diversos sintomas, entre eles dor temporal, dor articular, hipoacusia, tontura, vertigem, dor de cabeça, sensação de queimação da língua, dificuldade na mastigação. O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade do aparelho de Michigan na redução e/ou eliminação de sintomas relacionados ao ouvido de pacientes com DTM. A população alvo foi constituída por 24 pacientes voluntários da clínica de oclusão da UNIVALI. O critério de seleção levou em consideração o fato de o paciente apresentar sintomatologia dolorosa do ouvido e não possuir patologia no ouvido, confirmada por avaliação de um otorrinolaringologista. Com estes pacientes fez-se anamnese, com questões sobre hábitos de vida e parafuncionais. Após, foi confeccionado o aparelho de Michigan para cada paciente. Ao longo do tratamento, cada paciente compareceu entre cinco a doze seções de tratamento (Tn), quando foi observada e acompanhada o desenvolvimento do caso. Da amostra dos 24 pacientes, após o início da utilização do aparelho de Michigan, 3 pacientes (12,5%) tiveram o desaparecimento total dos sintomas na 4ª sessão, 2 pacientes (8,3%) ficaram assintomáticos na 5ª sessão, 11 pacientes (45,85%) na 6ª sessão, 1 paciente (4,16%) na 7ª sessão, 1 paciente (4,16%) na 8ª sessão. Seis pacientes (25%) tiveram o retorno dos sintomas nos momentos de estresse emocional. Concluiu-se que os sintomas relacionados à DTM e ouvido, presente em 100% dos pacientes selecionados, desapareceram em 75% dos casos não havendo reincidência, porém, 24%, apesar de responderem favoravelmente ao tratamento, retornaram nos momentos de estresse. Palavras-chave: articulação temporomandibular, dor de ouvido, disfunção, mandíbula.

7 SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO...08 2 REVISÃO DE LITERATURA...10 3 MATERIAIS E MÉTODOS...29 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO...31 5 CONCLUSÃO...37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...38

8 1 INTRODUÇÃO A articulação temporomandibular (ATM) difere das outras articulações porque suas superfícies articulares não são revestidas por cartilagem hialina, mas por tecido fibroso não vascular contendo grau variável de células cartilaginosas. É então chamada de articulação fibrocartilaginosa. Outra característica dessa articulação consiste na sua duplicidade, fazendo parte do mesmo osso em seus dois extremos e, portanto, estabelecendo relação de interdependência durante a função. A ATM é formada pelo côndilo mandibular que se articula na fossa mandibular do osso temporal e, separando esses dois ossos para que não se articulem diretamente está o disco articular. O disco funciona como osso não calcificado. O mau funcionamento de alguma dessas estruturas, pode gerar disfunções com consequências desagradáveis ao indivíduo, pois como estabelecem significativa relação com os sistemas vizinhos, algumas vezes, sinais e sintomas provocados por má-oclusão dentária, podem se manifestar na região do ouvido e da cabeça, causando confusão quanto à etiologia. Interferências oclusais, em posições cêntricas, ou mesmo excêntricas, poderão desestabilizar o côndilo e provocar verdadeiro desequilíbrio nessa cadeia de atribuições, prejudicando o funcionamento da ATM. (MARTINS FILHO; MOLLERI, 2007) Os fatores etiológicos da disfunção temporomandibular (DTM) estão relacionados com alterações da estrutura mandibular, alterações neuromusculares, posturais da cabeça, do pescoço e do ombro, da condução nervosa local ou segmentar, bem como também existe relação com fatores gerais, entre elas, alterações hormonais, vasculares, do sistema nervoso (central e/ou periférico) e distúrbios psicológicos. Também é importante relacionar a sequência de tempo dos fatores envolvidos, como exemplo, o bruxismo, crônico e severo, que pode produzir um fator etiológico estrutural secundário, como atrição dentária severa, perda da dimensão vertical de oclusão (DVO), deslocamento mandibular e mudança na posição habitual do paciente. Condições patológicas da ATM podem ser consequência de fatores genéticos, congênitos ou adquiridos, haja visto que estes últimos desencadeiam deformidades severas da ATM e de setores extensivos das estruturas craniofaciais com alterações funcionais pronunciadas como

9 consequência. Este é o caso de desostose otomandibular, displasia oclovertibroauricular e outras síndromes congênitas. A DTM é caracterizada por diversos sintomas entre eles dor temporal, dor articular, hipoacusia, tontura, vertigem, dor de cabeça, sensação de queimação da língua, dificuldade na mastigação. A maioria da população, em geral, não tem conhecimento para identificar os distúrbios oclusais, e em alguns casos procuram profissionais da saúde não habilitados, que, por sua vez, acabam por agravar o problema, pois tratam os sintomas e não a etiologia, estendendo o tratamento por longo tempo. Uma das formas de tratamento dos sintomas da DTM é a desprogramação neuromuscular utilizando o aparelho de Michigan, que consiste em uma placa removível, usualmente feita em resina acrílica, que se adapta à superfície oclusal e incisal dos dentes. Essa superfície deve ser polida, sem irregularidades, para demarcar corretamente os contatos oclusais. Outro objetivo deste aparelho é manter as guias caninas, e não apresentar contatos nos elementos anteriores, sendo frequentemente utilizado para tratamento de pacientes com DTM, e em tratamento de doenças relacionadas à dor de cabeça e tensão no pescoço. A utilização do aparelho de Michigan provoca uma alteração no padrão de contato oclusal, percebida pelos receptores periodontais, musculares e capsulares da ATM, por sua vez detectada pelas terminações proprioceptivas e enviadas ao núcleo do quinto par craniano, alcançando em seguida a formação reticular e a córtex cerebral. Estas novas informações inibem os músculos que atuam sobre a ATM, promovendo relaxamento muscular e articular. (MOLINA, 1989) Com este trabalho temos como objetivo avaliar a efetividade do aparelho de Michigan na redução e/ou eliminação de sintomas relacionados ao ouvido de pacientes com Disfunção Temporomandibular (DTM).

10 2 REVISÃO DE LITERATURA Molina (1989) refere que a mastigação deve ser bilateral alternada multidirecional, iniciando e terminando em oclusão cêntrica (ou nas proximidades desta posição) uma vez que desta forma estimula a membrana periodontal, os músculos mastigatórios e as articulações temporomandibulares. Este padrão também fixa os circuitos neuromusculares proprioceptivos promovendo maior estabilidade oclusal. Através de pesquisas citadas pelo autor, constatou-se que este padrão mastigatório ocorre quando se obtêm boas guias oclusais de cada lado e quando há suficiente número de dentes, e se eliminam todas as interferências e contatos oclusais prematuros. A função normal é aquela em que os dentes e as estruturas de suporte são estimuladas alternadamente, permitindo uma transferência balanceada de forças, de forma que os músculos possam funcionar com seus períodos de "trabalho e repouso" alternados. Conti, Miranda e Ornelas (2000) estudaram, através de vibratografia da articulação temporomandibular (ATM), a presença e o tipo de ruído presente em pacientes de disfunção craniomandibular (DCM), quando comparada com um grupo controle. Foi utilizada uma amostra de 43 indivíduos. O grupo experimental foi constituído por 24 indivíduos. O grupo controle foi formado por 19 pacientes. Os critérios utilizados foram a ausência de tratamentos protéticos extensos e patologias sistêmicas reumáticas. Toda a amostra foi submetida ao exame da musculatura mastigatória e avaliação da ATM. Todos os participantes foram submetidos à análise dos ruídos articulares. Os resultados apontaram que a partir de uma amostra formada por 29 pacientes do sexo feminino e 14 do sexo masculino, no grupo I, 79% corresponderam ao sexo feminino e 21% ao sexo masculino. No grupo controle, 52% corresponderam ao sexo feminino e 48%, ao masculino. No exame da palpação manual, foi observado estalido simples ou recíproco e/ou crepitação em 53%. No grupo de DCM, essa porcentagem foi de 62%, enquanto que no grupo controle foi de 42%. Os autores concluíram que os ruídos articulares são mais frequentemente encontrados numa população com sintomas de DCM. D`Antonio et al. (2000) avaliaram a prevalência de disfunção temporomandibular (DTM) em pacientes com otalgia. Após a distribuição dos pacientes por sexo e idade, os profissionais avaliaram os sintomas associados e

11 achados de exame físico destes pacientes. A amostra foi de 3.895 indivíduos. Aproximadamente 13,42% queixaram-se de otalgia. Foi distribuído um questionário. Entre os 90 pacientes que apresentaram exclusivamente o diagnóstico de DTM, (73 pacientes do sexo feminino, com idade média de 38 anos), foi encontrada uma relação feminino: masculino de 4,2:1 (p<0,001), enquanto que a mesma razão para todos os pacientes atendidos no mesmo período foi de 1, 2:1. O início da otalgia variou de 01 dia até 20 anos (média de 10 meses). Em 54,4% - p<0,001, a otalgia vinha apresentando piora progressiva; houve melhora da queixa em 5,6% e nos 40% restantes, manutenção do quadro doloroso. A otalgia era contínua em 38,9% e acompanhada de dor em estruturas temporomandibulares em 80%. Outros sintomas associados foram cefaléia, ocorrendo em 54,4%, zumbido em 51,1% dos casos, percepção de sons articulares em 37,8%; tontura em 31,1% dos pacientes. Foi identificado vertigem em 12,2% dos casos. O exame físico revelou dor à palpação da ATM e/ou estruturas correlatas em 55,6% dos pacientes, estalido em movimento de abertura e fechamento da boca em 24,4%, e estalido em abertura da boca em 28,9% dos pacientes. Com relação ao estado dentário, 80% dos pacientes apresentaram alterações dentárias. Cerca de 48% (- p<0,05) usavam prótese dentária e má-oclusão dentária foi observada em 63,3%. Os autores concluíram que as DTM foram responsáveis por 13,4% dos casos de otalgia em pacientes encaminhados para avaliação otorrinolaringológica. Houve marcante predomínio de pacientes do sexo feminino, na quarta década de vida. Gutierrez et al. (2001) analisaram a relação entre o sintoma referido e o comprometimento real do sistema auditivo nos distúrbios temporomandibulares de origem biomecânica. A amostra foi de 44 pacientes. Foram selecionados 14 pacientes que obedeceram aos critérios: diagnóstico de DTM de origem biomecânica, ambos os sexos numa faixa etária entre 15 e 60 anos de idade, e que se queixavam de problemas auditivos. O tratamento odontológico foi dirigido à queixa principal, sendo os pacientes submetidos à placa de mordida, placa de reposição postural maxilomandibular, uso de antidepressivos tricíclicos ou infiltração anestésica. Houve predominância do sexo feminino (80%) e uma faixa etária entre 14 e 59 anos. Na ficha clínica inicial, 90% dos casos apontaram a presença de otalgia, 60% de perda auditiva, 50% de zumbido e plenitude auricular e 10% de vertigem. Oitenta por cento dos pacientes apresentaram queixa de dois a quatro

12 sintomas auditivos e 20% de um ou cinco sintomas. Relacionando dois sintomas otológicos muito frequentes (otalgia e zumbido) com os resultados audiológicos obtidos, a otalgia foi mais referida por mulheres (70%). Na etapa de pós-tratamento odontológico, 80% dos pacientes afirmaram melhora total do zumbido e 44% da otalgia. O único paciente com vertigem teve recuperação total deste sintoma. Os autores concluíram que as alterações auditivas estão relacionadas com o lado da queixa otológica. Os resultados audiológicos permaneceram sem mudanças significativas após o tratamento odontológico. Houve uma mínima variação nos resultados audiológicos, porém, considerou-se significativo do ponto de vista clínico a variabilidade da complacência estática. Manfredi, Silva e Vendite (2001) avaliaram o grau de sensibilidade e especificidade do Questionário para Dor Orofacial e DTM, recomendado pela American of Orofacial Pain, e correlacionaram esses achados com o exame clínico odontológico específico para diagnóstico de DTM. Foram analisados um total de 46 pacientes, com idade média de 31 anos. No exame clínico foram avaliados os itens queixa principal, presença de doença sistêmica, máxima abertura bucal, estalido das ATM ao abrir e fechar a boca, presença de desgaste dental, relato direcionado para presença de um quadro de estresse do paciente, palpação da musculatura mastigatória e região retrocondilar. Os músculos também foram avaliados. A média de máxima abertura bucal dos pacientes foi de 49mm. A presença de ruídos nas ATM teve 67,4% das respostas positivas e apenas 30,4% tiveram confirmada a presença de estalido intracapsular na avaliação clínica. Os principais sintomas de dor orofacial e distúrbios extracapsulares das ATM foram dor ao redor das orelhas (52,2% respostas positivas), têmporas (52,2% respostas negativas), cefaléias (56,5% respostas positivas); dores no pescoço (50,0% respostas negativas e 50,0% respostas positivas), e nos dentes (63,0% respostas negativas). Na avaliação clínica, os itens responsáveis pelo desgaste dental, resultado de uma provável parafunção, como o bruxismo, e o estresse, foram os possíveis fatores etiológicos. Os músculos que apresentaram a maior frequência de dor foram o pterigóide medial e o esternocleidomastoídeo. Os autores chegaram ao consenso que a queixa principal foi a dor facial difusa e irradiada. O questionário não definiu a presença e gravidade de patologias intracapsulares. Pascoal et al. (2001) avaliaram a prevalência dos sintomas otológicos em pacientes portadores de desordem temporomandibular (DTM), relacionando sua

13 presença com dor muscular e com a ausência de dentes posteriores. Avaliaram 126 pacientes de ambos os sexos, sendo 104 mulheres (82,5%), com faixa etária média de idade de 37 anos. A avaliação clínica foi feita através de questionário específico dos sintomas. No exame físico, procedeu-se à palpação dos grupos musculares que estão envolvidos nos processos fisiológicos do sistema. Foram encontrados sintomas otológicos em 80% dos pacientes avaliados. A correlação estatística entre dor à palpação e sintomas otológicos foi significante para dor referida em ouvido no temporal anterior (p<0,016). Para a correlação de sintomas entre si, encontrou-se significância entre dor referida e plenitude auricular (p<0,002), dor referida e tínitus (p<0,001) e plenitude e tínitus (p<0,0002). Quanto à presença de dentes posteriores, os resultados encontrados revelaram sua existência em 41,25%; presença parcial de dentes posteriores, em 22,25%; e ausência de dentes posteriores em 36,5% dos pacientes. Segundo os autores, tínitus, dor referida em ouvido, plenitude auricular e tontura foram sintomas prevalentes neste estudo. Quanto à dor referida no ouvido, tínitus, plenitude auricular e tontura foram significantes na correlação da dor com a palpação dos músculos masseter e esternocleidomastóideo. Não houve correlação entre a ausência de dentes posteriores e sintomas otológicos nessa casuística. Martins Filho, Brandão Filho, Saleh (2002) realizaram um estudo utilizando uma amostra de quinze pacientes portadores de dor de ouvido. Em todos os casos foi constatado algum tipo de interferência oclusal, e todos os pacientes faziam uso de medicação analgésica e foram orientados a suspendê-la. Em seguida foram confeccionados os aparelhos de Michigan. Todos os pacientes apresentavam sintomatologia dolorosa caracterizada por grau dez no início do estudo. Após uma semana de uso do aparelho, nenhum paciente relatou dor em grau maior que 5. Na segunda semana doze pacientes enquadravam-se entre os graus zero e um, e estes resultados persistiram nas semanas seguintes. Após oito semanas de uso do aparelho de Michigan 86,6% dos pacientes tratados apresentavam-se sem dor no ouvido. Felício et al. (2004) investigaram, após a caracterização da amostra quanto à frequência e severidade de sinais e sintomas de DTM, a associação dos sintomas auditivos com os achados odontológicos, com os outros sinais/sintomas relacionados à DTM. A amostra constituiu-se de 27 pacientes portadores de DTM. Vinte e cinco pacientes eram do sexo feminino e 2 do masculino, com idades entre 13 e 52 anos. Os resultados obtidos foram significantes quanto à presença de ruído

14 articular, dor muscular, dor na ATM, dor no pescoço, sensibilidade nos dentes, zumbido e plenitude auricular. Quanto à dificuldade para realizar os movimentos mandibulares e funções estomatognáticas houve dificuldade para abrir a boca, bocejar e mastigar. Com relação aos hábitos parafuncionais orais, verificou-se a presença de bruxismo e morder objetos ou outros hábitos. Não houve diferença estatística significante entre a presença e ausência dos hábitos de mascar chiclete, onicofagia e morder bochechas. Quanto aos fatores de risco para perda auditiva, a ausência foi significante em relação à exposição de ruídos, uso de medicamentos ototóxicos e antecedentes familiares. Quando analisados em conjunto, 15 sujeitos dos 27 não apresentaram qualquer fator de risco. O grau de severidade dos sintomas otalgia, zumbido e plenitude auricular foi correlacionado positivamente com o grau da maioria dos outros sinais/sintomas de DTM. Houve associação significante entre presença/ausência de dificuldade para abrir a boca e otalgia, dificuldade para fechar a boca e otalgia. A dificuldade para falar foi associada de modo significante com otalgia e plenitude auricular. Quanto aos hábitos parafuncionais orais verificouse correlação entre o número destes por paciente e o grau do sintoma plenitude auricular. Os autores concluíram que a amostra estudada apresentou alta incidência de sintomas otológicos, prevalecendo a plenitude auricular e o zumbido em relação à otalgia. Freire e Reis (2004) tiveram como objetivo realizar uma revisão de literatura quanto à correlação existente entre o zumbido auditivo e a disfunção temporomandibular (DTM). Alguns estudos anatômicos e microscópicos fornecem relações anatômicas entre a articulação ATM e a orelha média. Foi identificada, em um estudo, a presença de estruturas ligamentares que comunicam o disco intraarticular ao martelo. Há evidências conflitantes quanto à capacidade inerente dos ligamentos de mover os ossículos da orelha média. Foi analisado, em outro estudo, que não há uma base etiológica direta para se estabelecer uma relação entre sintomas otológicos e DTM. Foi denominado de Síndrome Otomandibular uma interação neuromuscular local complexa entre alguns músculos mastigatórios, orelha média e faringe. Pacientes com essa síndrome podem apresentar sintomas auditivos sem patologia identificada no nariz ou garganta, mas com um ou mais músculos mastigatórios envolvidos. Sintomas otológicos podem se correlacionar com DTM muscular, mas também podem ser apenas coincidentes. Fatores psicológicos e estresse podem agir como gatilhos ou facilitadores no desenvolvimento das DTM e

15 alterações otológicas. De acordo com a literatura, foi constatado não existir uma concordância entre os autores no que diz respeito ao sintoma zumbido e sua correlação com sinais e sintomas de DTM. Sofritti, Macedo e Guimarães (2004) avaliaram a prevalência de sintomas otológicos e sua evolução em pacientes em tratamento para disfunção temporomandibular (DTM). Participaram da amostra trinta pacientes. O critério utilizado para a seleção dos pacientes era que, no mínimo, tinham que apresentar três dos seguintes sinais e/ou sintomas: cefaléia, ruídos articulares, dor nos olhos, lacrimejamento, ardência nos olhos, dor nos dentes, rigidez mandibular, cansaço/ dor mandibular ao mastigar, artralgia, edema articular, desvio e deflexão. Dois questionários específicos foram entregues para os pacientes, sobre os sintomas otológicos. O tratamento constou de orientações, uso da férula neuromiorrelaxante e, conforme necessidade, fisioterapia e/ou acompanhamento psicológico. Dos trinta pacientes, a maioria era do sexo feminino (86,7%) com idade média de 41,2 anos. Foi encontrado, em ordem decrescente zumbido em 80% dos casos, otalgia em 76,7%, tontura em 73,3%, plenitude auricular em 70% e hipoacusia em 53,3%. Quase a totalidade da amostra (93,3%) apresentou dois ou mais sintomas otológicos. Os autores concluíram que as características dos sintomas otológicos em DTM são de intensidade leve ou moderada, aparecimento esporádico e relacionado com as estruturas do sistema estomatognático e, no caso de zumbido, predominância pelo som agudo. Até hoje não se conseguiu demonstrar de maneira conclusiva os mecanismos fisiopatológicos que justifiquem a presença de sintomas otológicos em desordem temporomandibular. Tanaka, Arita e Shibayama (2004) investigaram a real eficácia do aparelho de Michigan na estabilização oclusal em nível intra-articular, por meio da avaliação dos pacientes tratados com este aparelho demonstrando remissão dos sintomas, total ou parcial por ressonância magnética. O estudo utilizou uma amostra de quarenta pacientes, e estes pacientes apresentavam sintomas característicos de disfunção temporomadibular (DTM). Juntamente com o exame clínico, permitiu o estabelecimento de um diagnóstico adequado dos pacientes com DTM. Após isto, os aparelhos de Michigan foram fornecidos aos pacientes, para estes usarem por 12 meses e foram submetidos a controles quinzenais. Os resultados apontaram que 92,5% dos pacientes obtiveram alguma melhora, sendo 70% total melhora e 22,5% parcialmente e o restabelecimento da função do complexo craniomandibular. Os

16 autores constataram que a DTM pode ser tratada com placa de estabilização e os melhores resultados estão relacionados com a dispensa total ou parcial da sintomatologia dolorosa e ao restabelecimento funcional. A ressonância magnética demonstrou que a placa estabilizadora proporciona condições para que o organismo desenvolva meios para resistir às DTM por meio da eliminação de vários fatores etiológicos. Tomacheski et al. (2004) coletaram dados a respeito da incidência de DTM entre os acadêmicos do curso de Odontologia matriculados do 1º ao 5º ano e a utilização do prontuário. Foi utilizado um questionário que apontava a presença da DTM. Fizeram parte da amostra 271 estudantes. No sexo feminino, houve um percentual de 53,76% de portadoras de DTM leve, 6,87% portadoras de DTM moderada e 39,37% de não portadoras de DTM. No sexo masculino, 35,14% eram portadores de DTM leve, 2,70% portadores de DTM moderada e 62,16% não eram portadores de DTM. O total de portadores de DTM moderada foi de 5,17%. Na interrogativa se tem queixa de dor de cabeça, pescoço, ouvido com frequência, 71,95% respondeu não. Sobre alteração na capacidade auditiva, 88,56% respondeu não. Sensação de tamponamento auditivo, 63,83% respondeu não. Hábito de apertar ou ranger os dentes, 60,88% respondeu não. Músculos masseteres hipertrofiados, 92,98% respondeu sim. Cerca de 88,19% não apresentou dificuldade para dormir. Os autores concluíram que, as mulheres, em relação aos homens apresentaram maior incidência de DTM leve e moderada (53,76% e 6,87 nas mulheres, e 35,14% e 2,7% nos homens). Bove, Guimarães e Smith (2005) descreveram as principais características e condições de saúde de pacientes de um serviço de odontologia especializado em disfunção temporomandibular e dor orofacial e discutiram a inserção da assistência de enfermagem nesse serviço. O estudo foi realizado com 150 usuários. Classificouse os pacientes que apresentavam exclusivamente dor na região temporomandibular, separando-os dos que apresentavam dor na ATM acompanhada de outros sintomas e dos que não apresentavam dor, mas outros sintomas na região da face ou regiões próximas da ATM. Em relação à disfunção do aparelho mastigatório, 82% relataram terem um lado preferencial para mastigar, os outros hábitos orais foram incluídos como categorias de parafunção da mastigação, vinculadas à DTM. A maioria dos pacientes tem mais de um hábito oral sendo os mais citados o apertamento e ranger dos dentes. Quanto à higiene bucal, 85% dos

17 pacientes escovavam os dentes duas ou três vezes ao dia. Em se tratando dos cuidados com a saúde, 22% fumavam, 9% bebiam socialmente e 34% praticavam atividade física; 95% dormiam mais de 5 horas por noite. Considerando a percepção dos sintomas físicos, a maioria referiu dores de cabeça (84%) e problemas no aparelho locomotor, relatados através de dores em outras articulações (71%), dores musculares (61%), cãimbras (46%), limitação de algum movimento do corpo (45%), dores ósseas (43%), formigamentos (35%) e diminuição da sensibilidade (16%). Quanto aos sintomas emocionais, a maioria se sentia ansiosa (87%) e irritada (70%). Os autores conseguiram concluir as características dos pacientes que procuraram o serviço e a importância da inclusão da enfermeira para orientações de cuidados básicos de saúde integrada à assistência multidisciplinar. Corsini et al. (2005) determinaram a prevalência de sinais, sintomas e fatores associados a DTM, em adolescentes de 13-18 anos. A amostra constituiu-se de 116 alunos de 13 a 18 anos, do 7º ano do ensino básico e 4º ano do ensino médio do Colégio Bautista de Temuco, Chile, selecionando um curso por cada nível, segundo a disponibilidade de horário. Foi entregue aos participantes, um questionário com 11 perguntas referentes a sinais subjetivos, detectados por eles mesmos. Foi realizado, em seguida um exame de Screening Clínico, que avaliou os sinais e sintomas de DTM. Quanto ao teste Screning, 50,9% da amostra foi constituída por mulheres, com idade média de 15 anos. O sintoma com maior frequência foi o ruído articular, (37,9%); sentir a mandíbula rígida nas manhãs foi relatado por 23,3%; problemas em abrir a boca (8,6%); travamento da mandíbula (19%); dor de cabeça, nuca (35,3%) e dor ao redor dos ouvidos (12,1%). Os autores chegaram à conclusão que o ruído foi o sinal de maior frequência nesta amostra. Há concordância entre o percebido por adolescentes e o observado clinicamente quanto ao apertamento, dificuldade de mastigar, ruído e sensibilidade articular. Nas análises dos testes foi encontrada concordância entre as respostas. Não houve diferenças estatísticas entre a presença de sinais e sintomas em relação ao sexo. Pereira et al. (2005) tiveram como objetivo verificar os principais sinais e sintomas em sujeitos com disfunção temporomandibular (DTM). A amostra foi constituída de 08 sujeitos do sexo feminino, com idades variando de 19 a 43 anos. A dor foi à queixa principal apresentada pelos pacientes na anamnese seguido de dificuldade na mastigação (02 indivíduos), dificuldade na abertura de boca (01 indivíduo) e estalo (01 indivíduo). Quanto aos hábitos deletérios, 05 sujeitos

18 apontaram ter o hábito de apoiar a mão sobre a mandíbula. O bruxismo e o mascar chiclete foram referidos por 02 dos indivíduos. Morder o lábio foi relatado por 01 sujeito; onicofagia por 02 e morder objetos por 02 pacientes. Somente 01 paciente não referiu apresentar hábito parafuncional. Observou-se a presença do estalo em 05 sujeitos da pesquisa e de crepitação em 02 dos indivíduos. Sobre a relação dos aspectos emocionais e os sintomas de DTM, 87,5% dos indivíduos expuseram associação entre estes dois aspectos, descrevendo que em momentos de estresse os sintomas da patologia se acentuam, e 12,5% dos indivíduos não associam os sintomas da DTM aos aspectos emocionais. O zumbido, a otalgia e a plenitude auricular foram descritos por 62,5% dos pacientes, enquanto que a hipoacusia e a tontura por 37,5% dos pacientes. Somente 12,5% dos indivíduos não relataram nenhum sintoma auditivo. As autoras verificaram uma similaridade dos resultados encontrados na pesquisa com os artigos revisados, o que demonstra uniformidade quanto aos sinais e sintomas nestes pacientes. Tosato, Biasotto-Gonzalez e Gonzalez (2005) analisaram se o tempo de uso da chupeta influenciava no aparelho estomatognático em crianças que não apresentavam outros hábitos parafuncionais. Foram incluídas no estudo 90 crianças, entre três e sete anos de idade, sendo 49 meninas e 41 meninos. Para análise dos resultados, as crianças foram divididas em três grupos, de acordo com o tempo de uso da chupeta, como crianças que não usaram chupeta (33 crianças); as que fizeram uso de chupeta até dois anos de idade (14 crianças); e as que fizeram uso de chupeta até mais de dois anos de idade (43 crianças). Entre as crianças que não usaram chupeta, 32,2% apresentaram alguma dor; 17,7% cansaço ou dificuldade ao mastigar os alimentos. E 5,8% dor, cansaço e dificuldade ao mastigar os alimentos; e 5,8% dor, cansaço ou dificuldade na mastigação. Das crianças que usaram chupeta até dois anos, 15,3% apresentaram dor e 7,6% cansaço ou dificuldade ao mastigar os alimentos. Já entre as crianças que fizeram uso da chupeta até mais de dois anos, 34,8% apresentaram alguma dor; 13,9% cansaço ou dificuldade ao mastigar e 2,3% dor, cansaço e dificuldade na mastigação. Foi observado que, entre as crianças que não usaram chupeta e aquelas que usaram até dois anos, o aumento do tempo de uso da chupeta diminui de maneira significativa a média do número de sintomas de disfunção temporomandibular (r=-100). Depois de dois anos o aumento do tempo de uso da chupeta aumentou também de forma significativa a média do número de sintomas de DTM (r=1,00). Houve maior prevalência de

19 sintomas de DTM entre as meninas (53%) as quais apresentavam dor ou desconforto na região da ATM; já entre os meninos, 39% apresentaram alguns sintomas de disfunção. Os autores chegaram ao consenso que o tempo de uso da chupeta influenciou na prevalência de sintomas de disfunção temporomandibular de forma significativa. Santos et at. (2006) tiveram como objetivo verificar a prevalência de sinais e sintomas da disfunção temporomandibular, dos hábitos parafuncionais e das características oclusais em crianças na fase de dentadura decídua e mista. Foram examinadas 80 crianças, 42 do gênero feminino e 38 do gênero masculino. Os pacientes selecionados apresentavam má-oclusão predominantemente dentária, considerando-se a análise facial e a relação sagital dos arcos dentários. O exame clínico constituiu-se de avaliação das características oclusais do paciente. Também observaram a presença de hábitos parafuncionais. As crianças foram submetidas à entrevista com perguntas relacionadas com os sinais e sintomas da disfunção temporomandibular. Os sinais e sintomas mais frequentes foram os hábitos de apertar ou ranger os dentes (35%), dores de cabeça (22,5%), ruídos nas ATM (18,7%) e dores de ouvido ou na região das ATM (13,7%). Quanto ao exame clínico, as características oclusais mais frequentes foram mordida aberta anterior (56,2%) e mordida cruzada posterior (38,7%), seguidas de mordida cruzada anterior dentária (7,5%), mordida profunda (6,2%) e mordida topo a topo (2,5%). A onicofagia e o bruxismo foram os hábitos mais prevalentes, com 47,5% e 35%. O estalido na ATM apresentou frequência de 8,7%. Os demais sinais da DTM analisados durante o exame clínico não foram encontrados em nenhum paciente. Os autores concluíram que é aconselhável, diante dos resultados deste estudo, que a avaliação de sinais e sintomas da DTM em crianças seja adotada como rotina durante o exame clínico inicial. Para Sperb (2006) muitos trabalhos em odontologia têm procurado explicar a relação entre a disfunção temporomandibular e a otalgia, porém, pouco tem sido confirmado cientificamente. O estudo realizado pela pesquisadora utilizou uma amostra de quinze pacientes com queixa principal de dor de ouvido não diagnosticada pela avaliação de dois otorrinolaringologistas. A pesquisa abrangeu a anamnese, o exame clínico e a avaliação oclusal dos pacientes, visando a identificação de pacientes com disfunção temporomandibular. A partir daí foram confeccionados aparelhos de Michigan e instalados nesses pacientes os quais

20 fizeram uso por um período de 8 horas diárias durante as dezesseis semanas que compreenderam a desprogramação muscular. Ao longo do tratamento, cada paciente compareceu à clínica durante oito seções para ajuste do aparelho e avaliação em relação à existência de dor de ouvido, dor na ATM, dor de cabeça, ruído na ATM e dor muscular. No início do tratamento, 87,5% dos pacientes apresentavam dor muscular e/ou dor de cabeça, já dor e/ou ruído na ATM ocorreu em 62,5% dos casos; entretanto, dor no ouvido foi constatado em 100 dos casos. A partir da sétima semana ocorreu o desaparecimento da dor e ruído na ATM, e na décima terceira semana não se observava mais nenhum sintoma de referência. Assim observaram a eficácia da desprogramação neuromuscular com aparelho de Michigan na interrupção de sintomas otomandibulares relacionados ao fator oclusal. Tosato e Caria (2006) verificaram, através deste estudo, a prevalência de sinais e sintomas de DTM em crianças e universitários. Foram entrevistadas mães de 90 crianças entre três e sete anos de idade, sendo 49 meninas e 107 universitários, sendo 75 mulheres, com idade entre 17 e 38 anos. A amostra foi dividida em dois grupos, sendo o grupo I, formado por mães das crianças de duas escolas, uma pública e uma particular; e o grupo II, formado por universitários de duas diferentes instituições. Os resultados apontaram diferenças na prevalência de sintomas de disfunção entre o grupo I e grupo II. No grupo I nenhuma criança apresentou dor na musculatura mastigatória, 26,53% apresentaram cefaléia, 28,57% dor no ouvido ou região de ATM, 40,81% dor na cervical, 26,53% cansaço na musculatura mastigatória ao mastigar e 24,48% bruxismo. No grupo II, 2,66% apresentaram dor na musculatura mastigatória, 54,66% apresentaram cefaléia, 13,33% dor no ouvido ou região da ATM, 45,33% dor na cervical, 18,66% cansaço na musculatura mastigatória ao mastigar e 60% bruxismo. Foi observada diferença na prevalência de dor na musculatura mastigatória, cefaléia e bruxismo, os quais foram mais frequentes nos universitários. Houve maior prevalência de disfunção no sexo feminino, porém, não houve diferença estatisticamente significante entre os sexos nos grupos avaliados. Os autores constataram sinais e sintomas de DTM entre crianças e universitários, e a prevalência de bruxismo, cefaléia e dor na musculatura mastigatória foram mais evidentes no grupo II. Com isso puderam concluir que as DTM podem ser tratadas evitando maior comprometimento quando na fase adulta.

21 Martins Filho e Molleri (2007) descrevem o funcionamento da articulação temporomandibular (ATM). Segundo os autores, um fato de significativa importância consiste na movimentação da mandíbula sem interrupção durante vinte e quatro horas, para a manutenção de condições vitais. Qualquer comprometimento dessa região poderá ser compensada com a diminuição da função mastigatória baseado em algumas orientações e mudanças de hábito alimentar durante o período de inflamação. Os movimentos de deglutição, de bocejo, de respiração, dentre outros, continuarão independente de nossa vontade. Os problemas de natureza inflamatória que acometem a ATM, geralmente, são quadros que evoluíram de uma disfunção cuja origem pode estar associada à oclusão inadequada. Em condições de normalidade, durante o movimento de abertura e fechamento da boca, o disco fica interposto entre as superfícies ósseas do côndilo e da fossa mandibular. As contrações musculares ocorrerão dentro de um padrão compatível com essa função, e os ligamentos manter-se-ão distendidos o suficiente para a manutenção da limitação desses movimentos. No lado em que essa função está se processando, ocorre o posicionamento do côndilo para suportar a demanda de força mastigatória. O direcionamento adequado dessas forças será orientado pelas guias dentárias. Os receptores captam o estímulo que é transmitido pelas terminações aferentes, interpretado na córtex e reconduzido ao músculo que realizará a função. Interferências em posições cêntricas, ou mesmo excêntricas, poderão desestabilizar o côndilo e provocar verdadeiro desequilíbrio nessa cadeia de atribuições, prejudicando o funcionamento da ATM. Mota et al. (2007) verificaram a frequência de possíveis sinais e sintomas associados à otalgia decorrentes de DTM. Participaram do estudo 21 voluntários portadores de otalgia e suspeita clínica de DTM sendo dezoito (81%) do gênero feminino e três (19%) do gênero masculino, com idades variando de 18 a 65 anos. Os voluntários foram submetidos à anamnese e exame otorrinolaringológico, exame das ATM, audiometria tonal liminar e imitanciometria além de responderem a um questionário sobre sinais e sintomas de DTM. Todos foram submetidos à anamnese e exame odontológico para confirmar o diagnóstico de DTM. Houve predomínio do gênero feminino sobre o masculino, em uma relação de 6:1. Os sinais e sintomas associados à otalgia referidos pelos voluntários em ordem decrescente foram: percepção de sons articulares (95,2%), zumbidos (81%), plenitude auricular (81%), sensação de mandíbula presa ou travada (52,4%), dor ou dificuldade para abrir a

22 boca (33,3%), tonturas (26,8%), dificuldade para ouvir as pessoas (14,3%) e perda do equilíbrio (9,5%). Destas, cerca de 85% apresentou avaliação audiológica normal. Os autores concluíram que os sintomas otológicos mais comumente associados à otalgia e DTM foram: percepção de sons articulares, zumbido e plenitude auricular. Reis et al. (2007), tiveram como objetivo realizar uma revisão de literatura a fim de obter um levantamento sobre quais alterações posturais são decorrentes da disfunção temporomandibular (DTM), e sua correlação com o tratamento fisioterapêutico e treino de postura. Foram selecionados 12 artigos no LILACS e MEDLINE. A literatura revela que as alterações de algum segmento do corpo motivam uma reação em cadeia no resto do corpo e como consequência, em suas devidas funções motoras. Estudos da relação funcional entre os movimentos da cabeça e do pescoço durante movimentos mandibulares voluntários mostraram que a abertura do maxilar sempre acompanha a extensão da cabeça e pescoço e o fechar do maxilar por flexão da cabeça e pescoço, indicando uma relação funcional entre a ATM e o sistema craniocervical. Há alterações na atividade dos músculos mastigatórios a partir de trocas na postura da cabeça e coluna cervical. A função alterada aliada à respiração bucal desequilibra a organização muscular, comprometendo a posição ortostática da cabeça. A posição anormal da cabeça altera as relações biomecânicas craniocervicais e craniomandibulares, influenciando no crescimento e postura corporal do indivíduo. Os autores constataram que um paciente com DTM que mantém a cabeça para frente em relação aos ombros tem elevada probabilidade de sentir melhora nos sintomas. Os autores concluíram que as alterações posturais podem estar relacionadas à DTM. Através do tratamento fisioterapêutico, com treino de postura pode-se obter resultados positivos. Taucci e Bianchini (2007) verificaram os movimentos mandibulares durante a fala em indivíduos com DTM e em assintomáticos. Participaram da pesquisa 50 indivíduos de ambos os gêneros, na faixa etária de 21 a 50 anos, divididos em dois grupos, 25 indivíduos com DTM, e 25 indivíduos assintomáticos como grupo controle. O questionário específico foi aplicado. A avaliação desta foi por meio da leitura de um texto foneticamente balanceado. A análise dos dados de fala foi realizada por três avaliadoras fonoaudiólogas. As queixas mais frequentes do grupo com DTM foram presença de ruídos, cansaço, dor, desvios, deslocamento, travamento e rouquidão. Em relação aos movimentos mandibulares avaliados verificaram que houve diferenças significantes entre os grupos, e que o grupo com

23 DTM apresentou maior número de participantes com redução da amplitude vertical e com presença de desvios durante os movimentos mandibulares na fala. Em relação aos movimentos em protrusiva, as diferenças entre os resultados também foram estatisticamente significantes entre os grupos, porém, a maior frequência destes movimentos mandibulares foi maior no grupo controle. As autoras constataram que houve presença de redução da amplitude vertical e desvios em lateralidade do percurso mandibular durante a fala para o grupo de indivíduos com DTM. A presença de protrusiva com desvio associado durante o movimento mandibular na fala foi mais frequente no grupo de indivíduos assintomáticos. Almeida et al. (2008) determinaram a prevalência de disfunção temporomandibular (DTM) em um grupo de idosos. A amostra foi constituída por indivíduos de ambos os gêneros, com sessenta anos de idade ou mais. Foram realizados anamnese, exame físico bucal e aplicado questionário anamnético simplificado (DMF) para diagnóstico de DTM em todos os sujeitos do estudo. O total da amostra foi de 137 idosos, dos quais 72,3% eram mulheres e 27,7%, homens, com idade média de 70,4 ± 7,8 anos. Notou-se que 60% dos idosos apresentaram DTM, sendo 30,8% com DTM leve, 21,9% moderada e 7,3% severa. O edentulismo esteve presente em 78,3% do total da amostra, 15,2% dos idosos tinham de quatro a dez dentes e apenas 6,5%, de 11 a 19 dentes. Houve correlação estatisticamente significativa de DTM com o edentulismo e com o número de dentes naturais na cavidade bucal. Os autores concluíram que os idosos apresentavam alta prevalência de DTM, estando essa condição correlacionada com edentulismo e com o número de dentes naturais presentes na cavidade bucal dos idosos estudados. Jorge et al. (2008) tiveram como objetivo deste estudo relatar um caso clínico de zumbido associado à desordem temporomandibular (DTM). Paciente do gênero masculino, casado, 39 anos, com sintomas de dores de cabeça na região temporal e zumbido intermitente. Foi realizado anamnese detalhada. Em relação ao zumbido, foi descrito como bilateral, de intensidade 9 e sem períodos de intermitência. Foi realizado exame clínico completo através de palpação da musculatura. O diagnóstico apontado foi cefaléia tipo tensional crônica, retrodiscite/capsulite e zumbido como queixa principal. Para início do tratamento foi aconselhado o controle dos hábitos posturais e parafuncionais. Como terapia medicamentosa, foi prescrito um comprimido de cloridrato de ciclobenzaprina. Como tratamento definitivo, a

24 terapia oclusal reversível foi indicada. Uma placa de Michigan foi confeccionada. O paciente foi orientado a usá-la durante a noite e atividades estressantes. Após duas semanas da colocação da placa miorrelaxante, o paciente relatou melhora dos sintomas de dor nas articulações temporomandibulares após palpação lateral e póscondilar. Após um mês, relatou eliminação do sintoma de dor de cabeça e melhora do zumbido e, após três meses, relatou remissão total desses sintomas. O paciente foi orientado a retornar ao consultório uma vez por mês, durante seis meses. Os autores concluíram que a terapia oclusal reversível, associada à fisioterapia e mudança de hábitos, mostrou-se efetiva para o alívio desse sintoma concernente às características clínicas abordadas. Wurgaft et al. (2008) realizaram um trabalho para avaliar a presença de sinais e sintomas em adultos, crianças e adolescentes com disfunções temporomandibulares (DTM). O estudo foi realizado com uma amostra de 67 pacientes de idades entre 10 e 19 anos. Os pacientes foram avaliados por dois examinadores. Foi realizada a anamense e exame clínico. A média de idade da amostra foi de 14,75 anos. Quanto ao gênero, 72% eram do sexo feminino. Oitenta e oito por cento dos casos clínicos avaliados apresentavam assimetria facial. Vinte e sete por cento apresentavam classe I de Angle, 52% eram classe II, e 21% eram classe III. Apenas 28% apresentavam apinhamento dentário severo, e 16,27% mordida aberta na zona anterior, 9% mordida cruzada uni ou bilateral e 12% mordida aberta anterior. Quanto à presença de dor de cabeça nos pacientes avaliados, 78% apresentavam dor de cabeça de intensidade variável. No grupo de pacientes do sexo feminino 81% tinham dor de cabeça. Em relação à dor de ouvido e zumbido, 60% apresentavam ambos os sintomas, e 57% apresentavam tonturas. Avaliando os sintomas do crânio e da coluna, 61% dos pacientes apresentavam dor lombar e 51% apresentavam dor nos ombros. A rigidez do pescoço foi observada em 99% dos pacientes. Em 58% dos casos houve cansaço nos braços e em 46% adormecimento de mãos. Quanto à qualidade do sono, 58% teriam boa qualidade. Os autores acreditam na importância de realizar estudos para estabelecer a relação de sinais e sintomas em pacientes menores de 20 anos com DTM e poder encaminhá-los ao especialista para ser tratado. Figueiredo et al. (2009) analisaram a prevalência de sinais, sintomas e fatores associados em pacientes com disfunção temporomandibular (DTM). A amostra foi composta por 40 pacientes portadores de DTM, sendo 36 mulheres (90%). A faixa

25 etária da população estava entre 20 a 40 anos. Foi utilizado um formulário específico. Cerca de 65% dos pacientes tinham entre 20 e 30 anos de idade, sendo a média de 28,2 anos. Quanto à presença de sinais e sintomas, os mais frequentes foram o ruído (95%), a dor articular (82,5%) e a ocorrência de cefaléia (77,5%). Todos os pacientes reportaram a existência de problemas mastigatórios, dentre eles foram citados: mastigação unilateral (77,5%), dificuldade com alimentos duros (70%), cansaço à mastigação (55%), dor (47,5%) e travamento mandibular (37,5%). Foi observada relação entre as variáveis mastigação unilateral e desvio mandibular (p < 0,01) e entre dificuldade em mastigar alimentos duros e desvio mandibular (p < 0,01). Foi verificada a existência de associação entre a presença de mialgia e a ocorrência de limitação de abertura bucal (p < 0,01). Quando indagados sobre a mudança de hábitos alimentares, 16 pacientes (40%) reportaram ter feito alteração em seus hábitos alimentares, enquanto 13 indivíduos (32,5%) informaram a perda de prazer durante a alimentação. Quanto à existência de hábitos parafuncionais, 75% dos pacientes relataram portar algum tipo de hábito. A exacerbação dos sintomas da DTM foi relatada por 77,5% da amostra. Os autores concluíram que os pacientes portadores de DTM são acometidos de elevada prevalência de sinais e sintomas, capazes de afetar diretamente a qualidade de vida, como ocorrência de dor, limitação de abertura bucal e dificuldade mastigatória. Meirelles, Gonçalo e Sousa (2009) relataram um caso clínico sobre o tratamento da disfunção temporomandibular (DTM), por meio da acupuntura. O caso era de um paciente do gênero feminino, 38 anos, com dor generalizada na região da cabeça e pescoço, com Escala Visual Analógica de dor (EVA) inicial de 10. Na primeira consulta, foi realizada a anamnese padrão, seguindo os princípios da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). A paciente relatou sentir dores na articulação temporomandibular (ATM), e na nuca, zumbido no ouvido e enxaqueca diariamente, levando-a fazer uso diário dos medicamentos. Passou por consulta com vários profissionais, incluindo otorrinolaringologista e neurologista, e fez exames complementares específicos, contudo, não foram obtidos resultados conclusivos. Na anamnese segundo a MTC, a paciente relatou sentir-se irritada constantemente por causa da dor e pressão arterial elevada. Apresentava perda dos elementos dentários 16 e 46. No primeiro atendimento, alguns pontos de acupuntura foram aplicados à distância e por meio da auriculoterapia, visando o alívio da dor. Após a sessão de 20 minutos, os pontos foram removidos e a paciente relatou EVA final 7. Na segunda