AMANDA GERALDINE GUTIÉRREZ FERNÁNDEZ ANA LUISA PEREIRA PACIENTES COM DOR DE CABEÇA CRÔNICA: COMO RESPONDEM À DESPROGRAMAÇÃO NEUROMUSCULAR?
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1 1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA AMANDA GERALDINE GUTIÉRREZ FERNÁNDEZ ANA LUISA PEREIRA PACIENTES COM DOR DE CABEÇA CRÔNICA: COMO RESPONDEM À DESPROGRAMAÇÃO NEUROMUSCULAR? Itajaí (SC) 2010
2 2 AMANDA GERALDINE GUTIÉRREZ FERNÁNDEZ ANA LUISA PEREIRA PACIENTES COM DOR DE CABEÇA CRÔNICA: COMO RESPONDEM À DESPROGRAMAÇÃO NEUROMUSCULAR? Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial para obtenção de créditos da Disciplina de Metodologia Cientifica do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Casimiro Manoel Martins Filho.
3 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus primeiramente por ter nos proporcionado uma vida repleta de realizações e permitir que tivéssemos uma profissão tão boa que é a odontologia. Aos nossos pais pela força e apoio nos momentos difíceis, pela sabedoria passada e pelo amor e carinho. Ao professor Casimiro Manoel Martins Filho, professor mestre e amigo, pelos ensinamentos, grande exemplo de vida passado à nós e sua enorme paciência, obrigada por tudo. Aos nossos amigos que foram tão importantes tanto nas horas difíceis quanto boas. E aos pacientes que participaram dessa pesquisa tornando possível esse trabalho.
4 4 PACIENTES COM DOR DE CABEÇA CRÔNICA: COMO RESPONDEM À DESPROGRAMAÇÃO NEUROMUSCULAR? Amanda Geraldine Gutiérez FERNANDÉZ e Ana Luisa PEREIRA Orientador: prof. Casimiro Manoel MARTINS FILHO Data de defesa: outubro de 2010 Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar como os pacientes com dor de cabeça crônica respondem à desprogramação neuromuscular com aparelhos de Michigan. Foram analisados 293 prontuários de pacientes da clínica de oclusão da UNIVALI sendo desse total selecionados 53 cujos dados registrados preenchiam os requisitos da metodologia estabelecida no estudo. Estes registros mostraram que 49 dos prontuários analisados (92.45%) eram de pacientes do sexo feminino e 4 (7.55%) do sexo masculino, cuja faixa etária estava entre 14 e 65 anos com média de idade de A faixa etária predominante de pacientes com dor de cabeça crônica ficou entre 31 a 40 anos, abrangendo 35% dos prontuários pesquisados, porém também pôde-se destacar uma alta incidência nos pacientes com idade entre 21 a 30 anos (24%). O músculo com maior índice de comprometimento foi o músculo temporal comprometido em 31 pacientes (46%) seguido do músculo masseter, sintomático em 23 pacientes (32%). O tempo de resposta à desprogramação ocorreu da forma que segue: nas primeiras 02 semanas 08 pacientes responderam ao tratamento, seguido de 18 pacientes entre a terceira e quarta semana sendo que na quinta e sexta semana 15 pacientes responderam ao tratamento e, entre a sétima e oitava todos estavam assintomáticos. Os resultados do estudo mostraram que a desprogramação neuromuscular foi eficiente na interrupção dos sintomas e sinais em pacientes com dor de cabeça crônica. Palavras chaves: dor de cabeça crônica, desprogramação neuromuscular, oclusão dentária.
5 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REVISÃO DE LITERATURA MATERIAIS E MÉTODOS APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÃO... 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6 6 1 INTRODUÇÃO A cefaléia é um problema que acomete grande parte da população mundial e muitas são as dificuldades para seu diagnóstico. A dor orofacial (DO) e a disfunção temporomandibular (DTM) consistem em alterações patológicas dos músculos, articulações, osso e nervos e pertencentes ao sistema estomatognático. Essas alterações estão relacionadas à interferência oclusal, trauma, hábitos parafuncionais e estresse físico e mental. Existem vários tipos diferentes de cefaléias que podem se dividir em cefaléias primárias e secundárias. As cefaléias primárias são causadas por distúrbios do próprio cérebro, que levam a dor devido ao mau funcionamento de neurotransmissores que como exemplo temos a enxaqueca, dor de cabeça tensional e dor de cabeça crônica diária. As cefaléias secundárias originam-se de qualquer região do corpo que podem ter inúmeras causas desde um resfriado, problemas de ouvido e até tumores e aneurismas. Dentre as cefaléias de ordem secundária existem aquelas originadas por um contato prematuro o que pode provocar hiperatividade dos músculos da mastigação, acometendo principalmente o músculo temporal. Existem pessoas que apresentam interferência oclusal, porém não apresentam sintomas, pois cada indivíduo reage de uma maneira. Uma interferência oclusal pode provocar hiperatividade muscular que leva a contratura do músculo, causando desconforto e fadiga. Não sendo eliminada a causa, ocorrerá mioespasmo (descontrole na contração das fibras musculares). A evolução dessas contrações poderá provocar um quadro de miosite (processo inflamatório). O músculo temporal faz parte do sistema estomatognático e tem grande importância na mastigação. Este músculo geralmente fica comprometido pela má-oclusão, provocando muitas vezes cefaléias. A desprogramação neuromuscular é utilizada em odontologia como forma de diagnostico e tratamento de pacientes com DTM e dores de cabeça crônica
7 7 provocadas por contato prematuro. O objetivo dessa desprogramação é impedir que os dentes em interferência oclusal entrem em contato e provoquem o aumento da atividade muscular. Sabendo-se que a cefaléia pode ser originada a partir das interferências oclusais, torna-se necessária a participação do cirurgião-dentista para avaliar a oclusão de pacientes e identificar possíveis interferências que possam causar disfunções musculares e consequentemente cefaléias. O diagnóstico e tratamento das cefaléias exigirão conhecimentos na área de oclusão o que permitirá a identificação e tratamento pelo cirurgião-dentista. Portanto o objetivo desse trabalho é analisar o padrão oclusal de pacientes que apresentam dor de cabeça crônica e como responde a desprogramação neuromuscular, mapear as interferências e subsidiar estudos futuros sobre relação e causa e efeito.
8 8 2 REVISÃO DE LITERATURA Manfredi, Silva e Vendite (2001) fizeram uma análise qualitativa e quantitativa do uso de um instrumento de auxílio diagnóstico. Foi aplicado o "Questionário para Triagem para Dor Orofacial e DTM", recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial, ainda não testado no Brasil. A população alvo foi de pacientes com queixas de dor não-dental na região orofacial, cefaléia, otalgia e/ou nas articulações temporomandibulares que procuraram o ambulatório médico e odontológico (CSS/CECOM) mantido pela Unicamp para o atendimento de sua comunidade interna. O questionário foi aplicado em 46 pacientes (40 mulheres e 6 homens), e posteriormente foi realizado um exame clínico específico para diagnóstico das disfunções temporomandibulares. Os resultados revelaram que este questionário apresenta uma sensibilidade de 85,37% e uma especificidade de 80% para pacientes portadores de desordens musculares da região orofacial (Kappa = 0,454) e uma baixa sensibilidade e especificidade para desordens intraarticulares (Kappa = 0,043). Os autores concluíram que o questionário é útil e viável para uma pré-triagem das chamadas DTM, principalmente para os distúrbios miogênicos, mas não deve ser o único recurso utilizado para diagnóstico. Spillere (2002) teve como objetivo verificar e analisar a eficácia da física no tratamento da dor da mobilidade articular, ADM e força muscular da região cervical e alterações posturais relacionadas com a DTM. Foram realizadas com um paciente com disfunção da ATM, gênero feminino 56 anos, do lar, submetido à avaliação fisioterapêutica da ATM, 10 sessões com realização de propagação cervical, manipulação intraoral e cinesioterapia. Concluíram que houve diminuição do quadro álgico, aumento da mobilidade articular, ganho de ADM e força muscular da região cervical. Bonjardim et al. (2005) tiveram como objetivo verificar a prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em adolescentes e sua relação com o gênero. Utilizaram uma amostra constituída de 217 sujeitos, com idades entre 12 e 18 anos. Os sintomas subjetivos e sinais clínicos de DTM foram avaliados, utilizando, respectivamente, um questionário de
9 9 autorrelato e o índice craniomandibular, que possui 2 subescalas: o índice de disfunção e o índice de palpação. Os resultados para sensibilidade muscular mostraram grande variabilidade (0,9-32,25%). Ruídos durante a abertura estavam presentes em 19,8% da amostra e no fechamento, 14,7%. Os sintomas mais prevalentes foram o ruído articular (26,72%) e cefaléia (21,65%). Não houve diferença estatística entre os sexos (p> 0,05), exceto para a sensibilidade do músculo pterigóideo lateral, que se apresentou mais prevalente nas meninas. Concluíram que os sinais clínicos e sintomas de DTM podem ocorrer em adolescentes, no entanto, a influência do gênero não foi percebida Bove, Guimarães e Smith (2005) realizaram um estudo com objetivo de descrever as características dos pacientes inscritos em um serviço especializado na disfunção temporomandibular e dor orofacial e discutir a inserção da assistência de enfermagem nesse serviço. Foi utilizado um questionário baseado no referencial de etapas do Processo de Enfermagem, aplicado em uma amostra de 150 pacientes, no período de maio a agosto de Os pacientes de ambos os sexos e idades entre 12 e 77 anos foram admitidos no estudo sequencialmente. Os resultados revelaram que a maioria foi do sexo feminino (85%), predomínio da faixa etária de 21 a 60 anos (76%), apenas 3% não apresentou nenhum grau de instrução formal. Os autores concluíram que o modelo proposto possibilitou organizar a coleta de dados e favorecer a realização de pesquisas. Gomes et al. (2006) avaliaram a evolução do limiar de dor muscular, através da algometria de pressão (LDP) e palpação manual (PM), dos músculos masseter e temporal em 20 pacientes portadores de disfunção temporomandibular (DTM). Todos os participantes apresentavam queixa de cefaléia por mais de 6 meses, com características de cefaléia tensional e foram avaliados antes e dois meses após receberem como terapêutica, uma placa oclusal. A intensidade da cefaléia foi avaliada pela escala analógica visual (EAV) e a frequência, pelo relato do número de episódios de dor por semana. Os resultados evidenciaram redução estatisticamente significante (p<0,05) para intensidade e frequência das dores de cabeça. Houve elevação do limiar de dor à pressão (LDP) dos músculos temporal direito (p = 0,027), temporal esquerdo (p=0.004) e masseter esquerdo (p= 0,025). Não foi encontrada diferença
10 10 estatisticamente significante para palpação manual dos quatro músculos avaliados. Os autores concluíram que apesar da redução considerável da intensidade e frequência dos episódios de cefaléia após utilização de placas oclusais, foram encontrados resultados diferentes quando avaliado o limiar de dor dos músculos masseter e temporal com a algometria de pressão e com palpação manual. Kreling, Cruz e Pimenta (2006), realizaram estudo com o objetivo de identificar a prevalência de dor crônica em adultos trabalhadores; analisar a prevalência de dor crônica conforme o sexo; e analisar a prevalência de dor conforme locais do corpo. Utilizaram como amostra 505 funcionários da Universidade Estadual de Londrina (Paraná, Brasil), considerando-se uma prevalência esperada de 50%, margem de erro de 4% na estimativa e nível de confiança de 95%. Estabeleceram como significativos os valores de p<0,05. Os dados foram coletados por entrevista, com entrevistadores previamente treinados para este fim. A prevalência de dor crônica encontrada foi de 61,4%, mais mulheres do que homens relataram dor crônica (p=0,0001). Os locais de dor mais prevalentes foram cabeça (26,7%), região lombar (19,4%) e membros inferiores (13,3%). Concluíram que a análise desses resultados evidencia a alta prevalência de dor crônica e a importância das cefaléias e dores lombares como possíveis determinantes de prejuízos pessoais e sociais. Santos et al. (2006) avaliaram a frequência dos sinais e sintomas, dos hábitos parafuncionais e das características oclusais de 80 crianças, pacientes da clínica de Ortodontia Preventiva da Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP. O exame clínico constituiu-se de avaliação das características oclusais do paciente e observação da presença de hábitos parafuncionais. As crianças foram submetidas a uma entrevista, supervisionadas pelos pais, cujas perguntas relacionavam-se com os sinais e sintomas da disfunção. Concluíram que os sinais e sintomas mais frequentes foram o hábito de ranger os dentes, dores de cabeça e ruídos na ATM. A onicofagia e o bruxismo foram os hábitos parafuncionais mais prevalentes Dekon, Zavanelli e Baleeiro (2007), demonstraram a técnica de confecção de uma placa de mordida anterior (dispositivo interoclusal), salientando suas vantagens, desvantagens, indicações e contra-indicações. Procede-se ao acabamento com pedras montadas, tiras de lixa e o polimento com pedra-
11 11 pomes e branco-de-espanha. Os pacientes devem ser orientados para que caso aumente a dor, o uso deve ser suspenso e nova placa diagnóstica deve ser elaborada. Além disso, o paciente deve receber orientação de higienização do aparelho oclusal. O exame clínico mostrou uma limitação de abertura bucal, em torno de 20mm, e na tentativa de se realizar uma abertura passiva houve aumento da sintomatologia. O exame à palpação identificou a intensificação bilateral da sintomatologia à pressão, principalmente nos músculos masseteres e feixes anteriores dos temporais. Frente à situação clínica emergencial optouse por confeccionar uma placa de mordida anterior, como terapia inicial e diagnóstico diferencial. Frente às inúmeras possibilidades de tratamento, o método mais empregado são as placas interoclusais por ser conservador e reversível. Portanto, é necessária a compreensão da patologia assim como a adequada indicação, contra-indicação, vantagens e desvantagens de cada indivíduo em particular. Os autores concluíram que baseando-se nas indicações e nas limitações da placa de mordida anterior, esta é uma terapia conservadora, rápida e eficaz, principalmente quando o paciente se apresenta com mioespasmo. A eficácia do tratamento depende da cooperação do paciente e da supervisão do cirurgião-dentista, visto que o tempo de uso indeterminado conduziria à mordida aberta anterior. Pizolato et al. (2007) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a força máxima de mordida na presença de DTM e bruxismo em adultos jovens. Foram avaliadas 12 mulheres (idade média de 21,5 anos) e 7 homens (idade média 22,4 anos) que compuseram o grupo da DTM e bruxismo. Dez mulheres e 9 homens saudáveis (idade média de 21,4 e 22,4 anos, respectivamente) formaram o grupo controle. Os sintomas de DTM foram avaliados por um questionário estruturado e sinais / sintomas clínicos foram avaliados no exame clínico. A escala visual analógica (EVA) foi aplicada para a avaliação de estresse. A força de mordida máxima foi mensurada e os indivíduos foram convidados a morder 2 vezes com esforço máximo, durante 5 segundos, com um intervalo de aproximadamente um minuto. A DTM e bruxismo nas mulheres apresentaram menores valores, em comparação com aqueles apresentados por homens e do grupo controle. A força de mordida máxima entre os homens do grupo DTM e bruxismo foi semelhante ao do grupo controle. A proporção de mulheres do grupo DTM e bruxismo com dor muscular e em face / dentes /
12 12 dor de cabeça ao acordar foi significativamente maior que a dos homens. As mulheres do grupo controle apresentaram menores valores significantes ao estresse que os outros. Concluiu-se que a força de mordida máxima foi reduzida em mulheres do grupo DTM e bruxismo, uma vez que apresentavam sinais e sintomas. Os homens apresentaram valores superiores ao das mulheres, mas a DTM e o bruxismo não diminuíram significativamente quando aplicada a força de mordida máxima. O estresse não influenciou a presença de DTM e bruxismo nos homens. Gonzáles et al. (2009) tiveram como objetivo deste estudo classificar os portadores de disfunção temporomandibular (DTM) e correlacionar com o impacto na qualidade de vida (QV). Foi realizado um estudo transversal em uma amostra de 302 participantes, com faixa etária entre 17 e 50 anos, que foram divididos em dois grupos (80 pacientes do sexo masculino e 80 do sexo feminino) e padronizados através de programa de geração de números aleatórios. O diagnóstico e classificação da DTM, em ambos os grupos, foi obtido pelo índice anamnético de Fonseca e a qualidade de vida através dos questionários da versão brasileira do SF36. Os resultados mostraram que 38,75% dos participantes não apresentaram DTM e que a grande parte dos participantes analisados possuíram disfunção leve (41,87%) e moderada (14,37%) com prejuízo principalmente das características mentais como vitalidade e aspectos emocionais, e que a capacidade funcional foi o domínio que se demonstrou mais preservado dentro da amostra. Concluíram que existe uma influência direta do grau de DTM com a qualidade de vida dos participantes sintomáticos. Moreno et al. (2009) avaliaram sintomas de dor, apertamento dos dentes, qualidade do sono e sensibilidade dolorosa nos principais músculos mastigatórios e estabilizadores cervicais e qualidade de vida de mulheres com DTM. Foram avaliadas 45 mulheres, divididas em dois grupos. O grupo I, composto por 27 mulheres (30,1±5,8anos) com diagnóstico de DTM e o grupo II, controle, composto por 18 mulheres saudáveis (23,4±2,3 anos). A intensidade dos sintomas de dor, de cefaléia, de cervicalgia, de apertamento dos dentes e de dificuldade de dormir foram avaliados por escala visual analógica (EVA); o limiar de dor dos músculos masseter, temporal anterior, trapézio superior e esternocleidomastóideo, com dolorímetro e a qualidade de
13 13 vida, pelo SF-36. Foi realizada análise estatística e o nível de significância foi α=0,05. Os resultados mostram que mulheres com DTM têm sintomas mais intensos de cefaleia (p<0,001), cervicalgia (p<0,001), intensidade de apertamento dos dentes (p<0,001) e dificuldade de dormir (p<0,001). Também apresentam limiar de dor mais baixo nos músculos masseter (p<0,001), temporal anterior (p<0,001), trapézio superior (p<0,001), esternocleidomastóideo (p<0,001) e pior qualidade de vida em todos os domínios avaliados (p<0,05), quando comparados com o grupo controle. Concluíram que mulheres com DTM têm maior intensidade dos sintomas de dor, apertamento dos dentes, dificuldade de dormir, maior sensibilidade dolorosa em músculos mastigatórios e cervicais e pior qualidade de vida quando comparadas com mulheres sem DTM. Santos e Ruellas (2009) compararam algumas medidas cefalométricas relacionadas às características faciais em pacientes com má-oclusão Classe I, Classe II 1ª divisão e Classe II 2ª divisão. Foram selecionadas 130 telerradiografias de pacientes leucodermas em fase inicial de tratamento ortodôntico, com idades entre 10 e 16 anos (média de 12,6 anos) e divididos em 3 grupos. As medidas cefalométricas utilizadas neste estudo foram: ANB, ı-sn, IMPA, AML, Ls-ı, Li-ī e EI. A análise de variância e o teste de Tukey foram realizados nas medidas ANB, IMPA, AML, ı-sn e Li-ī. Para as demais variáveis (EI e Ls-ı) foi utilizado o teste de Kruskal Wallis e Dunn. Os resultados mostraram que as medidas Ls-ı e EI tiveram diferença estatisticamente significativa entre os grupos I e II-1 e entre os grupos II-1 e II-2 (p < 0,05). As medidas ANB e IMPA tiveram diferença estatisticamente significativa entre os grupos I e II-1 e entre os grupos I e II-2 (p < 0,05). As medidas ANB e IMPA tiveram diferença estatisticamente significativa entre os grupos I e II-1 e entre os grupos I e II-2 (p < 0,05). Os autores puderam concluir que a medida ı-sn mostrou ser uma medida capaz de diferenciar os 3 tipos de más-oclusões e a medida IMPA demonstrou que o comportamento axial dos incisivos inferiores em sua base óssea é bastante variável. A má-oclusão Classe II 1ª divisão apresenta características faciais que a diferenciam da Classe II 2ª divisão e Classe I, quanto às medidas AML, Ls-ı e EI. As más-
14 14 oclusões Classe II 1ª divisão, Classe II 2ª divisão e Classe I não apresentaram características faciais diferentes para a medida Li-ī.
15 15 3 MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo descritivo, do tipo transversal, mediante análise de dados secundários. O projeto foi apresentado e aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI segundo parecer 340/09 de 03 de setembro de Foram analisados 293 prontuários de pacientes tratados na Clínica de Oclusão do Curso de Odontologia da UNIVALI, no período de março de 2004 a junho de A partir da análise preliminar, foram selecionados para fins desta pesquisa 53 prontuários de pacientes com algum sinal ou sintoma de cefaléia, e analisar sua resposta à desprogramação neuromuscular com aparelho de Michigan. Os grupos foram caracterizados através dos seguintes aspectos: sexo, faixa etária, tipo de problema apresentado (disfunção articular ou muscular e cefaléia), estrutura comprometida (músculo temporal, pterigóideo lateral ou masseter), sinal (ruído articular, limitação de abertura bucal e desvio). Os dados coletados foram tabulados e a análise foi feita pela freqüência relativa. Após a conclusão da pesquisa, os resultados foram levados a conhecimento dos responsáveis pela Clínica de Oclusão da Univali.
16 16 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Foram analisados 293 prontuários de pacientes da clínica de oclusão da UNIVALI, tendo sido descartados 240 prontuários por não preencherem os requisitos definidos pelos objetivos do trabalho. Foram utilizados desse total 53 prontuários cujos dados de anamnese, exame clínico e avaliação oclusal levaram ao diagnóstico de dor de cabeça crônica, sendo esses pacientes submetidos à desprogramação neuromuscular com aparelho de Michigan. Destes prontuários completos, 49 (92.45%) eram do sexo feminino e 4 (7.55%) do sexo masculino, com idades entre 14 e 65 anos com média de idade de O gráfico 1 caracteriza o grupo pesquisado de acordo com o total de prontuários completos analisados e o total de pacientes dessa amostra que apresentavam dor de cabeça crônica. 15% total de pacientes analisados 85% total de pacientes que apresentaram dor de cabeça (prontuários completos) Gráfico 1: comparação do total de pacientes analisados e total de pacientes que possuíam dor de cabeça crônica, segundo prontuários completos. Observou-se que a faixa etária predominante de pacientes com dor de cabeça crônica ficou entre 31 a 40 anos de idade, abrangendo 35% dos
17 17 prontuários pesquisados, porém também pôde-se destacar uma alta incidência nos prontuários de pacientes com faixa etária entre 21 a 30 anos 24% dos prontuários. 2% 2% 20% 35% 17% 24% Gráfico 2: Distribuição da freqüência relativa das faixas etárias, segundo a análise dos prontuários. Em relação aos músculos acometidos dentre os pacientes com sintomatologia dolorosa na região temporomandibular, observou-se que 31 pacientes (46%) tiveram comprometimento do músculo temporal seguido de 23 pacientes (32%) que foram acometidos de sintomatologia dolorosa no músculo masséter.
18 18 4% 18% 46% temporal masséter 32% pterigóideo não apresentaram Gráfico 3: distribuição dos músculos acometidos segundo a análise dos prontuários. Em relação ao uso de medicamentos o gráfico 4 mostra que 74% dos prontuários analisados registravam que os pacientes usavam medicamentos sendo que 26% não faziam uso rotineiro de medicação analgésica. usavam medicamento não usavam medicamento 26% 74% Gráfico 4: Proporção de pacientes que faziam uso de medicamento durante o tratamento.
19 19 Segundo os registros analisados a resposta à desprogramação ocorreu baseado na seguinte cronologia conforme demonstra o gráfico 5. Nas primeiras 02 semanas 08 pacientes responderam ao tratamento com o uso do aparelho de desprogramação, já entre a terceira e quarta semana 18 pacientes apresentaram resposta positiva, melhorando o quadro sintomatológico. Entre a quinta e sexta semana 15 pacientes responderam ao tratamento sendo que entre a sétima e oitava todos estavam assintomáticos de 1 a 2 semanas de 3 a 4 semanas de 5 a 6 semanas de 7 a 8 semanas Gráfico 5: Caracterização do perfil do grupo de pacientes acometidos por dor de cabeça crônica em relação ao tempo de resposta à desprogramação. Em relação aos sinais e sintomas de disfunção observou-se no gráfico 6 que os estalidos acometeram 37 pacientes (49%) da amostra, seguida dos zumbidos com 18 pacientes ( 26%) e por último com 17 dos pacientes (25%) apresentaram ruídos articulares. A faixa etária acometida com maior destaque ficou entre 35 a 40 anos com 49% dos sinais ou sintomas.
20 20 25% 26% 49% estalidos ruidos zumbidos Gráfico 6: distribuição comparativa segundo presença de sinais e sintomas dos pacientes com dor de cabeça crônica. Em relação ao músculo comprometido, o temporal foi predominante na faixa etária de 31 a 40 anos, o que ocorreu também com a presença de estalidos. Os ruídos articulares foram observados tanto na faixa de 41 a 50 anos como na faixa etária de 10 a 20 anos. Por outro lado o zumbido no ouvido foi destacado na faixa etária de 21 a 30 anos. O uso de medicamentos ocorreu de forma predominante na faixa etária de 31 a 40 anos. Em relação ao sexo feminino, os pacientes com idade entre 31 a 40 anos apresentaram maior incidência sintomas, sendo que os pacientes do sexo masculino eram da faixa etária de 41 a 50 anos.
21 Gráfico 7: comparação relativa aos músculos acometidos, estalidos, ruídos zumbidos e uso de medicamentos em relação a idade do paciente.
22 22 5 DISCUSSÃO A desprogramação neuromuscular através da instalação dos aparelhos de Michigan passou a ser uma estratégia contra dores de cabeça, que acometem grande número de pessoas em todo o mundo, que vivem em constante estresse devido ao modo de vida imposto pela sociedade nos dias de hoje. O estresse está aliado a vários fatores como a má oclusão, hiperatividade muscular, bruxismo, DTM e fatores psíquicos, o que acaba prejudicando a qualidade de vida do paciente, como afirmaram Martins Filho e Molleri (2007) e Gonzales et al (2009), relatando que existe uma influência direta do grau de DTM com a qualidade de vida dos pacientes sintomáticos. Esses fatores geram problemas como ruídos articulares, deslocamento do disco, zumbidos, estalidos, dores em alguns músculos como temporal, masseter, e pterigóideo. Este fato nos motivou a realização desta pesquisa levantando dados gerados pelo atendimento de pacientes na Clínica de Oclusão da UNIVALI. O objetivo foi avaliar o resultado da desprogramação neuromuscular com o aparelho de Michigan realizada em pacientes com dor de cabeça crônica. Nesta análise dos dados registrados observou-se que 49 dos prontuários eram de pacientes do sexo feminino (92.45%) e 4 eram do sexo masculino (7.55%) dados estes também registrados no trabalho de Manfredi, Silva e Vendite (2001) quando aplicaram um questionário para triagem de dor orofacial e DTM, em uma população de pacientes com queixas de dor não-dental na região orofacial, cefaléia, otalgia e/ou nas articulações temporomandibulares que procuraram o ambulatório médico e odontológico (CSS/CECOM) mantido pela Unicampi. O questionário foi aplicado em 46 pacientes sendo 40 mulheres e 6 homens e também corroborados por Bove, Guimarães e Smith (2005). Estes dados demonstram uma prevalência maior do sexo feminino sendo explicada por uma maior preocupação de mulheres em buscar tratamento para problemas de saúde. A faixa etária dos pacientes analisados ficou entre 14 e 65 anos com média de idade de 39.5 anos, faixa etária também registrada no estudo de Bove, Guimarães e Smith (2005) que observaram em seu estudo que os
23 23 pacientes tinham entre 21 e 60 anos com média de idade de 40.5 anos assim como Gonzáles et al. (2009) que realizaram estudo com uma amostra de 302 participantes, com faixa etária estava entre 17 a 50 anos com média de idade de Quando analisadas as estruturas musculares comprometidas constatouse que os músculos temporal (46%) e masséter (32%) foram os mais acometidos dentre os pacientes com dor de cabeça, relato este também encontrado nos estudos de Gomes et al. (2006) que evidenciaram uma redução estatisticamente significante (p<0,05) para intensidade e frequência das dores de cabeça no temporal esquerdo e masséter esquerdo. Não tendo encontrada diferença estatisticamente significante para palpação manual dos quatro músculos avaliados e também com os relatos de Moreno et al (2009) onde afirmam que os músculos masséter e o músculo temporal apresentam limiar de dor mais baixo. O músculo pterigóideo exibiu menor incidência de comprometimento. Quanto aos sinais apresentados pelos pacientes envolvidos no estudo, os estalidos foram os mais freqüentes pois foram registrados em 37 deles (49%) da amostra. Este sinal também foi encontrado no estudo de Bonjardim et al (2005) porém observou em uma amostra de pacientes que ruídos durante a abertura estava presente em 19,8% da amostra e no fechamento, 14,7%. Os sintomas mais prevalentes foram o ruído articular (26,72%) e cefaléia. Com relação à resposta frente a desprogramação neuromuscular obtevese a resposta positiva em todos os casos em que foram usados corretamente o aparelho de Michigan, apresentando melhoras entre a 1ª e a 8ª semana, sendo que foi entre a 3ª e a 4ª que 18 pacientes apresentaram-se assintomáticos. Este fato confirma a efetividade do aparelho de Michigan na redução de sinais e sintomas de dor de cabeça e na elaboração de um diagnóstico mais preciso, como afirma também Gomes et al (2006). Também o efeito da desprogramação foi relatado por Dekon, Zavanelli e Baleeiro (2007), utilizando uma placa de proteção anterior. Os autores relataram que o sucesso do tratamento depende muito da colaboração do paciente para o uso adequado da placa freqüentando regularmente a clínica com supervisão do cirurgião-dentista para que sejam feitos os ajustes necessários e acompanhamento do caso.
24 24 6 CONCLUSÃO Conclui-se nesse estudo que a desprogramação neuromuscular em pacientes com dor de cabeça crônica utilizando aparelho de Michigan foi eficiente na diminuição ou eliminação de sinais e sintomas em todos os casos tratados na clínica de oclusão da UNIVALI, quando o paciente fez uso correto do aparelho. A resposta ao tratamento foi gradativa iniciando nas 02 primeiras semanas, porém com resultado mais significativo entre a terceira e quarta semana quando 18 pacientes da amostra apresentaram resposta positiva melhorando o quadro sintomatológico. Para o sucesso do tratamento é importante ressaltar que as consultas de ajustes e refinamento do aparelho assim como a observância das instruções para o seu uso até a finalização do tratamento, são importantes aliados.
25 25 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONJARDIM, L. R. et al. Signs and symptoms of temporomandibular disorders adolescents. Braz. oral res., São Paulo, v.19, n. 2, p , Apr./June BOVE, S. K.; GUIMARÃES, A. S. ; SMITH, R. L. Caracterização dos pacientes de um ambulatório de disfunção temporomandibular e do orofacial. Rev latinoam. enferm., Ribeirão Preto, v. 13, n. 5, p , set./out DEKON, S. F. de C.; ZAVANELLI, A. C.; BALEEIRO, R. P. Placa de mordida anterior: considerações clínicas. RGO, Porto Alegre, v.55, n.3, p.11-16, jul./set GOMES, M. B. et al. Limiar de dor à pressão em pacientes com cefaléia tensional e disfunção temporomandibular. Ciênc. odontol. bras., São José dos Campos, v. 9, n. 4, p , out./dez GONZÁLEZ, D. A. B. et al. Qualidade de vida em portadores de disfunção temporomandibular - um estudo transversal. Rev. inst. cienc. Saúde, São Paulo, v. 27, n. 2, p , abr./jun KRELING, M. C. G. D.; CRUZ, D. de A. L. M. da; PIMENTA, C. A. de M. Prevalence of chronic pain in adult workers. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 59, n. 4, p , jul./ago MANFREDI, A. O. S.; SILVA, A. A. da.; VENDITE, L. L. Avaliação da sensibilidade do questionário de triagem para dor orofacial e desordens temporomandibulares recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial. Rev. bras. otorrinolaringol., São Paulo, v. 67, n. 6, p , nov MORENO, B. G. D. et al. Avaliacão clínica e da qualidade de vida de indivíduos com disfunção temporomandibular. Rev. bras. fisioter, São Carlos, v. 13, n.3, p , maio PIZOLATO, R. A. et al. Maximal bite force in young adults with temporomandibular disorders and bruxism. Braz. oral res., São Paulo, v. 21, n.3, p , July/Sept SANTOS, E. C. A. et al. Avaliação clínica de sinais e sintomas da disfunção temporomandibular em crianças. Rev. dent. press ortod. ortop. facial, Maringá, v.11, n. 2, p , mar./abr SANTOS, R. L. da; RUELLAS, A. C. de O. Características cefalométricas de pacientes portadores de más oclusões Classe I e Classe II de Angle. Rev. dent. press ortod. ortop. facial, Maringá, v. 14, n. 3, p , maio/jun SPILLERE, A. et al. Tratamento fisioterapêutico da disfunção da articulação temporomandibular(atm)-um estudo de caso. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Curso de Fisioterapia, Universidades do Sul de Santa Catarina, Tubarão, MARTINS FILHO, C. M.; MOLLERI, R. R. Oclusão uma questão de princípios. Itajaí: Editora da Universidade do Vale do Itajaí, 2007, 65-98p.
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