Empresas com responsabilidade



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AO LEITOR Empresas com responsabilidade NESTA EDIÇÃO Cooperativa de crédito Os servidores públicos do Estado de Goiás já contam com cooperativa de crédito que funciona nos mesmos moldes das instituições bancárias. Confira as vantagens que ela oferece e como se tornar cooperado. [34 34 Empreendimento O Arroz Cristal Alimentos Ltda é uma das mais modernas e dinâmicas empresas de Goiás. O empreendimento contribui fortemente com o desenvolvimento social e econômico do Estado. [40 Empreendedores e empresas com postura ética e gestão transparente,participando cada vez mais da vida da sociedade e por isso mesmo melhorando o desempenho de seus negócios. Esta é a mais recente tendência que avança no meio empresarial em todo o mundo, inclusive no Brasil e em Goiás. Fazer mais do que determina a lei em ações responsáveis de preservação ambiental, proteção de pessoas com necessidades especiais, treinamento e capacitação de jovens carentes, proteção e promoção de colaboradores, fornecedores e clientes, além de outras providências, compõem o conceito global de responsabilidade social. Longe de ser filantropia ou ajuda comunitária momentânea, a responsabilidade social constitui ferramenta de gestão empresarial, com ganhos para a empresa, para os seus colaboradores e para a comunidade onde está inserida. Em Goiás, esse movimento avança de forma célere, capitaneado por entidades representativas como a Federação das Indústrias e Sebrae-Goiás, com participação e adesão também das empresas do poder público. Pela importância da responsabilidade social, o tema recebe abordagem especial nesta edição da revista Economia & Desenvolvi- mento, mostrando como as empresas de Goiás vão se inserindo nesse contexto e se tornando mais cidadãs. Ainda no campo econômico, destaque também para o comportamento das exportações de Goiás nos primeiros quatro meses deste ano. A despeito dos problemas vividos pelo agronegócio, Goiás segue ampliando os negócios com o mercado externo, com projeção de exportar US$ 2,5 bilhões. Dois outros temas econômicos são apresentados de forma clara e objetiva: o segmento de rochas ornamentais, setor que vem apresentando rápido crescimento e, em outra matéria, a ênfase que vem sendo dada à produção agrícola irrigada, com destinação de maior volume de recursos do FCO para essa atividade. Na abordagem sobre municípios, Aruanã e Pirenópolis são focalizados nesta edição. O primeiro caracteriza-se pela implementação do turismo ecológico, com clímax na temporada do mês de julho. Já Pirenópolis, com suas características históricas marcantes, também é mostrado como pólo turístico de múltiplas atrações, como cachoeiras, artesanato, prédios públicos e casarões antigos, igrejas e três séculos de história. Há enfoques também para a Cooperativa de Crédito dos Servidores Públicos do Estado de Goiás, que já está em funcionamento. Dessa forma, o governo de Goiás segue apostando na economia e no desenvolvimento de Goiás. José osé Carlos los Siqueira Secretário do Planejamento e Desenvolvimento Goiás bonito As belezas naturais das cachoeiras, rios, formações rochosas e grutas são atrações que podem ser encontradas em todas as regiões de Goiás. Nesta edição, abordagem especial sobre os municípios de Piranhas e Anicuns. [84 84 Amparo à pesquisa Goiás criou a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeg) que já está estimulando a pesquisa científica e tecnológica no Estado. A entidade coordena e incentiva pesquisadores e instituições, com foco voltado para as demandas do segmento empresarial. [49 ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 3

ECONOMIA RESPONSABILIDADE SOCIAL Uma nova estratégia gerencial que torna as empresas cidadãs MARIZA SANTANA Em um mundo globalizado e de rápidas transformações tecnológicas, cresce o poderio das grandes organizações multinacionais e as fronteiras dos países perdem delimitações claras, diante da formação de grandes blocos econômicos como a União Européia, o Nafta e o Mercosul. Entretanto, mais do que nunca, os consumidores exigem das empresas diferenciais na hora de adquirir produtos e solicitar serviços, que vão além do preço competitivo, da qualidade e do bom atendimento. Os consumidores têm valorizado as empresas que demonstram estar envolvidas com boas práticas relacionadas com seus colaboradores, acionistas, clientes, fornecedores, governo, comunidade onde se inserem e preservação do meio ambiente. Fabricar produtos ou prestar serviços que não degradem o meio ambiente, promover a inclusão social e participar do desenvolvimento da comunidade de que fazem parte são algumas das iniciativas empresariais que se mostram cada vez mais importantes na conquista e fidelização de clientes. Além disso, janela Conceito de responsabilidade social tem crescido nas empresas. Iniciativa está relacionada com a ética e a transparência no gerenciamento dos negócios ganhou importância deter o título de empresa cidadã, disputado pelas organizações que querem ser respeitadas e valorizadas pelos seus diversos públicos. Nas últimas décadas, tem crescido a importância do conceito de responsabilidade social empresarial (RSE), que está relacionado à ética e à transparência na gestão dos negócios. De acordo com o Instituto Ethos, responsabilidade social empresarial é uma forma de conduzir os negócios que torna a organização parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. É considerada socialmente responsável a empresa que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (seus diversos públicos) e conseguir incorporálos ao planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos, não apenas as de acionistas ou proprietários. Indicadores Ethos Em 2004, sete empresas de Goiás preencheram os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social. Os números de 2005 ainda estão sendo tabulados, segundo a responsável pela mobilização do Instituto, Gláucia Luiz. Estima-se que menos de 20 organizações que atuam no Estado publiquem seus balanços sociais, o que não é obrigatório legalmente. Para estimular a realização de ações de responsabilidade social nas indústrias goianas, foi implantado em abril de 2004, no âmbito da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), o Conselho Temático de Responsabilidade Social. Ele é composto por 30 conselheiros representando empresas, entidades como Senai, Sesi e Sebrae-GO, além de sindicatos classistas e o governo estadual. Sua missão é contribuir para o desenvolvimento social de Goiás, promovendo a redução das desigualdades sociais, por meio da inte- 4 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

ração dos interesses e ações das indústrias e da comunidade. Conforme o presidente da Fieg, Paulo Afonso Ferreira, responsabilidade social empresarial é uma preocupação antiga da Federação. Mas em abril de 2004 essa preocupação ganhou dinamismo e agilidade, com a criação do Conselho Temático. Por meio dele, estão sendo implementadas ações capazes de despertar e conscientizar número cada vez maior de indústrias goianas sobre essa grande necessidade de nosso tempo, considerada benéfica a todos os setores envolvidos. Na interação dos interesses empresariais com os da comunidade, essas se valorizam, ao mesmo tempo em que contribuem para a redução das desigualdades sociais, destaca. Segundo o presidente do Conselho, Antônio de Sousa Almeida (presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas), um dos principais desafios é divulgar o conceito de responsabilidade social entre o empresariado goiano, conseguindo ainda maior adesão de médias, pequenas e microempresas. Ele ressalta que as grandes corporações já sabem o que é responsabilidade social e a praticam. Mas as empresas de menor porte precisam conhecer as boas práticas sociais existentes e adotar políticas semelhantes dentro de seu planejamento de gestão. Pesquisa Pesquisa sobre Responsabilidade Social realizada pela Fieg em abril e maio de 2005, com representantes de 356 indústrias goianas de 15 segmentos, apurou que apenas 11% dos entrevistados sabiam o que é Responsabilidade Social Empresarial e tinham experiência na aplicação do conceito em suas empresas. O maior porcentual dos industriais (36%) respondeu que sabia o que é RSE, mas não possuía experiência de aplicação dessa política na empresa. Outros 22% disseram que era a primeira vez que ouviam falar sobre RSE e não tinham idéia do que se tratava. Já 31% admitiram ter ouvido falar sobre o tema, mas não sabiam explicar o que era. Antônio Almeida confessa ter ficado preocupado com o resultado da pesquisa. Porém, ao comparar com levantamentos semelhantes realizados em outros Estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, constatou que os índices goianos não são diferentes dos apurados em outras partes do País, ou seja, ainda há uma grande desinformação no meio empresarial sobre o que é responsabilidade social. Antônio Almeida ressalta ainda que é preciso substituir a prática de filantropia e assistencialismo pela da responsabilidade social, de forma que ela passe a integrar a gestão estratégica das empresas, independen- Disseminação Cartilha sobre responsabilidade social elaborada por meio de parceria da Fieg com o Sebrae-Goiás. Meta é conscientizar as empresas ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 5

te de seu porte. Com esse objetivo, o Conselho Temático lançou a cartilha denominada A Responsabilidade Social Empresarial, uma Ferramenta de Gestão de Negócios Sustentáveis e Competitivos. Conforme a publicação, a filantropia é basicamente uma ação assistencialista, pontual, de resultado imediato, que beneficia tanto o indivíduo quanto um grupo de pessoas ou instituição, e independe de projeto estruturado e relacionado aos negócios de seu patrocinador. Responsabilidade social, por sua vez, é focada na cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações e iniciativas com um público maior (acionistas, colaboradores, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cuja demanda e necessidade a empresa deve buscar entender, incorporar e alinhar a seus negócios. Portanto, responsabilidade social deve ser encarada como ferramenta de gestão de negócio sustentável e competitivo. Foto: Cleomar Nascimento Antônio de Sousa Almeida Desafio é divulgar o conceito de responsabilidade Outra medida do Conselho Temático é a instituição do Prêmio Goiás de Ações de Responsabilidade Social. As empresas com boas práticas nessa área serão reconhecidas e terão mídia institucional, visando dar maior visibilidade a suas ações e disseminar o conceito entre o público goiano e os empresários locais. O prêmio é uma realização conjunta do Conselho, Fórum Empresarial, governo estadual, Federação das Fundações do Estado de Goiás (Fundego) e Sebrae-GO. O Conselho está ainda descentralizando suas ações, por meio da criação de núcleos regionais. Já foi instituído o núcleo de Itumbiara, que conta com a parceria de empresas como Caramuru, Maeda, Braspelco, Usina Alvorada, Belcar Caminhões, Companhia Telefônica Brasil Central (CTBC) e Universidade Luterana Brasileira (Ulbra). Também serão implementados núcleos em Catalão, Anápolis e Rio Verde. Saiba mais O que é Responsabilidade social é uma forma de conduzir os negócios que torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela capaz de ouvir os interesses de seus diversos públicos (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los ao planejamento de suas atividades. Diferença entre responsabilidade social e filantropia A filantropia é basicamente uma ação social externa da empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em suas diversas formas e organizações. Já a responsabilidade social é focada na cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um público maior, cuja demanda e necessidade a empresa deve buscar entender e incorporar aos seus negócios. Ética e responsabilidade social A ética é a base da responsabilidade social, expressa nos princípios e valores adotados pela organização. Não há responsabilidade social sem ética nos negócios. Não adianta uma empresa pagar mal seus funcionários ou pagar propinas a fiscais do governo, ao mesmo tempo em que desenvolve programas voltados a entidades sociais da comunidade. É importante haver coerência entre ação e discurso. Fontes: Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Vantagens das políticas e práticas de responsabilidade social Os resultados para as empresas que incorporarem os princípios da responsabilidade social e os aplica corretamente são a valorização da imagem institucional e da marca, maior lealdade do consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos, flexibilidade, capacidade de adaptação e longevidade no mercado. Áreas em que a empresa pode praticar responsabilidade social Os projetos podem ser desenvolvidos em diversas áreas, para vários públicos e de diferentes maneiras. A empresa pode desenvolver atividades criativas com cada um de seus parceiros (acionistas, colaboradores, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente). Entre as opções, destacam-se: incorporação dos conceitos de responsabilidade social à missão da empresa, divulgação desses conceitos entre os colaboradores e prestadores de serviço, estabelecimento de princípios ambientalistas e promoção da diversidade no local de trabalho. Porte das empresas que adotam a responsabilidade social Todo tipo de empresa, independentemente do porte, do setor da economia e da quantidade de empregados pode desenvolver ações de responsabilidade social, pois o necessário é ter vontade política. Individualmente ou em grupo, qualquer empresa pode agir. 6 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

Organizações dão exemplo e ampliam ações junto a seus diversos públicos Muitas empresas que operam em Goiás já despertaram para a importância de desenvolver ações de responsabilidade social junto a seus diversos públicos. Nesta reportagem serão apresentados os exemplos das seguintes organizações: Sama Mineração de Amianto Ltda, Belcar Caminhões, Grupo Mabel, EBM Incorporações S. A., Caramuru Alimentos e Equiplex Indústria Farmacêutica. As ações dessas empresas devem ser avaliadas como boas práticas de RSE e comprovar que é possível atuar em sintonia com os públicos interno e externo, o que contribui para agregar valor à imagem institucional e à marca. Os resultados obtidos são mais lealdade do consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos, flexibilidade e capacidade de adaptação e longevidade no mercado, desafio importante nesta época de globalização econômica. Sama aposta alto na preservação ambiental A Sama Mineração de Amianto Ltda é uma empresa que extrai e beneficia amianto crisotila na mina de Cana Brava, município de Minaçu, Região Norte do Estado. O amianto é uma fibra natural utilizada na fabricação de fibrocimento, revestimento de piso, isolantes térmicos, produtos de vedação e têxteis, material de fricção, filtros, papéis e papelões, entre outros. A Sama tem 600 colaboradores diretos e 350 terceirizados. Preocupada com a preservação ambiental, a empresa mantém 80% da área total do empreendimento, de 4,5 mil hectares, conservada como reserva florestal. Nela foi realizado o zoneamento ambiental, com o objetivo de trabalhar a educação ambiental, por trilhas interpretativas utilizadas por alunos, professores, clientes e comunidade em geral. As iniciativas adotadas para o desenvolvimento de uma nova cultura de conscientização ambiental levaram a empresa a ganhar diversos prêmios nessa área. Seu sistema de gestão ambiental foi certificado de acordo Projeto Quelônios Sama Apoio à sobrevivência da tartaruga-da-amazônia, em parceria com o Ibama com a Norma ISO 14001:1996 em dezembro de 1998, pela Det Norske Veritas (DNV). Projeto Quelônios A empresa mantém o Projeto Quelônios Sama, criado em Foto: Sama 1995 por alunos e biólogos do Centro Educacional Ginette Milewski, escola mantida pela organização, com foco no manejo e reprodução de tartarugas-da-amazônia. Em 1999 o projeto foi regulamentado pelo Iba- ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 7

Fotos: Sama Artesanato Adolescentes aprendem a fazer obras com resíduos de rochas Educação Coleta seletiva de lixo é prática comum adotada pela Sama ma, que virou seu parceiro, tornando-o o primeiro e único criadouro conservacionista de quelônios da Amazônia instalado em uma empresa no Estado. A empresa realiza ainda programas sócio-ambientais, tais como Sama vai à Escola. Por meio do Projeto Sambaíba de Gestão Integrada de Resíduos Industriais tem sido possível o envio de 100% dos resíduos gerados na indústria para destinação correta, por meio da conscientização das pessoas envolvidas. O Projeto Artesanato em Resíduos de Rocha de Serpentinito (rejeito estéril) promove curso de profissionalização para 30 jovens e adolescentes carentes e/ou com necessidades especiais. Foi criada ainda uma cooperativa de artesanato com o objetivo de promover a geração de renda. A responsabilidade social da Sama fundamenta toda a sua atuação em função de sua própria história na região. No início das atividades da mineradora em Minaçu, em 1967, o município dispunha de pouca infra-estrutura. Atualmente, a cidade oferece condições de moradia, saúde e educação, e a empresa continua promovendo ações sociais, por uma questão de princípio empresarial. Na área da saúde, por exemplo, oferece profissionais especializados e estrutura física (hospital) à comunidade local. Na área da educação, disponibiliza bolsas de estudos e bolsas-auxílios. Além disso, a Sama patrocina eventos esportivos e culturais, e faz doações em espécie e de materiais a entidades religiosas, filantrópicas e fundações públicas municipais. A empresa estimula seus colaboradores a praticarem o trabalho social voluntário. Anualmente a Sama edita seu balanço social, que inclui todas as ações socioambientais. Na avaliação da direção da empresa, a atividade responsável de uma organização envolve, entre outras coisas, métodos de extração segura, preservação do meio ambiente, destinação correta dos resíduos, bem como ações nas áreas de educação, saúde, lazer, alimentação e programas de conscientização social. Belcar Caminhões, uma empresa cidadã A Belcar Caminhões tem como missão contribuir para a construção da cidadania por meio da prática da responsabilidade social. Dentro dessa filosofia, a empresa adotou como foco estratégico de atuação a educação. Seu públicoalvo é formado pelos colaboradores, caminhoneiros, crianças, adolescentes e jovens de baixa renda e em situação de risco. Os temas escolhidos pela Belcar Caminhões é a educação ambiental, formação continuada, educação em saúde, educação pela arte e inclusão digital. 8 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

Um dos projetos desenvolvidos é o das Escolas de Informática de Cidadania (EICs), cujo objetivo é divulgar noções de cidadania, ética, saúde e meio ambiente, utilizando a informática como ferramenta social para a inclusão social. O projeto EICs atende colaboradores da empresa e seus familiares, além de jovens e adolescentes de baixa renda e em risco social, e tem como parceiro o Comitê para Democratização da Informática (CDI). Estão em funcionamento atualmente quatro EICs: na sede da Belcar, no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), no Centro Educacional Donato Arezzo, Setor Brisas da Mata, todos esses em Goiânia; e uma escola na Vila São José Bento Cottolengo. Já foram certificados 704 alunos e outros 154 foram matriculados no primeiro semestre deste ano. Par arceir ceiros nas Estradas Outro importante projeto desenvolvido pela empresa é o Parceiros nas Estradas, cujo público são caminhoneiros. Seu objetivo é levar informações sobre doenças sexualmente transmissíveis a esses profissionais, além de aferir a pressão arterial dessas pessoas. Desde 2000, quando teve início, o projeto já atendeu 13.210 caminhoneiros, com investimento de R$ 35,9 mil. Realizado no Condomínio Sol Nascente, em Goiânia, desde 2004, o Projeto Belcar Arte apóia a apresentação de grupos teatrais, como o Olho da Rua. Para seu público interno (colaboradores), a empresa promove o Programa de Desenvolvimento Profissional Individual, apoiado na gestão por competências e avaliação de desempenho. A Belcar Caminhões publica anualmente seu balanço social. Com suas ações de responsabilidade social, a empresa tem conseguido fortalecer sua imagem institucional e conquistou diversas premiações, tornandose articuladora do Instituto Ethos em Goiás. Em 2004 ganhou Fotos: Belcar Caminhões Formação profissional Projeto Escola de Informática de Cidadania atende colaboradores e seus familiares Parceria nas estradas Caminhoneiros recebem apoio na saúde pessoal e informações sobre doenças o Prêmio Fundação Getúlio Vargas de Responsabilidade Social na área de varejo, categoria pequena empresa. Também conquistou por três vezes o Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho (1999/2003/2005). ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 9

Grupo Mabel tem preocupação social Fundado há mais de 50 anos em Ribeirão Preto (SP), o Grupo Mabel se instalou em Aparecida de Goiânia em 1973, quando passou a ter forte atuação junto aos seus colaboradores e à comunidade local. A Fundação Nestore Scodro, ligada ao grupo, desenvolve projetos que atendem trabalhadores e comunidades adjacentes. O grupo mantém há 15 anos, em sua matriz, em Aparecida de Goiânia, um conjunto habitacional composto de 234 unidades para colaboradores e familiares, onde moram mais de 650 pessoas sem custos. A locomoção dos trabalhadores é facilitada por meio que quatro ônibus que servem diariamente no transporte empresa/residência. A organização mantém uma rede de assistência social que vai além do atendimento a seus colaboradores. No conjunto habitacional da Mabel foram construídas instalações utilizadas também pelos moradores de bairros vizinhos. O Grupo Mabel presta serviços como creche, escola, centro de saúde com atendimento médico-odontológico, oficina de artes, posto policial, programas sociais para crianças e idosos, além de centro comunitário equipado com brinquedoteca e que conta com atividades educacionais e esportivas, como caratê, futebol e vôlei. São atendidas mensalmente 1,2 mil pessoas por mês. Foto: Mabel Gestão inovadora Na Mabel, servidores ganharam um durmódromo para a soneca após o almoço Centro de convivência Visando aproximar trabalhadores e a comunidade, a empresa promove ainda competições esportivas e culturais, e criou uma feira livre onde são comercializados diversos produtos. Com foco no seu público interno (colaboradores), foram investidos R$ 4 milhões na construção do centro de convivência que funciona na indústria de Aparecida de Goiânia. Com área de 2,8 mil metros quadrados, o centro conta com restaurante, auditório para 200 pessoas, teatro-cinema com 141 lugares, biblioteca informatizada, sala de jogos, ambulatório, quiosque com TV e posto bancário. Foi instalado ainda um durmódromo, local onde os trabalhadores podem tirar uma soneca após o almoço. Com o objetivo de qualificar mais seus colaboradores, a empresa firmou convênio com oito universidades. Em contrapartida, a empresa recebe estudantes para visitas, abrindo campo aos estagiários. Dentro do propósito de promover o empreendedorismo, o Grupo Mabel é um dos mantenedores da Associação Júnior Achievemente em Goiás, entidade sem fins lucrativos, que 10 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

atende adolescentes e jovens das escolas da rede pública e privada de Goiânia. A empresa participa ainda de várias ações voltadas ao atendimento da população, como o Fome Zero, Campanha do Desarmamento, Criança Feliz, Mc Dia Feliz, Campanha do Agasalho, de Erradicação do Trabalho Infantil, Contra o Desperdício, Criatividade e Arte, Menor Aprendiz (atende além da cota exigida pela lei), Alimentação Solidária e Educação Alimentar, Saúde da Gestante, Incentivo ao Esporte, Inclusão Digital, Saúde Bucal, Primeiro Emprego, além de fazer doações regulares de biscoitos para entidades filantrópicas de todo o Estado. Foto: Mabel Descanso com lazer Trabalhadores têm espaço adequado para momentos de descontração na empresa EBM Incorporações intensifica seus projetos de responsabilidade social A EBM Incorporações Ltda é parceira em várias ações de responsabilidade social, mas as atividades nessa área ganharam impulso a partir do ano passado. A empresa desenvolve projetos na área de educação, como o Alfabetização no Canteiro, destinado a colaboradores, e é uma das mantenedoras da Júnior Achievemente, unidade de Goiás, entidade que desenvolve programas de educação prática em economia e negócios para estudantes de escolas públicas e privadas. Na área social, a EBM contribui com recursos para a construção da sede própria da Associação Pró-Hope Apoio à Criança com Câncer, na cidade de São Paulo. Está implementando ainda o Projeto Creche Escola, que vai beneficiar uma entidade de Goiânia, a qual receberá a reforma de sua estrutura física e mutirão de atividades sociais com o apoio de seus colaboradores e familiares. Os trabalhadores da construtora já participam de campanhas como Páscoa Feliz, Mais Quente do Ano (de agasalhos) e Natal Mais Feliz. Coleta seletiva de lixo A empresa promove ainda a coleta seletiva de lixo em vários canteiros de obras e no escritório. O material reciclável, como plástico, papel e cartuchos vazios de impressoras, é doado para o Hospital do Câncer de Goiânia. A meta Divulgação da informática Empresa doou computadores para o Comitê de Democratização da Informática Foto: EBM ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 11

para 2006 é que o programa seja levado a todas as unidades da empresa. Em maio de 2005, a EBM foi uma das empresas que participaram, junto com a Federação das Indústrias (Fieg), de um projeto de doação de computadores para o Comitê para Democratização da Informática em Goiás. A empresa colaborou com dez equipamentos, que foram destinados a diferentes instituições de ensino, selecionadas e cadastradas pela Fieg. Outro projeto desenvolvido é a Campanha Tapume, cujo objetivo é conscientizar a população contra as pichações em tapumes, muros e obras públicas de Goiânia. A preservação dos tapumes de obras da construtora resulta em doações para a manutenção de creches da comunidade adjacente. Atualmente duas entidades estão sendo beneficiadas com o projeto: o Centro de Educação Infantil Sementes do Amor, ligada à obra do Ventana Del Sol, e o Centro Comunitário Santa Genoveva relacionado com o Chateau du Parc. A EBM pretende estender a campanha a outros empreendimentos. Na área ambiental, a construtora realizou, em junho do ano passado, a Primeira Manhã Ecológica da EBM, no Jardim Botânico Foto: EBM Mundo infantil EBM realizou Campanha Páscoa Feliz em creches que abrigam crianças carentes de Goiânia, com a participação de colaboradores do escritório da capital e seus familiares. Preocupada com a preservação do meio ambiente, a empresa passou a imprimir seu jornal institucional, o EBM Post, em papel reciclado. Caramuru se envolve com a comunidade A Caramuru Alimentos é uma empresa que se preocupa com os problemas vividos pela comunidade em que está inserida. Um dos projetos desenvolvidos é o Aprendendo com Você. Por meio dele, o grupo dedica especial atenção a duas escolas municipais de Itumbiara Alexandre Arcipretti e Vinícius de Aquino Ramos estabelecimentos de ensino localizados nos bairros Nossa Senhora da Saúde e Parque dos Buritys próximos ao complexo da Caramuru na cidade. Atualmente são beneficiados 1.393 alunos das duas escolas, que estão na fase de alfabetização e ensino fundamental (1ª à 8ª série), além da educação de jovens e adultos. A Caramuru providenciou a informatização desses estabelecimentos de ensino e são desenvolvidos projetos como o 5S, gestão à vista e capacitação dos professores por meio do sistema voluntariado. O objetivo é reduzir os índices de evasão e reprovação, bem como atingir o porcentual de 90% na participação dos alunos nas atividades extracurriculares oferecidas, como xadrez, dança, capoeira e caratê, entre outras. O Grupo promove uma série de ações voltadas ao seu público interno (colaboradores), tais como campanhas de saúde, integração, qualificação, ergonomia, sinalização de segurança, ginástica laboral, coral, realização de atividades esportivas e formação de brigadas de emergência. Também são realizadas ações de educação e preservação ambiental. Uma delas é a coleta seletiva de resíduos para o aproveitamento de material reciclável. Foram construídos ainda a Central de Resíduos e a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Na área de esporte, a Caramuru promove o Sinhá Open de Tênis, cuja 12ª edição será realizada no período de 27 a 31 de julho, no Clube dos 50, em Itumbiara. O gru- 12 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

po mantém ainda uma associação esportiva para seus colaboradores, com a realização de diversas competições nas áreas de natação, futebol e atletismo. O Grupo Caramuru, juntamente com outras empresas que atuam no município, integra o núcleo de Responsabilidade Social de Itumbiara. Foram realizados, em 2004 e 2005, seminários de Responsabilidade Social no município com temas variados, sempre focados na responsabilidade social. Visando buscar a melhoria contínua, a empresa passou a adotar a ferramenta Indicadores Ethos, do Instituto Ethos, para promover uma auto-análise e avaliação das ações desenvolvidas. Foto: Caramuru Apoio à educação Duas escolas mantidas pela Caramuru garantem ensino para 1.393 estudantes Equiplex tem foco nos colaboradores A Equiplex Indústria Farmacêutica adotou a política de responsabilidade social por acreditar que por meio dela é possível impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e criar perspectivas reais de sustentabilidade para o País. Um dos principais focos da empresa são seus colaboradores. Foi criado um bosque na sede da indústria, com dois lagos e replantio de árvores, onde os trabalhadores podem descansar em seus momentos de intervalo para combater o estresse. A empresa recebe visitas de estudantes de escolas da comunidade para conhecerem a área de preservação ambiental, os quais ainda recebem uma cartilha educativa. A Equiplex incentiva a criatividade manual e artesanal de seus colaboradores, assim como a realização de atividades culturais e esportivas, e do programa de ginástica laboral. Na área da saúde, conta com um ambulatório médico e, em parceria com o Sesi, promove programa de saúde bucal e odontológica. Uma psicóloga da empresa, além de suas atividades, abre espaço para ouvir colaboradores e fazer intervenções com o objetivo de minimizar sintomas e conflitos trazidos pelos mesmos e que, de alguma forma, afetam negativamente a qualidade de vida no trabalho. Foto: Equiplex Criatividade Trabalhos manuais e artesanais, assim como projetos culturais, têm incentivo ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 13

Na indústria é praticada a coleta seletiva de lixo, com o intuito de promover o reaproveitamento de materiais recicláveis e dessa forma contribuir para a preservação ambiental. Incentivando a aprendizagem no seu quadro de pessoal, a Equiplex oferece bolsa universitária no valor de meio salário mínimo (R$ 175,00 em valores atuais) para os colaboradores que ingressam na universidade. Entretanto, a empresa não valoriza apenas seus colaboradores, mas se interessa também em apoiar a comunidade, por meio de doações de cestas básicas para a Creche Amiguinhos de Jesus. Contribui também com a Casa de Apoio de Combate ao Câncer São Luiz e faz doação de lanches diários para pessoas carentes. Foto: Equiplex Ginástica laboral Exercícios físicos contribuem para melhorar o desempenho dos trabalhadores Governo estadual também dissemina o conceito da responsabilidade social O governo estadual contribui ainda para disseminar o conceito de responsabilidade social. Por isso, participa como parceiro do Conselho de Responsabilidade da Federação das Indústrias no Estado (Fieg). A servidora pública Cláudia Vilela Pinheiro, da Secretaria de Gestão, é uma das conselheiras. Nosso objetivo é ser elo de ligação entre o governo estadual e a iniciativa privada, na promoção de ações que contribuam para divulgar as boas práticas de responsabilidade social, diz. Dessa forma, no Prêmio de Responsabilidade Social o poder público estadual atuará na divulgação dos premiados, por meio da veiculação de mídia na TV, rádio e revista, e ainda através da Agência Goiana de Comunicação Foto: Cleomar Nascimento Cláudia Vilela Pinheiro Elo entre o governo e a iniciativa privada (Agecom). Cláudia Vilela apresenta o projeto da responsabilidade social para estudantes universitários, além de participar de visitas, junto com outros conselheiros, a empresas da capital e do interior, com o propósito de esclarecer e dar suporte às organizações, de forma que elas adotem políticas e práticas sociais. São divulgados os Indicadores Ethos de RSE, uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão da empresa, no que se refere à incorporação de práticas de responsabilidade social empresarial. De acordo com a gerente de Qualidade da Se- 14 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

cretaria do Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Lara Garcia, o planejamento estratégico do órgão encontra-se em processo de revisão e o tema responsabilidade social deverá ser mantido em sua gestão. A Seplan já realiza algumas ações nessa área. Uma delas é o Projeto PlanejARte, cujo objetivo é valorizar as vocações artísticas das pessoas que trabalham no órgão, bem como descobrir e incentivar novos valores da comunidade. Foi criado o Coral de Vozes da Seplan, e além disso, os servidores têm direito a aulas de violão e dança de salão. A Seplan conta com o Espaço Cultural Octo Marques, onde são realizadas mostras de artes visuais. Ao todo, até maio último, já foram promovidas 12 exposições de artistas plásticos goianos ou de outros Estados radicados em Goiás. Os servidores do órgão também participam de campanhas de doações de alimentos e agasalhos para comunidades carentes. Celg apóia projetos culturais e esportivos Empresas estatais, como a Celg e a Saneago, também desenvolvem ações sociais, com foco no atendimento a seus diversos públicos. A Companhia Energética do Estado efetiva uma série de eventos e realizações. A empresa promoveu, no ano passado, o Encontro Energia dos Municípios, com o objetivo de informar os prefeitos a respeito de iluminação e outros programas relacionados à energia elétrica, como Luz para Todos, Contribuição Para Iluminação Pública (Cosipi), entre outros. A companhia destinou patrocínio de R$ 1,2 milhão para a reconstrução da Igreja do Rosário, em Pirenópolis, parcialmente destruída por um incêndio em 2002. Também patrocina o término da construção do Cavalhódromo da cidade, com o aporte de R$ 1 milhão. Na área da educação, realiza desde 2002 o Projeto Celg nas Escolas, visando criar nos estudantes uma cultura de utilização otimizada da energia elétrica. Em 2005 foram contempladas 112 escolas, das quais 67 na capital e 45 no interior. Na área do esporte, a Celg patrocina o Palmeiras Futebol Clube de Goiás, equipe da cida- Apoio à educação Projeto Celg nas escolas cria nos alunos a cultura de uso racional da energia de de Palmeiras de Goiás. Além do time titular, o apoio se estende a 180 crianças da escolinha de base, em seis categorias. A empresa financia os uniformes dos alunos e a remuneração de três professores. No ano passado, em comemoração ao cinqüentenário da companhia, a Celg realizou uma extensa programação cultural. Entre elas destacam-se o lançamento de livros, apresentações da peça teatral Puro Brasileiro, Foto: Celg show popular na Praça Cívica e a inauguração do Painel Luzes e Cores de Goiás, que traz figuras relacionadas à cultura goiana pintadas pelo artista Edney Antunes. Foram realizadas ainda a 3ª edição do Prêmio Celg de Artes Plásticas, que premiou 19 trabalhos de arte contemporânea, e o 2º concurso de Redação e Desenho Celg nas Escolas, com a participação de 187 estabelecimentos de ensino das redes estadual e municipal. ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 15

Por meio de convênio com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), a Celg colabora com a manutenção da Oficina Educacional Comunitária (OEC) Novo Mundo e com o Programa Meninas de Luz Gercina Borges, cuja finalidade é promover a inclusão de jovens na capacitação profissional e a inserção na sociedade de vítimas da violência social. A OEC e o Programa Meninas de Luz atendem mensalmente cerca de 340 adolescentes. Foto: Saneago Saneago tem programas socioambientais A Saneago desenvolve programa de educação socioambiental nas cidades onde há estações de tratamento de esgoto, envolvendo as escolas da primeira fase do ensino médio, associações de moradores e secretarias municipais. O trabalho consiste na apresentação de palestras sobre a conservação da água, o uso correto das redes coletoras de esgoto sanitário, o acondicionamento adequado dos resíduos sólidos e a preservação das matas e florestas. Com a implementação da Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia Dr. Hélio Seixo de Britto, a Saneago desenvolve projetos de educação sanitária, ambiental, social e cultural com os moradores dos bairros adjacentes à ETE. O Projeto de Trabalho Social abrange cursos de janela Mais de 140 mil estudantes já passaram pela Escolinha AbcS Saneamento em apenas cinco anos de funcionamento. Iniciativa é exemplo para o País capacitação, palestras, criação de corais, grupos teatrais e de dança, reflorestamento de alguns pontos da região ribeirinha, cursos geradores de renda às famílias ribeirinhas e orientações diárias na Escolinha AbcS de Saneamento. A Escolinha AbcS de Saneamento completará cinco anos de criação em outubro próximo e já se tornou referência nacional. Na inauguração Conscientização Escolinha da Saneago ensina sobre a importância da água e cuidados com o ambiente da ETE, em outubro de 2003, passou a se chamar Escolinha de Saneamento Washington Novaes. Recentemente, foi inaugurada a Sala Verde, uma biblioteca que possui acervo de mais de 450 livros, montada com o apoio do Ministério do Meio Ambiente. Mais de 140 mil estudantes já visitaram a escolinha da Saneago e estão agendadas visitas de alunos de escolas municipais e estaduais até o fim do ano. Diariamente, estudantes de três estabelecimentos de ensino passam pelo local, com visitas que duram em média duas horas. Nesse período as crianças e adolescentes assistem a vídeos sobre o tratamento de esgoto e preservação do meio ambiente. Também participam de palestras e ainda percorrem a estação de tratamento de esgoto num trenzinho estilizado. Fazem o plantio de mudas de árvores, visitam a piscicultura e soltam peixes no Rio Meia Ponte, além de receberem material didático. Com o projeto, a Saneago pretende conscientizar a população, por meio das crianças, a aprender a utilizar os recursos hídricos de forma responsável, dada a sua escassez no mundo. Conforme pesquisas, a melhor maneira de obter sucesso no trabalho de conscientização da sociedade é por meio da criança, que tem maior sensibilidade para os assuntos de proteção do meio ambiente. 16 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

BALANÇA COMERCIAL Goiás projeta exportações de US$ 2,5 bilhões para 2006 As exportações goianas devem atingir o montante de US$ 2,5 bilhões em 2006 e o superávit da balança comercial do Estado poderá ficar em torno de US$ 1,5 bilhão no mesmo período. A projeção otimista, da Secretaria de Estado do Comércio Exterior (Secomex), se deve aos resultados recordes alcançados em 2005 e também no início deste ano, fatores que demonstram o avanço da inserção de Goiás no mercado internacional por meio da conquista de novos parceiros comerciais e da consolidação dos já existentes. A balança comercial goiana mantém o bom desempenho no primeiro quadrimestre de 2006 (janeiro a abril). As exportações do período somaram US$ 574,488 milhões, com acréscimo de 53,38% sobre os quatro primeiros meses do ano anterior. As importações totalizaram US$ 277,297 milhões, resultando no saldo positivo de US$ 297,187 milhões (86,41% a mais do que no primeiro quadri-mestre de 2005). O secretário do Comércio Exterior, Ovídio de Ângelis, destaca a importância da obtenção de superávits na balança comercial para a economia goiana. Segundo ele, isso representa ingresso líquido de moeda forte, fato que contribui para Foto: Cleomar Nascimento Secretário Ovídio de Ângelis Exportações goianas crescem com diversificação ampliação das empresas locais e criação de novas vagas de trabalho. Soja lidera No mês de abril, o complexo soja manteve a liderança no ranking das exportações de Goiás, com total de US$ 92,319 milhões. O complexo carne ocupou o segundo lugar com o valor de US$ 50,501 milhões, dos quais US$ 40,8 milhões foram obtidos por meio da comercialização de carne bovina, apesar de a Rússia não ter figurado entre os compradores do produto no período. Conforme o secretário, Goiás foi beneficiado pela fragilidade de outros Estados fornecedores (Mato Grosso do Sul e Paraná), que perderam mercados devido a focos de febre aftosa. Mas graças à sanidade do rebanho goiano e aos esforços no sentido da conquista de espaços, Goiás tem conseguido manter a regularidade nas vendas de carne bovina para o exterior. A terceira posição na pauta de exportação de abril ficou com couros (US$ 6,919 milhões). Outros destaques, pela ordem, foram ferroligas, ouro, amianto, algodão, produtos químicos, preparações alimentícias diversas, produtos de origem animal impróprios para a alimentação humana, café, veículos e suas partes, cereais (arroz e milho) e leite. A Holanda ocupou a primeira colocação entre os destinos das exportações goianas, com total de US$ 51,988 milhões, seguida da China (US$ 28,027 milhões). Também adquiriram mercadorias goianas a Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Estados Unidos, Hong Kong, Egito, Arábia Saudita, Taiwan (Formosa), Espanha, Venezuela, Suíça, Israel, Irã, Romênia e Argentina. Os principais produtos im- ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 17

portados por Goiás em abril foram automóveis, tratores e suas partes, reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, produtos farmacêuticos, adubos ou fertilizantes, produtos químicos orgânicos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, sal, enxofre, terras e pedras, gesso, cal e cimento, aeronaves e outros aparelhos aéreos e suas partes, instrumentos e aparelhos de ótica e foto, obras de ferro fundido, ferro ou aço, entre outros. Nas importações, o Japão foi o principal parceiro de Goiás em abril, de onde o Estado comprou US$ 16,960 milhões em mercadorias. Também forneceram itens para Goiás Estados Unidos, Suíça, Rússia, Coréia do Sul, China, Tailândia, Índia, Argentina e Reino Unido. Ovídio de Ângelis lembra que a pauta importadora goiana é formada basicamente por produtos utilizados para fortalecer a produção do Estado, pois são máquinas ou equipamentos, matéria-prima ou partes de veículos que serão montados em nossas fábricas e depois transformados em itens exportáveis. Não estamos importando supérfluos, afirma. Foto: Marcus Vinicius A força da agricultura Complexo soja (grão e farelo) é o item de maior peso nas exportações de Goiás Balança comercial de Goiás (US$ FOB ) Janeiro/Abril 2006 Mês Exportações Importações Saldo Janeiro 106.671.506 57.986.290 48.685.216 Fevereiro 85.217.250 66.802.982 18.414.268 Março 213.315.461 79.306.954 134.004.507 Abril 169.284.683 73.201.339 96.083.344 TOTAL 547.488.900 277.297.565 297.187.335 Fonte: Secomex Em 2005, um desempenho histórico No ano passado, as vendas externas goianas somaram US$ 1,816 bilhão, total 28,7% maior do que os valores apurados em 2004, que atingiram US$ 1,411 bilhão, e representaram o maior volume de exportações da história do Estado. As importações totalizaram US$ 724,223 milhões, 15,9% superiores ao do período anterior, de US$ 624,875 milhões. Dessa forma, pela primeira vez a balança comercial de Goiás apresentou superávit acima da casa de US$ 1 bilhão. O saldo positivo entre exportações e importações foi de US$ 1,09 bilhão, total que representou crescimento de 38,78% em comparação ao apurado em 2004, que foi de US$ 786,897 milhões. O bom desempenho da balança comercial goiana foi obtido apesar do dólar ter ficado depreciado em comparação ao real no ano passado. Para compensar o problema cambial, as empresas goianas tiveram de exportar mais em termos de tonelagem. Em 2005 foram remetidos para outros países 5,259 milhões de toneladas de produtos, contra 3,809 milhões em 2004, o que significou acréscimo, em tonelagem, de 38,06% de um ano para o outro. Bom desempenho Para o secretário de Comércio Exterior, Ovídio de Ângelis, o bom desempenho da balança comercial de Goiás em 2005 se deve a uma série de fatores. Ele argumenta que o Esta- 18 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

do está ampliando sua produção, tanto agrícola quanto industrial, para atender à crescente demanda do mercado externo. Também vem gerando esforços para desenvolver tecnologia, treinar mão-de-obra, atrair novas empresas e modernizar seu parque industrial. Outra ação eficaz é a busca de novos mercados, assim como a consolidação de clientes tradicionais, o que tem sido feito por meio de missões comerciais de empresários goianos, com a presença do ex-governador Marconi Perillo ou do atual, Alcides Rodrigues, com o objetivo de estreitar relações comerciais com outros países. No ano passado foram realizadas missões comerciais ao Chile, Portugal, Espanha e França. Em fevereiro último foi realizada viagem à Rússia e Polônia. Está agendada outra missão à África do Sul, Moçambique e Angola, em data a ser definida. Para Ovídio de Ângelis, também contribuíram para o avanço das exportações goianas o engajamento do empresariado local e as políticas públicas de financiamento, tributária, creditícia e de logística, assim como a capacitação dos pequenos e médios empresários. O peso do agronegócio ajudou a incrementar as vendas externas dos complexos soja, carne, couros, e a ampliar a participação do açúcar, algodão e milho. Para este ano, devem crescer as exportações de álcool e, a médio prazo, do biodiesel, estima o secretário. Em 2005, o complexo soja foi o item mais exportado por Goiás: US$ 1,036 bilhão, o equivalente a 57% do total das vendas externas no período. Em seguida vieram os complexos carne (US$ 389,693 milhões) e couro (US$ 51,641 milhões). Também tiveram participação na pauta de exportações o ferronióbio, ouro, amianto, algodão, ferroníquel e açúcar. Foram vendidos ainda para outros países café em grão, leite em Desempenho da balança comercial de Goiás 2005 US$ FOB Mês Exportações Importações Saldo Janeiro 74.645.608 60.128.736 14.541.658 Fevereiro 63.717.165 55.885.080 7.912.017 Março 89.775.136 48.363.663 41.416.060 Abril 146.409.050 50.738.891 95.670.159 Maio 169.908.740 48.071.168 121.837.572 Junho 236.143.826 66.881.253 169.262.579 Julho 202.577.907 54.202.910 148.374.997 Agosto 216.404.264 65.240.789 151.163.475 Setembro 161.900.109 86.059.027 75.841.082 Outubro 160.689.313 67.213.720 93.475.593 Novembro 142.317.624 64.298.293 78.019.331 Dezembro 151.805.545 57.149.417 94.656.128 TOTAL 1.816.294.287 724.232.947 1.092.061.340 Fonte: Secomex Balança comercial anual de Goiás 1994/2005 US$ Ano Exportação Importação Saldo (Exportação menos Importação) 1994 353.052 149.868 203.184 1995 248.655 205.154 43.501 1996 387.007 241.379 145.628 1997 475.573 258.868 216.705 1998 381.669 311.887 69.782 1999 325.885 318.557 7.328 2000 544.767 373.987 170.780 2001 595.070 390.139 204.931 2002 649.081 326.813 322.269 2003 1.102.202 376.772 725.430 2004 1.411.773 625.364 786.410 2005 1.816.294 723.933 1.092.361 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior pó, adubos, milho, palhas de aço, pedras preciosas, óleo de girassol, entre outros. A Holanda, devido ao Porto de Roterdã, foi o principal destino das exportações goianas no ano passado, US$ 582,351 milhões, o equivalente a 32,06% do total. Em seguida vieram a China (US$ 201,268 milhões) e a Rússia (US$ 95,277 milhões). Os Estados Unidos ocuparam o quarto lugar, vindo em seguida Espanha, França, Alemanha, Itália, Arábia Saudita, Egito, Japão, Tailândia, Hong Kong, Paraguai e Bélgica. Em termos de blocos econômicos, a União Européia foi a principal cliente de Goiás, com aquisições de US$ 934,931 milhões, ou 51,47% do total. Em segundo lugar está a Ásia (com exceção do Oriente Médio), com US$ 379,406 milhões, e em terceiro, o Oriente Médio, com US$ 112,729 milhões. A Caramuru Alimentos ocupou a posição de maior empresa exportadora de Goiás em 2005, ao contabilizar vendas externas de US$ 209,902 milhões, seguida da Bunge Alimentos (US$ 165,860 milhões) e da Sementes Selecta (US$ 154,660 milhões). ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 19

Exportações de Goiás cresceram A força da pecuária Nos últimos anos, as exportações do complexo carne também tiveram grande impulso, conquistando consumidores em todo o mundo 457,34% em dólar nos últimos 7 anos A forte evolução das exportações goianas, nos últimos sete anos, pode ser verificada por meio da estatística da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Em 1998, as vendas externas do Estado somaram US$ 381,669 milhões, e saltaram para US$ 1,816 bilhão em 2005, o que representou crescimento nominal em dólar de 457,34% no período. Já o saldo da balança comercial (exportações menos importações) foi ainda mais expressivo, pois passou de US$ 69,782 milhões em 1999 para US$ 1,092 bilhão no ano passado, com acréscimo de 1.464,87%. Além do avanço da economia goiana no período, por meio da instalação de novas indústrias, notadamente no ramo do agrone- Principais destinos dos produtos goianos em 2005 (US$ FOB) 1) Holanda: 528,351 milhões 2) China: 201,268 milhões 3) Rússia: 95,277 milhões 4) Estados Unidos: 81,494 milhões 5) Espanha: 80,097 milhões 6) França: 72,022 milhões 7) Alemanha: 66,267 milhões 8) Itália: 61,000 milhões 9) Arábia Saudita: 44,033 milhões 10) Egito: 36,836 milhões 11) Japão: 30,122 milhões 12) Tailândia: 30,014 milhões 13) Hong Kong: 28,456 milhões 14) Paraguai: 26,548 milhões 15) Bélgica: 25,819 milhões gócio, da ampliação da produção de soja e de carnes (commodities agrícolas valorizadas no mercado externo), também deve ser destacada a produção mineral para exportação, como ouro, amianto, ferroníquel e nióbio. Outro marco no setor foi a criação, em 2003, da Secretaria de Estado do Comércio Exterior (Secomex), pasta cujo foco de trabalho é apoiar as ações governamentais voltadas ao estímulo das exportações, tanto por parte das grandes organizações quanto a preparação de médias e pequenas empresas para se inserirem no mercado internacional. A Secomex organiza ainda as missões comerciais, compostas por empresários e autoridades, com o objetivo de prospectar novos mercados para os produtos goianos, e ainda consolidar e até ampliar os negócios com países que já costumam transacionar com o Estado. 20 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO ABRIL/JUNHO 2006

Maior parte das importações é de matéria-prima, veículos e equipamentos As importações goianas de 2005 abrangeram matéria-prima para a produção de medicamentos, adubos e fertilizantes, automóveis e partes de veículos, colheitadeiras de algodão, malte para fabricação de cerveja, azeitonas, máquinas e equipamentos para o parque industrial, azeite de oliva, entre outras. O Japão foi o país que mais vendeu para o Estado: US$ 195,508 milhões, o equivalente a 27,01% do total de 2005. Os Estados Unidos ocuparam o segundo lugar (US$ 87,367 milhões) e a Tailândia a terceira posição (US$ 57,364 milhões). Também foram grandes fornecedores do Estado a Rússia, China, Índia, Suíça, Argentina, Alemanha e Itália. Em termos de blocos econômicos, a Ásia (exclusive o Oriente Médio) foi o que mais vendeu para Goiás, com total de US$ 358,2 milhões no ano passado, ou 49,48% do total, vindo em seguida os Estados Unidos (inclusive Porto Rico), com US$ 97,367 milhões. A principal empresa importadora do Estado foi a MMC Automotores do Brasil, sediada em Catalão, no Sudeste goiano, com total de US$ 234,716 milhões. Também se destacaram a Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos, a Mosaic Fertilizantes do Brasil, a Intersmart Comércio, Importação e Exportação, e a ADM do Brasil. De acordo com Ovídio de Ângelis, a pauta de importações de Goiás comprova o crescimento da economia local, pois a maioria dos itens adquiridos de outros janela Diversificação da economia goiana exige importações de bens duráveis e de matérias-primas. Ainda assim, o saldo comercial é superavitário ano após ano países é composta de matériasprimas, veículos, máquinas e equipamentos, que vão ser processados nas indústrias goianas ou utilizados na modernização das empresas e da agricultura. Sobre o superávit recorde de mais de US$ 1 bilhão registrado no ano passado, destaca que são recursos importantes para a economia goiana. Os resultados positivos das vendas externas brasileiras também contribuem para a criação de novos postos de trabalho, ressalta Ovídio de Ângelis. Ele explica que a cada US$ 10 mil em exportações é criado um emprego. Dessa forma, como foram exportados US$ 1,8 bilhão no passado em Goiás, isso significa cerca de 180 mil postos de trabalho criados. Economia em crescimento Estado importa equipamentos sofisticados e matéria-prima para medicamentos ABRIL/JUNHO 2006 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 21