A Importância da Implantação do Sistema de Gestão Ambiental nas Organizações em busca da Sustentabilidade Empresarial.



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1 Faculdades Sudamérica Volume 5-2013 A Importância da Implantação do Sistema de Gestão Ambiental nas Organizações em busca da Sustentabilidade Empresarial. Fernando de Sousa Santana Geovani Cândido de Souza Juliana Rodrigues Ferreira Luciano José Ferreira Franco Marina Castro de Oliveira RESUMO: Muito se tem falado sobre Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e Sustentabilidade, principalmente nas organizações, sobre os benefícios, vantagens em trabalhar estes quesitos aliados a responsabilidade social. Este presente artigo busca, através da literatura existente, explorar toda a mudança de paradigma dentro das organizações ao escolherem implantar em seus processos de produção e prestação de serviços estas ações, e os principais motivos que levam as organizações explorarem este mundo que vai além da obtenção do lucro. Com o acesso à informação e maior nível de conhecimento da população e aos crescentes problemas ambientais que já são sentidos por muitos ao redor do planeta, tem provocado o aumento no número de organizações que buscam vincular sua imagem a ações de responsabilidade socioambiental. PALAVRAS CHAVE: Sistema de Gestão Ambiental, Sustentabilidade, Socioambiental, Organizações. ABSTRACT: Much has been said about the Environmental Management System (EMS) and Sustainability, particularly in organizations about the benefits, advantages to working these questions coupled with social responsibility. This present article seeks, through literature, exploring the whole paradigm shift within organizations choose to deploy in their production processes and services these actions, and the main reasons why organizations explore this world that goes beyond obtaining profit. With access to information and higher level of knowledge of the population and the growing environmental problems that are already felt by many around the world, has caused the increase in the number of organizations seeking to link their image to social and environmental actions. KEYWORDS: Environmental Management System, Sustainability, Social, Environmental, Organizations.

2 1 - INTRODUÇÃO O termo sustentabilidade tornou-se indispensável no vocabulário de qualquer organização. A palavra sustentável tem origem no latim sustentare, que significa sustentar, apoiar, conservar. Trazendo para um contexto mais restrito, podemos definir como sustentável, o que pode ser realizado sem que haja prejuízos ou oferece riscos ao meio ambiente. Tal termo é bastante abrangente, é frequentemente usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos, como por exemplo: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental de parques e reservas florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que incluam aspectos ambientais. O mundo Global, a despeito de todos os males causados aos mais fracos, trouxe uma inovação interessante: A responsabilidade Social Ambiental como diferenciais de mercado. (CALDERARI et al, 2009) Sustentabilidade ambiental está intimamente ligada à Responsabilidade Social. As enormes carências e desigualdades sociais existentes em nosso país dão à responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social, sejam construtores de uma sociedade melhor. (www.cenedcursos.com.br) Os consumidores do século XXI estão mais exigentes, pois possuem a disposição uma gama de produtos de diversas empresas, e cada vez mais, optam por aqueles de empresas que não se preocupam apenas em produzir e obter o lucro, mas que se preocupam com a qualidade de vida dos funcionários, com a comunidade ao redor, com a qualidade do meio ambiente, empresas com certificações ambientais, que desenvolvam trabalhos de proteção ao meio ambiente, redução do consumo de matéria-prima, entre outras ações, voltadas ao meio ambiente e à responsabilidade social. Este cenário tem levado cada vez mais empresas a desenvolverem atividades que as tornem socialmente e ambientalmente corretas, estes quesitos se tornaram essenciais na conquista de clientes e até mesmo na fidelização à marca. Além das exigências dos investidores, que procuram a cada dia mais investir em empresas que se preocupam com a questão ambiental, com a globalização e o avanço tecnológico, as informações são disseminadas rapidamente, com isso nenhum investidor quer ter a

3 empresa na qual investiu ligada a desastres ambientais veiculados na mídia. Ações no campo Socioambiental tem se tornado uma poderosa ferramenta de valorização da marca, de agregar uma imagem positiva a determinado produto ou serviço. Com a sustentabilidade em destaque, o marketing verde se tornou um grande aliado na divulgação das ações desenvolvidas pelas empresas, mas que nem sempre traz apenas consequências positivas, em alguns casos é utilizado em favor próprio, este é o caso do Greenwashing, termo desconhecido por muitos, mas que já tem provocado algumas discussões e colocado em desconfiança o trabalho realizado por muitas organizações. O Greenwashing seria uma forma maliciosa do marketing verde, onde informações são veiculadas de forma enganosa, maliciosa, apenas para disfarçar uma fraca ou inexistente atuação a favor do meio ambiente. Este estudo baseia-se na revisão da bibliografia existente sobre o assunto, confrontando e analisando informações, contexto histórico, mudança de comportamento consumista, exigências legais entre outros fatores sobre o tema sustentabilidade e responsabilidade social nas organizações. Desta forma, através de pesquisas bibliográficas, este artigo tem como objetivo elucidar as vantagens das organizações de pequeno, médio e grande porte, na implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e ações voltadas às questões Sociais. Elucidar os principais motivos, exigências que levam a procura por estas ações, a importância de ter ações comprometidas com a seriedade. Pretende-se ainda, destacar as principais etapas de implantação de um Sistema de Gestão de Ambiental e os detalhes a serem observados em cada etapa, bem como, o processo durante e após a implantação. 2 - SURGIMENTO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) E A MUDANÇA DE PARADIGMA Até meados do século XVIII, a produção ocorria de forma artesanal, dessa maneira o produtor dominava todo processo produtivo, o que influenciava diretamente na forma de consumo. Este cenário começou a mudar ainda no mesmo século, quando tivemos o surgimento da Revolução Industrial, quando as máquinas foram incorporadas ao setor produtivo.

4 Podemos dividir a Revolução Industrial em três etapas, estando à primeira etapa compreendida entre os anos de 1760 e 1860, quando tivemos o aprimoramento das máquinas a vapor, tendo ocorrido inicialmente na Inglaterra. A segunda etapa está compreendida entre 1860 e 1900 e países como a Alemanha, França, Rússia e Itália passaram por um processo de industrialização. Segundo relatos históricos, nesta fase tivemos o emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período. Todos esses avanços e mudanças mudaram o mundo, mudaram a forma de produzir e a forma de consumir. A produção em larga escala exigiu mais recursos disponíveis e com isso um aumento na extração de matéria-prima, recursos naturais. Passamos a ter um ciclo produtivo quer era pensado apenas na obtenção do lucro, já que era possível produzir cada vez mais e em menos tempo. Na medida em que a Revolução Industrial foi se espalhando, a paisagem começou a mudar, imagens de chaminés expelindo grande quantidade de fumaça e outras substâncias, muitas até desconhecidas, era visto como sinal de prosperidade, de crescimento. FIGURA 1 Ilustração da paisagem inglesa durante a revolução industrial. Fonte: http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/ Estamos no século XXI e a forma de produção em larga escala foi aprimorada, a forma de extração dos recursos naturais precisou ser melhorada, a tecnologia avançou possibilitando a criação de máquinas cada vez mais pensadas em aumentar a

5 produção. Ou seja, uma revolução que nunca terminou, mas que está a cada dia sendo melhorada, adaptada para atender os novos padrões de consumo. Até mesmo a paisagem continuava com a mesma associação, grandes galpões, áreas industriais com grandes chaminés expelindo fumaça é sinônimo de avanço, prosperidade. O que mudou são os tamanhos das chaminés, a quantidade de poluentes lançada, a variedade de substâncias tóxicas. Vivemos um período em o que o desenvolvimento deveria ocorrer a qualquer custo. FIGURA 2 Lançamento de poluentes na atmosfera por indústria. Fonte: http://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/empresas-reduziram-oinvestimento-em-acoes-de-sustentabilidade-aponta-cdp/ Acreditava-se que o meio ambiente era uma fonte inesgotável de recursos naturais, os quais sempre estariam à disposição para serem extraídos e utilizados para produção dos mais diversos produtos, até que problemas começaram a surgir, ainda no século XX problemas como secamento de rios e lagos, falta de água potável, ilhas de calor, problemas com a poluição do ar nos grandes centros urbanos, agravados principalmente pela inversão térmica, começaram a preocupar a humanidade.

6 Foi então que em 1972, foi realizada a conferência de Estocolmo que visava alertar a humanidade para os problemas ambientais, trazendo o propósito de melhorar a relação com o meio ambiente e assim atender as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras, apresentando o termo sustentabilidade ao mundo. As organizações passaram a ser vistas como grandes vilãs na preservação do meio ambiente, o que levou as organizações a buscarem implantar medidas mitigadoras contra a poluição, desperdício de matéria-prima, energia e outros recursos utilizados no processo fabril. Para melhor implantação das medidas mitigadoras as empresas recorrem a estudos, registros, avaliações. Todos estes processos fazem parte do que chamamos de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) ou até mesmo dentro de normas para adquirir uma certificação. Aliados ao SGA as empresas tem buscado ações no campo social, se preocupando com seus Stakeholders, incluindo-os em suas avaliações para implantar as medidas no campo social e ambiental. Todas essas ações além de contribuir para melhorar a imagem da empresa, visam atender as exigências do mercado de investimentos, os investidores buscam organizações que se preocupam com estas questões, aumentam as chances de competitividade e diminui os riscos de impactos negativos a organização. Essa mudança de paradigma surge em resposta às exigências legais e ao mesmo tempo, atender a exigência dos consumidores, que se preocupam cada dia mais em escolher produtos e/ou serviços de empresas com responsabilidade socioambiental, que não se preocupam apenas em obter o lucro com suas atividades. Segundo a Norma ABNT ISO 14001:2004, As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Não se pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam utilizadas para criar barreiras comerciais não tributárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização. Segundo Floriano (2007), políticas de gestão ambiental podem ser caracterizadas quanto ao seu caráter e nível de abrangência. Quando as classificamos sob a óptica do caráter, temos as políticas públicas e privadas, já quanto à abrangência, temos políticas internacionais, federais, estaduais ou municipais, entre outros. Essa definição

7 nos faz lembrar que o poder público tem função essencial na proteção ao meio ambiente, exercendo seu poder na mediação de interesses e conflitos. Por muitas vezes, esquecemos que as soluções virão com a participação da sociedade, poder público e as organizações. Mudar o paradigma enraigado nas origens destas três esferas exige muito empenho, determinação. É preciso compreender que as mudanças vêm em benefício de todos. Neste ponto, citamos as organizações, que sempre resistiram a qualquer ação voltada à preservação do meio ambiente, preservar era sinônimo de prejuízo, mas que hoje já conhecem a importância que possuem. De acordo com Floriano (2007), Política ambiental privada pode ser entendida como a declaração de uma organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais. A gestão ambiental privada é amplamente tratada nas normas ISO 14000, das quais se pode deduzir o seguinte conceito: Gestão ambiental privada é parte integrante do sistema de gestão global de uma organização e constitui-se em um processo administrativo, dinâmico e interativo de recursos, que tem como finalidade: equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas e ajudar a proteger a saúde humana, através da formulação de uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais significativos, visando a melhoria contínua no desempenho ambiental da organização de forma a atender às necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental. 2.2 - SGA e Sustentabilidade É preciso ter cautela ao utilizar o termo sustentabilidade, quando se pretende implantar um SGA, seu objetivo é alcançar a sustentabilidade empresarial, mas precisamos estar atentos, muito se tem utilizado o termo sustentabilidade e isso pode nos levar a alguns erros. A definição mais difundida sobre sustentabilidade é a da Comissão Brundtland que, em abril de 1987, publicou um relatório inovador, Nosso Futuro Comum que trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público. De acordo com o relatório Comissão Brundtland, Nosso Futuro Comum:

8 O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades. Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará sempre propenso à crises ecológicas, entre outras...o desenvolvimento sustentável requer que as sociedades atendam às necessidades humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo como pela garantia de oportunidades iguais para todos. Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, em nossos padrões de consumo de energia... No mínimo, o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos. Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas Analisando as definições da Comissão Brundtland sobre desenvolvimento sustentável, percebemos que atingir a sustentabilidade não basta possuirmos ações apenas para a preservação do meio ambiente, trabalhar sustentabilidade é preciso ter ações voltadas para três áreas Ambiental, Econômico e Social formando o que chamamos de Tripé da Sustentabilidade ou Triple Bottom Line. FIGURA 3 Imagem ilustrativa do Triple Bottom Line. Fonte: http://teto2r.com/tripe-da-sustentabilidade/

9 3 - IMPLANTANDO UM SGA Quando uma organização decide investir em ações ambientais é preciso ter em mente que será necessário o engajamento de todos, isso inclui a mudança de paradigmas, de coisas simples do dia a dia, mas que farão a diferença no ambiente organizacional. É preciso que a política ambiental esteja comprometida com a melhoria contínua, o aperfeiçoamento constante. A referência para implantação de um SGA é a norma ISO 14001:2004, esta norma específica os requisitos para que um sistema da gestão ambiental capacite uma organização a desenvolver e implementar política e objetivos que levem em consideração requisitos legais e informações sobre aspectos ambientais significativos. A norma ISO 14001 está baseada na metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act (PDCA) onde podemos traduzir para Planejar-Executar-Verificar-Agir. Na fase do planejamento é quando são estabelecidos os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em concordância com a política ambiental da organização. Na fase da execução temos a implementação dos processos, já na fase de verificação é quando ocorre à monitoração, medição e avaliação dos procedimentos em conformidade com a política ambiental, metas, requisitos legais e outros. 3.1 - Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental Após a escolha da organização em implantar o SGA e ter a consciência de que é preciso continuamente melhorar o sistema, a Norma ISO 14001:2004 traz alguns requisitos que devem ser atendidos pelo programa. A organização deve ainda, definir e documentar o escopo de seu sistema da gestão ambiental.

10 FIGURA 4 Espiral do sistema de gestão ambiental. Fonte: ISO 14001:2004 Primeiramente, é preciso que a organização defina sua política ambiental, definição que deve ser realizada pela alta administração, que além de definir a política deve também assegurar que a política esteja adequada à natureza, aos impactos ambientais das atividades desenvolvidas pela organização. Que abranja a melhoria contínua e a prevenção dos impactos, poluição. Que possa abranger os requisitos legais, que é uma das grandes vantagens de se ter um SGA, evitar problemas judiciais, multas ambientais, mas que também se comprometa com os requisitos propostos pela empresa. A alta administração deve garantir que seja fornecido a estrutura necessária para alcançar os objetivos e metas ambientais e que seja documentada, implementada e mantida. E é muito importante que seja comunicada a todos que trabalhem na organização, que estejam presentes no dia a dia da empresa, nenhuma política ambiental e SGA terá sua máxima eficácia se não houver o engajamento de todos. A organização deve se preocupar na identificação dos aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, estes aspectos devem estar inseridos no escopo do SGA, tendo em destaque aqueles aspectos ambientais significativos sobre o meio ambiente. Não é possível que uma organização crie uma política ambiental e um SGA sem conhecer profundamente os impactos ao meio ambiente causados por suas atividades, a política deve ser elaborada justamente para mitigar estes impactos, ou até mesmo evitar. Os aspectos ambientais devem ser analisados frente aos requisitos legais e também sob a óptica dos requisitos definidos pela organização, que também

11 deve estabelecer metas e objetivos, metas que sevem ser mensuráveis e coerentes com a política ambiental, e não podendo esquecer-se de sempre atender aos requisitos legais. Para a implementação e operação do SGA é preciso que a administração assegure a disponibilidade de recursos essenciais. Esses recursos incluem recursos humanos e habilidades especializadas, infra-estrutura organizacional, tecnologia e recursos financeiros. É muito importante que a organização garanta que qualquer pessoa que, para ela ou em seu nome, realize tarefas que tenham o potencial de causar impactos ambientais. É importante que todas estas pessoas estejam conscientes da importância de se estar em conformidade com a política ambiental e com os requisitos dos sistema da gestão ambiental entre outros. Para que isso ocorra, é preciso haver comunicação interna, todos precisam conhecer a política ambiental da organização e também a importância da participação de todos, para que as ações se tornem eficazes. Não menos importante, é preciso dar atenção a documentação requerida pela norma ISO 14001, na documentação contará com o registro de todas as ações, a própria política ambiental entre outras funções essenciais para o bom funcionamento de todo o SGA, e ainda fornecerá os documentos externos que são exigidos pela norma e outros interessados nas ações desenvolvidas pela organização. A organização deve manter procedimentos para monitorar e medir regularmente suas operações de acordo com a política ambiental e o SGA, mantendo os registros dos resultados das avaliações periódicas. Através deste monitoramento, verificar e avaliar o atendimento a requisitos legais e outros estabelecidos. Ao mesmo tempo poder identificar não-conformidades e aplicar ações corretivas e preventivas, para tanto podendo se valer de auditorias internas realizadas por auditores que assegurem a objetividade e imparcialidade do processo de auditoria, e ao final fornecer as informações à administração os resultados das auditorias. Por fim, a alta administração da organização deve analisar o SGA. De acordo com a Norma ISO 14001:2004: A alta administração da organização deve analisar o sistema da gestão ambiental, em intervalos planejados, para assegurar sua continuada adequação, pertinência e eficácia. Análises devem incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações no sistema da gestão ambiental, inclusive da política ambiental e dos objetivos e metas ambientais. Os registros das análises pela administração devem ser mantidos.

12 4 - CONCLUSÕES A busca pela implantação de medidas, ações voltadas para o campo socioambiental está em ritmo de crescimento, o número de organizações de todos os tamanhos, tipos e atuando nos mais diversos ramos de atividades que buscam ações no campo socioambiental, nos mostra o quanto este tema tem ganhando destaque dentro das organizações. Essa mudança de paradigma é algo recente, que surgiu no fim do século XX e está ganhando mais força no século XXI, impulsionado principalmente pelos problemas ambientais que já são sentidos pela população ao redor do planeta. As organizações passaram a ser vistas como grandes vilãs na preservação ao meio ambiente e com o acesso à informação, o maior nível de escolarização da população, levou a criação de consumidores mais conscientes e responsáveis revertendo em cobranças às organizações para que se comprometam com a preservação do meio ambiente. Casos de danos ao meio ambiente provocados por organizações podem ganhar grande repercussão em todo o país e até mesmo a nível mundial, o que causa um impacto negativo aos produtos e serviços oferecidos por aquela entidade. E consequentemente perdas financeiras com a queda nas vendas e com multas impostas pelos órgãos governamentais de defesa e proteção ao meio ambiente. A organização que se dispõe a criar uma política ambiental para proteção ao meio ambiente deve tomar o cuidado de não se render apenas a criação e divulgação, mas sim ter o compromisso e seriedade com sua política ambiental. Para ter maior destaque a organização pode se valer, além da política ambiental, de um programa de gestão ambiental e até mesmo a certificação por órgãos competentes, como é o caso da Norma ISO 14001:2004, que traz a elucidação de um Sistema de Gestão Ambiental eficiente na busca pela certificação. Tendo em vista que a certificação agrega maior credibilidade às ações desenvolvidas pela empresa, para que possamos diferenciar as ações comprometidas daquelas que são meramente ações de Greenwashing, e assim valorizarmos as organizações que contribuem para um mundo mais justo e sustentável. Percebe-se que quanto maior e mais invasivo ao meio ambiente é a atividade de determinada organização, maior impacto possui as ações de sustentabilidade e responsabilidade social. Nesses casos, o impacto negativo na sociedade e nos consumidores é maior, o que agrega uma maior importância a essas ações. E é realmente com esse intuito de minimizar seus impactos, mostrar a sociedade que a

13 organização não se preocupa apenas na busca incessante pelo lucro, mas se preocupa com todos que são impactados por suas ações. Conclui-se também que muitas organizações que causam algum impacto ao meio ambiente ou a sociedade, quando punidas pelos órgãos de fiscalização, tem sua pena ou multa mais abrandada quando comprovam ter ações de responsabilidade socioambiental. Organizações comprometidas visualizam na responsabilidade socioambiental a oportunidade de se destacarem no mercado que se torna mais competitivo a cada dia e com essa mudança todos saem ganhando.

14 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A ONU e o meio ambiente. Disponível em: <http://www.onu.org.br/a-onu-em - acao/a-onu-e-o-meio-ambiente/>. Acesso em: 02 setembro 2014. ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas: ABNT NBR ISO 14001. 2ed. ABNT 2004. CALDERARI, E.C; JACOB, D.C; VENDRAME, F.C; SARRACENI, J.M; VENDRAME, M.C.R. A gestão ambiental com a responsabilidade social nas empresas. Lins São Paulo, 2009. CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. 4.ed. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Cortez Editora, 2003. Conferência de Estocolmo. Disponível em: <http://www.infoescola.com/meioambiente/conferencia-de-estocolmo/>. Acesso em 03 set. 2014. DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 1999. FLORIANO, E.P. Políticas de gestão ambiental. Santa Maria, 2007. MORAES, G.S; GORDONO, F.S. Análise das vantagens e desvantagens da implantação da ISO 14001 e o sistema de gestão ambiental (SGA). Jahu, 2012. Responsabilidade social e ambiental da empresa. Disponível em: <http://www.cenedcursos.com.br/responsabilidade-social-e-ambiental-daempresa.html>. Acesso em: 01 agosto 2014. Revolução Industrial. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/>. Acesso em 27 ago. 2014. VILAS, L.H.L. Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/artigos.asp?id=164&area=7> Acesso em: 25 julho. 2014.

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