RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL

Projeto Agrisus n. o 2059-17 RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL Título da Pesquisa: Sistemas Conservacionistas de Manejo do Solo para Cana-de- Açúcar em Sucessão às Culturas da Soja e do Amendoim Coordenador: Denizart Bolonhezi Instituição: Pólo Regional Centro-Leste - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 2419, CEP:14030-670, Ribeirão Preto/SP, Fone (16-3637109), celular (997222402), E-mail: denizart@apta.sp.gov.br ou dbolonhezi@gmail.com Local da Pesquisa: Setor de Agronomia do Polo Centro-Leste (antiga Estação Experimental do IAC), Ribeirão Preto/SP Valor Financiado pela Agrisus: R$ 35.000,00 Vigência do Projeto: 31/07/2017 a 01/12/2018 1. INTRODUÇÃO Na safra 2017/18 a temática principal dessa pesquisa continuou em evidência, considerando que a ocorrência de erosão em áreas de reforma mantêm-se presente e os custos continuam a aumentar. Dos 895 mil hectares de canaviais reformados na última safra na região Centro Sul do Brasil (Figura 1), pode-se dizer que 532 mil hectares foram reformados somente no estado de São Paulo, nos quais foram cultivados 330 mil com soja e 122 mil com amendoim, sendo restante ocupado com adubos verdes, ou mesmo deixados em pousio. Contudo, a minoria dos fornecedores e usinas, adota sistemas conservacionistas de manejo de solo na reforma, aumentando assim expressivamente os problemas decorrentes da erosão, conforme apresentado nas fotos obtidas durante a safra, principalmente para a cultura do amendoim (Figura 2). Deve-se lembrar que as maiores perdas de solo na cultura da cana-de-açúcar ocorrem na fase de implantação, podendo chegar a 49 t ha -1 ano -1 de terra, enquanto nas soqueiras estas perdas não chegam a 500 kg. Por conseguinte, a proposição do projeto em estudar o impacto de manejos de solo em sucessão à soja e ao amendoim ainda tem relevância. 1

Figura 1. Distribuição das áreas com canaviais destinados a reforma na região Centro Sul. Elaborado a partir de dados da UNICA (2018) e IEA (2018). Figura 2. Ocorrência de erosão na região de Assis/SP (esquerda) e Tupã (direita) na safra 2017/18. No primeiro relatório, foram descritos os detalhes da instalação. Vale lembrar, que duas situações foram testadas. Uma na qual diferentes manejos de solo (grade, grade + subsolador, Rip Strip e transplantio direto) foram instalados em condição de Latossolo Vermelho eutrófico (Jardinópolis/SP), após cultura da soja semeada diretamente sobre palhada de cana crua, sendo utilizado sistema de plantio com mudas pré-brotadas da variedade de cana-de-açúcar CTC-9003. Outro experimento avaliou cinco diferentes manejos de solo utilizados para a cultura do amendoim cultivado Neossolo Quartzarênico (Assis/SP) em comparação com cultivo de Crotalaria ochroleuca e pousio, sobre o desempenho agronômico da variedade RB86-7515 plantada em sistema convencional de plantio manual. 2

Estão apresentados neste relatório parcial, a descrição das avaliações realizadas no período e resultados da produtividade de colmos, características agronômicas e tecnológicas do caldo. Os resultados referentes ao sistema radicular e aos atributos físicos e de fertilidade do solo serão apresentados e discutidos no relatório final em virtude de não terem sido finalizados. 2. MATERIAL & MÉTODOS As amostragens mensais da biomassa seca da parte aérea e contagem de colmos continuou a ser realizada no experimento instalado em Jardinópolis/SP. O procedimento dessas amostragens (contagem e corte da parte aérea em 1 metro de sulco) foi o mesmo descrito anteriormente, porém o material vegetal teve que ser triturado e somente uma alíquota da amostra foi transferida para estufa com circulação forçada de ar, em virtude do grande volume de biomassa. As amostragens foram realizadas em novembro/2017, dezembro/2017, janeiro/2018, fevereiro/2018, março/2018 e abril/2018. O estudo do sistema radicular foi realizado em duas épocas, a primeira no final da primavera (após período seco) e a segunda no início do outono (após período úmido). Em Jardinópolis/SP no ensaio instalado sobre Latossolo Vermelho e em sucessão com soja, a primeira amostragem foi realizada entre 22 e 24 de outubro/2017 e a segunda entre os dias 20 e 23 de março/2018. Em Assis/SP no ensaio instalado sobre Neossolo Quartzarênico, a primeira amostragem foi realizada nos dias 28 e 29 de novembro/2017 e a segunda entre os dias 23 e 25 de abril/2018. Em ambos utilizou-se o método da sonda ou trado (Fujiwara et al., 1994), considerando 6 pontos de amostragem e 5 profundidades (0-100 cm, de 20 em 20 cm) para o ensaio de Jardinópolis/SP e 7 pontos de amostragem (2 no centro da linha dupla) para o ensaio de Assis/SP devido esse canavial ter sido instalado no espaçamento duplo alternado (linhas duplas com 0,90 m espaçadas a 1,50 m), nas mesmas profundidades. As quantidades de amostras em cada ensaio foram; 1200 e 1470 amostras, respectivamente em Jardinópolis/SP e Assis/SP. As amostras de terra coletadas foram congeladas em freezer e posteriormente foram lavadas e processadas no Laboratório Rhizolab do Centro de Cana-de-Açúcar do IAC em Ribeirão Preto (Figura 3). O conteúdo de raízes presentes em cada amostra foram acondicionadas em frascos plásticos, congeladas e posteriormente transferidas para Laboratório de Física do Solo na FEAGRI/UNICAMP, onde foram geradas as imagens em scanner para determinação do comprimento, volume, área e diâmetro, utilizando o software Safira (EMBRAPA). 3

Após secagem em estufa, as raízes foram pesadas em balança analítica. Os resultados de todas as avaliações de raízes ainda não foram finalizados, portanto serão apresentados no relatório final. No ensaio de Assis/SP, foram abertas trincheiras para coleta de anéis volumétricos após a colheita mecanizada da cana planta, as quais foram utilizadas para observar o sistema radicular através de método do perfil cultural (Figura 3) Figura 3. Amostragem e processamento das amostras do sistema radicular A colheita prevista para os meses de julho e agosto foi antecipada nos dois ensaios. Antes da colheita foi realizada biometria no ensaio de Assis/SP nos dias 24 e 25 de abril de 2018, amostrando-se 1,0 m de sulco em quatro pontos nos 7 tratamentos (Figura 4). Os feixes de cana da variedade RB 86-7515 foram pesados e na sequencia foram separadas as folhas secas, os ponteiros e colmos. Em cinco colmos amostrados em cada feixe, foram realizadas medidas do comprimento, número de internódios e diâmetro médio. Um amostra para matéria seca foi retirada de cada parte da planta (folhas secas, ponteiro e colmos). Entre os dias 02 e 04 de maio de 2018, procedeu-se a colheita mecanizada desse ensaio, utilizando-se colhedora de cana crua e caminhão instrumentado com balança fornecido pela Agroterenas (Figura 4). Foram colhidos 4 sulcos duplos em cada tratamentos, sendo medido o comprimento de cada faixa colhida com GPS. Durante a colheita foram retiradas amostras de 10 colmos para realizar análise tecnológica do caldo. 4

Figura 4. Vista aérea do talhão de cana-de-açúcar RB 86-7515, detalhes da biometria e colheita mecanizada realizada em Assis/SP O ensaio instalado em Jardinópolis/SP (variedade CTC-9003) foi colhido entre os dias 22 e 24 de maio de 2018, portanto com 14 meses após o plantio. Nesse ensaio o procedimento foi diferente, sendo realizado biometria e colheita manual e posteriormente a colheita mecanizada com o propósito de representar a realidade de uma área comercial. Inicialmente, foi aberto um corredor no centro da gleba, a partir do qual foram colhidas duas repetições de dois sulcos de aproximadamente 15 metros de comprimento (todos foram medidos), totalizado 40 parcelas experimentais. Além disso, foram colhidos dois pontos de 1,0 m de comprimento em todas as 40 parcelas para realização da biometria, bem como amostras de 10 colmos limpos foram colhido para realização das análises tecnológicas do caldo no Laboratório do Centro de Cana-de-Açúcar do IAC em Ribeirão Preto. A produtividade foi determinada através da pesagem dos colmos colhidos manualmente nos dois sulcos úteis de cada parcela experimental, sendo utilizado uma carregadeira de cana e um conjunto de balança de sapata (Figura 5). Aproximadamente um mês após a colheita manual, procedeu-se a colheita mecanizada em 50% da gleba, de maneira que a metade das parcelas foram submetidas à pressão do tráfego de colhedora e transbordo e a outra metade foi colhida manualmente. Vale ressaltar, que em virtude da dimensão das parcelas, foram necessárias 83 de trabalhadores braçais para realizar a colheita e biometria das parcelas. 5

Figura 5. Vista aérea da ensaio feita por vant e detalhes da biometria, pesagem dos colmos e colheita mecanizada. Jardinópolis, maio/2018. As amostragens de solo para fins de fertilidade e caracterização física foram realizadas somente no ensaio instalado na Agroterenas (Assis/SP). Para o ensaio de Jardinópolis/SP, essas amostragens ficaram agendadas para o mês de agosto. Foram realizadas leituras com penetrômetro digital modelo PNT2000 (marca DLG Automação) nos dois ensaios, sendo realizada no dia 23/03/2018 em Jardinópolis/SP e no dia 24/04/2018 no ensaio instalado em Assis/SP. Os resultados da biometria, características agronômicas, produtividade de colmos e características tecnológicas do caldo, foram submetidas à análise da variância, utilizando-se software estatístico AgroEstat (Barbosa e Maldonado, 2015). Para os resultados de Jardinópolis/SP foram considerados 05 blocos com duas repetições por bloco e para Assis/SP utilizou-se 04 repetições. 6

Pluviosidade (mm) Temperatura ( C) Pluviosidade (mm) Temperatura ( C) GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verifica-se na Figura 6, a distribuição da chuva (mm) e as temperaturas máximas e mínimas no período compreendido de março de 2017 e maio 2018 para Jardinópolis/SP e maio de 2017 e maio 2018 para Assis/SP. Considerando o período compreendido entre 02/03/2017 e 21/05/2018, a chuva acumulada foi de 1385,6 mm e a média das temperaturas máximas e mínimas foram respectivamente 33,29 e 16,32 C em Jardinópolis. Na região de Assis/SP o acúmulo de chuva foi de 1523,90 mm e temperaturas máximas e mínimas de 28,2 e 15,06 C entre o período de 01/05/2017 e 01/05/2018. Embora a quantidade de chuva acumulada esteja dentro do requerimento da cultura, pelo menos 1200 mm de água durante o ciclo de desenvolvimento para obtenção de produções comerciais, faltou água em períodos decisivos da cultura, condição que penalizou a produtividade. 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Jardinópolis Safra 2017/2018 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Dias 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Assis Safra 2017/2018 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Dias Figura 6. Distribuição de chuva e temperatura média na região de Jardinópolis, SP (acima) e Assis, SP (abaixo) na safra 2017/2018. Fonte CIIAGRO/IAC. 7

Os resultados da biometria na colheita demonstram que houve diferença estatística somente para o estande final de plantas, conforme pode-se verificar nos gráficos da Figura 7. Contudo na colheita final, verificou-se que o transplantio direto proporcionou ganhos médios de 15 Mg ha -1 em comparação ao manejo com grade + subsolador e Rip Strip (Figura 8). Nenhuma diferença estatística foi observada entre os tratamentos quanto às características tecnológicas do caldo. Embora não tenha-se constatado diferenças estatísticas entre o transplantio direto e o manejo com grade aradora, na prática ganhos de 9 Mg ha -1 na produtividade de colmos, além dos benefícios em termos de redução de custo e erosão, sinalizam que a adoção é viável para implantação de canaviais em sistema de mudas pré-brotadas. De acordo com Abd El Mawla et al. (2014), o sistema de mudas pré-brotadas reduz a quantidade de mudas de 10 para 2 t ha -1, economiza 2000 m -3 na quantidade de água utilizada na irrigação, melhora a sincronização do perfilhamento e consequente uniformização do estande e reduz tempo de formação do canavial. Este método de propagação, consiste da extração das gemas, formação da muda em substrato sob ambiente protegido e posterior plantio em campo e pode proporcionar ganhos de 18% na produtividade do canavial (Mohanty et al., 2015). No Brasil já é conhecido desde o final da década de 80 (Stolf & Tokeshi, 1990), mas recentemente foi remodelado pelo IAC através do sistema conhecido como MPB. Noronha (2018) estudou o efeito de diferentes manejos de solo em sucessão ao cultivo de mucuna-verde, para implantação de canavial em sistema MPB para duas variedades de cana nas condições de Latossolo Vermelho eutrófico e constataram ganhos em produtividade de 18 Mg ha -1 para o manejo com Rip Strip em comparação com uso de grade e arado, ficando o transplantio direto em posição intermediária. Para as condições de Assis/SP em Neossolo Quartzarênico, verifica-se na Figura 9 os resultados da biometria realizada na pré-colheita. Observa-se que o plantio da cana-de-açúcar após amendoim que havia sido semeado sem preparo do solo, proporcionou diminuição significativa no comprimento dos colmos em comparação com o tratamento com Rip Strip para amendoim. Essa redução no comprimento dos colmos refletiu em queda de 23 TCH na produtividade no tratamento plantio direto de amendoim seguido do plantio direto da cana-de-açúcar (Figura 10). Convém salientar que o melhor tratamento foi o pousio combinado com destruidor mecânico da soqueira e subsolagem, o qual superou inclusive o efeito residual do cultivo da Crotalaria ochroleuca L. Esse resultado difere da maioria dos trabalhos encontrados na literatura, nos quais predominam ganhos expressivos na produtividade da cana em sucessão ao cultivo de leguminosas adubos verdes. Os resultados das amostragens para caracterização dos atributos físicos e químicos do solo, que se encontram em fase de laboratório, auxiliarão na melhor interpretação desses resultados. 8

Figura 7. Resultados da biometria realizada na colheita na variedade CTC 9003 submetida a diferentes manejos de solo realizados após a colheita da soja cultivada na reforma. Jardinópolis/SP, 2018. Figura 8. Produtividade de colmos e valores de ATR (kg de açúcar por tonelada de cana) na colheita da cana planta da variedade CTC 9003. Jardinópolis/SP. Média de 10 repetições em cada tratamento. 9

Figura 9. Produtividade de colmos (Mg ha -1 ) do primeiro corte da variedade RB 86-7515 em diferentes sistemas de manejo utilizados para o amendoim. Assis/SP, 2018. Legendas: T1 Destruidor Mecânico + Grade + Subsolador + Pousio; T2- Destruidor Mecânico + Grade + Subsolagem +Crotalaria ochroleuca; T3- Destruidor Mecânico + Grade + Amendoim; T4-Rip Strip + Amendoim; T5-Destruidor Mecânico + Grade + Subsolador + Amendoim; T6-Plantio Direto de Amendoim; T7- Destruidor Mecânico + Grade + Arado +Amendoim. 10

Figura 10. Produtividade de colmos (Mg ha -1 ) do primeiro corte da variedade RB 86-7515 em diferentes sistemas de manejo utilizados para o amendoim. Assis/SP, 2018. Legendas: T1 Destruidor Mecânico + Grade + Subsolador + Pousio; T2- Destruidor Mecânico + Grade + Subsolagem +Crotalaria ochroleuca; T3- Destruidor Mecânico + Grade + Amendoim; T4-Rip Strip + Amendoim; T5-Destruidor Mecânico + Grade + Subsolador + Amendoim; T6-Plantio Direto de Amendoim; T7- Destruidor Mecânico + Grade + Arado +Amendoim. No sistema de produção mecanizado da cana-de-açúcar, a compactação do solo é uma das razões para os resultados negativos da adoção das opções de manejo conservacionista de solo por ocasião da reforma. Os resultados obtidos para as condições de Jardinópolis/SP por ocasião da segunda amostragem de raiz, onde os preparos foram realizados após a colheita da soja, os maiores valores de resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) encontrados no transplantio direto, parecem contrariar essa tese. Verifica-se na Figura 11, que os maiores valores (> 4,5 MPa) foram medidos no sistema transplantio direto nas avaliações realizadas na linha de plantio. Todavia, nas leitura efetuadas na entrelinha, os menores valores foram observados no tratamento transplantio direto. Mesmo com pouco resíduo presente na superfície (maior parte já foi decomposta nessa fase do desenvolvimento), pode-se inferir que no tratamento plantio direto há um maior teor de matéria orgânica (resultados das amostras em análise poderão comprovar) e consequentemente maior armazenamento de água e consequentemente menor resistência mecânica. Por outro lado, para o ensaio conduzido em sucessão ao amendoim para condição de Neossolo Quartzarênico, os maiores valores de resistência mecânica do solo à penetração foram verificados nos tratamentos que utilizaram destruidor mecânico de soqueira seguido de grade com cultivo de amendoim e Crotalaria ochroleuca, sobretudo na camada entre 14 e 24 cm de profundidade e nas leituras efetuadas na entrelinha (faixa de tráfego). Na linha de plantio (espaçamento combinado), foram observados os menores valores de RMSP no tratamento convencional de preparo e manutenção da área em pousio, em comparação com os tratamentos com preparo convencional associado ao cultivo de adubo verde e amendoim. 11

É importante esclarecer que durante o ciclo de desenvolvimento da cultura do amendoim, foram realizadas 8 pulverizações com fungicidas e inseticidas, bem como houve tráfego para operações na colheita. No tratamento com Crotalaria ochroleuca, além do tráfego na operação de semeadura, foi utilizado triturador para picar a biomassa antes do plantio da cana-de-açúcar. Enquanto que no pousio, não houve tráfego durante a entressafra, fato que contribuiu manter os efeitos temporários na estrutura do solo, resultante das operações de preparo do solo. A maior resistência à penetração verificada em todos os manejos, ultrapassou expressivamente os níveis considerados aceitáveis para o pleno desenvolvimento do sistema radicular, que segundo Canarache (1990) situam-se no limite máximo de 2,5 MPa. Segundo Arshad et al. (1996) citado por Roque et al. (2003) em solos não mobilizados anualmente, como é o caso da cana-de-açúcar, os valores médios entre 2 e 4 MPa não são impeditivos ao crescimento radicular, afirmando que são toleráveis valores até 4 MPa. Figura 11. Resistência mecânica do solo à penetração na linha e entrelinha da cana-de-açúcar CTC9003, transplantada em diferentes manejos de solo após cultivo de soja. Jardinópolis/SP, março de 2018. Média de 10 repetições. Figura 12. Resistência mecânica do solo à penetração na linha e entrelinha da cana-de-açúcar RB 86-7515, plantada em diferentes manejos de solo após cultivo de amendoim. Assis/SP, abril de 2018. Média de 10 repetições. 12

5. CONCLUSÕES O transplantio direto da variedade CTC 9003 sobre Latossolo Vermelho eutrófico (Fazenda Cresciúma, Jardinópolis/SP), após soja semeada diretamente na reforma de cana crua, mesmo apresentando maiores valores de RMSP (>4,5 MPa), proporcionou ganhos de 15 Mg ha -1 na produtividade de colmos no primeiro corte, em comparação com sistema convencional de preparo do solo utilizando gradagem e subsolagem. Em condição de Neossolo Quartzarênico (AGROTERENAS), a produtividade de colmos da variedade de cana-de-açúcar RB 86-7515 foi reduzida em 23 Mg ha -1 quando plantada após amendoim em semeadura direta, em comparação com o plantio direto sobre área mantida em pousio e preparo convencional (destruidor mecânico de soqueira + grade+subsolador). A menor produtividade de colmos no plantio direto, pode estar associado aos maiores valores de RMSP (>11 MPa na camada de 14 a 14 cm de profundidade. 6. DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS No período compreendido entre o primeiro relatório parcial e este todas as avaliações programadas foram realizadas. A maior dificuldade no período foi a necessidade de antecipar as colheitas que estavam prevista para serem realizadas no final de julho e início de agosto de 2018. Essa antecipação da colheita pode ter reduzido o potencial produtivo, contudo devido à seca iniciada em abril/2018, não havia outra alternativa. Além disso, houve a necessidade de acompanhar a programação da colheita da usina, com o intuito de realizar a colheita mecanizada nas duas áreas. Essa pressão de tráfego será importante para a continuidade das avaliações, considerando assim o impacto da compactação do solo e pisoteio da soqueira, tornando a pesquisa mais próxima da realidade. O atraso da entrega desse relatório parcial deveu-se à antecipação das colheitas que aconteceram no mesmo período de elaboração. Todavia, esse atraso permitiu adiantar os resultados agronômicos, permitindo mais tempo na fase final que compreende as análises laboratoriais, estatísticas e interpretação dos resultados. Da mesma forma, o fato de já terem sido coletados os resultados de produtividade e características agronômicas, favorecerá a organização de um evento de divulgação no mês de agosto/2018. A parceria realizada com a FEAGRI/UNICAMP por intermédio da co-orientação da Doutoranda Ingrid Nhemi de Oliveira tem sido importante para melhorar a qualidade e viabilizar as análises das alterações físicas no solo, pois reduziu expressivamente os custos e possibilitará um estudo mais refinado dessa característica. 13

7. AGRADECIMENTOS Nessa etapa importante da pesquisa, temos que agradecer à equipe da AGROTERENAS pelo apoio na coletada de raízes, de solo e colheita final. Da mesma forma, devemos agradecer ao apoio da equipe da Fazenda Cresciúma pelo apoio com máquinas e funcionários, bem como pela compreensão com a dinâmica da pesquisa. Agradecemos também à equipe do Laboratório de Solos da FEAGRI/UNICAMP pela realização das coletas de solo e das análises físicas. Agradecemos ao CNPQ pela bolsa de iniciação tecnológica do estudante Olavo Betiol e pela bolsa de produtividade em desenvolvimento tecnológico do responsável desse projeto. Finalmente agradecemos à Fundação AGRISUS pelo financiamento indispensável dessa pesquisa. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, J.C.; MALDONADO Jr., W. AgroEstat Sistema para Análises Estatísticas de Ensaios Agronômicos. UNESP, Jaboticabal, 2015, 396 p. BOLONHEZI, D. Sistemas conservacionistas de manejo do solo para cultivares de amendoim em sucessão à cana crua e pastagem. 2007. 158 f. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquista Filho, Jaboticabal. BOLONHEZI, D.; ROSSINI, D.B.; COSTA, N.; MARCONATO, M.B.; CANTARELLA, H.; GENTILIN JUNIOR, O.; GARCIA, J.C.; SANT'ANA, S.A. de; BOLONHEZI, A.C. Surface application of lime for sugarcane production under no-tillage system. Balancing Sugar and Energy Production in Developing Countries: Sustainable Technologies and Marketing Strategies. Proceedings...INTERNATIONAL SUGAR CONFERENCE, IV, New Delhi, India, p.140-144, 2011 BOLONHEZI, D. Plantio direto e calagem na reforma de cana crua. A Granja, v. 769, n. 1, p. 75-77, 2013. FUJIWARA, M.; KURACH, S.A.H.; ARRUDA, F.B.; OIRES, R.C. de M.; SAKAI, E. A Técnica de Estudo de Raízes pelo Método do Trado. Instituto Agronômico, Campinas, 1994, 9 p. (Boletim Técnico, n. o 153). MAWLA, H.A.; HEMIDA, B.; MAHMOUD, W.A. Study on the mechanization of sugar cane transplanting. International Journal of Engineering and Technical Research, v. 2, n.8, 2014. 14

MOHANTY, M.; DAS, P.P.; NANDA, S.S. Introducing SSI (Sustainable Sugarcane Initiative) technology for enhanced cane production ans economic returns in real farming situations under east coast climatic conditions of India. Sugar Tech, 17(2):116-120, 2015. NORONHA, R.H.F. Plantio direto de mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar em sistemas de manejo conservacionista de solo. Tese de Doutorado, UNESP-FCAVJ, 2018, 77 p. PROVE, B. G.; GOOGAN, V. J.; TRUONG, P. N. V. Nature and magnitude of soil erosion in sugarcane land on the wet tropical coast of north-eastern. Australian Journal of Experimental Agriculture, East Melboune, v. 35, p. 641-649, 1995. STOLF, R. Cultivo mínimo para a cana-de-açúcar. Boletim Técnico PLANALSUCAR, Piracicaba, v.6., n.1, p.5-42, 1985. STOLF, R.; TOKESHI, H. A ratoon transplanting technique for renewing sugarcane fields. Sugarcane, 2, 19, p. 6-9, 1990. UNICA. União da Indústria de cana-de-açúcar. Dados e Cotações: estatística e produção no Brasil. Disponível em http://unica.com.br/dadoscotacao/estatistica Acesso em 20 junh 2018. DENIZART BOLONHEZI Eng. o Agr. o Dr. PqC VI 15