DIREITOS HUMANOS Organização Internacional do Trabalho Direito Internacional do Trabalho parte 1 Profª. Liz Rodrigues
- Direito Internacional do Trabalho é o ramo do Direito Internacional Público que visa estabelecer padrões internacionais mínimos de relações trabalhistas, com o intuito maior de promover a dignidade humana em todo o mundo, o maior bem-estar da humanidade e a justiça social, colaborando, assim, para a paz (Portela).
- O DIT se fundamenta em três fatores: os de ordem econômica, os de ordem social e os de ordem técnica. - Surge da necessidade de se nivelar as medidas sociais de proteção do trabalho, a fim de que os Estados que as tivessem adotado, através de sistemas completos e tutelares, não sofressem, por essa razão, no comércio mundial, a indesejável concorrência dos países que obtinham produção mais barata pelo fato de não serem onerados com os encargos de caráter social (Mazzuoli).
- Objetivos do DIT: a universalização de princípios e normas trabalhistas, a fim de garantir maior uniformidade em sua aplicação, a difusão das regras de justiça social, fomentando a justiça e a paz nas relações do trabalho, evitar que razões econômicas impeçam os Estados de aplicar as normas de proteção do trabalhador, o estabelecimento de regras de reciprocidade entre os Estados na aplicação das regras de direito do trabalho entre seus cidadãos e a proteção os direitos dos trabalhadores migrantes (Mazzuoli).
- Dumping social : ocorre quando o produto ter um valor abaixo do normal em razão da inexistência/insuficiência de proteção dos trabalhadores no país exportador, que se beneficia das condições desumanas de trabalho para obter vantagens comerciais (Mazzuoli).
- Em razão da violação de direitos fundamentais do trabalhador, os produtos deste país teriam maior competitividade ; muitos países defendem a aplicação de uma cláusula social em contratos internacionais, a fim de tentar impor aos países exportadores o respeito aos padrões mínimos de proteção ao trabalhador, sob pena de sanções comerciais.
- Organização Internacional do Trabalho: criada em 1919 pelo Tratado de Versalhes. - A OIT tem personalidade jurídica própria e capacidade para adquirir bens (móveis e imóveis) e dispor deles, contratar e intentar ações. - A OIT é um organismo especializado da ONU, mas isso não afeta a sua personalidade, sua independência jurídica ou a sua autonomia.
- Preâmbulo da Carta da OIT: a paz para ser universal e duradoura deve assentar sobre a justiça social. - Objetivos estratégicos: promoção dos princípios fundamentais e direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisão e aplicação de normas; a promoção de melhores oportunidades de emprego e renda para mulheres e homens, em condições de livre escolha, não-discriminação e dignidade ; aumentar a abrangência e a eficácia da proteção social; fortalecer o tripartismo e o diálogo social.
- Além disso, como atividades paralelas, são objetivos da OIT o fomento do apoio operacional intersetorial ao trabalho decente, à igualdade entre os sexos, à ampliação do conhecimento e à melhor percepção das perspectivas da OIT através de relações e associações internacionais e de comunicações.
- Objetivos gerais: preocupação com a melhoria das condições de trabalho e das condições humanas, a busca por igualdade de oportunidades, a proteção do trabalhador em suas relações de trabalho e a cooperação entre os povos para a promoção do bem comum e da primazia do social em toda planificação econômica e a finalidade social do desenvolvimento econômico (Villatore).
- A Organização Internacional do Trabalho é a única organização que adota uma estrutura tripartite: há representantes dos Estados-membros, dos trabalhadores e dos empregadores, mas os representantes dos Estados sempre têm direito a ocupar o dobro das vagas destinadas aos outros representantes. - Isso evita o comprometimento da soberania do Estado-membro, que poderia se tornar refém de eventuais acordos entre patrões e empregados (Villatore).
- A OIT produz convenções e recomendações; juntos, estes documentos formam o chamado Código Internacional do Trabalho. - Tanto as Convenções quanto as Recomendações exigem a aprovação de dois terços dos votos dos delegados presentes na Conferência.
- Convenções da OIT: são tratados multilaterais e, como qualquer outro documento do gênero, se ratificados, criam obrigações para os Estados que a eles se vincularem. - Qualquer Estado pode se vincular a uma Convenção. Estes tratados não admitem reservas. As Convenções adquirem vigência internacional doze meses após a ratificação de pelo menos dois países.
- Após, cada um dos Estado-membros compromete-se a submeter, dentro do prazo de um ano (contado a partir do encerramento da sessão da Conferência) ou, no máximo, em 18 meses, a Convenção à autoridade competente para a ratificação do tratado (Villatore). - Portela lembra que, ainda que a Convenção já esteja em vigor, em âmbito internacional, um Estado que a ratifica somente está obrigado a implementála doze meses após o término do seu processo de ratificação.
- Se a ratificação da Convenção não for aprovada, o Estado deve informar o Diretor-Geral do Bureau; nesse caso, apesar de não ser obrigado a cumpri-la, o país deve informar qual é o tratamento dado pela sua legislação interna ao tema objeto do tratado, em que medida ele pode ser aplicado e quais são as razões que impedem ou atrasam a sua ratificação. - As Convenções da OIT podem ser denunciadas após um período de dez anos.