Tecnologias de Informação e Comunicação Utilizadas no Processo de Validação de um Site de Busca Acessível 1



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Transcrição:

1 Tecnologias de Informação e Comunicação Utilizadas no Processo de Validação de um Site de Busca Acessível 1 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo investigar o campo da acessibilidade na interface humano-computador em sistemas web, utilizando uma ferramenta de validação desenvolvida de acordo com padrões internacionais. Inicialmente, foram feitas abordagens teóricas tais como: acessibilidade e diretrizes na web, tecnologia da informação e da comunicação, sites de busca na Internet e órgãos de regulamentação na web. Após a revisão bibliográfica, efetuou-se uma pesquisa de laboratório, com a realização de uma análise dos sites de busca Google Search e Google Accessible a fim de avaliar e apresentar os resultados obtidos através do software adesigner. Em seguida, as informações coletadas foram tratadas quantitativa e qualitativamente, sendo para isso utilizado o modelo de reversibilidade. A pesquisa permitiu constatar que o Google Inc., ao seguir as diretrizes propostas pelo W3C, conseguiu uma evolução na implementação do Google Search para o Google Accessible, possibilitando uma ferramenta de busca de fácil navegabilidade para os usuários web com algum tipo de deficiência visual. Acredita-se que as informações apresentadas por este relatório de pesquisa, somada a outras iniciativas, contribuirão efetivamente para que a acessibilidade esteja cada vez mais presente nas fases de análise e projeto de softwares. 1 Douglas Kaminski, mestrando em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC, kaminski@egc.ufsc.br / Leonardo Leocádio, doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC, Bolsista FAPEMA, leoleocadio@yahoo.com.br / Tarcísio Vanzin, professor adjunto da UFSC, doutor em Engenharia da Produção, tvanzin@yahoo.com.br / Gregório Jean Varvakis, professor adjunto da UFSC, PhD in Manufacturing Engineering, grego@deps.ufsc.br

2 1. INTRODUÇÃO Novos caminhos foram abertos com a disseminação da estrutura em rede pelo mundo. A todo instante, o custo do hardware em relação ao do software vem caindo consideravelmente. Sendo assim, os problemas com a construção de um ambiente computacional para uma ampla disseminação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) deixaram de ser um empecilho para a maioria das instituições. O desenvolvimento das TICs possibilitou um enorme avanço na transmissão de dados e compartilhamento de arquivos, conectando as pessoas e empresas a serviços e aplicações online. Porém, vários usuários não estão completamente satisfeitos quanto ao acesso de conteúdos e sistemas web disponíveis. Os deficientes visuais, por exemplo, necessitam de softwares que transformam em uma seqüência de falas o processo de navegação e assimilação do conteúdo presente numa página da Internet que, na maioria das vezes, ainda não segue as diretrizes de acessibilidade necessárias para o perfeito funcionamento desses leitores de tela. Essa insatisfação, entretanto, afeta muito mais que os deficientes visuais. Estudos do W3C (2007) relatam que pelo menos 10 % (dez por cento) da população mundial possuem algum tipo de deficiência: visual, auditiva, fala, cognitiva e deficiências neurológicas que podem afetar o acesso a web. Conforme divulgação do IBGE em 2000, existem no Brasil aproximadamente vinte e cinco milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, sendo que a maior parte da população são pessoas que possuem algum problema de visão (160 mil deficientes visuais e 2 milhões de pessoas com pouca visão). Assim, para cada cem brasileiros, existem no mínimo catorze que apresentam alguma deficiência física ou sensorial (IBGE, 2007). Apesar dessa realidade, muitos desenvolvedores web não reconhecem estas dificuldades e projetam seus sistemas sem nenhuma ou com pouca compatibilidade com as tecnologias assistivas, ou seja, com softwares e hardwares que mediam a interação homem-computador, possibilitando que os usuários com algum tipo de deficiência realizem as suas atividades motoras, perceptivas e cognitivas (LIMA, 2003). Mesmo com a preocupação da universalização do acesso à rede mundial de computadores, alguns países como a Austrália, Canadá, Estados Unidos e Portugal, iniciaram projetos e redigiram uma legislação específica para potencializar o acesso dos usuários com algum tipo de deficiência. Essas regulamentações foram elaboradas a partir das diretrizes de acessibilidade ao conteúdo da web (WCAG - Web Content Acessibility Guidelines), um documento da WAI (Web Acessibility Iniative) que faz parte do W3C (Word Wide Web Consortium). Diante disso, este estudo objetiva investigar o campo da acessibilidade na interface humanocomputador em sistemas web, utilizando uma ferramenta de validação desenvolvida de acordo com padrões internacionais. Para lidar com a extrema diversidade e quantidade de web sites, tornou-se necessário adotar um site bastante popular entre os usuários em todo o mundo como objeto de análise desta pesquisa. Sendo assim, optou-se pelo maior site de buscas na Internet,

3 o Google. Segundo a Wikipédia (2007), o Google é o terceiro site mais acessado do mundo e o quarto no Brasil, ficando somente atrás dos portais UOL, IG e Terra. Além dessa popularidade na Internet, figura também como motivador de escolha do Google a iniciativa desta empresa em desenvolver e já disponibilizar em versão para testes o Google Accessible (uma proposta de busca acessível para pessoas com deficiência visual). Assim, propõe-se uma análise da acessibilidade dos sites de busca Google Search e Google Accessible, utilizando as diretrizes propostas pelo grupo WAI pertencente ao consórcio W3C. E, com isso, verificar se estas diretrizes estão sendo seguidas e quais são os benefícios trazidos pela adequação à acessibilidade. Vale lembrar que não existem desvantagens na construção de web sites acessíveis. Seguindo as recomendações da W3C, por exemplo, o desenvolvedor passará a atingir um número maior de usuários, além de contribuir para a construção de web sites que sigam os conceitos mínimos na procura de um design universal na Internet. 2. A ACESSIBILIDADE NA WEB: DIRETRIZES E INICIATIVAS O W3C (Word Wide Web Consortium) é um consórcio fundado em 1994 com a finalidade de construir padrões para web por meio da interoperabilidade, ou seja, tornar possível a comunicação e o trabalho conjunto entre hardware e software de diferentes tecnologias. As atividades do consórcio são divididas em grupos de interesse dos pesquisadores como: arquitetura, interação, tecnologia e sociedade, web ubíqua e acessibilidade na web (W3C, 2007). Em 1997, foi criado pelo W3C o grupo de pesquisa e desenvolvimento WAI (Web Accessibility Iniative), que tem como propósito criar e manter diretrizes e materiais para implementar e divulgar ao mundo uma web acessível. A WAI é patrocinada pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos, por comissões européias e por várias empresas (IBM, Microsoft Corporation, SAP), além de outras organizações envolvidas que colaboram no fortalecimento desta iniciativa. Para realizar as mudanças numa página web, é preciso que algumas diretrizes sejam seguidas. A WCAG (Web Content Acessibility Guidelines) é a mais aceita e foi elaborada pela WAI. Como iniciativa de promover a acessibilidade na web a WAI, ao definir a WCAG, apóia-se em vários fatores além dos benefícios trazidos às pessoas com algum tipo de deficiência, como a melhora de mecanismos de busca, web semântica, suporte à internacionalização, acesso a conexões de baixa velocidade e conteúdos para diversos formatos e dispositivos. Cooper (2006) relata que a web semântica é uma das técnicas utilizadas para se prover a acessibilidade e seus criadores a compreendem como uma das dimensões do acesso universal tão almejado pelas tecnologias desenvolvidas pelo W3C. Com isso, as pesquisas relacionadas à descoberta de novas regras semânticas trazem avanços para o aprimoramento de tecnologias assistivas. A seguir são relatadas algumas iniciativas e as diretrizes propostas pela W3C como guia para os desenvolvedores web e projetistas de softwares.

4 Iniciativas - alguns países, entre eles a Austrália, Canadá, Estados Unidos e Portugal, preocupados com a universalização do acesso à rede mundial de computadores, providenciaram projetos e legislação específicos para potencializar o acesso dos usuários com algum tipo de deficiência. Seguindo esse raciocínio, em 2006 o Reino Unido publicou uma especificação voltada para web sites acessível em colaboração com a BSI (British Standards Institution) e a DRC (Disability Rights Commission) (PAS, 2006). Neste mesmo documento, em novembro de 2002 foi realizada uma pesquisa nos sites do governo da Inglaterra, levando em consideração vinte check-points de acessibilidade, onde se constatou que 75% (setenta e cinco por cento) deles precisavam de uma imediata atenção nesta questão. Algumas iniciativas também já começam a surgir no Brasil. Segundo EMAG (2005), além das recomendações para adaptar os conteúdos e a construção dos sites do governo brasileiro na Internet, já existe o decreto nº 5296 que trata da acessibilidade nos sistemas e meios de comunicação e informação do governo. O Serviço Federal de Processamento de Dados ou SERPRO está alinhado ao desenvolvimento de caminhos para a inclusão de milhões de cidadãos com necessidades especiais. A partir do site http://www.serpro.gov.br/acessibilidade sobre acessibilidade na web, o SERPRO busca soluções como (a) TICs acessíveis, (b) colaboração com outros órgãos governamentais no suporte e publicação de suas informações na web de acordo com as diretrizes de acessibilidade e (c) desenvolvimento de um software de leitor de tela para o sistema operacional Linux, com distribuição gratuita aos usuários. Entretanto, nem todos os órgãos governamentais aplicam a acessibilidade em suas páginas na web por desconhecerem a obrigatoriedade; vale ressaltar que esse desconhecimento é visto como principal obstáculo na tentativa de difundir e colocar em prática os conceitos de acessibilidade nos diversos sistemas e sites de Internet disponibilizados pelo governo federal aos cidadãos brasileiros. Evolução nas Diretrizes WCAG - a WCAG versão 2.0 publicada em 2006, apresenta algumas alterações em relação à WCAG 1.0 de 1999. Esta nova versão possui um maior nível de detalhamento dos critérios de acessibilidade utilizados como um guia pelos desenvolvedores, procurando ser o mais abrangente possível, para alcançar o seu principal objetivo: tornar o conteúdo da web mais acessível. Segundo a WAI (2006), são quatro os princípios para que qualquer indivíduo possa acessar e utilizar o conteúdo presente na Internet: (a) perceptível - as informações e os componentes de interface devem ser perceptíveis pelos usuários; (b) operável - os componentes de interface devem ser de fácil manuseio pelos usuários; (c) compreensível - os usuários devem compreender a interação com as informações e com os componentes de interface; e (d) robustez - o conteúdo deve ser robusto o suficiente para ser utilizado por tecnologias assistivas e user agents; por exemplo, browsers, players e plugins. A partir daí, a WAI (2006) elaborou uma série de diretrizes para que os princípios acima citados sejam alcançados. Elas demonstram como as alterações no conteúdo de uma página na web devem ser codificadas para que seja possível prover a acessibilidade. Assim, alterações de cor, gráficos, vídeos, sons, ou seja, toda a gama de hipermídia, precisa ser inserida no código com os seus devidos cuidados. De forma sucinta, estão relacionadas no quadro 1 as diretrizes propostas pela WAI dispostas em relação a cada princípio no qual fazem parte. No entanto, no projeto de um software, durante todo o seu ciclo de desenvolvimento, estas diretrizes devem ser revisadas e empregadas, aliadas a pesquisas de aceitação pelos usuários, na procura de possíveis falhas, com o objetivo de atingir a máxima qualidade na

5 implementação de TICs acessíveis. A WCAG é utilizada como umas das principais referências para o desenvolvimento de algoritmos inclusos em ferramentas de validação para a verificação das normas de acessibilidade na web. Quadro 1 Princípios e Diretrizes propostas pela WAI Princípios Diretrizes 1.1 Prover textos alternativos para elementos não-textuais que possam ser alterados pelos usuários em situações como: aumento do tamanho da fonte, braile, fala, símbolos ou em uma linguagem mais simples 1. Perceptível 2. Operável 3. Compreensível 4. Robustez 1.2 Prover de modo sincronizado o acesso a outros tipos de multimídia 1.3 Fornecer ao usuário um conteúdo representado em diferentes formatos sem a perda de informação ou estrutura 1.4 As pessoas com deficiências devem ouvir e visualizar o conteúdo, inclusive separando a apresentação do conteúdo da estrutura de fundo da página 2.1 Todas as funções de uma página devem também ser acessadas via teclado 2.2 Prover tempo suficiente para os usuários com deficiência ler e utilizar o conteúdo 2.3 Não disponibilizar flashes repetidas vezes que causam desconforto aos usuários e até ataques de epilepsia 2.4 Facilitar a navegação dos usuários com deficiência, buscando o conteúdo e demonstrando onde ele está 3.1 O conteúdo deve ser legível e compreensível 3.2 As páginas web devem aparecer e operar de forma previsível 3.3 Orientar os usuários a prevenir e corrigir os erros 4.1 Maximizar de forma contínua a compatibilidade com user agents e com as tecnologias assistivas 3. TICs ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO Para verificar se as diretrizes de acessibilidade estão sendo seguidas, existem ferramentas online de validação que diminuem os esforços de avaliação. Entretanto, de acordo com o W3C (2007) nenhuma ferramenta pode automaticamente determinar a acessibilidade de sites na Internet. É preciso que sejam feitos testes por usuários e por especialistas a fim de comprovar realmente a veracidade dos resultados obtidos pelas ferramentas. Assim, uma página web que possui tabelas, figuras, gráficos e scripts deve ser testada por diferentes browsers (Firefox, Internet Explorer, Netscape Navigator, dentre outros), browsers especializados que transformam texto em som e ferramentas automáticas de validação. Dentre estas ferramentas de validação, através de serviços on-line, é possível verificar se um site está em conformidade com as diretrizes de acessibilidade. Basta informar a URL (Uniform Resource Locator) do site para que seja feita a avaliação correspondente. Além da WCAG, algumas ferramentas aplicam outras diretrizes como a Section 508, BITV, JIS e Stanca Act.

6 O DaSilva, por exemplo, é um destes serviços on-line utilizados para avaliar em até três níveis de prioridade se um site é acessível. Ele se apóia tanto nas regras da WCAG 1.0 como nas regras do EMAG (2005). Além disso, disponibiliza um diretório por assunto de sites brasileiros acessíveis e possui uma versão off-line gratuita para o sistema operacional Microsoft Windows. Alguns softwares utilizados por pessoas sem nenhum tipo de deficiência já possuem certas funcionalidades assistivas como aumentar o tamanho da fonte, teclas de atalho e legendas para sons. Porém, o problema maior está na contínua disseminação do conteúdo pela web sem as diretrizes mínimas para prover a acessibilidade. Isso acaba dificultando o trabalho de ferramentas como os leitores de tela que fazem a leitura dos sites para que os deficientes visuais possam acessar e manipular as informações via teclado. Neste sentido, o Jaws for windows é um software que faz uma leitura das informações do sistema operacional dos usuários, desde os recursos mais usuais, até o auxílio na navegação pelos sites disponíveis na web, principalmente por meio das teclas TAB e das setas presentes no teclado (JAWS, 2006). Um recurso interessante é o fato de a sua instalação ser falada, possibilitando que os usuários cegos possam manusear tanto a primeira instalação como futuras atualizações. Também, possui o recurso para a geração do arquivo em braile (sistema de leitura com o tato para cegos) para a impressão. Além disso, apesar de possuir um sintetizador de voz próprio em várias línguas, inclusive o português, abre espaço para a utilização de outros sintetizadores existentes no mercado. O Jaws também fornece uma leitura de informações a partir do mouse, além de configurações específicas. Em relação aos hardwares, existem vários artefatos para facilitar o dia a dia do portador de deficiência no manuseio de um computador. Teclados em braile, mouses com design adaptados, tanto para uso com as mãos ou com os pés, ou apenas através do movimento da cabeça, aplicado através de um software que captura um movimento específico, possibilitando o acesso aos mais variados recursos disponíveis pelo uso de um computador: e-mail, processadores de texto, navegação nas páginas web, comunicação instantânea, dentre outras ferramentas que surgem a cada instante, e que são úteis para um aumento da interação entre as pessoas, principalmente para os deficientes, que possuem uma dificuldade de comunicação e locomoção. Para Lévy (1994), os grupos humanos que se constituem em ambientes coletivos inteligentes com características cognitivas, abertas, com iniciativa, imaginação e reações rápidas, asseguram o seu sucesso num ambiente cada vez mais competitivo. Assim, também podem ser viabilizados ambientes em que estas pessoas, com os mais variados tipos de deficiências, possam interagir de forma independente e coletiva, objetivando encontrar novas experiências na busca por um aprendizado contínuo e cada vez mais amplo, utilizando como ferramenta de apoio a rede mundial de computadores. Nessa direção, este artigo propõe, a partir da WCAG e com o auxílio de um software de validação, verificar em qual nível de conformidade se encontra a ferramenta Google Search e Google Accessible (produto em fase de testes de um dos mecanismos de busca mais utilizados atualmente e úteis para localização de textos, imagens e notícias). 4. GOOGLE INC

7 Google Inc. é uma empresa Americana especializada em buscas e anúncios na Internet. A empresa foi criada em setembro de 1998, por Larry Page e Sergey Brin, na época estudantes de doutorado da Universidade de Stanford. A empresa possui aproximadamente 12 mil funcionários, e tem como sede principal o Googleplex, situado na Califórnia, Estados Unidos. Segundo informações disponibilizadas no próprio site da empresa, a filosofia da Google Inc. é oferecer a melhor opção de busca na Internet tornando as informações mundiais acessíveis e úteis. Para isso, a Google conta com uma série de serviços e ferramentas para o público em geral e de negócios. Esse portfólio inclui aplicações web, anúncios e soluções para negócio. Para tratar dos produtos da Google, deve-se ressaltar a existência do Google Labs, um laboratório com uma coleção de aplicações, algumas incompletas, que estão sendo testadas para serem utilizadas pelo público geral (WIKIPÉDIA, 2007). Entre seus produtos mais populares, destaca-se a ferramenta de busca na Internet (Google Search), site de relacionamentos (Orkut), serviço de e-mail (Gmail), visualizador espacial (Google Earth), gerenciador de fotografias (Picasa) e um site para visualização e compartilhamento de vídeos (Google Vídeo e You Tube). Ainda fazem parte dessa coleção de produtos, o Google Talk, Google Acadêmico, Google Agenda, Google Blogger, Google Notícias, entre outros. Essa lista de ferramentas pode ser encontrada no site do Google (www.google.com) na opção mais. Para este estudo, optou-se por analisar o site de buscas Google na Internet. Segundo o Google (2007), trata-se do maior mecanismo de busca do mundo para encontrar informações na web. Ele tem acesso a mais de 1,3 bilhão de páginas, respondendo a mais de 100 milhões de consultas por dia. De acordo com a Wikipédia (2007), essa amplitude do site de buscas Google pode ser explicada por alguns recursos utilizados por esse buscador, como a tecnologia PageRank - um algoritmo que atribui uma pontuação a páginas web, de acordo com a quantidade e a qualidade dos links (externos ou internos) que apontem para ela; ou seja, quanto mais links existirem apontando para uma página, maior é seu grau de importância no Google. Assim, essa página tem maior probabilidade de obter um bom posicionamento nas buscas. Dessa forma, o Google mamtém um banco de dados desde a página de maior relevância do assunto pesquisado até a menos importante. Essa importância ocorre através do número de votos que uma página recebe. Um voto é um link em qualquer lugar da Internet para aquela página. Paralelamente, o Google checa a quantidade de vezes que o termo pesquisado aparece na página, como forma de analisar os assuntos mais pesquisados, verificando quais sites tratam aquele tema de maneira significativa (WIKIPÉDIA, 2007). Por conseguinte, todas essas informações são atualizadas diariamente, através de um robô denominado Crawler Googlebot, que busca informações novas em tudo que for site. Esses métodos de pesuisa utilizados pelo Google, impedem qualquer tipo de interferência humana, evitando que alguém consiga comprar uma posição mais alta ou solicitar alterações nos resultados (GOOGLE, 2007). Outro diferencial deste site de buscas refere-se ao recurso em cachê, uma forma que o Google encontrou para armazenar quase todas as páginas rastreadas pelo Googlebot, permitindo que esse conteúdo seja acessado mesmo quando o site original não está no ar. Portanto, esse conjunto de recursos associado a simplicidade e clareza com que o site se

8 apresenta, permite que a literatura considere o Google um site leve, sem poluição visual e o de maior amplitude entre os sites de buscas na Internet. Paralelamente a essa ferramenta de buscas, o Google Labs, na sua versão em inglês, já disponibilizou para testes o Google Accessible Search, uma ferramenta de busca acessível projetada para identificar e priorizar os resultados da busca que são mais fáceis de serem utilizados pelos cegos e usuários com problemas de visão. Essa ferramenta funciona atualmente com base em interesses especializados, partindo da visualização de códigos, examinando o markup do HTML encontrado em uma página na Internet. Dessa forma, tende a favorecer as páginas com poucas distrações visuais e que rendem melhor com imagens desligadas. 5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para classificar a pesquisa, tomou-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2003), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, esta pesquisa tem natureza exploratória e descritiva. Exploratória porque, embora a acessibilidade na Internet seja um tema de grande relevância entre acadêmicos e desenvolvedores web, os estudos que abordam esse fenômeno são ainda relativamente escassos. É descritiva porque visa identificar, descrever e analisar a acessibilidade na interface humano-computador em sistemas web, utilizando uma ferramenta de validação, desenvolvida de acordo com as diretrizes propostas pelo grupo WAI pertencente ao consórcio W3C. Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de laboratório. É bibliográfica, por se tratar de um estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado. A investigação é também de laboratório, uma vez que foram coletados indicadores através de um software que atua como um simulador para verificar se os web sites estão de acordo com as diretrizes propostas pela W3C. Quanto ao universo desta pesquisa, optou-se pelos sites de buscas na Internet. A escolha desse universo foi intencional e justifica-se por trabalhar com uma categoria bem popular entre os usuários, uma vez que a busca por informações na web assume um papel de extrema importância, por facilitar o trabalho de pesquisa dos usuários por determinados assuntos, já que a sobrecarga cognitiva diante de uma avalanche de informações fornecidas pela Internet tende a aumentar ainda mais com o passar dos anos. Diante disso, a amostra foi definida pelo critério de tipicidade (VERGARA, 2003), elegendo-se o Google Inc. como parte representativa deste universo. O Google Inc. foi escolhido pela sua popularidade entre os usuários da Word Wide Web, e também pela sua iniciativa de prover duas implementações de uma mesma ferramenta de busca: uma acessível (Google Accessible) e outra (Google Search), teoricamente, não acessível. Isso possibilitou avaliar em qual nível de conformidade com a WCAG se encontram essas duas ferramentas. Para realizar esta análise, utilizou-se uma ferramenta de validação desenvolvida de acordo com padrões internacionais. A WAI disponibiliza uma lista completa com as ferramentas de validação mais utilizadas e com as suas respectivas características. Optou-se neste estudo pelo software adesigner desenvolvido pela IBM Japan, Ltd. (IBM, 2007). Ele atua como um simulador para que os desenvolvedores web testem suas páginas no sentido de verificar se as

9 mesmas estão de acordo com as diretrizes propostas pela W3C, principalmente para usuários com deficiência visual. O Google Accessible está sendo desenvolvido para atingir esta meta com o máximo de qualidade possível. Por isso, o adesigner vem ao encontro dos interesses deste trabalho, por concentrar todos os recursos de validação necessários e, além disso, disponibilizar na própria ferramenta um simulador que indica onde os erros ocorrem e o tempo de navegabilidade dos links presentes no site avaliado (ver figura 1). Este tempo refere-se ao esforço despendido na navegação e na compreensão do conteúdo no momento da utilização de leitores de tela; vale lembrar que os usuários desprovidos de visão precisam navegar via teclado, tornando-se inviável a passagem por um grande número de links para se alcançar o objetivo desejado. O software escolhido, gratuito desde julho de 2004, requer para sua instalação a seguinte configuração mínima: o sistema operacional Windows 2000 ou XP, o Internet Explorer 6.0, 256 MB de memória RAM e 55 MB livres no HD. Este software, além da WCAG, possibilita a validação através das seguintes diretrizes: JIS (Japan Industrial Standard), IBM checklist e a Section 508. Depois de instalado, basta inserir a URL do site a ser avaliado e interpretar os resultados apresentados num relatório que aponta os erros encontrados. O ambiente também possibilita configurações de escolha das diretrizes que serão utilizadas. Além disso, simula variações de cores e telas que representam a recepção do conteúdo apresentado no site por diferentes problemas visuais como daltonismo e catarata, e automaticamente identifica as seções com falhas de projeto, conforme figura 1. Figura 1 - Screenshot adesigner.

10 As informações levantadas com as simulações foram tratadas quantitativa e qualitativamente, sendo para isso utilizado o modelo de reversibilidade apresentado por Gomes e Souza (2003). A escolha desse modelo é justificada pela possibilidade de unir as duas abordagens de pesquisa em um mesmo plano de investigação, sem prejuízo para elas. Como os próprios autores afirmam (2003, p. 8), quantidades e qualidades estabelecem uma relação de sinédoque caracterizada pela reversibilidade. 6. UM ESTUDO COM O GOOGLE SEARCH E O GOOGLE ACCESSIBLE Para identificar o nível de conformidade do Google Search e do Google Accessible com as diretrizes propostas pela W3C, este trabalho procura através do software de validação adesigner, efetuar um estudo com estas duas ferramentas de busca. O próprio Google Inc. afirma que existem duas formas simples de iniciar uma verificação se um site suporta o mínimo de acessibilidade: através de uma navegação sem o uso do mouse e uma visualização do site numa tela monocromática, ou seja, sem a presença de cores (GOOGLE ACCESSIBLE, 2007). Assim, num primeiro momento, é feita uma verificação se a página disponibiliza um layout que permite um contraste de cores, visualização do conteúdo com o fundo branco ou preto, tamanho adequado de fontes, alguns dos itens necessários para se cumprir o primeiro princípio: uma informação perceptível pelos usuários, sejam eles deficientes visuais ou não. Segundo os testes efetuados com a ferramenta adesigner, tanto o Google Search como o Google Accessible apresentam uma página inicial bem estruturada e de fácil navegação para os deficientes visuais. Entretanto, em relação a navegabilidade, e principalmente ao acesso das informações via teclado, o Google Accessible, de acordo com a ferramenta adesigner, não apresenta nenhum erro (ver figura 2). Figura 2 - Avaliação Positiva da página inicial do Google Accessible

11 No caso do Google Search, não é verificado uma definição textual para algumas de suas figuras, diminuindo assim a compreensão das informações presentes no browser por uma tecnologia assistiva, como um software leitor de tela (este software, para atingir um funcionamento adequado, necessitam que todas as figuras possuam um equivalente textual e que a página não apresente uma quantidade de links de difícil manipulação via teclado). Entretanto, a presença de links que funcionam como atalhos, que direcionam direto para o conteúdo, por exemplo, também são importantes, caso não seja possível fugir de uma seqüência de links de um menu. Já na apresentação dos resultados de uma pesquisa, apesar de possuir uma excelente navegabilidade (ver figura 3), alguns dos itens da página do Google Accessible ainda não estão em conformidade com as diretrizes da WCAG, como um equivalente textual para algumas de suas imagens, identificação da linguagem utilizada e o uso do mesmo texto para um link mais de uma vez. Dessa forma, as maiores recomendações que devem ser checadas são as folhas de estilo para o controle de layout, principalmente na parte superior onde existe o campo para digitar um termo para a pesquisa. Onde este campo está posicionado, as estruturas de layout devem ser controladas e bem codificadas num arquivo CSS (Cascading Style Sheets), por exemplo. Neste arquivo, podem ser configurados todos os estilos presentes na apresentação do conteúdo como: tamanho de fontes, cores, posicionamentos, figuras, linhas, alturas e entre outros. Figura 3 - Resultado de uma pesquisa: Google Accessible No Google Search, de acordo com a figura 4, os erros mais preocupantes surgem na navegabilidade do site. No início, nota-se uma seqüência desnecessária de links na parte superior, o que retarda o tempo para um usuário cego encontrar o conteúdo. Neste mesmo site, foram identificados, através do adesigner, 213 (duzentos e treze) erros classificados como: (a) graves, (b) médios/recomendações e (c) informações; no Google Acessible, esse número foi de 126 (cento e vinte seis). Esta quantidade de erros é gerada pelo fato da ferramenta analisar o código fonte da página.

12 Sendo assim, qualquer erro, recomendação ou informação adicional percebida durante a varredura do código, a ferramenta divulga um relatório detalhado e seus respectivos percentuais. Essa diferença de percentuais pode ser verificada nas figuras 3 e 4, onde observase que o Google Accessible alcança 96% de conformidade e 100% levando em consideração a navegabilidade no conteúdo. Já o Google Search, apresenta um percentual de 95% de conformidade e 86% na navegabilidade. Problemas na navegabilidade identificam as dificuldades que um deficiente visual se defronta ao utilizar este mecanismo de busca para as suas pesquisas por intermédio de algum leitor de tela, pois como o usuário é desprovido da compreensão de elementos visuais, precisa "escutar" todos os elementos da página (links, figuras, textos e vídeos) para se situar. Ao clicar em algum destes erros, o software mostra a sua posição no próprio layout da página ou no código fonte. É possível também acessar a diretriz específica que aquele erro não cumpriu, além de um pequeno texto que relata o porquê do erro. A forma visual que a ferramenta trabalha, facilita o trabalho do desenvolvedor web ao analisar naquele momento, através de algumas configurações, onde houve falhas de implementação das diretrizes de acessibilidade. Outro fato que deve ser levado em questão, é que o adesigner gera um relatório detalhado de erros para os três níveis de prioridade do WCAG, o que possibilita uma verificação e uma implementação evolutiva do projeto de acordo com as diretrizes. Figura 4 - Resultado de uma pesquisa: Google Search Nos dois casos, durante uma simulação com uso do software para pessoas com uma visão parcial, algumas das fontes utilizadas no texto não estão em conformidade, dificultando a leitura. No Google Search, também foi detectado problemas na visualização das cores de fundo da página e do texto, agravando os problemas de diferenciação entre estes dois elementos. Nota-se que o Google Acessible já está preocupado em atender estes usuários que possuem alguma anomalia na visão, pois isso dificulta sobremaneira a diferenciação de cores.

13 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo discutiu aspectos relacionados ao campo da acessibilidade na interface humanocomputador em sistemas web, utilizando uma ferramenta de validação desenvolvida de acordo com padrões internacionais. Para isso, fez-se uma análise com os sites de busca Google Search e Google Accessible a fim de avaliar e apresentar os resultados obtidos através do software adesigner. Os resultados alcançados com esta investigação demonstram que o Google Search aponta um maior número de erros na implementação das diretrizes propostas pelo W3C, principalmente no campo de navegação entre os links. Por outro lado, permite-se inferir que o Google Accessible tem alcançando o seu objetivo ao promover uma ferramenta de busca de fácil navegabilidade para os usuários web com algum tipo de deficiência visual. Conseqüentemente, esta pesquisa amplia os questionamentos sobre este assunto, com uma postura de demonstrar que a acessibilidade na web contribui para a construção de sites que sigam os conceitos mínimos na procura de um design universal na Internet. As iniciativas existem e são divulgadas através de recomendações e projetos de lei. Entretanto, as instituições, em sua maioria, ainda não reconhecem a importância da inclusão da acessibilidade em seus projetos, objetivando beneficiar usuários deficientes, permitindo a disseminação de suas informações a esta parcela da população. Além de atingir um maior número de usuários, vale ressaltar que a acessibilidade aponta um dos caminhos na busca por um design universal e traz outros benefícios para: (a) mecanismos de busca, (b) web semântica, (c) suporte à internacionalização de software, (d) acesso a conexões de baixa velocidade e (e) conteúdos para diversos formatos e dispositivos. No que tange as pessoas com deficiências, além da necessidade de um site acessível, elas precisam de tecnologias assistivas para uma adequada navegação e assimilação do conteúdo. No entanto, pesquisas apontam que o rendimento destas tecnologias são prejudicadas ao manipular as informações presentes num site que não é acessível. A principal indicação de continuidade desta pesquisa diz respeito à necessidade de abrir interlocuções com usuários portadores de deficiência e com desenvolvedores web. Por fim, esta pesquisa demonstra que a acessibilidade deve ser incorporada às páginas web para que haja ganho na inclusão social. Ou seja, deve ficar evidente que a elaboração de um site mais acessível não implica num site menos usual, pelo contrário, abrange um maior número de pessoas. Acredita-se, que as informações apresentadas por este relatório de pesquisa, somada a outras iniciativas, contribuirão efetivamente para que a acessibilidade esteja cada vez mais presente nas fases de análise e projeto de softwares, sejam eles feitos para navegação na web ou não. REFERÊNCIAS IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/tabulacao_avancada/tabela_ brasil_1.1.3.shtm>. Acesso em: 03 maio. 2007.

14 WIKIPEDIA: The Free Encyclopedia. Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/main_page>. Acesso em: 03 maio. 2007. COOPER, Michael. Accessibility of Emerging Rich Web Technologies: Web 2.0 and the Semantic Web. International Cross-Disciplinary Workshop on Web Accessibility. Web 2.0 and the Semantic Web: Hindrance or Opportunity? Banff, Canadá, 2007. PAS: A Guide to Good Practice in Commissioning Accessible Websites. BSI. 8 march 2006. Disponível em: <http://www.drc-gb.org/library/website_accessibility_guidance/pas_78.aspx>. Acesso em: 25 abr. 2007. EMAG: Recomendações de Acessibilidade para a Construção e Adaptação de Conteúdos do Governo Brasileiro na Internet. Disponível em: <http://www.governoeletronico.gov.br/governoeletronico/publicacao/noticia.wsp?tmp.noticia =867&tmp.area=69/&wi.redirect=8SAA4DXWD1>. Acesso em: 02 mai. 2007. WAI: Web Accessibility Initiative. Disponível em: <http://www.w3.org/wai/>. Acesso em: 29 abr. 2007. LIMA, Claudia R. U. de. Acessibilidade Tecnológica e Pedagógica na Apropriação das Tecnologias de Informação e Comunicação por Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais. Mestrado. UFRGS, 2003. JAWS: Freedom Scientific JAWS Training. Disponível em: <http://www.freedomscientific.com/training/jaws_training_hq.asp>. Acesso em: 10 mai. 2007. LÉVY, Pierre. A Inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. Tradução: Luiz Paulo Rouanet. 4ª Edição. Editora: Loyola, São Paulo 2003. GOOGLE: Google Inc. Disponível em: <http://www.google.com/>. Acesso em: 25 abr. 2007. VERGARA, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2003. IBM: adesigner - A Disability Simulator that Helps Web Designers Ensure that their Pages are Accessible and Usable by the Visually Impaired. Disponível em: < http://www.alphaworks.ibm.com/tech/adesigner>. Acesso em: 4 jun. 2007. GOMES, W., SOUZA, M. L. Evidência e interpretação em pesquisa: as relações entre qualidades e quantidades. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, p. 3-13, 2003. GOOGLE ACCESSIBLE: Google Labs Product. Disponível em: <http://labs.google.com/accessible/>. Acesso em: 29 abr. 2007. W3C: Word Wide Web Consortium. Disponível em: <http://www.w3.org/>. Acesso em: 29 abr. 2007.