Educação, Trabalho e Cultura: a proposta educativa da Escola Família Agrícola do sudeste paraense Alcione Sousa de Meneses UFPA-PPGCS Orientadora: Roseli Cabral Giordano
Metodologia: Análise Documental; Entrevistas semi-estruturadas
Resultados A agregação da formação cultural tradicional, identidade particular dos grupos campesinos fundada e fundante pelo/do trabalho concreto, experienciado no processo formativo cultural/escolar via Pedagogia da Alternância, têm como horizonte o fortalecimento dos saberes/cultura populares e por assim dizer, constitui-se em uma combinação possibilitadora da superação da dicotomia entre teoria e prática, características marcantes dos processos (de)formativos pautados no trabalho abstrato; A instrumentalização técnica, dada a ênfase à profissionalização, emerge como ambigüidade, que se traduz numa rentabilidade produtiva destituída da auto-reflexão e da tradição social do campesinato e aporta elementos de diferenciação social;
Resultados Esta centralidade concedida à instrução técnica por apresentar-se, igualmente, subtraída dos processos educativos, no interior do contexto de expropriação material que, historicamente, tem marcado as condições de vida no campo, tende a retrair os espaços possíveis da formação cultural reflexo das condições de produção material e cultural do campesinato espontâneo, em Marabá, cuja cultura indica, de modo substancial, a politização das relações sociais e a autonomia socioprodutiva;
Resultados Qual o limite (caso este exista) de uma possível reconfiguração do espaço, território conjunto das relações materiais e simbólicas, que envolve, também, relações sociais e relações de poder advindo da formação do agricultor técnico/agricultor profissional? Que possíveis mudanças poderão trazer o agricultor técnico à identidade dos grupos campesinos, entendida como subjetividade social e conjunto de práticas e trocas sócio-produtivas? O desafio que julgo estar presente na proposta da EFAM, enquanto prática de escolarização, é, pois, o de se evitar o amálgama que, nas sociedades capitalistas, administradas pela indústria cultural, constituiu, no que concerne às práticas escolares, a base da socialização da semiformação, a saber, a racionalidade (de)formativa, unilateralmente voltada à rentabilidade produtiva.;
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