PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Esterco de bubalinos e de bovinos aplicados à capineira de capim elefante



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Transcrição:

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Esterco de bubalinos e de bovinos aplicados à capineira de capim elefante Dorival Pereira Borges da Costa 1, Raphael de Castro Mourão 2, Victor Cruz Rodrigues 3, Quézia Pereira Borges da Costa 4, Erico da Silva Lima 1, Felipe Mattos de Chiarelli 5 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia FMVZ, UNESP, Botucatu. 2 Mestre em Zootecnia pela FMVZ, UNESP, Botucatu. 3 Professor do IZ-UFRuralRJ, Seropédica-RJ, 23851-970. 4 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia FMVZ, UNESP, Botucatu. 5 Zootecnista pela UFRRJ. Resumo A pesquisa foi realizada na UFRuralRJ, objetivando-se avaliar a eficiência da adubação com esterco de bubalinos e bovinos aplicado à capineira de capim elefante. Cada parcela mediu 25m 2 e recebeu 4,8kg/m 2 de adubo a lanço. Após 60 dias da adubação foi realizado um corte de nivelamento e 90 dias depois deste, foi feito um corte de 9m 2 central a pesado. O delineamento foi o inteiramente casualizado com 3 tratamentos: sem adubo, com esterco de bubalinos e com esterco de bovinos. O tratamento que não recebeu adubo

apresentou uma produção de 3,7kg/m 2, valor menor aos que receberam adubo, respectivamente, 5,4kg/m 2 para EBU e 5,2kg/m 2 para EBO. Não houve diferença entre os tratamentos EBU e EBO. Conclui-se que a adubação de capim elefante com esterco de bubalinos ou bovinos mostra-se eficiente para produção de massa verde em solos de baixa fertilidade. Palavras-chaves: adubo orgânico, massa verde

Abstract The research was carried out in UFRuralRJ, aiming to evaluate the manuring efficiency with buffalo and cattle manure applied on elephant grass foragecrops. Each parcel measured 25m 2 and received 4,8kg of manure the mode cast about. After 60 days last manuring it was realized a cut for levelness and last more 90 days it was realized a cut of 9m 2 in center and weighted. The design was completely randomized with three treatments no manure, with buffalo manure and with cattle manure. The treatment that did not receive manure presented a production of 3,7kg/m 2, value minor than treatments that received manure, respectively, 5,4kg/m 2 for buffalo and 5,2kg/m 2 for cattle. There was no difference among buffalo and cattle manure. It was concluded that manuring on elephant gras with buffalo and cattle manure show to be efficient for green mass production in low fertility soils. Key-words: organic fertilizer, green mass

Introdução A matéria orgânica tem sido considerada há milênios como o principal fator de fertilidade devido a sua influência positiva sobre as propriedades do solo e o crescimento vegetal. A matéria orgânica, entre outros efeitos, aumenta a disponibilidade de nutrientes, a capacidade de troca catiônica, a agregação das partículas do solo e a capacidade de retenção de água, diminui fósforo retido nas partículas do solo e é fonte de energia e nutrientes para microorganismos benéficos às plantas (Cfsemg, 1999). A utilização de esterco de curral como adubo natural é muito comum entre os produtores rurais, porque melhora as condições do solo e beneficia o crescimento das plantas. A presença de matéria orgânica promove a preservação da umidade, o aumento da permeabilidade, a liberação lenta de nutrientes para as plantas como fósforo, enxofre e nitrogênio, funciona como um regulador das partículas minerais que proporciona o aspecto frouxo e friável do solo e favorece a atividade biológica como fonte de energia para os microorganismos (BUCKMAN & BRADY, 1976). O esterco de bovinos, em geral, tem concentrações mais elevadas de minerais do que o de bubalinos (COSTA et al. 2005). RODRIGUES et al. (2003) em estudos anteriores encontraram maior teor de potássio nas fezes de bovinos em relação a bubalinos mediterrâneos, entretanto ocorreu semelhança para os teores de nitrogênio, cálcio, fósforo e magnésio. EZEQUIEL (1987) ofereceu dietas semelhantes contendo níveis crescentes de nitrogênio para manutenção e ganho de peso, concluindo que bovinos perderam mais nitrogênio pela urina do que búfalos, e estes apresentaram menor estimativa de nitrogênio fecal metabólico e urinário endógeno e menor estimativa de requerimento total de proteína para mantença. Para verificar a capacidade de síntese e reciclagem da uréia endógena utilizando o 14 C, ABDULLAH et al (1992)

obtiveram resultados semelhantes para búfalos e bovinos, mas os búfalos excretaram menos uréia por unidade de tamanho metabólico, cujos resultados indicaram uma tendência para maior síntese de uréia pelos búfalos. Em regiões de clima tropical, o intemperismo é mais acentuado, nas quais a reposição de matéria orgânica é essencial para disponibilizar nutrientes, sendo mais crítico em solos arenosos, cuja capacidade de troca catiônica é baixa, o ph é normalmente baixo e a lixiviação é alta. Atualmente, há um enorme crescimento da agricultura orgânica, não somente devido à questão da saúde, como também pelo alto custo da adubação química. Uma alternativa de adubação é a utilização de estrume de curral ou confinamento, desde que se disponha desta matéria prima na propriedade e que esteja preferencialmente próxima à cultura. Os efeitos benéficos da aplicação de esterco são duradouros e isso ocorre devido à liberação lenta de nutrientes contidos neste material (MOZZER & ANDRADE, 1985). A quantidade de esterco de curral recomendada para área ocupada com capim elefante tem sido de 20 a 40 toneladas/hectare/ano (CARVALHO et al., 1975; GOMIDE et al., 1976; GONÇALVES & COSTA, 1987). De acordo com DE POLLI et al. (1988), a aplicação de 10 toneladas de esterco de curral por hectare no sulco de plantio do capim e de quatro a oito toneladas/ha em cobertura duas vezes ao ano, substitui a adubação mineral em capineiras. Pela importância da utilização da matéria orgânica na agropecuária e a necessidade de se conhecer as respostas das diferentes fontes de matéria orgânica animal, objetivou-se com este trabalho avaliar a eficiência do esterco da bubalinos e de bovinos aplicado à capineira na produção de massa verde. Material e Métodos

O trabalho foi conduzido do Instituto de Zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, situada no município de Seropédica, estado do Rio de Janeiro. O clima da região é classificado como tropical úmido de acordo com Koppen. A temperatura, pluviosidade e umidade relativa do ar no período experimental estão indicadas na Tabela 1. Tabela 1 Dados agroclimatológicos observados no Posto da Estação Experimental. Médias Ago Set Out Nov Dez Temper. ( C) 21,7 21,6 22,1 23,8 25,3 Pluvios. (mm) 30,1 35,2 117,0 104,0 170,2 Umidade (%) 63,7 69,0 70,0 78,0 73,0 Fonte: Estação Ecológica Agrícola. Km 47, Seropédica INMET/PESAGRO-RIO A adubação da capineira de Capim-Elefante cv. Napier foi realizada na primeira semana de agosto e 60 dias depois foi feito um corte de nivelamento. Antes da adubação o solo foi analisado no Laboratório de solos do Instituto de Agronomia da UFRuralRJ. Os resultados indicaram uma baixa fertilidade e estão apresentados na Tabela 2. O terreno apresentava relevo plano e textura arenosa. Tabela 2 Resultados de análise do solo da capineira testada. Méd/100 ml de terra Na + Ca ++ Mg ++ H + Al Al +++ 0,05 0,8 0,4 1,0 0,0 ph Ca (%) P (mg/ dm 3 ) K (mg/ dm 3 ) 5,8 0,8 14 20

O esterco foi produzido por animais confinados que recebiam à mesma dieta, fornecida à vontade uma vez por dia (Tabela 3), contendo 34,34% de matéria seca, 12,54% de proteína bruta (PB), 57,61% de fibra em detergente neutro (FDN) e 2405,5 kcal de energia metabolizável (EM). A dieta apresentava 52% de volumoso e 48% de concentrado de acordo com a matéria seca total. TABELA 3. Composição da dieta fornecida durante o experimento. Ingredientes % da matéria seca Capim-elefante 22,90 Resíduo de cervejaria 63,50 Raspa de Mandioca 13,40 *Mistura Mineral 0,20 Total 100,00 Composição da mistura mineral por quilograma do produto: 75 g P, 126g Ca, 160 g Na, 240 g Cl, 20 g S, Mg 15 mg, 4.000 mg Zn, 1.800 mg Cu, 1.500 mg Fe, 1.400 mg Mn, 150 mg Co, 120 mg I, 15 mg Se, 750 mg F Cada tipo de esterco foi obtido em lotes de oito animais, sendo que o esterco foi acumulado durante os três últimos meses de confinamento (de maio a julho de 2001). Cada parcela recebeu a quantidade de 120kg de esterco distribuídos uniformemente a lanço, equivalentes a 4,8kg/m 2, considerando-se a enorme deficiência do solo verificado na Tabela 2. Cada parcela experimental mediu 25m 2. O delineamento experimental foi o interamente casualizado e os tratamentos ficaram assim definidos: AS sem adubação, EBU com esterco de búfalos, EBO com esterco de bovinos. Cinco meses após a adubação (primeira semana de janeiro) o corte das parcelas foi realizado dos 9m 2 centrais.

Imediatamente após o corte, a produção foi pesada. Os bubalinos utilizados foram da raça Mediterrâneo e os bovinos da raça Nelore. Os dados coletados foram preparados e analisados estatisticamente através do teste de Student ao nível de 5%, conforme o pacote computacional SISVAR (Ferreira, 2000). Resultados e Discussão Pelos resultados obtidos na produção de Capim Elefante cv. Napier, houve diferença significativa (P<0,05). A área que não recebeu adubação apresentou uma produção mais baixa que as áreas que receberam estrume, cerca de 3,7kg/m 2, que representou uma produção 37,0ton/ha. Entretanto, não houve diferença significativa (P>0,05) entre as produções das áreas adubadas com esterco de bovinos e bubalinos. A área adubada com esterco de bovinos apresentou uma produção de 5,2kg/m 2, representando cerca de 52ton/ha, enquanto a área adubada com esterco de bubalino apresentou uma produção correspondente a 54ton/ha. As diferenças produtivas entre as áreas adubadas e não adubadas foram de 1,5kg/m 2 a favor da adubação com esterco bovino e de 1,7kg/m 2 a favor do esterco de bubalino. Esses valores representaram uma superioridade de 15ton/ha para esterco de bovinos e de 17ton/ha para a adubação com esterco de bubalinos em relação à área que não foi adubada. As diferenças proporcionais a favor das áreas adubadas com esterco de curral em relação a área testemunha foram de 40% e 46% para esterco ce bovinos e de bubalinos, respectivamente. As diferenças obtidas por GONÇALVES & COSTA (1987) em capineira que recebeu esterco bovino foi semelhante aos resultados apresentados no presente estudo. Considerando que essas duas espécies de ruminantes apresentam compartimentos e processo digestivos

semelhantes, além de terem recebido a mesma dieta, pode ter provocado uma semelhança na composição dos estercos destes animais. É possível que estes respectivos adubos orgânicos tenham a mesma composição, embora não tenham sido submetidos a analise química. Provavelmente não existiram diferenças de composição, entre os estercos dos grupos estudados, que permitam produtividades distintas de capim elefante. O esterco de bovinos e de bubalinos mostrou-se eficiente na adubação orgânica de capineira, especialmente quando estabelecida em solo de baixa fertilidade. Conclusões A utilização de esterco de confinamento como adubo orgânico aplicado a capineira de capim elefante cv. Napier mostrou-se eficiente para o desenvolvimento da gramínea. Esterco de búfalos e de bovinos apresentaram a mesma eficiência como adubo orgânico para o crescimento de capim elefante. Referências Bibliográficas ABDULLAH, N.; NOLAN, J. V.; MAHYUDDIN, M. E.; JALALUDIN, S. Digestion and nitrogen conservation in cattle and buffaloes given rice straw with or without molasses. Journal of Agricultural Science, v. 119 n. 2, p. 255-263, 1992. BUCKMAN, H. O.; BRADY, N. C. O solo em perspectiva. In: BUCKMAN, H. O.; BRADY, N. C. Natureza e propriedades dos solos. Tradução de Antônio B. Figueiredo Filho. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1976. p. 19-33. Tradução de: The nature and properties of soils.

CARVALHO, S. R.; SILVA, A. T.; COSTA, F. A.; SOUTA, S. M.; LUCAS, E. D. Influência da irrigação e da adubação em dois cultivares de capim elefante (Penissetum purpureum). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Série Zootecnia, Brasília, v. 10, n. 4, p. 23-30, 1975. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais CFSEMG. Adubação orgânica. In: Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 5 a aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. p. 87-92 COSTA, D. P. B.; RODRIGUES, V. C.; SILVA, J.C.G. Comparação entre a composição mineral de esterco e vermicompostos originários de bubalinos e bovinos. Livestock Research for Rural Development, v.17, n.11, 2005. Disponível em: http://www.cipav.org.co/lrrd/lrrd17/11/borg17122.htm. Acesso em: 22/07/2008. DE POLLI, E.; DUQUE, F. F.; ALMEIDA, D. L. Capineiras e leguminosas. In: DE POLLI, E.; DUQUE, F. F.; ALMEIDA, D. L. Manual de adubação para o estado do Rio de Janeiro. Itaguaí: Universidade Rural, série Ciências Agrárias n. 2, cap. 9, 1988. p. 160-161. EZEQUIEL, J. M. B. Exigências de proteína e minerais de bovídeos: Frações endógenas. 1987. 131p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCAR, 2000, p. 255-258. GOMIDE, J. A.; CHRISTMAS, E. P.; OBEID, J. A. Competição de quatro variedades de capim-elefante e seus híbridos, com Pearl Millet 23 e Pearl Millet DA2. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 5, n. 2, p. 226-235, 1975. GONÇALVES, C. A.; COSTA, N. de L. Adubação orgânica, altura e freqüência de corte de capim-elefante cv. Cameroon em Porto Velho-RO. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 24., 1987, Brasília. Anais... Brasília: SBZ, 1987, p. 158. MOZZER, O. L.; ANDRADE, I. F. Formação e manejo de capineira. Informe Agropecuária, Belo Horizonte, v. 11, n. 132, p. 78-84, 1985. RODRIGUES, V. C.; COSTA, D. P. B.; ALVES, B. J. R. et al. Composição mineral das fezes de bubalinos e bovinos castrados e inteiros. Pesquisa agropecuária & Desenvolvimento sustentável, v. 2, n. 1, p. 11-18, 2003.

Anexo do artigo: Costa, D.P.B., Mourão, R.C., Rodrigues, V.C. et al. Esterco de bubalinos e de bovinos aplicados à capineira de capim elefante. PUBVET, Londrina, V. 2, N. 33, Ago3, 2008. Tabela 1 Dados agroclimatológicos observados no Posto da Estação Experimental. Médias Ago Set Out Nov Dez Temper. ( C) 21,7 21,6 22,1 23,8 25,3 Pluvios. (mm) 30,1 35,2 117,0 104,0 170,2 Umidade (%) 63,7 69,0 70,0 78,0 73,0 Fonte: Estação Ecológica Agrícola. Km 47, Seropédica INMET/PESAGRO-RIO Tabela 2 Resultados de análise do solo da capineira testada. Méd/100 ml de terra Na + Ca ++ Mg ++ H + Al Al +++ 0,05 0,8 0,4 1,0 0,0 ph Ca (%) P (mg/ dm 3 ) K (mg/ dm 3 ) 5,8 0,8 14 20 TABELA 3. Composição da dieta fornecida durante o experimento. Ingredientes % da matéria seca Capim-elefante 22,90 Resíduo de cervejaria 63,50 Raspa de Mandioca 13,40 *Mistura Mineral 0,20 Total 100,00 Composição da mistura mineral por quilograma do produto: 75 g P, 126g Ca, 160 g Na, 240 g Cl, 20 g S, Mg 15 mg, 4.000 mg Zn, 1.800 mg Cu, 1.500 mg Fe, 1.400 mg Mn, 150 mg Co, 120 mg I, 15 mg Se, 750 mg F