06/11/2018. Indústria da reciclagem nos EUA em O fluxo reverso de pós-consumo. Cap. 6: O objetivo econômico na logística reversa de pós consumo

Documentos relacionados
Logística Reversa (parte II)

21/08/2018. A questão ecológica e a Logística Reversa: riscos e oportunidades ENTENDENDO OS CANAIS REVERSOS DE DISTRIBUIÇÃO

Logística. Impactos da Tecnologia na Logística Reversa. Agenda da Teleaula. Agenda da Teleaula. Prof. Rodolpho Weishaupt Ruiz

A PNRS e o Acordo Setorial de Embalagens

Seminário GVcev Gestão de Resíduos e Pós-Consumo no Varejo. Reciclagem no setor de Informática Fabiola A. Vizentim

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EVOLUÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: LOGÍSTICA REVERSA

Prof. Jean Cavaleiro. Unidade IV LOGÍSTICA INTEGRADA:

Logística e Distribuição. Conceito

A LO L GÍS Í T S I T C I A R EV E E V R E SA

DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE PROJETO PILOTO DE ECONOMIA CIRCULAR DE EMBALAGEM

L o g ís tic a re ve rs a e C a de ia de va lo r. L og ís tic a E m pre s a ria l

Apresentação Os desafios da PNRS. Junho 2014

Logística Reversa. Conceito de Logística. Reversa 22/09/2011. Objetivos da aula. e o Meio Ambiente

RECICLAGEM: PROBLEMAS E SOLUÇÕES

Logística Reversa no Brasil Cenário atual e futuro

10/04/2013. Perspectiva da Cadeia Produtiva. Estudo de Viabilidade Logística Reversa de Eletroeletrônicos. Modelagem proposta Principais Fundamentos

VII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DA UNESP PRESIDENTE PRUDENTE - 26/09/2011

Considerações sobre os incentivos governamentais para a logística reversa

Estudo de Viabilidade Logística Reversa de Eletroeletrônicos 06/02/2013 III SIREE

ARQUITETURA E MATERIAIS RECICLADOS.

TECHNOLOGY CONSERVATION G R O U P. Copyright 2006 Technology Conservation Group, Inc., All Rights Reserved.

XXI SEMANA DO MEIO AMBIENTE FIESP/CIESP/COSEMA/DDS

PNRS e a Logística Reversa. Free Powerpoint Templates Page 1

LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS EM GERAL

INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS

Propostas para Desoneração das Cadeias de Reciclagem e dos setores Sujeitos à LR. Vitória, 20 de Março de 2018

Material Teórico. Perspectivas da logística reversa. Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Enrico D Onofro

ABINEE TEC 2005 Restrições Comerciais Diretivas Européias Meio Ambiente

Sacolas Bioplásticas e a Coleta Seletiva da cidade de São Paulo

Resíduos eletro-eletrônicos. Identificação de Gargalos e Oportunidades na Gestão Adequada

GERAÇÃO DE RESÍDUOS. Planejamento e Gestão de Resíduos

Criando valor através de resíduos sólidos. Marcelo Luércio, Sérgio Oliveira e Yuri Santos

Colaboração em logística reversa e reciclagem na indústria elétrica e eletrônica Carlos Ohde Country Manager

Logística Reversa & Economia Circular

GERÊNCIA EXECUTIVA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

REMANUFATURADOS, A VEZ DO BRASIL! Manutenção com Qualidade e Respeito ao Meio Ambiente

SISTEMA CAMPO LIMPO Destinação de Embalagens Vazias de Agrotóxicos

Representa o setor de transformação e reciclagem de plástico no país; Presente desde 1967; Atua para aumentar a competitividade dessa indústria;

Logística Reversa 07/08/2018. Objetivo da disciplina. Apresentação do professor

Belo Horizonte, novembro de 2010

Perspectivas para o Futuro da Gestão de Resíduos

Descarbonizar, circular e valorizar: uma economia competitiva

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política Nacional de Resíduos Sólidos

INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS

Logística Reversa, Economia Circular e Empresas B

Novas técnicas e ferramentas aplicadas à recuperação de matérias-primas secundárias

INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS

NOSSA POLÍTICA AMBIENTAL

INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS

FAMEBLU Engenharia Civil

Seminário. de Vigilância em Saúde. a Agrotóxicos

LOGISTICA REVERSA INTEGRADA

Material Teórico. Canal de Distribuição Reverso. Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Enrico D Onofro

O IMPACTO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA AS EMPRESAS

FORUM. Posicionamento da Indústria de Transformação e Reciclagem de Materiais Plásticos

FAMEBLU Engenharia Civil

COMITÊ ORIENTADOR PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE LOGÍSTICA REVERSA DELIBERAÇÃO Nº 11, DE 25 DE SETEMBRO DE 2017

Design Sustentável ou Eco design. Prof. Ernani Maia

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA E LOGÍSTICA REVERSA: IMPLEMENTAÇÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO

Gestão de Resíduos Uma Abordagem Sistêmica GM do Brasil. Nelson Branco Global Environmental Compliance & Sustainability

"Estabelece que a implementação de sistemas de logística reversa deve buscar atender as diretrizes que especifica".

INTRODUÇÃO A LOGÍSTICA - Professor Theofilo


GST0045 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO Aula 03: Logística Empresarial e Competitividade - Evolução da Supply Chain

2003 = 75% da pop. / 2015 = 82% da pop.

Proposta de Reforma do Modelo Brasileiro de Tributação de Bens e Serviços. Bernard Appy Diretor do Centro de Cidadania Fiscal - CCiF

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE INSTITUTO DE QUÍMICA PIBID PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

CONSTRUÍR PARA DESCONSTRUÍR?

ABNT NBR 16156:2013 Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos Requisitos para atividade de manufatura reversa

Sucatas Ferrosas NOV/2016

SISTEMA CAMPO LIMPO. Destinação de Embalagens Vazias de Agrotóxicos. Eng. Agro. Mario Fujii 04/2018

Prefeitura do Recife - EMLURB

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Logística Reversa. 21 de Setembro de 2018

INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS

O papel da lata de alumínio para bebidas na Economia Circular

ATENÇÃO. Apresentação

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

PRECIFICAÇÃO DE PRODUTOS ESSENCIAIS: LIVRE MERCADO E PREÇO JUSTO CLÁUDIA VIEGAS LCA CONSULTORES

Influência dos Fertilizantes Organominerais sobre os organismos do solo. João Cezar M. Rando 05/04/2017

INTRODUÇÃO A LOGÍSTICA CURSO TÉCNICO EM LOGÍSTICA

Logística Reversa de Eletroeletrônicos e Tributação na Cadeia de Reciclagem

Política Nacional de Resíduos Sólidos Responsabilidades Fabricantes, Importadores e Comerciantes (Lei /2010 e Decreto 7.

Perspectiva do CICLO DE VIDA. do produto

DPS1035 Gestão Ambiental e Sustentabilidade. CGEP - Morgana Pizzolato, Dr a.

ESTUDO DE CASO PARA MANUFATURA REVERSA DE RESÍDUO TECNOLÓGICO PTR VALE

Resolução CONAMA 307 de 5 de julho de Dispõe sobre gestão dos resíduos da construção civil.


RECICLAGEM DE VIDROS NO BRASIL.

O DESCARTE CONSCIENTE DO RESÍDUO INFECTANTE NO MEIO AMBIENTE

Política Nacional de Resíduos Sólidos : formulação e diretrizes. Deputado Arnaldo Jardim

Consumo sustentável e a implantação da logística reversa de embalagens em geral. XI SEMINÁRIO ABES Brasília, agosto de 2014 Patrícia Iglecias

Diagnóstico das Principais Tecnologias de Separação de Metais em Placas de Circuito Impresso

RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Profa. Dra. Wanda M. Risso Günther FSP/USP

O VAI E VOLTA DE UMA EMBALAGEM: O DESIGN AUXILIANDO O PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA

Paulo Oliveira FGVcelog

Responsabilidade do Produtor na Política Nacional de Resíduos Sólidos do Brasil

ECONOMIA CIRCULAR: PAPEL DA INDÚSTRIA E LOGÍSTICA REVERSA. MSc. Rodrigo Martins Campos de Oliveira CEO FRAL CONSULTORIA Founder GREEN MINING

Fórum de Papéis para Embalagens. Francisco Cesar Razzolini Klabin S.A. 26/08/2002

Transcrição:

Cap. 6: O objetivo econômico na logística reversa de pós consumo A logística reversa pós-consumo oferece diversas possibilidades de ganho financeiro e econômico nas diversas etapas de coleta, processamento, remanufatura e reinserção mercadológica: Matérias-primas secundárias são mais baratas Reduz demanda por energia e água Encurtamento do tempo de produção Criação de diferenciais de produção Posicionamento de mercado Indústria da reciclagem nos EUA em 2017 VALORES Atividade econômica R$ 432,9 bi Impostos R$ 48,84 bi Exportações de matérias-primas R$ 66,6 bi Empregos gerados (diretos) 156.000 postos Percentual de reciclagem 30% O fluxo reverso de pós-consumo 1. Coleta de pósconsumo 2. Separação e processamento 3. Consolidação 6. Comercialização 5. Reintegração ao ciclo produtivo 4. Reciclagem ou remanufatura 1

Objetivo econômico nos canais reversos de reciclagem O principal objetivo de um canal reverso é reintegrar os bens de pós-consumo substituindo matérias-primas primárias Etapa do coletor: Custo do Coletor (CC) = custo da posse (Cp) + Custo do beneficiamento inicial (Cb) Preço de venda = CC + Lucro do coletor (Lc) Etapa do sucateiro: Custo para o sucateiro = CC + Lc + Custo próprio (Cs) Preço de venda do sucateiro = CC + Lc + Cs + Lucro do sucateiro (Ls) Etapa da reciclagem: Custo do reciclador = CC + Lc + Cs + Ls + Custo próprio (Cr) Preço de venda do reciclador = CC + Lc + Cs + Ls + Cr + Lucro do reciclador (Lr) Objetivo econômico nos canais reversos de reciclagem Para ser economicamente viável: R$ final matéria-prima 2ária (R$) < R$ MP 1ária A cada etapa da cadeia, acrescente-se uma camada de custos operacionais e tributários Os impostos que incidem são: IPI, PIS, COFINS (fed.) e do ICMS (est.) A maioria dos Estados não cobra ICMS nestes itens Baixar os impostos estimula a logística reversa, mas: aumenta o consumo (Paradoxo de Jevons); concentra o lucro nos elos mais fortes (injustiça social) Reduz a capacidade de ação do Estado na gestão ambiental (monitoramento, fiscalização e controle) Objetivo econômico nos canais reversos de reciclagem ALTERNATIVAS: alíquotas diferenciadas (produtos supérfluos, taxas pigouveanas etc.) Estabelecer cotas limites de produção para estimular a produção em ciclo fechado (*) taxar mais a renda que o consumo Vale lembrar que sucatas são commodities de preços inelásticos Pesquisas indicam que a variação no preço da matéria-prima secundária acompanha o preço das commodities primárias Ou seja, não basta reduzir preços dos fatores de custo da sucata (como os impostos, p. ex.) 2

Cap. 8: O objetivo legal na logística reversa de pós-consumo Vimos que vários fatores determinam a performance da logística reversa: Questões ambientais: necessidade de redução da pegada ecológica Questões econômicas: vantagens financeiras e economia de recursos Questões tecnológicas: viabilidade da reciclagem Questões logísticas: escala, nível de integração da cadeia O objetivo legal na logística reversa de pós-consumo Em alguns casos, no entanto, a soma dos custos superam as vantagens econômicas Ex: vidro e isopor tem custo alto de reciclagem Nestas situações a imposição de regras legais é a forma de estimular a logística reversa Diversas formas de intervir: Desoneração fiscal Imposição de taxas Restrições ou proibições de circular O objetivo legal na logística reversa de pós-consumo O nível de intervenção governamental sempre será discutível No entanto, via de regra, o próprio governo é o maior indutor de atividades econômicas Além disso, empresas que antecipam-se à regulação estatal adquirem mais vantagens competitivas e mais rapidamente em relação àquelas que não o fazem O planejamento e operacionalização da logística reversa atua neste cenário dinâmico da chamada Produção e Consumo Sustentáveis (PCS) 3

Natureza e tendências das regulamentações ambientais Década de 1970: tendência de responsabilizar os governos pela poluição ambiental A partir da década de 1990: 1ª. Fase: tendência de responsabilizar as empresas por seu impacto ( responsabilidade estendida ) 2ª. Fase: responsabilidade compartilhada entre governo, indústria e cidadãos, porém diferenciada Tendência atual e futura: Responsabilidade global compartilhada Diplomacia ambiental internacional Legislações: tendências Relativas à Coleta e Disposição Final: Proibição de aterros e incineradores, regulamentação de aterros Obrigatoriedade da coleta seletiva e da reciclagem Responsabilizar o fabricante pelo logística reversa Relativas ao Marketing: Incentivos à substituição parcial ou total da MP 1ária pela MP 2ária Restringir a venda e uso de certos produtos Restrições sobre a obsolescência Restrição de embalagens descartáveis (*) Regras para rotulagem ambiental Incentivos fiscais Redução na fonte (substituir recursos não-renováveis por renováveis) 4

Dúvidas? O impacto do fator tecnológico na organização da cadeia de abastecimento pós-consumo A tecnologia é fator essencial na definição da viabilidade econômica de se estruturar uma cadeia de logística reversa São fatores tecnológicos: Sistemas de coleta e compactação Desmontagem de produtos duráveis nos canais de desmanche Tecnologias de remanufatura e reuso de componentes Extração de constituintes de interesse Tecnologia de reutilização de matérias-primas secundárias Processos de revalorização tecnológica Três tipos de processos industriais de revalorização: Desmanche industrial: desmontagem de produtos duráveis e semiduráveis Remanufatura industrial: extração de componentes usados ou de desmanche Reciclagem industrial: utiliza produtos descartáveis e gera resíduos industriais Importância do desenvolvimento de produtos pensados para serem revalorizados, melhorando sua reciclabilidade técnica ( Design for Recycling - DfR ) 5

Características de um projeto de DfR Fatores que melhoram a reciclabilidade de um produto desde a sua concepção: Redução do número de pontos de fixação com soldas ou colas, substituindo sempre que possível por sistemas de encaixe ou poka-yoke Redução do uso de ligas ou mesclas de materiais Redução no número de cores Redução do número de tipos de plásticos diferentes Redução de constituintes contaminantes ou perigosos Etapas do desmanche industrial ETAPAS: 1. Recebimento 2. Sangria 3. Retirada de acessórios 4. Desmantelamento 5. Remoção de partes não metálicas 6. Compactação Etapas da reciclagem industrial 6

O que define o nível de reciclabilidade 1. Facilidade de transporte no pós-consumo 2. Facilidade de desmontagem do produto durável 3. Aptidão para remanufatura 4. Facilidade de separação do produto de pósconsumo 5. Facilidade de extração do material constituinte 6. Conservação das propriedades originais 7. Número de reutilizações possíveis 8. Percentual de substituição de matérias-primas primárias O problema da identificação dos materiais constituintes Existem dezenas de categorias de papéis, centenas de tipos de metais e plásticos, e milhares de ligas Técnicas de separação e classificação: Inspeção visual Rotulagem Espectrografia Raio-x Varredura laser Demanda por outros métodos mais eficientes Dúvidas? 7